sábado, 6 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11351: Álbum fotográfico do Jorge Canhão (ex-fur mil inf, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74) (8): Mais fotos do álbum do ex-alf mil Carlos Alberto Fraga, futuro capitão em Moçambique


 Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 4612/72 > Foto nº 1 > O alf mil Carlos
Fraga



Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 4612/72 > Foto nº 2 >  Sistema de defesa de um destacamento (1)



Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 4612/72 > Foto nº  2A > Sistema de defesa de um destacamento (2)



Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 4612/72 > Foto nº 3 > Quarto (presumimos que seja do alf mil Carlos Fraga)




Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 4612/72 > Foto nº  4 > O alf mil Carlos Fraga, à esquerda, com o alf mil trms Martins, à direita, fazendo testes com o Racal.




Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 4612/72 > Foto nº  5 >  Uma mina A/P (antipessoal), montada pelo IN, e desmontada pelo cap Salgado Martins, comdt da 3ª Compnanhia, de que o alf mil Carlos Fraga foi adjunto (num curto período de 4 meses, até finais de 1974, antes de ir formar e comandar companhia que seguiria depois para Moçambique).



Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 4612/72 > Foto nº  6 > A mesma ou mina A/P, montada pelo PAIGC, e devidamente detectada e desmontada pelas NT. Fotos da autoria do ex-alfd mil Carlos Alberto Fraga.

Fotos: © Carlos Alberto Fraga / Jorge Canhão (2011). Todos os direitos reservados

1. Mensagem do nosso leitor (e camarada) Carlos Fraga,com data de ontem:


Assunto: Blogue

 Caro Doutor: Vi a publicação de algumas fotos das que tirei na Guiné,  em particular as do Choquemone (*)... Introduzo algumas precisões:

(i) a legenda da foto [, à direita,] a experimentar armas na estrada Mansoa-Mansabá,  2 ou 3 dias depois do combate do Choquemone, e que diz: «O alf mil Fraga testando a HK 21» não está correcta; foi tirada por mim mas o soldado que está com a HK21 não sou eu;

(ii) a fotografia do furriel Mil Melo [, à esquerda,] é tirada no Choquemone na zona onde estivemos em combate e após este;

(iii) a foto em que eu estou e legendada "O alf mil Fraga numa operação de patrulhamento»,  foi tirada numa picada que saía de Mansabá e seguia para o Sara-Changalena,  salvo erro em 18/08/73; nesse dia detectámos uma mina anti-pessoal que foi desmontada pelo Capitão Salgado Martins; há uma foto  disso no CD que o Jorge [Canhão] lhe deu [, vd. foto nº 2, acima]; 

(iv) na foto do Rackal [, foto acima, ]estou com o Alf Mil Martins das transmissões; estávamos a testar uma ideia de se conseguir estabelecer posições correctas no mato a partir de triangulação de emissões rádio.

As restantes fotos que tem e estão no CD,  se for necessário posso legendá-las tanto quanto me lembre.

Mandei recentemente ao amigo Jorge Canhão mais fotos da Guiné mas sem serem tiradas por mim.

Cumprimentos
Carlos Fraga
(ex-Alf Mil)

2. Comentário de L.G.:

Camarada Carlos Fraga:

Obrigado pelas oportunas e rápidas correções que faz às legendas das fotos que publicámos e cuja autoria lhe é imputada. Vou, oportunamente, reeditar o poste, se possível logo amanhã de manhã. Somos pelo rigor e pela verdade. 

Agradeço, por outro lado, a sua generosidade, pondo ao nosso dispor mais fotos da Guiné, através do nosso amigo comum Jorge Canhão. 

Aproveito para reiterar o convite para se juntar a esta malta, magnífica, generosa e solidária, que se reúne neste blogue à volta do imaginário, mágico e fraterno poilão da nossa Tabanca Grande. 

Um alfa bravo, Luís Graça.

3. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso amigo e camarada Jorge Canhão, que vive em Oeiras (ex-Fur Mil At Inf da 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74). Desse álbum constam vários ficheiros, incluindo um com o nome "Alf Fraga".

Estas fotos chegaram-nos às mãos através de outro grã-tabanqueiro, o Agostinho Gaspar, ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74), residente em Leiria. Os nossos especiais agradecimentos aos três camaradas, e muito em especial ao Carlos Fraga.

Guiné 63/74 - P11350: Manuscrito(s) (Luís Graça) (1): Amigos de infância, camaradas da diáspora: o Zé Pê, que foi para o Canadá

1. Era mais velho do que eu, três ou quatro anos... Um matulão. Um bom gigante.  Livrou-se da tropa e do ultramar,  porque a família emigrou para o Canadá ainda em finais da década de 50, se bem me recordo. Já não o via há séculos. Foi um dos meus grandes amigos de infância. Éramos vizinhos. Reencontrei-o em 2/8/2012, na Praia da Areia Branca, nas férias de verão... Eis o que escrevi, na altura, no meu bloco de notas:

