sábado, 4 de janeiro de 2014

Guiné 63/74 - P12542: Fábricas de Soldados - Localidades e Unidades Militares do Exército por onde passámos (José Martins) (2): G - Localização dos Órgãos, Unidades e Serviços do Exército (1961-1974) (1): Municípios de Abrantes a Coimbra




1. Segunda parte da "Fábricas de Soldados", trabalho do nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), enviado ao nosso Blogue em mensagem do dia 18 de Dezembro de 2013: 










(Continua)
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Nota do editor

Primeiro poste da série de 2 DE JANEIRO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12534: Fábricas de Soldados - Localidades e Unidades Militares do Exército por onde passámos (José Martins) (1): Introdução, Biografia, Índice das Unidades, Estruturas Militares, Órgãos de Comando e Número de Unidades mobilizadas

12 comentários:

Luís Graça disse...

Obrigado, Zé!... Abriste a "caixinha de Pandora"... De repente, catapultei-me para Castelo Branco, princípios de 1969... Ou melhor, 6 de janeiro de 1969 (conforme leio na minha caderneta militar)...Promovido a 1º cabo miliciano, fui colocado BC 6.., Rapei lá frio (glacial!), foi a única evz na vida em que usei... ceroulas!... E, passados dois meses rumei a Santa Margarida, para formar companhia, a CCAÇ 2590, mobilizada para a Guiné...

Tenho péssimas recordações de Castelo Branco, apanhei lá o sismo de 28/2/1969, e horas antes tinha sabido da notícia da minha mobilização para a Guiné...Devo confessar que não senti nada: estava bem anestesiado com umas ginjinhas valentes que bebi para comemorar a honra de ter sido escolhido para servir a pátria, lá longe, na Guiné...

Já agora, que evocas dois dos nossos maiores médicos, o Amato Lusitano (Séc. XVI) e o Sanches Ribeiro (Séc. XVIII), ambos cristãos novos e perseguidos pela inquisição... Este último não é albicastrense, mas sim penamacorense...Não arranjes uma guerra entre vizinhos...

http://www.cm-penamacor.pt/cmp/index.php/servicos/cultura/ribeiro-sanches

Parabéns por mais este precioso dossiê que, espero, venha a inspirar a produção de textos memorialísticos...

Luís Graça disse...

Amigos e camaradas:

Fica aqui, desde já, um desafio para produzirmos textos para uma nova série, "A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG"...

Há pequenas/grandes histórias para contar do tempo da nossa instrução, recruta, especialidade, IAO, etc...

Mafra, Caldas da Raínha, Tavira, Lamego, Lisboa, Porto, Vila Nova de Gaia, Abrantes, Tomar, Castelo Branco, Vila Real, Viseu, Chaves, Estremoz, Funchal, Angra do Heroísmo, Ponta Delgada, Vendas Novas, etc., etc., escondem, seguramente, pequenos/grandes segredos da nossa passagem por lá...

Histórias de amores/desamores, coragem/sofrimento, ilusões/desilusões, sofrimento, descoberta/aprendizagem, etc., etc.

Não deixem perder essas memórias que vão, um dia, morrer connosco!

Luís Graça, fundador e editor do blogue, que passou, na tropa, entre 1968 e 1969, pelas Caldas da Raínha, Tavira, Castelo Branco e Santa Margarida, para além de Lisboa, o cais de partida e de chegada do Império...

José Marcelino Martins disse...


Não esquecer que:

"Para dar uma ideia das localidades onde se encontravam as unidades, procuramos num dicionário enciclopédico, edição de 1973, e copiaram-se ou adaptaram-se os textos inclusos no mesmo. As localidades, independentemente da zona geográfica em que estão localizadas, foram ordenadas alfabeticamente, assim como os Órgãos, Regimentos ou outras unidades existentes em cada uma delas."

in Dicionário enciclopédico Lello-Universal (1973)

Fiz cópia do texto, excepto nas cidades com textos longos, que foram cortados, mas assinalados com [ .... ].

Gosto do convite para a escrita e que a Caixa de Pandora seja aberta.
Outro exercicio é a comparação das localidades à época, com a actual.

