domingo, 28 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13659: Inquérito online: "Desenrascanço é uma qualidade nossa. Na Guiné demos boas provas disso"... Falso ou verdadeiro ? Totalmente falso ou totalmente verdadeiro ?


Guiné >Zona leste > Setpr L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > O fur mil at inf Arlindo  Roda junto a uma viatura, sinistrada na estrada Bambadinca-Mansambo -Xitole (se não me engano...). Era frequente as viaturas,  civis e militares, que integravam as colunas de reabastecimento a Mansambo, Xitole e Saltinho, com escolta da CCAÇ 12, "atolarem-se", "despistarem.se" ou "pisarem minas". O "desenrascanço" da malta era essencial para "desobruir" a via pública,,,

Foto: © Arlindo Teixeira Roda (2010). Todos os direitos reservados. Edição e legendas de L.G.


1. Desenrascanço | s. m.

de·sen·ras·can·ço
(desenrascar + -anço)
substantivo masculino
[Informal] Capacidade de solucionar problemas ou resolver dificuldades rapidamente e sem grandes meios.

"desenrascanço", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/desenrascan%C3%A7o [consultado em 27-09-2014].

Curiosamemte, o vocábulo ainda não vem grafado no "Dicionário Houaiss da Língua Portugesa", pelo menos na versão que eu tenho em casa (6 volunmes, Lisboa, Círculo de Leiotes, 2003). Vem enrascar, desenrascar, mas não enrascanço nem desenrascanço...

2. No "top ten" das palavras estrangeiras mais fixes ["coolest"] que a língua inglesa devia ter,  vem em nº 1 o vocábulo português “desenrascanço”. A escolha é de um sítio, na Net, norte-americano, que cultiva o bom humor, O artigo (de 13 de abril de 2009) tem quase 3 milhões de visualizações ...

“Desenrascanço" (o termo é intraduzível em inglês) seria a arte de encontrar a solução para um problema no último minuto, sem planeamento e sem meios... explica o "site". O exemplo mais intelegível, para um americano,  seria a célebre personagem da popular série televisiva MacGyver, q dos anos 80/90 do século passado. Lembram-se do rapaz, de estatura meã, bem apessoada, que celebrizou o canivete suíço ?

3. É um traço da "cultura" portuguesa e terá sido a chave para o segredo da nossa sobrevivência como povo ao longo de séculos... Enquanto a maioria dos norte-americanos terão crescido sob o lema dos escuteiros, 'sempre prontos', os portugueses fazem exactamente o contrário... Como eles gostam de dizer, estão-se "cagando" para os entretantos (meios), gostam é dos finalmentes (resultados)...Em suma, há sempre uma solução de última hora para resolver um problema... Seja o que Deus quiser!... Para quê estar a perder tempo com planos que depois saem furados ?

Moral da história: O futuro ? Logo se vê...Viva a arte lusitana do desenrascanço!... Andamos a desenrascarmo-nos... há mil anos!

4. Já agora, aqui ficam mais algumas palavras estrangeiras que os americanos gostariam de ter no seu léxico: vêm na lista das dez mais, encabeçada pelo portuguesíssimo "desenrascanço"

- “Bakku-shan” > palavra usada pelos japoneses quando se querem referir a uma rapariga bonita... vista de costas;

- “Nunchi” > vocábulo usado pelos coreanos. identificando alguém que fala sempre do assunto errado, no sitio errado, na altura errada, com a pessoa errada; em suma, o tipo desbocado ou inconveniente;

- “Tingo” > uma expressão usada na Ilha da Páscoa, Chile, e que significa pedir sistematicamente emprestado a um amigo, ou "cravar" um amigo,  até o deixar de tanga, sem nada...


5. Pessoalmente, tenho a ideia que aquela guerra (a "nossa") foi um exemplo da arte lusitana do desenrascanço no seu melhor e no seu pior... Desde o início, quando fomos apanhados de calças na mão, e o Salazar nos mandou  "para Angola, rapidamente e em força", que se pode dizer que o "desenrascanço foi a palavra de ordem"... 