Zé Pê!?...
─ Liz Manel!...
How are you ? Há quanto tempo!...
Fine, fine!..A long time ago!...
Até parece que foi ontem!
─ Qual quê, há mais de 50!...How old are you ? Estás com quantos ?
65
─ Atão foi há mais…
Há mais de 50  anos, há mais de meio século!...
─ Quem diria!
Dá cá um abração do tamanho do Atlântico!...
─ ‘Tás na mesma, Liz Manel!... Tirando a barba!...
Não me lixes, envelhecemos, como o caraças… Cada um para seu lado... Separados por este oceano imenso…
─ Pois é, mas estás fine, fine!
É, pá, deixa-me conhecer os teus netos!
─ Tenho estes dois. Boy and girl.
Sim, senhor, nice children!.. Então por cá?!... Agora sempre de férias, não ?!... 365 dias por ano!
─ Mas sempre entretido, sempre rolando. Cá e lá...
Tinham mo dito… Alguém me disse que tinhas perguntado por mim.. Tens voltado aos States ?
─ Canadá…
Ah, sim, desculpa, Canadá…
─ Sempre, tenho lá a minha sweet home!...Os filhos e os netos que são canadianos...
E tens cá também um casarão que chegou a estar à venda, não?!!... Tens dupla nacionalidade ?
Of course, desde 1983… Nesta terra é que eu não quero ficar. Só se morrer de repente, como o meu pai.
A terra que nos viu nascer!...
─ Madrasta… Para mim,  foi madastra...
‘Tá bem, ‘tá bem assim… Afinal, tens o melhor dos dois mundos, a Europa e a América, o Velho e o Novo Mundo…
─ Até o Canadá já foi melhor, infelizmente... Mas conta lá tu... As voltas que a vida deu, Liz Manel!...
Olha, safaste-te da tropa e de ir parar a África, ao ultramar… Eu fui parar à Guiné, sabias ?… Tinha 14 quando rebentou a guerra em Angola, já não estavas cá, se bem me lembro…
─ Lá nisso, tive mais sorte. Safei-me a tempo, ainda não havia guerra. Mas também passei o meu mau bocado. Andei nas plataformas petrolíferas, conheci o Alasca…
Como o mundo é pequeno, Zé!
─ E a puta da vida é curta… Não vês o meu pai, não chegou a conhecer os netos…
O ti Zé Pê!...Bom homem, mas de poucos sorrisos... Tinha o seu génio. Ainda me lembro bem dele, com o seu automóvel de praça...
Yeah!...
Tens cá casa, em terras do teu avô, tens cá as tuas raízes. Esta é a tua terra e sê-lo-á sempre.
─ Tenho duas, afinal…E completam-se. Aqui em casa uso as duas bandeiras, geminadas. Pena é tudo isto por cá andar tão mal parado…
Pois é, Zé… Infelizmente, estamos voltar à porca miséria do tempo da nossa infância…
─ Mas ele havia coisas que nos deixavam saudades… A galera que eu inventei, as jogatanas de hóquei no largo do coreto… Com sticks de pau de tamargueira...Ou tramagueira ? ...Lembras-te ?! Já esqueci o raio do português...
Se me lembro!... Tramagueira, era assim que a gente falava... Se me lembro!... Ouvíamos os relatos de hóquei em patins, debaixo dos lençóis. Montreux, o campeonato do mundo…
─ Jesus Correia, Correia dos Santos, Sidónio, Emídio e Edgar… Depois veio uma geração de ouro, Adrião, Bouçós, Velasco…
Que cabeça, Zé!...O Livramento já não é do teu tempo…Foste para o Canadá em finais dos anos 50, é isso ?! E levaste a tua galera…Mas nessa altura já havia televisão… No café do Clemente Alberto, na Rua Grande…
─ Éramos os melhores do mundo!...Dávamos cada cabazada aos espanhóis…
Os nossos eternos rivais...
─ Também não tínhamos mais vizinhos para malhar...
Olha, disseste-me que andaste nos petróleos, no Alasca...
Yeah, e é até tenho patentes de sistemas para apagar fogos nos poços de petróleo… Mas não penses que estou milionário...
A sério ?... Patentes registadas ?... Sempre foste um grande engenhocas!...
─ Só na tua terra é que tu não vales nada…
É verdade, Zé, ninguém é profeta na sua terra…Mas foi pena não teres estudado...
─ Qual quê!... Se cá tivesse ficado, não tinha passado da cepa torta. E se calhar tinha ido  parar a Angola ou à Guiné, como tu... Mas não foi fácil, Liz Manel!... A vida foi dura… Hoje tenho o meu pension plan,  pago em dólares... 'Tou retired, sabes ?!...
 Fico feliz por ti  e pelos teus... Safaste-te... Da Índia, de Angola... Lembras-te da festa que fizemos ao Jorge da Ti Albertina quando ele veio da Índia ?
─ Se me lembro!... Chorávamos todos baba e ranho, com tanta alegria!... O Jorge funileiro era um dos nossos, um vizinho, um herói!...
─  Éramos uns índios,   a malta da nossa rua, a última da vila, a do castelo, a dos valados...  O Jorge era muito mais velho do que nós, mas era um dos nossos... Um dos últimos soldados da Índia. Já não posso precisar em que ano isso foi... 56, 57, 58 ? Enfim, muito antes da invasão que foi em dezembro de 1961...
─  Pois é, foi já tanto tempo... Mas lembro-me bem da ti Albertina, a chorar como uma Madalena. Mas de alegria, of course!
Zé, não foste só tu que deu o salto... Da malta da nossa rua, lembro-me do teu irmão, que foi contigo, da Mariete que foi para os States, do Frasco do Veneno, o João Fernando, meu primo,  que foi para o Brasil... E de outros...Para não falar da malta que andou na escola comigo, mais novos do que tu...
─ Que saudade, que bom recordar a nossa infância!
... Olha, eu tenho que ir  andando... Ainda vou até Lisboa. Zé, até sempre.  Gostei muito, foi bom rever-te. E voltaremos a ver-nos, espero bem. Bye, Bye!
─ Até sempre, Liz Manel! Bye, bye! Take care!

Guiné 63/74 - P11349: Parabéns a você (557): Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52 (Guiné, 1071/73)

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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 4 de Abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11340: Parabéns a você (556): Agostinho Gaspar, ex-Sold Cond Auto do BCAÇ 4612/72; António Dias, ex-Alf Mil da CCAÇ 2406; Hernâni Figueiredo, ex-Alf Mil do BCAÇ 2851 e José Eduardo Oliveira (JERO), ex-Fur Mil Enf.º da CCAÇ 675

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11348: Convívios (510): 30.º Encontro do pessoal da CCAÇ 2317, dia 8 de Junho de 2013 em Espinho (Joaquim Gomes Soares)

1. Mensagem do nosso camarada Joaquim Gomes Soares (ex-1.º Cabo da CCAÇ 2317/BCAÇ 2835, Gandembel / Ponte Balana, 1968/70), com data de 25 de Março de 2013:

Boa noite amigo Carlos Vinhal,
Pedia por favor se era possível publicar esta carta sobre o almoço convívio da CCaç 2317, como no ano passado.

Sem mais de momento, um abraço,
Joaquim Soares.


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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 30 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11331: Convívios (509): Almoço/convívio do pessoal da CART 2519, dia 4 de Maio de 2013, Benavente (Mário Pinto)

Guiné 63/74 - P11347: Agenda cultural (257): A Câmara Municipal de Fafe vai evocar os 50 anos do início da Guerra do Ultramar, com um conjunto de actividades a levar a efeito entre 2013 e 2014

1. Com a devida vénia à Câmara Municipal de Fafe, transcrevemos uma notícia inserta na sua página, a propósito da evocação do cinquentenário do início da Guerra em África, naquele Concelho, para a qual vai ser levado a efeito um conjunto de actividades entre 2013 e 2014.