Por exemplo Odivelas, a minha terra adoptiva, já não é uma freguesia de Loures, mas uma freguesia do Concelho do mesmo nome.

Diferenças de 40 anos.

Luís Graça disse...

Zé:

Inteiramente de acordo!... Em 50 anos o nosso país, as nossas cidades, vilas e aldeias mudaram muito, mudaram profundamente...
Para o melhor e para o pior...

Será um bom exercício revisitá-las... Espero por exemplo regressar a Tavira, no final deste mês... Marquei um fim de semana no antigo convento das Bernardas, recuperado como hotel pelo arquiteto Souto Moura... Espero poder redescobrir Tavira, aonde tenho ido, esporadicamente, mas apenas como turista, o tal "estúpido em férias", como eu lhe chamo, sem ofensa, ao turista...

Será que vou mesmo (re)descobrir a Taviara onde a minha especialidade de armas pesadas ?

Anónimo disse...

Caro camarada Luís Graça


Boa...preparava-me para mandar uma "obusada" ao Zé Martins pela "gafe" imperdoável..por o médico,matemático,filosofo..e tudo, Ribeiro Sanches como natural de Castelo Branco..nasceu em Penamacor onde fez os estudos primários..cursou medicina em Coimbra, mas terminou em Salamanca..foi médico em Benavente e pirou-se para Lovaina onde se matriculou novamente em medicina.
Os profs desta faculdade ao saberem que já era médico ficaram muito orgulhosos..bem..adiante.

Foi médico na corte russa..onde foi pioneiro na criação dos hospitais de campanha..e dizem que tratou a czarina de uns "achaques"..onde ganhou fama..andou pela Bélgica,Itália e França.
O Marquês de Pombal convidou-o a regressar a Portugal,mas recusou.
Morreu em Paris na miséria.

Parabéns ao Zé Martins por este trabalho.

Caro L.Graça

Castelo Branco é hoje uma cidade acolhedora a merecer uma visita.
Já não vais precisar de usar ceroulas.

Um alfa bravo

C.Martins

José Marcelino Martins disse...

As localidades por onde passei.

Olhando para trás, que ficou das localidades por onde penei/passei, os tempos da tropa?
Saudades? Só da juventude.
Raiva? Só da Guerra.

Paramos, Espinho - Recruta, primeiro contacto com a tropa, primeiros contactos com armas, primeiro contacto com milicianos e militaristas, primeiras ilusão e desilusões. Tive sorte. Consegui desarrancar-me e dispensa de pernoita. Ia e vinha, a partir de Gaia, todos os dias, com a marmita do almoço às costas. Contribuía para a “gasosa” do Mini em que nos transportávamos. O primeiro amigo militar: O Aspirante Roldão, de Coimbra. Que será feito dele. Já o tentei encontrar, mas nada consegui. Da terra nada conheci além do quartel e do caminho que ligava a estação da CP ao quartel.

Porto, Arca de Água – Primeira Especialidade: Teleimpressor. Pode dizer-se que estava em casa. Utilizava os transportes públicos, desarranchado e com dispensa de pernoita, lá andava com a marmita atrás de mim. Recordações? Só o cuidado dispensado pelos “prontos” na semana de campo, em que foram incansáveis na procura do meu conforto, quando fiquei com uma gripe dos diabos. Houve quem fizesse a guarda por mim. A terra já a conhecia mais ou menos, já que estava a trabalhar há uns anos.

Tavira – Segunda especialidade, já no CSM e transmissões. Só pedi dispensa de pernoita. Depois da instrução no campo da Atalaia, saía ao toque de ordem direito à casa onde tinha quarto alugado à D. Rosa, uma “mãe” sempre atenta à nossa chegada em dias de instrução nocturna. De vez en quando ainda ouço a sua voz “Meninos, há leite, café e pão na sala. Comam antes de ir dormir”. Estes mimos não estavam incluídos na mensalidade, nem nunca foram cobrados. Havia também a D. Cesaltina, que era uma “irmã mais velha”, sempre a perguntar se necessitávamos alguma coisa que fosse necessário tratar durante o dia, que ela tratava. Como não tinham água quente em casa, arranjou-nos um local para um banho quente, a dez tostões por banho. Ao fim de semana íamos ao mercado, os camaradas de quarto, fazer compras para as refeições do fim-de-semana. Claro que convidávamos a comer connosco, já que as refeições eram confeccionadas por elas com os meios de que dispunham. Da terra, além dos cafés e de um ou outro restaurante, pouco conheci. O afecto pela terra está materializado na memória da D. Rosa e da filha D. Cesaltina.