Posso estar a ver árvore que tapa a floresta... Mas da minha experiência na Guiné sou capaz de arranjar já, aqui, em cima do joelho alguns exemplos do nosso "proverbial desenrascanço":

A lista, a  completar pelos  nossos leitores, é meramente exemplificativa:

(i) Não tínhamos cão ? Caçávamos com gato;

(ii) Não tínhamos inseticidas ?  Matavámos mosquitos com a bazuca 8.9;

(iii) Não havia peças sobresselentes para o jipe do comandante ?  Canibalizava-se um unimogue sinistrado;

(iv) Não havia "bunkers", de cimento armado,  à prova de canhão sem recuo ? Fazíamos buracos com tetos de cibe;

(v) Já não havia gente na metrópole para ir para a guerra ?  Alistávamos os fulas, desde os putos de 16 anos aos velhos de 40;

(vi) As viaturas atolavam-se, e não havia reboques ? Guincho de GMC com elas, ou vai ou racha...

(vii) Só havia um frango ? O cozinheiro fazia  massa com "estilhaços de frango";

(viii) Não havia frigorífico na tabanca em autodefesa onde estavas destacado com a tua secção ? Pois, comias uma lata de fiambre dinamarquês de 5 kg num dia (devia durar para duas semanas, para ti e para o soldado de transmissões, que os teus soldados fulas não comiam carne de porco e eram desarranchados)...

(ix) É preciso fazer 300 moranças no novo reordenamento ? Eh, malta, caboqueiros, marceneiros, carpinteiros, trolhas da consgtrução vil, engenheiros técnicos, toca a largar a G3 (de dia) e aarregaçar as mangas do camuflado;

(x) Quem tem medo do macaréu ? Ninguém, vamos lá entrar para o sintex, que somos um povo de marinheiros;

(xi) O pobre do comandante de batalhão, com idade de ser avôzinho, não tem pedalada para este tipo  de guerra ? Vem o Spínola, de heli, de Bissau e traz-lhe "um par de patins";

(xii) A jangada só leva 100 ? É malta, toca a dar m um jeitinho, que cabe sempre mais um,,,

(xiii)  Detetores de minas ? Inventa-se a "pica", um pau de metro e meio, com um prego afuado na ponta...

... E a lista será infindável, se os nossos leitores quiserem colaborar!

6. A sondagem desta semana é justamente sobre o "desenrascanço," alegadamente uma virtude nacional, uma característica (única) da nossa idiossincrasia... E na Guiné, durante a guerra colonial, o nosso exército teria dado boas provas disso...

Recorde-se que no início da década de 1960, a malta chegava à Guiné, mal equipada, de mauser na mão e capacete de aço na cabeça, vestida de caqui, treinada para fazer a guerra do Raul Solnado, a guerra das trincheiras... Em pouco tempo, esse exército tornou-se uma grande máquina de luta antiguerrilha... Os franceses não tiveram tempo de aprender connosco. Os americanos, arrogantes, não o quiseram,  mas a gente se calhar tinha algumas coisas  a ensinar-lhes... Comparativamente com as guerras da Argélia, da Indochina e do Vietname, o nosso desempenho, do ponto de vista operacional,  militar, disciplinar e humano, não terá sido desprimoroso...

Sondagem (em curso durante os próximos 6 dias): 

"Desenrascanço é uma qualidade nossa. Na Guiné demos boas provas disso"... É falso ou verdadeiro ? Totalmente falso ou totalmente verdadeiro  ?

A palavra ao(s) leitor(es)... LG

14 comentários:

Valdemar Silva disse...

Nós, os PORTUGUESES, somos extraordinários.
Vejamos pequenos exemplos da rapaziada, na guerra, na Guiné.
E, então, aquela de fazer furos com a ponta duma bala (à mão, não exageremos)no fundo duma lata de coca-cola para, depois, adaptada a uma torneira, que tinha sido adaptada a um bidão de gasolina, servir de chuveiro numa banhoca.
E, então, aquela de (re)encher uma garrafa de cerveja (bebida muitas vezes quente) com petróleo e, depois, furar a carica para passar uma torcida que acesa dava luz pra ler, comer e, até, quando colocada dentro duma lata de compota de fruta vazia, com a tampa levantada para fazer reflexo, agarrada ao arame farpado servia de holofote pra escuridão da mata.
E, então, aquela do Spínola cortar as meias-mangas e, depois, adaptar uma falsa dobra no camuflado.
E, muito mais.