GUERRA COLONIAL EVOCA-SE EM FAFE A PARTIR DE SEXTA-FEIRA E DURANTE UM ANO

A Câmara Municipal de Fafe, com o apoio de diversas entidades locais e associações representativas dos antigos combatentes, vai levar a efeito um conjunto de atividades de evocação do cinquentenário do início da guerra em África, entre 2013 e 2014. O primeiro ato desse programa acontece já esta sexta-feira 5 de abril, a partir das 21h30, na Casa Municipal de Cultura de Fafe, com uma Conferência sobre a Guerra Colonial, pelo coronel Carlos Matos Gomes, seguida da abertura da exposição itinerante do Museu da Guerra Colonial "Uma História por contar", a qual se mantém patente até 19 de abril.

Outras iniciativas previstas, com a colaboração de entidades como o Núcleo de Artes e Letras de Fafe, o Cineclube de Fafe, a editora Labirinto e os agrupamentos escolares do concelho, são uma exposição/feira de livro sobre o tema, recital de poesia sobre a guerra colonial, um Curso Livre de História Local, do Núcleo de Artes e Letras sobre a temática “Fafe e a Guerra Colonial”, um ciclo de cinema sobre a Guerra em África, exposições e teatro alusivo ao tema, culminando, em Abril do próximo ano, com a edição de uma obra de testemunhos e textos de antigos combatentes de Fafe (Fafenses na Guerra Colonial, 1961-1974).

O coronel Matos Gomes, atualmente na reserva, cumpriu três comissões, em Moçambique, Angola e Guiné como oficial dos «Comandos». Condecorado com as medalhas de Cruz de Guerra de 1ª e de 2ª Classe. Pertenceu à primeira Comissão Coordenadora do Movimento dos Capitães na Guiné. Foi membro da Assembleia do MFA. Além da sua carreira militar dedicou-se a estudos de História Militar, tendo publicado em co-autoria com Aniceto Afonso as obras Guerra Colonial e Portugal na Grande Guerra. Com Fernando Farinha, publicou Um Repórter na Guerra. É autor da obra Moçambique 1970 – Operação Nó Górdio, da colecção Batalhas de Portugal. Como romancista publicou os romances: Nó CegoASP-de passo trocadoSoldadóOs Lobos não Usam Coleira, O Dia das Maravilhas e Flamingos Dourados.

Na área do cinema e do audiovisual colaborou com Maria de Medeiros no filme Capitães de Abril e com Joaquim Leitão nos filmes Inferno e 20.13. É autor do argumento do filme Portugal SA, de Ruy Guerra. Participou nas séries documentais Portugal Século XX e Um Século Português.

Entre 2011 e 2014 evocam-se os 50 anos da Guerra Colonial, que deflagrou em Angola (1961), depois na Guiné (1963) e finalmente em Moçambique (1964).

A Câmara Municipal de Fafe e um grupo de fafenses que combateu na Guerra em África, bem como associações e escolas, projetam fazer a evocação do cinquentenário do início da Guerra em África e comemorar os 40 anos do 25 de Abril e do termo oficial da Guerra Colonial, em Abril próximo.

Estão a decorrer, portanto, os cinquenta anos do início de uma guerra que entrou pela porta dentro das famílias portuguesas sem ser convidada e que mobilizou durante os 13 anos do conflito cerca de um milhão de jovens. Destes, mais de 8 mil tombaram na frente de combate ou em acidentes, cerca de 120.000 foram feridos, 4 mil ficaram estropiados e estima-se que cerca de 100.000 mil ficaram a sofrer de “Stress Pós Traumático de Guerra”.

Do concelho de Fafe, de acordo com dados oficiais, tombaram 40 jovens: 17 em Angola, 12 em Moçambique e 11 na Guiné.

Na sequência do célebre pensamento que refere “Só existe uma coisa mais terrível do que uma guerra, fazer de conta que ela nunca aconteceu”, pretende a autarquia fafense, associada à comunidade escolar, às associações de ex-combatentes e à população em geral, dinamizar, pedagogicamente e do ponto de vista histórico, um conjunto de ações com o objetivo de não fazer esquecer o flagelo dessa guerra e de lutar contra a cultura do esquecimento que se instalou em Portugal, após o final da Guerra Colonial, em relação “àqueles a quem Portugal tudo exigiu”.



OBS: - Destaque no texto da responsabilidade do editor deste Blogue
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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 15 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11256: Agenda cultural (256): Camões levou 20 anos a escrever 'OS Lusíadas': dez cantos, 1102 estrofes, 8816 versos, 88160 sílabas métricas... O ator António Fonseca levou 4 anos a decorá-los e amanhã, no CCB, vai dizê-los, das 10h às 24h, no CCB, em Lisboa... Acontecimento único, a não perder: afinal são os 8816 versos da nossa identidade maior!...

Guiné 63/74 - P11346: Álbum fotográfico de Abílio Duarte (fur mil art da CART 2479, mais tarde CART 11 / CCAÇ 11, Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70) (Parte X): Xime, Canquelifá, Bissau...



Foto s/ nº > Guine > CART 11 >  [No cais fluvial do Xime:] "Eu [, em primeiro plano, à esquerda] e o alferes Martins [, em segundo plano] no Xime" [O Xime era a "grande porta de entrada" do leste]




Foto s/ nº > Guine > CART 11 > "Eu, quando estive em Canquelifá" [, na foto, não é bem legível o título da tabuleta: Aeroporto  e Termas de Canquelifá ? ]


Foto s/ nº > Guine > CART 11 > "Eu, o Pais, furriel mecânico, e o Valdemar, algures no leste"


Foto s/ nº > Guine > CART 11 > "Eu e o Valdemar, salvo erro na Solmar, em Bissau"


Fotos (e legendas): © Abílio Duarte (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: L.G.]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Abílio Duarte, ex-fur mil art da CART 2479 (mais tarde CART 11 e finalmente, já depois do regresso à Metrópole do Duarte, CCAÇ 11, a famosa companhia de “Os Lacraus de Paunca”) (Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70). (*).

