quarta-feira, 16 de abril de 2014

Guiné 63/74 - P12993: No 25 de abril eu estava em... (21): Nhala... e nessa noite já ninguém dormiu (José Carlos Gabriel, ex-1.º Cabo Cripto, 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513, Nhala, 1973/74)


Guiné > Região de Tombali > Setor S2 (Aldeia Formosa) > Nhala > c. 1974 > 2ª CCaç / BCaç. 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973-74) >  Nhala > Trabalhos de Engenharia na estrada Aldeia Formosa-Buba,







Guiné > Região de Tombali > Setor S2 (Aldeia Formosa) > Nhala  > 2ª CCaç / BCaç. 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973-74) > Nhala, JUN73 > O 1º cabo cripto Gabriel no desempenho de funções,

Fotos (e legendas) : © José Carlos Gabriel  (2011). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]




1. Comentário de ontem,  ao poste P12988 (*),  assinado pelo  nosso camarada José Carlos Gabriel [, foto á esquerda, 1.º Cabo Cripto, 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513, Nhala, 1973/74]

Jose Carlos disse...

Camarada Murta (*)

Embora me encontre na Alemanha junto aos meus netos (deixaram-me agora respirar um pouco), entrei no Blogue e vi a tua mensagem. Tinha feito referência que durante uns meses não me seria possível fazer intervenções mas sobre a nossa companhia não posso deixar passar a oportunidade. 

Como me lembro dessa noite em que recebemos a mensagem sobre a revolução e que dizia o seguinte; 

252245NABR RELAMPAGO “Agências noticiosas informam Governo Professor MARCELO CAETANO derrubado por movimento Forças Armadas “. 

A festa que foi feita nessa altura por toda a companhia e, se a memória me não falha,  já ninguém foi mais para a cama e penso que até o “cantinas“ foi abrir a mesma mas já não tenho a certeza. 

Fico satisfeito em ler mais uma intervenção de um antigo camarada a qual irá contribuir para que outros ganhem coragem e também escrevam alguma ocorrência desta ou de outras datas porque nem tudo acabou por ser mau.

Um grande ALFA BRAVO

José Carlos Gabriel
Ex-1.º Cabo Op. Cripto
2.ª CCAÇ/BCAC 4513
NHALA, 1973/74



________________


(**) Vd. poste de 16 de agosto de  2011 > Guiné 63/74 - P8680: Tabanca Grande (297): José Carlos Ramos dos Santos Gabriel, ex-1.º Cabo Op Cripto da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (Nhala, 1973/74)

(...) José Carlos Ramos dos Santos Gabriel
Nascido a 1 de Novembro de 1951
Natural de Cova da Piedade – Almada
Residente na Amora – Seixal [, beste momento, m Alemanha]
1.º Cabo Op Cripto da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513, Nhala, 1973/74




Poster do nosso 10.º aniversário. Autoria do © Miguel Pessoa (2014)

(...) Infelizmente não tenho recordação do embarque para a Guiné do Batalhão em virtude de na data da partida me encontrar a prestar serviço na Defesa Nacional e não me ter sido permitido embarcar sem ter o meu substituto presente, razão pela qual só embarquei em 12 de Maio 1973 nos TAM, depois de muita insistência minha com o receio de vir a passar a rendição individual.

Agradeço a todos os meus ex-camaradas da altura que se prontificaram a fazer o meu trabalho até chegar o meu substituto pois sem este apoio não me teria sido dada a possibilidade de embarque.

O meu regresso também não foi com o Batalhão porque estava de férias na dita Metrópole a poucos dias de regressar à Guiné quando recebi um telefonema de um camarada a informar que o Batalhão já tinha regressado e para me dirigir ao quartel do Campo Grande para fazer o espólio.

Durante o tempo de permanência na Guiné vim sempre de férias logo que me era permitido visto já ser casado e ter a minha filha, e foi numa destas situações que mais uma vez não me juntei ao Batalhão no regresso.

Ainda mantive contato até 1997 com dois camaradas, o 1.º Cabo Rádio Telegrafista Luís Oliveira e o Furriel de Transmissões Roque, ambos residentes no concelho do Barreiro mas por razões da minha mudança de situação profissional perdi os contatos.