Valdemar Queiroz

Antº Rosinha disse...

"Prof. Dr. Leopoldo Amado: “GRANDES COMANDANTES DO PAIGC ESTAVAM COM PIDE”
28/09/2014 / OdemocrataGB / No comments"

E porque duvidar? dito em português soa bem, não se sabe é como soa em crioulo ou em balanta.

Luís Graça disse...

Parabéns, Vsldemar, deste o pontapé de saída, respondendo ao meu/nosso desafio!...

Deste 3 exemplos...Mas quero/queremosa muito mais: toda a gente, por experiência própria, tem exemplos do nosso "desenrascanço" na Guiné!,,,

A propósito das garrafas (vazias) de cerveja... Nada se deitava fora: (i) serviam para "calcetar" o chão; (ii) serviam par pendurar no arame farpado e reforçar o sistema de segurança das nossas instalações militares (quarteis, destacamentos, tabancas em autodefesa...).

Ficamos à espera!... LG

Anónimo disse...

Já em 2009, o "DN TV & Media" se tinha referido a este "site" de humor norteamericano... LG

___________________

INTERNET
'Desenrascanço' faz falta no léxico inglês
por P.B.20 abril 2009

'Site' de humor elegeu as 10 palavras estrangeiras mais fixes que fazem falta na língua inglesa e o famoso 'desenrascanço' português lidera.
O "desenrascanço" dos portugueses, ou a "capacidade de resolver problemas rapidamente e com poucos meios; desembaraço" (Dicionário da Língua Portuguesa de 2009), acaba de ser eleita a palavra que mais falta faz no léxico inglês.
A eleição, realizada pelo site norte-americano Cracked - auto- -intitula "o único site de humor e vídeos, desde 1958" -, resultou num top 10 das expressões de outras línguas que mais fazem falta à língua inglesa, em que "desenrascanço" lidera (ver tabela ao lado).
Ilustrada com o personagem da série de TV dos anos 80, MacGyver, um agente secreto que não usava armas e resolvia todos os problemas com engenhocas várias e com o seu canivete, o site dá exemplo da aplicação do "desenrascanço". A saber: "Quando se usa o cabide para apanhar as chaves do carro que caíram na retrete, ou um bigode arranjado de emergência com pêlos púbicos." (...)

http://www.dn.pt/inicio/tv/interior.aspx?content_id=1206424&seccao=Media

Hélder Valério disse...

"Desenrascanço", "Imaginação", "Criatividade"....etc., o que quiserem.

Realmente essa capacidade de 'inventar', de encontrar uma solução para um problema, qualquer que fosse, foi, tem sido, uma espécie de 'marca distintiva' do que se pode entender por 'ser português'.
É claro que isso, parecendo (e sendo, muitas vezes) uma 'coisa boa', tem por detrás a outra face, ou seja, não se gastou tempo anteriormente a preparar, a estudar, a prevenir. Então sai 'improviso' e por sorte, por sapiência e/ou por 'protecção divina' muitas vezes 'deu certo'.
No entanto é possível que essa capacidade esteja a correr o risco de desaparecimento, com a 'uniformização' de critérios que tendem a dissipar as diferenças (culturais, regionais, até civilizacionais, etc.) que nos têm distinguido e que, em boa verdade, são o 'motor' dessa criatividade.

Como achega para a 'utlização imaginativa' do que íamos tendo à mão e que poderia, numa sociedade como a de agora, ser simplesmente desperdício ou, quando muito, colocado no 'amarelão', temos o aproveitamento das latas de coca-cola que, por sinal, não era comercializada na Metrópole...

O Valdemar já falou do aproveitamento para 'espalhador de chuveiro'. Também, pontualmente, serviram como elemento para colocação no chão a fim de o tornar mais transitável, à entrada dos quartos. Serviram de cinzeiro: de parede, colocadas deitadas, abertas longitudinalmente, ou ao alto com a 'boca' aberta. Também a utilizei como pequeno fogão para aquecimento: posicionada ao alto, com buraco lateral para colocação do álcool no fundo e servir de arejamento.