[, Foto à direita, o Abílio Duarte, lendo a revista brasileira "O Cruzeiro", na messe,  em Nova Lamego, no Quartel de Baixo... Foto de Abílio Duarte]

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 27 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11324: Álbum fotográfico de Abílio Duarte (fur mil art da CART 2479, mais tarde CART 11/ CCAÇ 11, Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70) (Parte IX): Piche, vista aérea... E as valas onde se "despistou" o nosso camarada e amigo comum Renato Monteiro...

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11345: Álbum fotográfico do Jorge Canhão (ex-fur mil inf, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74) (7): Op Ratice, no Choquemone, em 11/9/1973... Fotos do ex-alf mil Carlos Alberto Fraga, futuro capitão em Moçambique







Guiné > Região de Cacheu > Bula > Choquemone > 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72 > Op Ratice > 11 de setembro de 1973 > Evacuação de feridos (as 4 primeiras fotos de cima); fur mil Melo (última foto). Fotos da autoria do ex-alfd mil Carlos Alberto Fraga.


Fotos: © Carlos Alberto Fraga / Jorge Canhão (2011). Todos os direitos reservados


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso amigo e camarada Jorge Canhão, que vive em Oeiras (ex-Fur Mil At Inf da 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74).

Estas fotos, do alf mil Fraga, bem outras, do BCAÇ 4612/72, chegaram-nos às mãos através de outro grã-tabanqueiro, o Agostinho Gaspar, ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74), residente em Leiria. Os nossos especiais agradecimentos aos dois, e muito em especial ao nosso camarada Jorge Canhão. No CD que nos foi cedido, as fotos do alf mil Fraga vêm num ficheiro, à parte, e algumas estão sumariamente legendadas (como é o caso destas que acima publicamos, tiradas no Choquemone).



O alf mil Fraga testando a HK 21


O alf mil Fraga numa operação de patrulhamento


O alf mil Fraga testando o Racal


Fotos: © Carlos Alberto Fraga / Jorge Canhão (2011). Todos os direitos reservados



Guiné > Região de Cacheu > Carta de Bula (pormenor), 1953, 1/50000 >  A norte da estrada Bula - Binar - Bissorã (em direcção a Farim), o PAIGC tinha uma das suas bases, Choquemone, um nome mítico, em meados de 1969, quando eu cheguei à Guiné. Era um daqueles topónimos exóticos com que os piras se começavam a familiarizar. Choquemone e outros, como Madina do Boé, Corubal, Gandembel, Guileje, Morés, Fiofioli..., pronunciados com temor e reverência pela velhice... (LG)

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


2. Mensagem do Jorge Canhão, respondendo a uma pergunta dos editores sobre o alferes miliciano, Carlos Fraga, que estagiou na 3ª C/BCAÇ 4612/72


Data: 25 de Março de 2013, 17:36

Assunto: ex-alferes miliciano Carlos Fraga

Camarada Luís Graça:

Sobre o ex- alferes miliciano Carlos Alberto Fraga aqui vão os dados que pediste, pois mesmo agora estive em contacto telefónico com ele, que vive em Faro.

Ele fez parte da 3ª Companhia do BCAÇ  4612/72 (cerca de 4 meses, até fim de 73 aproximadamente), como adjunto do comandante da companhia,  pois estava a tirar um estágio para capitães. Foi depois graduado em tenente, e foi como capitão comandar uma companhia em Moçambique, acabando o tempo de tropa nos Açores.

Por esse motivo, não tinha pelotão atribuído na companhia, podendo ir em qualquer um deles.

As fotos são de autoria do Fraga, sendo algumas delas tiradas a bilhetes de postal. Agradeço que,  ao publicares as fotos do Fraga, digas a origem, pois foi a única "condição" exposta.

Sobre as fotos da evacuação, foram tiradas no Choquemone (região de Bula),  a 11 de Setembro de 73, na operação Ratice. Como já tinha dito, a nossa companhia, quando regressou de Gadamael Porto, passou a força de reserva e intervenção do COT 9 (Comando Operacional Temporário), por
isso a nossa zona de operação era entre Bula, Mansoa, Bissorã, Mansabá até quase a Farim........Ver mapa que já vos enviei.

A evacuação são dos feridos nessa operação em que resultaram 3 feridos graves (furriel Silva, tiro no pescoço- vive no Porto; soldado Estalagem, vive em Bencatel, Vila Viçosa –atingido num braço e numa vista por um RPG; e um milícia com tiro na cabeça). Todos sobreviveram.

Além desses, houve mais 6 feridos ligeiros,entre eles o ex-alferes Rocha,que ainda tem estilhaços na cabeça,1 milícia e 4 praças.

Esta operação foi comandada pelo ex-alferes Maia do 2º pelotão (o meu), pois o nosso cmdt de companhia,  capitão Salgado Martins, estava de férias,(tal como eu, felizmente).

Sobre os destacamentos onde estive, foram: (i)  em Mansoa (6 meses), na protecção aos trabalhos de construção da estrada Jugudul/Babadinca;  (ii) rodei para Infandre, onde estivemos talvez 3 meses, de onde saímos para (iii) Gadamael Porto juntamente com o resto da companhia que estava
distribuída pelos destacamento de Braia (um pelotão), Mancalã, Pista de aviação de Mansoa (secção e meia em cada local) e pelotão de Mansoa.

Após o nosso regresso de Gadamael Porto,ficámos cerca de 1 ano como força de intervenção do COT 9 e após o 25/4/74, e depois da extinção do mesmo [, o COT 9,] , fiquei em Mansoa nos postos de Mancalã e Pista, até ao regresso a Portugal em 25 Agosto 1974.

Espero ter dado resposta ao que querias saber

Abraços,

Jorge Canhão

3. Comentário de L.G.:

Obrigado, Jorge, pelos teus rápidos e cabais esclarecimentos. Transmite ao teu amigo e camarada Carlos Fraga o agradecimento do nosso blogue pela gentileza de autorizar a publicação das suas fotos. Transmite-lhe igualmente o nosso convite para integrar a nossa Tabanca Grande. A sua experiência como alferes miliciano, no TO  da Guiné, antes de ir comandar uma companhia operacional em Moçambique, interessa-nos que seja conhecida e divulgada.  Por outro lado, o Choquemone sempre foi um dos lugares míticos da guerra de guerrilha e contraguerrilha na Guiné do nosso tempo. Temos já vários postes sobre o Choquemone, e malta de andou por lá.




