terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P13967: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca...é Grande (90): Finalmente uma foto do BOR (António Bastos / Manuel Amante / Rui Santos / João Silva)


Foto nº 1


Foto nº 2


Fotos: © António Bastos (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]


1. Mensagem do n osso camarada António Bastos:

Data: 1 de dezembro de 2014 às 14:57

Assunto: Será o Bor?

Companheiro Luís, boa tarde.

Luís,  têm-se falado muito no BOR, eu não me lembro de ouvir esse nome dos colegas da marinha que passavam pelo Cacheu em 1964.

Mas como tinha esta foto [, foto nº 1,] ,  enviada por um colega que infelizmente já se foi, lembrei-me de a mandar, assim como esta outra, de uma embaecação   [, foto nº 2,] que ainda ninguém se lembrou de falar: era o Pecixe,  fazia o transporte de civis do Cacheu para S. Domingos e tinha como tripulação o grumete fogueiro,  motorista nº 8838,  de nome José País (, ainda vivo,  mora em Mem Martins,) e o cabo Candeias, que nunca mais soube dele.

Este barco também era da marinha, e foi um barco de pesca [, tal como o "Bubaque"], bom isso deixo para os colegas da marinha para falarem sobre o mesmo.

Companheiro Luís,  é tudo,  um abraço e até breve.

António Paulo [Bastos],
ex 1º cabo do Pelotão Caçadores 953,
1964 Cacheu , Farim, Canjambari, Jumbembem, 1966


2. Mail enviado ao Rui Santos, com conheciumento ao Torcato Mendonça, Ismael Augusto e Manuel Amante:

Meu caro e veteraníssimo Rui:

Será que este ferryboat que fazia a carreira de Bolama, é o mesmo (o BOR) onde tu e a tua "bajuda" fizeram a tal viagem dramártica de Bolama a Bissau, no princípio [ou final ?] da tua comissão ?

 O Bastos é um rapaz de 1964/66... que andou pela região de Cacheu e Farim, "periquito", quando comparado contigo que és de 1963/65...

Fico a aguardar os teus doutos esclarecimentos... Aproveito para mandar estas fotos (a outra é de uma outra embarcação usada no Cacheu) à malta que se lembra do BOR...porque andou nela (caso do Torcato Mendonça, do Ismael Augusto e do "nosso" embaixador Manuel Amante).

Um muito obrigado ao Bastos. Esta nossa partilha de informação e conhecimento só é possível porque o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (**).

Um alfabravo. Luis


3. Resposta pronta, de Manuel Amante,
 a partir de Roma [, onde é embaixador do seu país, Cabo Verde]:

Data: 1 de dezembro de 2014 às 16:52

Assunto: Será o Bor?

Luis, a primeira foto, a mais pequena [, foto nº 1,]  é mesmo o "Bor".

Já passei horas a ver se apanhava uma foto desta embarcação.  Percorri vários sites,  inclusivé do Arquivo Histórico Ultramarino e outros,  em vão. 

Sabendo do estaleiro de construção ou da data de chegada a Bissau,  talvez se pudesse saber de outros pormenores e características deste ferryboat que era pau para toda obra nos rios da Guiné.

Abrcs.
Manuel

4. Comentário de Rui Silva (*), com data de 1 do corrente, 18h37:

Amigo Luis, de certeza que era o Bor, foi em Fevereiro de 1965, dias antes do nascimento de nossa filha, o Bor nessa altura ja navegava de "bengalas" e "boias nos braços", enferrujado, velho combatente mas navegando à superficie dos canais e rios limitrofes de Bolama e Bissau.
Abraço
Rui Santos
[ex-alf mil, 4.ª CCAÇ, Bedanda, 1963/65]


5. Comentário de João Silva, ex-fur mil, CCAÇ 12, 1973. Xime (*):

Uma achega, a Bor pifou de vez e passou em 1973, em meados de junho, a deslocar-se atrelada a um rebocador. Numa das viagens que fiz, Xime-Bambadinca, por deferência do comandante do rebocador, foi bem mais confortável e com direito a bebida a bordo do rebocador. Curiosamente nunca fiz a viagem inversa de barco.

João Silva, CCaç 12, 1973
____________________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 13 de outubro de  2014 > Guiné 63/74 - P13729: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (88): Revivendo, 48 anos anos depois, a tragédia de Jumbembem, a morte do cap mil inf Rui Romero, da CCAÇ 1565, em 10/7/1966 (Ana Romero / Artur Conceição)

(**) Vd. poste de 29 de novembro de 2014 >Guiné 63/74 - P13959: (Ex)citações (255); A minha aventura (e da minha mulher, grávida) a bordo da BOR, numa viagem atribulada entre Bolama e Bissau (Rui Santos, ex-alf mil inf, 4ª CCAÇ,  Bedanda, 1963/65)

13 comentários:

Anónimo disse...