Torres Novas – Concluída a especialidade a unidade de colocação. Um serviço de reforço e uma Ronda da Policia da Unidade. A única visita à cidade, terminando com a “tentativa de aprisionamento” de um refractário a um embarque para o ultramar. Do período em que lá passei, estive mais tempo em casa do que no quartel: férias da Páscoa e licença de mobilização. Da terra não me lembro, mas tenho pena. Era a terra dos meus tios paternos, que foram lá professores.

Guiné – Desta terra veio o ódio e depois a saudade. Mais palavras para quê? É a nossa “Segunda Pátria”.

E siga a “infantaria”.


Tony Borie disse...

Olá José Martins.
Continuas a prestar um grande serviço a nós, antigos combatentes.
A tua informação é preciosa, faz-nos "lembrar" faz-nos "estar lá"!.
Bem hajas.
Tony Borie.

José Marcelino Martins disse...

Bom regresso ao passado, Tony.
Abraço fraterno e transatlântico.

Unknown disse...

Ary dos Santos nesse tempo ecreveu Este País tem mais quarteis do que hospitais.
Um abraço e muita saude para todos nós.

Unknown disse...

Ary dos Santos nesse tempo ecreveu Este País tem mais quarteis do que hospitais.
Um abraço e muita saude para todos nós.

Hélder Valério disse...

Caros camaradas

O nosso camarada Zé Martins tem-nos presenteado com vários trabalhos de 'fôlego'.
E sobre este o Luís propõe que falemos sobre as terras por onde passámos, os nossos 'amores e desamores', que comparemos (se soubermos e pudermos) com o que se passa hoje.
Acho bem, será interessante. Certamente se poderá relacionar o desenvolvimento ou declínio desta ou daquela terra com a existência ou o abandono de instalações militares.
Claro que também se poderá dizer, como o Santos Dias recorda, que em determinada época o nosso País tinha mais Quartéis que Hospitais, não sendo exactamente por a saúde da população em geral ser tão boa que os hospitais eram dispensáveis.

Como observação acho que o Zé Martins acaba por dar o mote, no seu comentário, de como se pode de forma resumida relembrar esses percursos.
E de tal modo assim é que o seu comentário bem podia ser o 1º post da série proposta.

Abraços
Hélder S.

Joaquim Luís Fernandes disse...

Caros Camaradas

Esta série de postes do camarada José Marcelino Martins, de inegável mérito, ao dar-nos esta descrição tão detalhada e abrangente das Forças Armadas, em que fomos "engajados" e "servimos" Portugal, mostra-nos também a sua dimensão, a merecer apurada análise sobre a sua evolução ao longo do século XX, confrontando os diversos quadros políticos,de valores, de governo e de chefias militares em que ocorreu essa evolução.

Para mim, leigo na matéria, o que retenho e mais me interpela, é a dimensão monstruosa que tomou nas décadas de sessenta e setenta, pelas razões que bem sabemos. "Qual fábrica de produção intensiva de soldados", que na sua inoperância, produziu na Guiné a "bomba" (com detonadores em Guidage e em Guilege) com que viria a implodir o "abominável" regime politico-militar que a criou: A criatura a rebentar o seu criador.

A gravidade dos efeitos colaterais da implosão desse monstro, entre outros, é que passados quase 40 anos, ainda suportamos os escombros da derrocada, sentimos os efeitos de choque e apanhamos com os estilhaços, sem sabermos como e quando deles nos livramos.

A esperança, é que sejamos capazes de edificar um novo quadro colectivo, verdadeiramente democrático, justo e fraterno, para Um Portugal Melhor.
Eu por mim, no que puder, vou procurar estar mais atento e esforçar-me por ser melhor.

Um abraço fraterno
JLFernandes