CTIG - Comando Territorial Independente da Guiné > Carta da situação, referida a 7/4/1974 > A vermelho a delimitação da zona de acçaõ do Comando Operacional Temporário, COT 9. Documento inserido pelo Jorge Canhão na história do BCAÇ 4612/72,  mas cuja fonte original presumo que seja  o livro Batalhas da História de Portugal, Guerra de África, Guiné, 1963-1974, Vol. 21, editado pela Academia Portuguesa de História, e da autoria de Fernando  Policarpo.

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Nota do editor;

Último poste da série > 16 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11260: Álbum fotográfico do Jorge Canhão (ex-fur mil inf, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74) (6): Vítimas da emboscada na estrada de Farim-Mansabá-Mansoa, em 15 de julho de 1973: 1 morto, 8 feridos graves, 2 viaturas danificadas

Guiné 63/74 - P11344: Prosas & versos de Ricardo Almeida, ex-1º cabo da CCAÇ 2548, Farim, Saliquinhedim, Cuntima e Jumbembem, 1969/71) (6): Em Farim... Dei-lhe o título de sonho

1. Texto enviado em 10 de março último, pelo nosso camarada Ricardo Almeida (ex-1.º Cabo da CCAÇ 2548/BCAÇ 2879, Farim, Saliquinhedim, Cuntima e Jumbembem, 1969/71) (*):


Em Farim... Dei-lhe o título de sonho.

Quem de tão longe me conversa,
encontrará ao pé das dunas,
pendurado nas palavras,
o mar inteiro.
Neste sentido
encontrarão,
das coisas do tempo
e dos seres,
o poeta irreconhecível.

Cantar-te-ei de mansinho e doce como tu és, ao deitar do sol. 

Quando o tempo chegar,
e o mistério que te suporta, 
e a mistura harmoniosa que nos une.
Destes tempos não sei que fazer 
e descrevê-los é tão difícil como pensá-los. 
Direi, imperturbável,  como tu és serena,
mais que todos os pacíficos. 
E voltarás ainda a animar o dia previsto! 
A água não sobe mais além, o meu corpo,
de quem é o canto que me beija as mãos a esta hora...
Eu e ainda eu...
Todos lá chegaram.
Direcção (como dizer) esta (língua a ler como quiserem),  
não encontrareis,
só o que me escape.
E esta acalmia,
aqui estou seguro,
as questões são as minhas e ninguém virá procurar-me.
De resto onde encontrar-me? 
A escrever,
amaldiçoando o dia.
Finalmente dia,
nem noite pisando a garganta, 
num momento de coragem agora como habitualmente, 
o sol levanta-se: 
Escrito em todos os livros,
o meu emprego do tempo,
sabeis...

O constante barulho nauseabundo dos últimos dias 
subiu-me à garganta 
como se ele tivesse chegado a este lugar, 
todavia tão pacato e simples.
Assim não serei nunca eu, 
o rio tranquilo,
nem o nome daquele que eu me dei, por algum tempo!Das palavras a criar...
Ainda há sol e letras nos campos verdes ao amanhecer.
Direi:
Enquanto o tempo for o mesmo 
e manifestar a insignifícancia do estar aqui... 
Estarei por cá!
 Não é uma questão de tempo;
 e continuamente, enquanto houver verão,
direi a nostalgia de outros meandros e outros corações. 
Então, por cá...assim é,
escreverei por caminhos entre giestas na serra.Por caminhos tortuosos a noite não tem estrelas. 
Sinto um odor forte: manhã! 
O navio volta guiado pelo vento. 
Terra! 
O vento bate forte, acentuando o ar doentio (do poeta). 
Não é ter muita força. 
E o vento faz novamente inchar as velas.O sol tinha desaparecido e passeava-me ainda contigo,
como se nada tivesse acontecido.
Guine retém ainda a frescura dos primeiros dias, recordas-te? 
Tão longe, direi eu... 
 E o meu íntimo tão alegre. 
No porto a velha casa está cansada. 
Os garotos brincam nas ruínas, um instante; 
silêncio entre a chegada e a partida dos dois navios. 
Faz-se tarde como habitualmente à mesma hora. 
Não, nada pode segurar-me. 
Nem o sol nem a velha casa nem a ponte.O poente já não serve. 
É isso: armadura, a velha casa,  
do lado de fora puxam-me com força. 
A palavra pode difícilmente significá-la.
O barulho acabou agora: os garotos desaparecem; 
no velho porto, fico eu sozinho. 
Poder talvez alcançar a miragem de um repouso infinito. 
No sitio onde as árvores fossem verdadeiras árvores. Sem mais! 
Chegou a manhã. 
Acordo,  percorro praças, ruas, lugares do sonho.
Espraio-me inteiro no olhar desconhecido que passa. 
As confidências tomam cada vez mais a proporção da paixão.
Avanço no futuro, como a paisagem dum país ao sul, 
com o sol ao meio dia:Guiné, junto-me a vós, amigos.

Em forma de carta estas linhas. 
O monólogo: por detrás da escrita, a moral.
A vós todos. O diálogo.
A TI.

De oiro e púrpura se vestiam os bosques. 
O sol resplandecente brincava com a copa das árvores.
Esperava: e os dias perdiam-se com o acabar dos meses.Dias agonizantes, milhares de dias. 
Sei portanto algumas palavras.
Interessa que as esgote, 
antes que empregá-las não tenha cabimento.Ainda o sol não chegado ao fim:
Grito pelo silêncio que estas palavras criam.

Marques de Almeida
CCÇ 2548 /  BCAÇ 2879

[Fixação de texto: L.G.]
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Guiné 63/74 - P11343: Efemérides (122): Cerimónia comemorativa do Dia do Combatente e do 4.º Aniversário do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, dia 13 de Abril em Matosinhos (Carlos Vinhal)

C O N V I T E

CERIMÓNIA DE COMEMORAÇÃO DO DIA DO COMBATENTE EM MATOSINHOS E COMEMORAÇÃO DO 4º ANIVERSÁRIO DO NÚCLEO DE MATOSINHOS DA LIGA DOS COMBATENTES.

A Direção do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes tem a honra de convidar V. Exa., seus familiares e amigos para a cerimónia em epígrafe, que terá lugar no próximo dia 13 de Abril (Sábado) e que contará com a presença do Sr. Presidente da Câmara, Dr. Guilherme Pinto.  

Apelamos à sua comparência, dos seus familiares e amigos, marcando presença nesta cerimónia tão especial para o nosso Núcleo e para os matosinhenses em geral.