Torcato Mendonca
1 dez 2014 21:35 (

Luís, isto, para mim e se bem me lembro, não é a Bor.
Já lá vão 46 anos mas...não me parece.
Ab,T

Anónimo disse...

Rui Santos
1 dez 2014 21:53 (
Amigo Luis

Se este não é o Bor, é pelo menos irmão gémeo, o "meu" BOR, era de um verde muito descorado, parecia um bacalhoeiro depois de tres ou quatro safras, mas já vi por aí uma foto da mesma nau, mais amarelada (ou de tinta ou de ferrugem ....)

Não tenho dúvidas e raras vezes me engano .... onde é que já ouvi isto ???

A nossa filha nasceu a 18 de Fevereiro de 1965, portanto a nossa famigerada viagem com o BOR, foi aí em 10/11 de Fevereiro desse ano. Parecia que íamos a Troia, mas num barco muito, muito velho, sem amortecedores, sem rádio, sem ... sem ... mas flutuava...

Abraço
Rui Santos

Anónimo disse...

Fernando Chapouto
1 dezz 2014 23:42

Companheiro amigo Luís, como eu apenas conto histórias verdadeiras e só minhas.

Por isso não duvides daquilo que escrevo.

Ainda hoje enviei para o Magalhães Ribeiro a mesma fotografia, como deves observar a largura do rio Geba que na Guiné a seguir ao Geba é o Cacheu que eu também percorri de barco desde da foz até Farim e vice versa em Setembro de 65.
Um abraço

Fernando Chapouto

Torcato Mendonca disse...

A Bor que eu conheci era verde.Digo no Post que escrevie recuperado pelo Luis Graça. A que vejo aqui não me perece.Repito: não parece ou pode ser a mesma com transformações.Sei lá ao fim destes anos.
Não percebi o comentário do Cachoupo.
Gostava de ver o outro lado do "ferri" (estibordo) pois recordo um barulho que me pareciam pás..são recordações com muitos anos.
Ab,T.

Luís Graça disse...

António Bastos, fico com a ideia de que o Pecixe (nome de ilha, fica a leste de Bissau, no estuário do Rio Mansoa, na sua margem direita, frente a Quinhamel) era da "classe" do "Bubaque", antiga traineira de pesca adaptada para as necessidades da marinha, em 1963...

O "Bubaque" era uma LP4, lancha de patrulha... Mas havia as LP3, LP2 e LPl... Foarm abatidas ao efetivo menos de um ano depois, em 1964.

E. Esteves de Oliveira disse...

Camaradas, é a BOR sem dúvida. Eu e a minha malta viajamos nela de Bissau para Buba em Junho de 1963, toda a malta e toda a tralha de uma CCaç, mais uma pequena multidão de civis, com a sua inevitável bagagem que incluia cabras, cabritos, galinhas, etc. Na minha memória, a embarcação (barco? navio?) era maior, mas não tenho dúvida, é a BOR.
Um Alfa-Bravo, E.Esteves de Oliveira, ex-Alf.Mil.Inf. CCaç 411

Luís Graça disse...

Porque é que esse "ferryboat" tinha o nome de Bor ?

Trata-se de uma povoação a oeste de Bissau, perto de Brá, na estrada de Bissau-Prabis...

Hoje Bor é conhecida pela excelente (dizem) clínica de São de José de Bor, com a qual a Tabanca Pequena de Matosinhos tem trabalhado... Mas não sei mais nada...

Tenho uma vaga ideia de estar relacionado, este topónimo, Bor, com as guerras contra os grumetes e os papeis da ilha de Bissau, ao tempo das "campanhas de pacificação" de Teixeira Pinto (1913-1915) ou até antes...

A ilha de Bissau é considerada dominada e "pacificada", no tempo da I República, em 13 de Maio de 1915, com a queda de Biombo, a prisão do seu régulo e a criação de 4 postos militares, Bor, Safim, Bijimita e Biombo...

Luís Graça disse...

É isso, referências a Bor aparecem na campanha de Teixeira Pinto contra os papéis (e os seus aliados, os grumetes e os balantas)...