Abraço
Hélder S.

José Botelho Colaço disse...

Inventar: Na vida civil a minha profissão foi técnico de máquinas e afinar as mesmas, então para os que trabalhavam mais directamente comigo o meu alcunha era o engenhocas e por causa disso ficavam muito satisfeitos quando eu atendia os seus pedidos eu dizia-lhes o problema não é meu isso é com o mecânico de turno, resposta não vem tu ver por favor.

Anónimo disse...

Até o nosso "ranger" na Guiné pós-25 de abril teve que fazer o papel do "rei do desenrascanço"!... LG

____________

(...) Um dia o Comandante disse-me:
- O vagomestre está muito doente,
Você vai substitui-lo como souber...
Vai alimentar toda esta gente.

Se mais proveito não lhe fizer,
Vai muitas vezes a Bissau… passear;
É um privilégio raríssimo,
Espero que não vá regatear!

Eu... um Operações Especiais?
Ouço, obedeço e não discuto!
Serei o Rei do desenrascanço?
Se calhar!... avancei, pois, resoluto!
(...)

31 Maio 2006
Guiné 63/74 - DCCCXXI: Cancioneiro de Mansoa (8): a amizade e a camaradagem ou o comando da 38ª

http://blogueforanada.blogspot.pt/2006/05/guin-6374-dcccxxi-cancioneiro-de.html

Anónimo disse...

Olá Camaradas
Antes de mais nada: o desenrascanço, o improviso são óptimoas mas elogiar o improviso em desprimor do que devia ser feito é estupidez e pobreza.
Por outras palavras:quem não tem cão caça com gato, mas o cão é que serve para caçar e por isso temos de o ter.
Infelizmente na Guiné nunca passámos da primeira parte e por isso, os improvisos tornaram-se cronicamente provisórios.
O "desenrascanço" implica várias qualidades: vontade de resolver sem esperar que a solução seja fornecida; imaginação; inteligência; leitura rápida das dificuldades e a certeza de que estamos sós na resolução das dificuldades.
Parece-me que os portugueses têm todas estas qualidades e é isso que faz deles exemplos a seguir.
Um Ab.
António J. P. Costa

Antº Rosinha disse...

Já votei (5), porque toda a nossa história e a nossa própria existência como país, desde a corda ao pescoço de Egas Moniz até às coisas de hoje foi tudo na base do desenrascanço.

Às vezes o desenrascanço (improviso, imprevisto) dá para o torto.

O maior inconveniente do "desenrascanço" colado à nossa pele, é o aproveitamento de oportunidades em proveito próprio.

Mesmo naqueles 48 anos da ditadura do salazarismo, em que tudo era previsível, funcionava o desenrascanço (Já chegámos à Madeira ou quê?)

No caso dos descobrimentos e dos domínios ultramarinos, talvez no início teria havido alguma percentagem de organização à Inglesa, (a mãe de D. Henrique era inglesa(?)), mas que a nossa força foi mais aventureirismo, improvisação e desenrascanço está documentado.

Mas o maior sinal do nosso desenrascanço, é a nossa tradicional e fácil integração em sociedades estranhas.

Carlos Pinheiro disse...

