sexta-feira, 25 de abril de 2014

Guiné 63/74 - P13040: Caderno de notas de um mais velho (Antº Rosinha) (34): Ramos Horta & Ana Gomes hoje na Guiné-Bissau como ontem em Timor, uma dupla guerreira, sem armas de fogo, que está a fazer um belo e corajoso trabalho pela paz e pela lusofonia

1. Mensagem de Antº Rosinha [, foto atual à esquerda; fur mil em Angola, 1961/62, topógrafo da TECNIL, Guiné-Bissau, em 1979/93]:

Data: 16 de Abril de 2014 às 15:17

Assunto: Ramos Horta/Ana Gomes, dueto guerreiro

Luís, pela boca morre o peixe, tu é que sabes se publicas ou não.

Agora que as eleições recentes guineenses terminaram, (as eleições, não as intrigas), na República da Guiné Bissau, atrevo-me a comentar o protagonismo destes dois políticos, perante os guineenses e perante todo o ambiente que rodeou os últimos acontecimentos naquele país, terra que tanto se recorda neste blog de septuagenários e sexagenários.

Ramos Horta e Ana Gomes já em Timor actuaram a nível nacional e internacional com tal intensidade que Timor poderia não ser o que é, para bem ou mal, não sei, mas saberão os timorenses, e um acaso juntou-os novamente num contexto diferente, mas muito importante para a definição do que pode vir ser o futuro próximo da Guiné Bissau.

Como procuro acompanhar o que se passa nas ex-colónias por onde passei, Angola, Brasil e Guiné e "Madeira", terras onde passei os melhores anos da minha vida, (em idade de reprodução), não podia passar em branco a acção destes personagens que eu admiro, apesar de eu me considerar um bom "ex-colonialista", e um curioso "ex-cooperante" o oposto deles, anti-colonialistas.

Mas o que estes dois nomes já ouviram e leram contra eles nos jornais e blogs etc. de alguns políticos, comentadores timorenses, antigamente e guineenses agora, é de fazer corar qualquer colonialista, imperialista e fascista do nosso tempo de guerra do Ultramar.

Embora uma parte dos guineenses, tal como tinha acontecido em Timor, não vissem com bons olhos a actuação desta duas personalidades, a força moral, política e psicológica deles é tão forte, que se conseguem impor e fazer ouvir, mesmo pelos seus opositores, e não são poucos, agora na Guiné, antigamente em Timor.

Será a força da razão, a grande força deles?

Nem todos os antigos combatentes, ou antigos retornados como eu, se preocupam mais com estas africanices, porque outros valores mais europeístas e "larachas em família" mais indigestas que as de Marcelo, se alevantam.

Mas eu como português que não passou além de Olivença, mas fui além do Cabo Bojador, e muitos de nossos jovens já vão para Luanda com "carta de chamada" como se ia há 60 anos, dou muito valor à coragem e um certo sentido lusitano que discretamente se vai mantendo, por vários processos, como neste caso concreto Ramos Horta/Ana Gomes.

Como até acho que Portugal deve apoiar os angolanos e moçambicanos na pretensão de admitir a Guiné Equatorial na CPLP, assim como os galegos da Galiza, acho que me faço compreender, sem falar de mais.

Penso que estes dois personagens têm um verdadeiro espírito "Libertador" que sem serem uns Che Guevara, ou Amílcar Cabral, tentam sem armas de fogo fazer mais pela paz do que aqueles armados até aos dentes.

Não quero transcrever o que se ouviu em rádios e blogs e jornais guineenses contra e a favor destas duas figuras.

Já em Timor quem tenha dado atenção lembra-se do que diziam certos timorenses e Ali Alatas [1932-2008],  também na Guiné alguns vizinhos e alguns guineenses não apreciaram muito a actuação destes dois políticos.

Apesar dos pesares, a maioria dos guineenses deve achar que é bom para a Guiné a presença desta dupla na sua terra.

Cumprimentos,
Antº Rosinha
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Nota do editor:

Último poste da série de 10 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12817 : Caderno de notas de um mais velho (Antº Rosinha) (33): O racismo mal disfarçado na África Lusófona, tão complicado e difícil de contornar como a divisão étnica tradicional

2 comentários:

Cherno Balde disse...

Caro amigo Rosinha,

Concordo plenamente com a tua visao de "ex-colonialista" e acho que eh bastante realista e sensata sobre a situacao da Guine.

As duas situacoes nao serao, exactamente, as mesmas nem o engajamento da comunidade internacional eh o mesmo. Em Timor, Portugal tinha uma divida enorme, uma especie de remorso que era preciso saldar e foi preciso investor com forca politica e inteligencia diplomatica que acabou por sensibilizar o mundo, no caso da Guine, nem tanto.

Pessoalmente, acho que o trabalho dos dois, em especial a do Presidente Ramos Horta que esta mais envolvido, eh importante e pode vir a dar bons resultados. Quanto a Embaixadora ana Gomes, oxala todos os politicos em Portugal tivessem um pouquissinho da sua coragem e franqueza.

Muito obrigado e aceite um abraco amigo,

Cherno Balde


Luís Graça disse...

Rosinha, tens a caixa do correio (gmail) a abarrotar... Queria mandar-te jornais de Angola, não consigo. Os mails são devolvidos. Faz uma limpeza geral!... Abração. Luis