A presença de todos é um dever de cidadania.  
A Direção


PROGRAMA

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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 18 DE FEVEREIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11112: Efemérides (121): Comemoração do Dia do Combatente de Gondomar, dia 2 de Março de 2013 (Carlos Silva)

Guiné 63/74 - P11342: VIII Encontro Nacional da Tabanca Grande (6): Informação à Tertúlia (Joaquim Mexia Alves / Carlos Vinhal)

VIII ENCONTRO NACIONAL DA TABANCA GRANDE

DIA 8 DE JUNHO DE 2013

PALACE HOTEL DE MONTE REAL 


INFORMAÇÃO

Caros camaradas e amigos tertulianos
O camarada Joaquim Mexia Alves pede para informar que, atendendo a que o nosso VIII Encontro coincide com um fim de semana propício a umas miniférias (sábado, domingo e segunda), o Hotel pode vir a esgotar a sua capacidade para fornecer alojamento aos participantes que quiserem pernoitar de sábado para domingo, pelo que os eventuais interessados devem inscrever-se com a maior antecedência possível.

Como entretanto se alterou a data do convívio e se "congelaram" as primeiras inscrições, pede-se aos camaradas que ainda não reconfirmaram ou anularam a primeira, que o façam desde já.

Como sou eu que faço em primeira instância o registo dos pedidos para o almoço e pernoita no Hotel, peço que confirmem se o vosso nome consta na tabela que abaixo se publica.

Peço especial atenção camarada José Alberto Pinto, de Barcelos, que ainda não reconfirmou a sua inscrição no almoço e pedido de pernoita que tinha feito para o dia 22 de Junho.


VIII Encontro da Tertúlia

Lista dos 44 inscritos até ao momento


Se alguém julga dever constar na listagem e não encontra o seu nome, por favor contacte-me para o meu endereço de habitual.

A maneira mais expedita para fazer se inscreverem é através do meu e-mail: carlos.vinhal@gmail.com

Informações complementares, podem encontrá-las neste link:

17 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11270: VIII Encontro Nacional da Tabanca Grande (5): Dia 8 de Junho de 2013 será a data do nosso Convívio por "imposição" do Palace Hotel de Monte Real (Joaquim Mexia Alves / Carlos Vinhal)

A Organização:
Luís Graça
Joaquim Mexia Alves
Miguel Pessoa
Carlos Vinhal
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Guiné 63/74 - P11341: Blogoterapia (225): Agradecimento à tertúlia deste grande Blogue (Carlos Vinhal)

O Rio Vouga em S. Pedro do Sul
Foto: Carlos Vinhal

Os meus estimados camaradas e amigos já devem estar a pensar mal de mim. Tantos comentários publicados no poste do nosso aniversário* e eu nem uma palavra ainda disse, passados que são 7 ou 8 dias.

Chegado, havia que fazer prioritariamente a listagem dos aniversariantes de Abril e os respectivos postalinhos, atender às solicitações de alguns camaradas, responder a quem se me dirigiu directamente, etc, etc, etc.

Pois aqui estou a agradecer publicamente, tarde mas não mal, com a justificação de que quando entrei ao serviço tinha a caixa de correio (a electrónica) atolhada com cerca de 500 mensagens, entre outras: SPAMs, brincadeiras que teimam em mandar para o meu endereço de trabalho, comentários gerados pelo sistema, comentários pessoais e mensagens com material para publicação.

Muitos camaradas e amigos(as) me telefonaram, alguns ficaram até em lista de espera, e eu, nabo que sou, com um telemóvel a estrear, até "calei" o nosso querido camarada Miguel Pessoa que me ligou em simultâneo com alguém.

A todos quantos se me dirigiram, congratulando-se com os meus 65 anos, fico reconhecido.

Queria ainda deixar aqui uma palavrinha para o camarada Hélder Sousa que diz algures que eu elaborei o postal metendo as pessoas pela ordem de antiguidade, aparecendo assim a nossa amiga NI (Maria Dulcinea) em último lugar. Pois não foi.

Cá comigo não há antiguidade, postos, sexo, ou outras distinções, mas sim o NOME por ordem alfabética, a começar em A e acabar em Z. Podem conferir.

Quanto à deferência devida às senhoras, continuo a ceder-lhes o meu lugar nos transportes públicos, o interior dos passeios, a primazia no atravessamento de portas, como me ensinaram em pequeno. Eu sei que já não se usa, mas não esqueçam que sou antigo.

Correu para aí que eu fui algures para o sul. Esclareço que não sou pato bravo, não voo, não ando em bando, não emigro, nem procuro terras quentes no inverno. Fui sim para S. Pedro do SUL. Ora aí está a origem da confusão.

Aproveito, porque ainda não fiz, para cumprimentar os meus companheiros de aniversário, Armando Pires, Eduardo Magalhães e NI, a quem desejo tudo de bom e uma saúde de ferro.

Abraço colectivo do vosso amigo e camarada
Carlos Vinhal
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Notas de  CV:

(*) Vd. poste de 27 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11321: Parabéns a você (552): Armando Pires, ex-Fur Mil Enf da CCS/BCAÇ 2861 (Guiné, 1969/70); Carlos Vinhal, ex-Fur Mil da CART 2732 (Guiné, 1970/72); Eduardo Magalhães Ribeiro, ex-Fur Mil Op Esp da CCS/BCAÇ 4612 (Guiné, 1974) e amiga tertuliana Maria Dulcinea que pisou a terra vermelha de Bissorã

Vd. último poste da série de 15 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11257: Blogoterapia (224): Cozinhas de campanha (Ernesto Duarte)

Guiné 63/74 - P11340: Parabéns a você (556): Agostinho Gaspar, ex-Sold Cond Auto do BCAÇ 4612/72; António Dias, ex-Alf Mil da CCAÇ 2406; Hernâni Figueiredo, ex-Alf Mil do BCAÇ 2851 e José Eduardo Oliveira (JERO), ex-Fur Mil Enf.º da CCAÇ 675

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Nota do editor

Vd. último poste da série de 3 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11339: Parabéns a você (555): Carlos Pedreño Ferreira, ex-Fur Mil do COMBIS e COP 8 (Guiné, 1971/73)

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11339: Parabéns a você (555): Carlos Pedreño Ferreira, ex-Fur Mil do COMBIS e COP 8 (Guiné, 1971/73)