Relembro neste momento um torneio desportivo efectuado em Aldeia Formosa e se a memória me não atraiçoar terá sido em 1973 onde fui representar a 2.ª CCAÇ na modalidade de andebol e futebol de salão, hoje conhecida de FUTSAL.(...)

3 comentários:

Luís Graça disse...

Obrigado, Zé Carlos, pelo teu testemunho. O 25 de abril é uma data incontornável: mudou as nossas vidas... Tu ainda estavas na guerra e dás-nos conta do alvoroço que, lá no cú de Judas, em Nhala, provocouentre os nossos camaradas a notícia da queda do governo de Marcelo Caetano... É evidente que isso afetou o moral e a disciplina das NT... A partir daqui começas já a pensar em fazer as malas, arrumar as bortas e a espingarda... É "viral"...Quando há uma "revolução" na tua terra, já não tens vontade de continuar a lutar a milhares de quilómetros de casa...

Precisamos de muitos mais testemunhdos sobre esta acontecimento por parte dos últimos soldados do império, como tu ou o António Murtta (que eu estou a tentar convencer a entrar para a Tabanca Grande, para que tu não fiques sozinho a representar os bravos da 2ª C/BCAÇ 4513)...

Lamento, pessoalmente, que a vida te obrigue agora a viver na Alemanha (que, aos olhso de muitos europeus do sul, está a destruir o sonho europeu, com o seu egoísmo económico!).. A tomar conta dos teus netos!... Não és o primeiro nem serás o último... Mas sinto um aparto no coração ao ler relatos como o teu... A tua casa deveria a da tua Pátria... Ao mesmo tempo, sei que és grande pai e avô e um português honrado!

Enfim, a nossa geração merecia um pouco mais de sorte!... Mas deve sentir-se orgulhosa por ter sabido fazer a guerra e a paz!...

Luís Chula disse...

Luís Chula
Furriel Miliciano Operador de Mensagens no Centro de Transmissões do QG de Bissau

Caros camaradas

A memória já vai falhando se bem que um acontecimento da natureza e com o impacto que o 25 de Abril foi para todos nós, não permita grandes esquecimentos.
Eu saí do turno às 7h. da manhã e quando me dirigi à entrada do Batalhão do STM a fim de tomar o pequeno almoço encontrei a entrada ladeada por 2 Unimogues dos Páras, armados até ao tutano o que estranhei.
Chegado à Messe perguntei aos muito poucos que lá estavam o que "seria aquilo" e ninguém soube explicar.
Daí a nada chegou um camarada da "Escuta Rádio" coloquei a mesma questão e aí o silêncio foi a resposta, o que quereria já dizer qualquer coisa, vindo de quem vinha.
Durante todo o dia não obtive muitas informações e o que era mais relevante era uma certa agitação entre os oficiais, mas respostas eram muito poucas e inconclusivas.
É certo que tinhamos ficado sem comunicações "normais" entre Lisboa e Bissau.
Daí eu acreditar que a minha memória não me falha se disser que a verdadeira FESTA com dados concretos sobre o 25 de abril em Lisboa, só tenha ocorrido a 26 em Bissau. E lembro-me que a confirmação apenas foi conhecida da generalidade do meu pessoal quando do restabelecimento das comunicações com Lisboa.
Admito que possam haver outros dados e que, repito, a memória me esteja a falhar, mas não foi noticia que tivesse chegado com pouca diferença de horas ao comum dos militares em Bissau.
Os oficias que localmente estavam no Movimento dos Capitães claro que actuaram logo nas primeiras horas, mas eu sempre achei que o meu 25 de Abril, chegou com, pelo menos, umas muitas horas de atraso.
Se algum camarada tiver melhores lembranças, pois que pormenorize porque é do conjunto de todos os contributos que se faz a história.
Viva o 25 de Abril.

JOSE CASIMIRO CARVALHO disse...

Eu estava em Nhala, na segurança à Engenharia, quando fui nomeado para as Africanas. Fui para Bissau tirar o Estágio. Estava na sala de aulas quando entra um militar "esbaforido" a dizer : "houve um golpe de Estado" na Metrópole".... eu perguntei : " Um Golpe de Estado? o que é isso ?". Vejam por aqui a minha inocência Política...lol Depois fui para Paúnca...