O desenrascatez-vous está no sangue dos portugueses e nós, naquela altura, éramos mesmo obrigados a desenrascarmo-nos.
Eu fui para a Guiné sozinho – em rendição individual – mas muito bem acompanhado. Era o BCAÇ 2856, era uma CPM, era um Pelotão não sei de quê e uma série de malta em rendição individual que tinha os seus destinos. Mas o meu era incerto. O Batalhão para onde eu ia, estava já a fazer as malas para regressar. Então mandaram-me aguardar, não sei o quê, nos Adidos. Nem uma cama tinha quanto mais um mosqueteiro. Passados três dias tinha uma cama, emprestada é certo, mas uma cama, na Companhia de Transportes aquartelada no QG. Desenrasquei-me, pronto.
Depois, porque também queria fazer alguma coisa, porque andar sempre desenfiado não dava jeito, apresentei-me ao Comandante do Destacamento do STM a oferecer-me para desempenhar funções da minha especialidade no Centro de Mensagens visto que já tinha alguma experiência adquirida em cerca de seis meses no QG da II RM – Tomar. A minha oferta foi aceite e passados poucos dias já ali estava a fazer o que tinha aprendido no RTm do Porto. Desenrasquei-me, pronto.
Nas viagens de cruzeiro, aí é que não me consegui desenrascar. Tive que gramar aquelas camas de suma a pau nos porões, tanto no UIGE para lá como no CARVALHO ARAUJO para cá. Mas na viagem de regresso, sabendo antecipadamente que o CARVALHO ARAUJO não tinha água nem para lavar o prato que nos deram quando subimos a bordo, quanto mais para tomarmos banho, desenrasquei-me no Depósito de Fardamento da Companhia onde consegui uma dúzia de camisas e de calções, visto que meias e roupa interior tinha suficiente, e todos os dias, às vezes mais do que uma vez, vestia roupa lavada num corpo suado, transpirado, seboso, mas vestia roupa lavada. Se isto não foi um desenrascanço, nem sei o que dizer.
Aliás, a malta dizia, vulgarmente, que a tropa mandava desenrascar e era isso que fazia sempre que era necessário. Nem mais nem menos.
Contar pormenores de desenrascanço no serviço, nem pensar. Era preciso tempo e paciência para contar a forma como se resolveu sempre tudo a tempo e horas.

Tony Levezinho disse...

Da minha experiência (Única) em cenários de guerra, tenho como imagem de marca da nossa prestação a grande capacidade para improvisar, ou, tal como proposto, para desenrascar.
Aliás, esta foi e, continua a ser, uma "Arma Lusa", talvez de sobrvivência, par suprir as carências tradicionais do nosso povo, pelo menos, até há muito poucas décadas atrás.
Voltando à experiência bélica, atrevo-me a dizer que, se calhar tinha que ser mesmo assim, até porque o tipo de guerra que enfrentamos nada tinha de covencional, à luz dos tratados da especialidade e, daí, poder admitir ser muito difícil agir com atitudes e regras pré estabelecidas.
Contudo, tal como tive oportunidade de presenciar, as coisas nem sempre correram bem, com a aplicação deste "método".
Ainda assim, respondendo diretamente à pergunta da sondagem,direi: TOTALMENTE VERDADEIRO!
Tony Levezinho

Bernardino disse...

Desenrascanso.
Os cunhetes de cartucho 7,62. Para quê? Pois bem. Aquela caixa de madeira com uma protecção de chapa espelhada por dentro servia como reflector. Então era um bidom cheio de terra do qual emergia um mastro e nesse mastro a tal caixa espelhada. Não havendo gerador e por isso, projectores eléctricos, a iluminação para fora do arame, de forma a que os homens do reforço pudessem vislumbrar algo que se pudesse passar, era feita com "petromax" metidos ali dentro. De tempo a tempo, talvez meia hora, era preciso ir dar pressão ao petromax para o que este era retirado do seu penduricalho e puxado para trás do bidom para o procedimento respectivo. Uma verdadeira torre de iluminação.

Bernardino disse...

Cadeiras? Cá tem nada. Bo desenrasca. E assim era. Das barricas que nos levavam o vinho de consumo sobravam as aduelas porque estas não eram devolvidas. Então começaram a nascer as cadeiras de braços, verdadeiras poltronas, e ainda as espreguiçadeiras. Também estas mesas, que se vêm em muitos bares, muitas vezes com publicidade aos fabricantes de bebidas, e feitas a partir de barricas das quais se conserva o tampo e três aduelas inteiras, tiveram o seu design criativo na guerra. Não sei se da Guiné ou doutras terras.

Unknown disse...

Ola como vão todos !

Nós em Guileje fizemos um bar em que a iluminação foi feita com granadas do PAIGC que fomos buscar a uma zona onde se entretinham a fazer fogo contra os magriços mais propriamente Paroldade .Um abraço
J.C.Lucas (Magriço sempre)