domingo, 20 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12174: Convívios (541): Magnífica Tabanca da Linha: 5ª feira, 17 de outubro de 2013 (Parte II): Texto do José Manuel Dinis; fotos do Miguel Pessoa


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013 > O nosso editor, Luís Graça, e o "secretário" da Tabanca da Linha, Zé Manel Diniz, compenetrado na função de dar ao dente, depois de dar à lingua...


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2014 > Aspeto parcial da mesa onde se juntaram cerca de vintena e meia de convivas. À minha frente, o Marcelino da Mata com quem conversei demoradamente, bem como o meu camarada António Marques que me ficou muito agradecido por eu ter revelado, aqui no blogue,  o nome do sapador do PAIGC que lhe/nos colocou a mina A/C, em Nhabijões, no dia 13/1/1971, mina essa que nos ia matando a todos... Mário Nacassá, segundo o Marcelino da Mata, é nome de beafada.

Fiquei a saber, por outro lado,  que o Marcelino  da Mata (que tem 20 referências no nosso blogue) vai também publicar as suas memórias. Já tem alguém para o ajudar na escrita.  Ficou agradavelmente surpreendido por saber que fui eu e o seu antigo comandante Virgínio Briote que recolhemos, em finais de 2006,  depoimentos sobre ele, a pedido da sua filha Irene Rodrigues da Mata, que estava então em Londres e que queria fazer lhe uma surpresa por  ocasião dos seus 70 anos (a completar em 2007)... Ele disse-.me que essa filha está cá agora em Portugal e que está bem. Mandei-lhe um beijinho. E, ao pai, incentivei-o para que as suas memórias, em tempo oportuno, com verdade, com rigor, com autentiicidade...Este homem, que atravessou toda a guerra  tem seguramente muito para contar. E não há sequer uma boa biografia dele. Mas o tempo urge.  Quem habitualmente o traz à Adega Camponesa (e o leva, de volta a casa) é o Zé Manel Dinis.  Já se conheciam da Guiné.


 Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013  > Três bravoscombatentes da Guiné: o Zé Manel Dinis, o Marcelino da Mata e o Miguel Pessoa.


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013 > O "comandante" Jorge Rosales com um dos seus tabanqueiros, o António Fernando Marques, rapaz da linha, que mora na Quinta da Marinha.


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013 > O Zé Carioca, de pé, apelando ao "coração da gente", em nome da ONG Ajuda Amiga. Ladeado, à sua esquerda, pelo Manel Joaquim e, à direita, por um camarada de que eu não fixei o nome. (Peço desculpa!).



Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013 > Outros dos fotógrafos oficiais da Magnífica Tabanca da Linha, o Manuel Resende, aqui fotografado com a nossa querida Giselda que nos atura a todos...


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013 > Outro duplamente atabancado, na nossa Tabanca Grande e na Tabanca da Linha, o Mário Pinto... Aqui ao lado da transmontana Giselda de quem se poderá dizer que deu um toque de classe, feminina,  esta reunião de veteranos...


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013 > Dois escalabitanos (leia-se: nativos de Santarém,,, O que estão a dizer, não sei... Sei que eram da mesma criação e foram parar à Guiné... Um é o Armando Pires, fibatejano, fadistam, radialistam bon vivant, meu vizinho ou quase (mora em Mira Flores e andávamos há anos a ver se nos encontrávamos...)... O outro camarada disse-me o nome, mas eu não fixei... Peço desculpa!


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013 > Outro "rapaz da linha" que é "habitué" dos convívios da Magnífica Tabanca da Linha: o José Colaço,  bem disposto, ao lado do irrequieto "secretário" Zé Manel Dinis...


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013 > Em primeiro plano, o Manel Jaquim e o Marcelino da Mato; em segundo plano, o António Graça de Abreu oferecendo ao Luís Graça um exemplar, autografado,  do seu  último livro, "Toda a China" (Lisboa; Guerra e Paz Editores, 2013, 365 pp.; a lançar na próxima 3ª feira, dia 22, às 18h30, no Museu do Oriente, com apresentação do Embaixador João de Deus Pinheiro).

Fotos: © Miguel Pessoa (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: L.G.]

1. Mensagem de José Manuel Matos Dinis:


Data: 18 de Outubro de 2013 às 16:26
Assunto: Encontro da Magníficsa Tabanca da Linha


Ocorreu ontem o esperado, e desejado, encontro da Magnìfica Tabanca da Linha, que levou alguns dos mais bravos combatentes da Guiné até Alcabideche, onde partilharam alguns momentos de viva emoção e sã camaradagem.

Pela primeira vez, SExa o General Comandante-Chefe deslocou-se ao local da comezaina para avaliar, em concreto, do estado de espírito das forças disponíveis e, também, para aferir da capacidade de intervenção dos mancebos sob o seu comando, susceptíveis de apresentar fragilidades físicas, apesar de umas barriguinhas que desafiam o aprumo dos fracos e oprimidos. Foi com visivel agrado que SExa manifestou a maior confiança na tropa, tomou lugar à mesa, e alambazou-se tanto quantos os demais, e alguns são conhecidos lateiros, que os proeminentes canastros não deixam enganar.