Veja-se aqui um excerto recensão do Mário Beja Santos, ao livro de João Teixeira Pinto, "A ocupação militar de Bissau:

(...) Uma vez mais, Teixeira Pinto é minucioso, estabelece como um quase diário das operações que se vão desenrolar já em plena época das chuvas. Há parágrafos quase épicos, veja-se este exemplo:

“Numa arremetida de leões os meus valentes soldados e irregulares carregam de novo sobre o inimigo e, numa arrancada, levam-nos de vencida até ao Alto do Intim e infligem-nos tais perdas que as forças recolhem trazendo os seus mortos e feridos, sem que o inimigo os incomodasse com um único tiro. Para mim estava terminada a lenda dos Papéis. Com aquela coluna, depois da rude prova porque acabava de passar e animada do entusiasmo de que estava possuída, eu adquiri a certeza da derrota do inimigo e da conquista da ilha de Bissau”.

Daqui avança para o chão Papel, descreve o fogo de artilharia, o avanço das colunas e acrescenta um novo parágrafo épico:

“Neste dia de luta de 1 contra 10, com inimigo bem armado com armas aperfeiçoadas, bastante cartuchame e com a lenda de invencível, cada soldado, cada irregular, cada voluntário, foi um herói. Os graduados regulares e os chefes irregulares portaram-se de tal modo, mostraram tanta energia, tanto sangue frio, desenvolveram tal actividade que não sei descrever o entusiasmo quando à tarde estávamos acampados sem se ouvir um tiro, no mesmo sítio em que acampou a coluna de 1908, que foi sempre mais ou menos hostilizada pelo inimigo”.

A campanha prossegue, marcha-se para Safim, Teixeira Pinto comanda as operações ferido, deitado numa maca. As colunas seguem para Bor, tomam Bissalanca, depois Comura, Prábis, Cussete. Regista-se uma traição na estrada do Biombe, o régulo foi preso e Teixeira Pinto observa:

“Interrogado o régulo, declarou que ele nunca se submetia porque ele odiava os brancos; que tinha mandado sempre 500 homens a cada combate que tinha havido e enquanto ele fosse vivo e houvesse um Papel de Biombe haviam de fazer guerra ao governo e que, se morresse, e lá no outro mundo encontrasse brancos, lhe havia de fazer guerra. Disse que se considerava o mais valente de todos os régulos porque não tinha fugido da sua terra, pois cria ali morrer”.

A 17 de Agosto de 1915 a campanha terminou, havia 4 postos em Bor, Safim, Bejemita e Biombe. Papéis e Grumetes eram tidos como etnias submetidas. (...)


7 DE ABRIL DE 2011

Guiné 63/74 - P8057: Notas de leitura (226): João Teixeira Pinto, A Ocupação Militar da Guiné (3) (Mário Beja Santos)

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2011/04/guine-6374-p8057-notas-de-leitura-226.html

Anónimo disse...

Manuel Amante
2 dez 2014 15:26

Luis,

A proa do Pecixe não é igual a nenhuma das LP.

Julgo que essa lancha seria uma do armador José Reis que a teria vendido ao governo da Província e ficado em Cacheu.

Dou conhecimento desta ao filho, o Rui Reis, meu amigo, que melhor poderá esclarecer.

Abraços.
Manuel

Anónimo disse...


Ismael Augusto
2 dez 2014 16:56

Meus amigos e camaradas-

Aquela foto é da BOR. As rampas de embarque e desembarque parecem não enganar.

Um abraço,

Ismael Augusto

José Botelho Colaço disse...

Mais uma axa para a fogueira eu também fiz uma viagem na Bor no fim da comissão Outubro de 1965 de Bambadinca para Bissau no poste3099 os nossos regressos faço uma pequena citação à viagem na Bor e a imagem que guardo é muito parecido com a da foto. A Bor era assim de um lado tinha a imagem como se vê na foto parte coberta para a tripulação e passageiros, no lado oposto não havia nada de cobertura era aquele estrado imenso onde transportava as viaturas e a tropa macaca, posso dizer que não entrei na parte dos passageiros nem me lembro se me era permitido o acesso, fiz toda a a viagem na parte livre.
Um abraço
Colaço C.caç. 557.

Juvenal Amado disse...

Também não me parece a Bor que ajudou a transportar o 3872 para o Xime. Parte do batalhão foi na LDG e o Resto na BOR se não estou em erro. A companhia do Luis Dias (3491 Dulombi)foi uma das que foi nessa "boleia"

Anónimo disse...

A Bor era um ferry-boat fluvial construido em 1963 pela Argibay, Alverca. Muito semelhança com dezenas de pequenos ferries usados na Suécia( os barcos da classe Farja) e rio Reno(Alemanha e Holanda).