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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 3 de Abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11335: Parabéns a você (554): Álvaro Vasconcelos, ex-1.º Cabo de TRMS do STM (Guiné, 1970/72)

Guiné 63/74 - P11338: 9º aniversário do nosso blogue: Os melhores postes da I Série (2004/06) (6): O meu diário (José Teixeira, ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 2381, Buba e Empada, 1968/70) (Partes XI / XII): Das peripécias da licença de férias à morte do Cantiflas, por eletrocução (junho-julho de 1969)



Guiné-Bissau > Região de Quínara > Empada > 2005 >  A antiga (e atual) rua principal de Empada




Guiné-Bissau >  Região de Quínara > Empada > 2005 >  A antiga casa do chefe de posto



Guiné-Bissau >  Região de Quínara > Empada > 2005 >  A minha antiga enfermaria


Fotos (e legendas): © José Teixeira (2006). Todos os direitos reservados [Edição: L.G.]





O Zé Teixeira em Farosadjuma, Cantenhez, Região de Tombali, em 2011


1. Continuação da publicação de O Meu Diário, de José Teixeira (1º cabo enfermeiro Teixeira, da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá, Empada, 1968/70) (*)

Recorde-se do percurso do Zé, em terras da Guiné:

(...) "Fui enfermeiro de campanha na CCAÇ 2381. Fui para a Guiné em fins de Abril de 1968 e regressei em Maio de 1970. Estacionei cerca de 3 meses em Ingoré, no Norte, onde a companhia fez o seu treino operacional. Seguimos depois para Buba [, na região de Quínara, no sul] e fixámo-nos em Quebo (Aldeia Formosa), [no final de Julho de 1968]. Aí a CCAÇ 2381 teve como missão fazer escoltas de segurança às colunas logísticas de abastecimento entre Aldeia Formosa/Buba e Aldeia Formosa/Gandembel, ao mesmo tempo que garantia a autodefesa de Aldeia Formosa, Mampatá e Chamarra. Regressámos a Buba, em Janeiro de 1969, para servirmos de guarda às equipas de Engenharia que construíram a estrada Buba / Aldeia Formosa. Face ao desgaste físico e emocional fomos enviados, a partir de 1969, para Empada onde vivemos os últimos meses de Comissão".(...)




 Guiné > Região de Quínara > Empada > CCAÇ 2381 >  1969  >  O Zé Teixeira tinha (e continua a ter) um trato fácil e afável com a população local. Aqui vemo-lo "muçulmano por um dia" ou "por empréstimo", vestido à maneira tradicional da população islamizada...








Guiné > Empada > CCAÇ 2381 > 1969 > O 1º cabo aux enf  Teixeira, para além da sua intensa actividade operacional, estava sempre disponível para os outros e arranjava maneira de se divertir e divertir os seus camaradas. Aqui, nas duas fotos de cima,  caricaturando o festival da Eurovisão.

Fotos: © José Teixeira (2006). Todos os direitos reservados


Bissau, 19 de Junho de 1969

Regressei a Bissau depois de um mês de férias na Metrópole onde pude participar no casamento do meu irmão Joaquim.

A minha licença de férias foi cheia de aventura. O comandante não assinou o passaporte, pelo que não podia ir, apesar de ter a viagem comprada. Mandei um rádio para Bissau a anular a viagem e entretanto o comandante foi para uma operação.

Como tinha a papelada toda pronta apresentei-a ao capitão mais antigo que ficara a exercer o comando, e que era um bolas, estava ali de castigo. Este assinou e logo enviei novo rádio a Bissau a reservar a viagem, só que a avioneta do correio não veio no dia habitual e o risco de perder o avião e o dinheiro da viagem era grande.

Entretanto aparecem dois bombardeiros no ar e o lugar do atirador vago. Ao pressentir que iam aterrar, fardei-me, peguei na mala e dirigi-me à pista com intenções de pedir ao comandante da esquadrilha para me levar, só que vejo sair do outro bombardeiro nada menos que o meu comandante que regressava da operação. Olhou para mim, muito espantado, e regressámos ao quartel na mesma viatura, isto porque o meu passaporte perdera de imediato o valor, e anulei novamente a viagem. No entanto pedi ao alferes Barbosa para o guardar.

Nessa noite veio a Buba uma lancha trazer uma peça necessária para uma máquina, um caterpillar, que estava parado por ter pisado uma mina e era utilizado na construção da estrada para Aldeia Formosa. Alguém me veio avisar e eu rompi a barreira, fui ter com o Barbosa que estava a jogar cartas com o comandante, fiz-lhe sinal para vir cá fora, pedi-lhe o passaporte falso e, à revelia do comandante, fui para a Praia. Um colega pegou em mim e atirou-me para dentro da lancha e lá fui eu rumo a Bissau.

No dia seguinte de manhã cheguei a Bissau, corri à Agência, consegui ainda reservar a viagem e esperei 24 horas pela partida para Lisboa via Ilha do Sal.

  Empada, 5 de Julho de 1969

Empada parece ser o que os meus colegas diziam. A partir de l de Julho é a minha nova morada. A população é um misto de todas as raças onde predomina a Manjaca e a Bijagó. É trabalhadora e parece fiel. Recebe a tropa com muita simpatia e, pelo seu proceder, confirma mais ainda que a população da Guiné quer viver em paz no amanho das suas terras.

A região é bastante rica, tem muitas bolanhas e os africanos aproveitam para semear milho, mancarra, malagueta e batata doce. Também se dedicam à plantação de arroz na bolanha da Punderosa.

Porque o IN vem, destrói e mata, sinto que existe um ódio tremendo e uma insegurança na população, que no entanto se arrisca a trabalhar nas bolanhas para seu ganha pão.

Esta população, de raças diferentes da de Buba e Aldeia Formosa (Mandingas e Fulas), é muito mais trabalhadeira.

Não gosto da posição estratégica do Quartel, mas como já fizemos um grande desbaste na vegetação, eles não tem condições para se aproximarem muito. Há que estar atento e continuar a confiar. As instalações são boas, superiores às de qualquer quartel na Metróple. A alimentação, porque as refeições são bem feitas, pode-se dizer-se que são do melhor. Se assim continuar, teremos um fim de comissão em beleza.

A situação moral é caótica. O sexo avança em toda a linha. Quase todas as jovens lavadeiras se prostituem por dinheiro.

