sexta-feira, 11 de abril de 2014

Guiné 63/74 - P12966: 10º aniversário do nosso blogue (3): Resultados preliminares (n=67) da nossa sondagem ("Camarada, com que regularidade falas da guerra, aos teus filhos?")... Mais de um terço admite que nunca falou ou raramemte fala, da guerra, aos seus filhos...



Cartaz dos 10 anos da nossa Tabanca Grande 
Conceção do nosso "designer" © Miguel Pessoa (2014)


1. No dia 23 de abril, completamos 10 anos de existência. São cinco comissões na Guiné. O que é obra...

A efeméride já começou a ser comemorada (*), contando com a boa vontade, o entusiasmo e a participação de muitos dos nossos amigos e camaradas que já têm, lugar cativo à sombra (ou ao sol) do nosso mágico poilão...

E uma das formas de participar é responder `à sondagem que está em curso, "on line"  (vd. canto superior esquerdo do blogue) e que tem como pergunta: "Camarada, com que frequência falas da guierra aos teus filhos ?"...

Em boa verdade, deveríamos fazer duas sondagens, cada uma com um pergunta ligeiramente diferente: (i) "Camarada, com que frequência falavas da guierra aos teus filhos, antes de entrar para o blogue ?"; (ii) "Camarada, com que frequência falas da guierra aos teus filhos, hoje, depois de entrares para o blogue?"...

Eu penso que muitos de nós só há dez anos para cá tirou q  rolha da boca, ou a pedra do vulcão, ou abriu o baú das memórias há relativamente pouco tempo, agora que a guerra acabou há 40 anos, os filhos cresceram, e as vidas profissionais chegavam ao fim...Temos hoje não só outra distância (em relação aos aconmtecimentos) como outra disponibilidade (nomeadamente mental) e até outyra sabedoriam, sob a forma de ver as coisas e verno-nos a nós próprios.

Eu próprio deixei de pensar e de falar na guerra, mal regressei. Ou tentei fazê-lo. Sói depois de acabar o meu curso de licenciatura em sociologia, em 1980, é que comecei a escrever e a publicar ar os primeiirso textos (no extinto semanário "O Jornal")... Mas lá em casa a guerra caontinuava tabu...Não se falavaa dela...até ao aparecimento e desenvolvimento do blogue  e a o envolvimento da família nos nossos primeiros encontros...

Julgo que o mesmo se terá psssado com muitos outros camaradas... 

2. O tema desta sondagem surgiu-me a partir do título do livro da jornalista e nossa amiga Catarina Gomes, ela própria filha de um combatente, já falecido ("Pai, tiveste medo?", Lisboa,  Matéria-Prima Edições, 2014, 248 pp). 

Admito que eu muitos casos os nossos filhos nos façam perguntas insólitas e difíceis: (i) pai, andaste na guerra ? (ii) pai, mataste alguém ?; (iii) pai, viste morrer camaradas teus ?; (iii) pai, tiveste medo ?... E admito que tenham curisidade em saber: (v) pai, temos algum mano oui mana na Guiné ?... São perrguntas que os meus filhos já me fizeram...

Em geral, as nossas recordações entre camaradas, nos convívios anuais, da unidade ou subunidadee a que pertencemos. Podemo levar a família, mas as conversas mais íntímas deixam de fora a mulhere e os filhos... Felizmente que as coisas se estão a alterar e que a nossa comunicaç
ão melhorou, no seio da famíli, dos amigos e dos camaradas, com a nossa maior exposição pública através do nosso blogue e dos blogues que depois se foram criando e mais recemetemente atarvés do Facebook...

Mas, mesmo assim, não deixa de ser motivo de preocupação o fato de mais de 1/3 dos primeiros respondentes à nossa sondagem admitir que nunca  ou muita raramente ter falado com os filhos sobre a guierra...

Camaradas, que ainda responderam, façam-no, com toda a liberdade e sinceridade... Ainda temos 4 dias para "fechar a urna"... E é uma forma, útil e generosa, de participara nas comemorações do 10º aniversário do nosso blogue...  Escrevam também, aqui, os vossoscomentários....Obrigado. LG

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SONDAGEM >   CAMARADA, COM QUE FREQUÊNCIA FALAS DA GUERRA AOS TEUS FILHOS ?

Respostas preliminares (n= 67, às 13h00,  dia 11/4/2014),  nos dois primeiros dias, e quando ainda faltam quatro para encerrar a urna

1. Nunca falei / 2. Falei uma ou duas vezes  > 23 (34%)

3. Falo com alguma frequência  > 29 (43%)

4. Falo com bastante frequência / 5. Falo com muita frequência >  10 (15%)

 6. Não aplicável, não tenho filhos  >  2 (3%)

7. Não aplicável, não passei por situações de guerra >  3 (4%)


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Nota do editor:


Vd.postes anteriores da série > 



1 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P12922: 10º aniversário do nosso blogue (1): 10 anos a blogar... 652 camaradas e amigos registados... 13 mil postes publicados... 5,5 milhões de visitas... 50 mil comentários... Obrigados ao Miguel Pessoal pela prenda que já nos mandou!... Obrigados aos nossos editores, colaboradores permanentes, autores, leitores, comentadores!...