Buba, 10 de Julho de 1969

Em Buba novamente desde o dia sete, por um mês, segundo diz quem tem os livros, no entanto eu duvido um pouco. Recordo-me do ano passado, quando vim para este Sector, por um mês e ainda cá ando...

Presentemente Buba está calmo, já não mete, até certo ponto, o medo que metia nos tempos em que se andava a rasgar a nova estrada para Quebo (Aldeia Formosa). Mas é de temer , pois mesmo sem o terrror de há meses atrás, o trabalho ainda é muito, as saídas para o mato são constantes e o tempo não ajuda.

Tem chovido muito. Ainda ontem, fui impossibilitado de passar a noite emboscado pela chuva que caíu torrencialmente durante todo o dia. Saí de manhã cedo em patrulha de reconhecimento e ao fim da tarde estávamos ensopados de tal maneira que um colega caíu sem forças e cheio de frio e angustiado por o Comandante não autorizar o regresso a quartéis. Viemos traz-lo e fomos autorizados a ficar.

Não sei o tempo que vou estar por Buba. Parece que querem arranjar a velha estrada de Nhala e tenho medo de lá cair. As recordações que touxe de lá e de Samba-Sábali não foram as melhores e estrada está toda alagada pelas chuvas da época.

A estrada nova Buba/Aldeia Formosa (Quebo) está feita e pretende substituir a velha estrada de Nhala com as suas bolanhas lamacentas, mas ninguém se atreve a passar na dita, pois na primeira e única coluna que se fez, houve três terríveis emboscadas que provocaram três mortos e nove feridos.

Empada está a tornar-se uma zona perigosa. Desde que saí de lá já sofreram dois ataques cujos resultados desconheço. É certo que está lá pouca tropa. Talvez seja essa a razão que faz o turra. ir até lá chatear mas... qual será melhor ? Buba, um pouco calma, com muitas saídas, fraca comida, más instalações, ou Empada que tem melhores condições, com o terrorismo a aparecer ?!

Buba, 12 de Julho de 1969

Há qualquer coisa que me falta. Sinto isso mais forte em mim desde que vim de férias. Pego num livro, porque de momento sinto vontade de ler para em seguida o fechar e pensar em qualquer coisa. Procurei na leitura qualquer coisa que precisava e não encontrei.

Sinto-me vazio. Por vezes sonho acordado, imagino a felicidade. Quero mais, quero ir mais além. Creio ser esta a razão do meu vazio. A sede de ir mais longe abrasa-me.

Comecei a sentir medo. Tenho medo de tudo, da vida e da morte, da guerra e do ódio, tenho medo. Tenho medo de mim mesmo, da minha fraqueza. Sinto-me um pouco fraco espiritualmente, mesmo com tudo o que as férias me deram. As forças do lado oposto também são mais fortes.

Será o meu querer forte o suficiente para vencer ? Tenho medo...

... Depois de deixar a pena correr, sinto o mesmo vazio que me persegue, que me atormenta. Que quero eu afinal ? Ir mais além, dar mais, continuar firme na minha construção como HOMEM...

Empada voltou a ser atacada hoje, enquanto por Buba não se nota o mais pequeno sinal do IN, aliás parece-me que as acções do bandido diminuiram em toda a Guiné.

Buba, 18 de Julho de 1969

Para morrer basta estar vivo, não interessa o local ou meio. De paz ou de guerra. A morte aparece em qualquer sítio e a qualquer hora. O Cantinflas estava na guerra.. Caíu debaixo de fogo várias vezes, sofreu os efeitos de uma guerra traiçoeira, sem o mais pequeno ferimento, mas a morte espreitava-o impiedosamente e há dias, através de um choque eléctrico, veio ter com ele.

Mulher e uma filha, os pais e familiares, os amigos, todos o esperavam. Que choque sentirá aquela esposa ao receber a notícia que o marido morreu electrocutado ?! Aquela criança... os pais que o adoravam!...

Veio para os Maiorais [, CCAÇ 2381,] em substituição do Alzira que se encontra na Metróple com uma perna artificial depois de pisar uma mina na estrada de Buba. Duas figuras típicas e muito queridas. O Alzira (cujo verdadeiro nome não sei) , um infeliz sem pais, que nos deliciava com os seus fados. O Cantinflas,  pela sua boa disposição permanente que deixava transparecer através de comiquices e lhe valeram o nome.

Empada voltou a ser atacada. Hoje emboscaram no Rio Grande duas Lanchas de Desembarque e o Barco Patrulha que transportavam uma companhia para Gadamael. Creio que não houve problemas.

Buba, 22 de Julho de 1969


Domingo (20) saí para o mato pela tarde a patrulhar a estrada nova e emboscar o IN em seguida. De certeza que fomos seguidos pelo IN que nos deixou montar a emboscada e abriu fogo de seguida. A nossa reacção foi rápida e os indivíduos calaram-se. Uma granada caíu bem perto de mim mas não feriu, aliás, nenhum dos meus camaradas foi ferido pelo IN. Apenas o homem do morteiro 60 se feriu na mão com o morteiro.

Retirámos silenciosamente sem mais novidades e chegámos a Buba pelas 20 horas onde toda a gente esperava ordens para avançar em nosso auxílio. Este pequeno ataque não foi pera doce para mim. Quando notei que o camarada do morteiro estava ferido - tinha a mão rasgada por não ter utilizado o prato e o morteiro ao disparar enterrou-se na terra escorregando-lhe pela mão - , passei mensagem que não havia feridos graves e dispus-me a tratá-lo para evitar a hemorragia.

O comandante, na sua pressa de se afastar da zona de perigo, mandou retirar e quando nos apercebemos estávamos a 300/400 metros dos companheiros de luta com o IN, na retaguarda que também não se tinha apercebido da situação. Iniciamos uma fuga a alta velocidade. Valeu-os o colega do lança-rockets [, bazuca,]  que se apercebeu e fez passar algumas granadas por cima de nós obrigando o IN a manter-se em defesa.

 (Continua)
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Nota do editor:

(*) Vd. último poste da série > 24 de março de 2013 >Guiné 63/74 - P11304: 9º aniversário do nosso blogue: Os melhores postes da I Série (2004/06) (5): O meu diário (José Teixeira, ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 2381, Buba e Empada, 1968/70) (Partes IX / X): Buba, fevereiro / maio 1969