6 comentários:

Luís Graça disse...

Mail enviado pela rede onterna da Tabanca Grande:

Caros/as camaradas (e amigos/as):

Uma forma de participar nas comemorações (internas, sem pompa nem circunstância) dos 10 anos do nosso blogue, é alimentá-lo por estes dias de abril e maio...

Como ? Com novas fotos, documentos, histórias... Eu sei que "o baú está mais do que rapado", e a novidade (e a paixão) do blogue já não é a mesma dos primeiros anos... mas ainda estamos longe de ter contado tudo... Ou não ?

Outra forma de participar é votando na nossa sondagem e comentando os resultados.

Aproveito o ensejo para agradecer a todos/as os/as amigos/as e camaradas que se têm interessado pelo meu estado de saúde. Tranquilizo-vos dizendo que estou em boa recuperação de uma operação à anca da perna direita. Entretanto, e como diz o povo, "hora a hora Deus melhora" (ou, noutra versão, "a doença vem a cavalo e volta a pé")...

E eu quero poder estar a 100% no nosso próximo IX Encontro Nacional da Tabanca Grande, ainda sem data, mas como de costume em Monte Real, ponto mais ou menos equidistante entre o norte e o sul... (De qualquer modo, primeiro teremos que saber das vossas disponibilidades e vontades, num próximo emial)...

Um abraço forte. Luís Graça

Anónimo disse...

Catarina Gomes
11 abr 2014 15:46


Professor,
Folgo em vê-lo de volta ainda que por ora apenas virtualmente. Vou fazer um texto. Muito interessante. Este ano queria ver se conseguia ir ao vosso encontro, se me convidaremJ E estou a tentar organizar um debate sobre o tema numa biblioteca municipal, a sondagem seria um belíssimo ponto de partida.
A propósito do livro ontem voltei ao convívio de um grande amigo do meu pai de Angola, soube ontem pela primeira vez histórias de guerra do meu através deste amigo. Foi interessante.
Bjs e boas fisioterapias,
catarina

Anónimo disse...

Olá Camaradas
Parece-me que esta questão, por si própria levanta uma ainda mais importante: como é que, no fundo, lidamos com a guerra?
Parece-me que cerca de 50% de nós não temos a nossa relação com a "guerra" devidamente arrumada. De outro modo teríamos falado dela com desassombro com os nossos filhos e teríamos conseguido sensibilizá-los para o que ela foi e o que passámos/fizemos.
Não me parece que tivéssemos tido grande êxito nesta matéria.
Ou estou enganado?
Um Ab do
António J. P. Costa

Henrique Cerqueira e Ni disse...

Eu já votei .
No entanto e a verdade seja dita eu tive alguma dificuldade para votar numa das opções.É que actualmente estou mesmo quase a fazer 65 anos e já não dá para falar assim tanto com os filhos,pois que eles andam tão ocupados a não perder os empregos que nem tempo têm para grandes conversas e muito menos para conversas com o pai sobre o ex.Ultramar.
Eu até entendo. Quando eu estava no Ultramar só queria que o tempo passasse para poder regressar ao trabalho activo e ao melhoramento da minha vidinha tanto em formação como em apostar numa carreira de trabalho.
Os meus filhos já pensão o contrário.Ou seja: Já só pensão se no final do mês o patrão abre ou não a fábrica e pensão ainda se não será melhor fazer o percurso inverso do pai ,que é ir para África ex ultramar...Isto é uma "pôrra" meus camaradas.
Bom pelo menos e para já vou falando ao neto sobre a guerra do ultramar e mais especificamente sobre a Guiné.Pois que por acaso o pai dele (meu filho)até esteve na Guiné em criança.Mas quando me alongo de mais e me perco em "devaneios" sobre a Guiné o "puto" começa logo a bocejar e desvia a conversa para os interesses dele.É que os programas escolares sobre a história ultramarina e em especial as guerras coloniais não se alongam muito e quanto a mim dando a entender existir alguma "vergonha" em aprofundar mais os conhecimentos da nossa participação na Guerra Colonial.
Foi a minha opinião.
Henrique Cerqueira

Henrique Cerqueira e Ni disse...

Não sei em que estava a pensar.
Onde se lê "pensão" devesse ler "pensam"
Henrique Cerqueira

Manuel Reis disse...


Amigos e camaradas:

Amigo Luís é um facto que " o baú está um pouco mais rapado" mas longe de estar esgotado. Continua a ser útil para todos os camaradas e ex-combatentes, de modo especial, aqueles que tardiamente se aperceberam desta ferramenta, que os pode aliviar das tormentas da guerra.

Falo na guerra aos meus filhos nos momentos em que os vejo interessados e receptivos a ouvir as estórias em que, na Guiné, muitos ex-combatentes foram protagonistas.
O Convívio é indispensável, é o agrupar das tropas e já sentimos a sua falta. Vamos a isso Luís.
Um abraço.

Manuel Reis