O Comandante Rosales também se mostrou muito satisfeito com o agrado de SExa e orgulhoso do bom nível geral e operacionalidade evidenciados. De facto, às entradas chamaram-lhe um figo. Não houve rissol que se safasse, nem queijos frescos ou de meia cura, nem enchidos, que se trouxessem o resto dos porquinos, teriam aumentado o nível geral de satisfação.
À boa prática das emboscadas africanas, o dispositivo em paralelo  permitia que,  ao longo da oblonga mesa, tudo o que lá tivesse caído teve morte quase súbita. Alguns dos excitados combatentes, empunhando os talheres em riste, clamavam por mais. A malta, afinal, ainda se revela em forma, nada de choradinhos com dores na coluna, que esses luxos são só para comandantes.

E, nesse interim, o Comandante Rosales não deixou créditos por mãos alheias, e resistia às dores com uma galga acentuada, tornando-se também pela persistência e determinação, um exemplo a seguir, qual clarim que todos se preocuparam a tocar. Foi o peixe, a carne, os doces ou frutas, comeu-se tudo, e no campo de batalha só ficaram destroços.

Para além da já referida presença do General Comandante-Chefe, Luís Graça, também outro senhor marcou uma distinta presença, pois manquejava com elegância, e exibia um valente queijado que preserva desde Aljubarrota. Refiro-me ao reconhecido herói Veríssimo [Ferreira], que, à rasca, e sob descarada coação, era portador de uma encomenda para este amanuense, perdão, agora já sou secretário. Desejoso de marcar presença, entregou-me uma garrafa de uma bebida incolor produzida de forma competente e em obediência às tradições, a que SExa o Comandante Rosales deitou a luva, apoderando-se dela, enquanto afirmava aos circunstantes que tinha que ser assim, ou o amanuente, perdão, o secretário, confundiria o teclado com a águia Vitória, do que, pela certa, resultaria a confusão generalizada, e não haveria lugar nem a reportagem, nem a golos (o costume).

Houve dois repórteres fotográficos que darão alguma verosimilhança ao atrás descrito, os consagrados Miguel Pessoa e Manuel Resende, que desfarão as dúvidas sobre as minhas qualidades de  cronista oficial, qual Tito Lívio destas campanhas.

Assim, chamo a vossa especial atenção para dois retratos, um de cada autor:

Num deles mostram-se três heróicos lusitanos, a saber, o senhr Mata, provavelmente o português mais condecorado das Campanhas de África; o senhor Pessoa,  o primeiro piloto que conseguiu sair do cockpit de um Fiat G-91 com o avião em andamento - actualmente só anda de C-130 para cima; e o "je", cá o escrevente, glorioso domador de esferógráficas, que, mesmo com o risco da própria vida, não deixa de contar estórias de miséria e grandeza, nem de vos relatar estes efémeros acontecimentos.

Devo ainda realçar uma intervenção do coração de manteiga Zé Carioca que reafirmou,  de maneira prosélita, o seu amor pelós povos desfavorecidos da Guiné, e apelou ao contributo na Ajuda Amiga, uma ONG que angaria meios de assistência e solidariedade. Outros dois elementos ali presentes, o Manuel Joaquim e o Armando Pires, que através da mesma organização também dedicam muito do seu tempo a favor daquele povo africano, salientaram que ainda recentemente embarcaram um contentor para a AD, do Pepito. Só falta a indicação do NIB da conta da Ajuda Amiga, para que possamos canalizar os nossos contributos.

Abraços fraternos. JD


PS1- Anexo uma informação prestada pelo Zé Carioca sobre o NIB da conta da Ajuda Amiga. Peço-te que incluas no poste que venha a ser feito, esta informação para quem quiser colaborar em tão importante solidariedade [, a campanha de sementes para Guiné-Bissau, levada a cabo pela ONG Ajuda Amiga].

PS2 - Mensagem do Zé Carioca: "O NIB. é: 0036 0133 99100025138 26. Depois cada pessoa ao fazer o donativo, convinha informar pelo telefone ou e-mail a dizer um donativo de " X " para o Projecto das Sementes.

E-mail > ajudaamiga2008@yahoo.com
Telefones > 93 714 9143 ou  93 638 0048 (Zé Carioca) 


2. Comentário de L. G.:

Querido Dom Quixote e.. seu criado Sancho (, não sabendo eu quem é quem):

Tenho pena que mais grã-tabanqueiros e outros elegíveis (mesmo sem dom nem piedade...) não  tivessem podido comparecer à chamada (e portanto perdido o convívio,  no dia 17 passado, do pessoal da Magnífica Tabanca da Linha).

Como  puderam comprovar, eu desta vez  compareci, como de resto vos  tinha prometido. Não sendo um "rapaz da linha", tinha (ou tenho) obrigações para com a malta desta Tabanca... Desta e das outras. Obrigações mais de natureza ética,  moral, convivial ou muito simplesmente de simples cortesia.

Tudo o mais que meta honras militares, estrelas de general, e privilégios de comandante..., só pode ser à pala da verve humorística e da escrita criativa do magnífico secretário... Com a bonomia e a cumplicidade do comandante Rosales, esse, sim, o alto dignitário, magistrado e patriarca da Tabanca da Linha.

Sobre o evento (social e gastronómico) p.d., quero-vos garantir que  foi devida e atempadamente badalado no nosso blogue e no Facebook... Quanto ao sítio, só posso dizer que é discreto: a Adega Camponesa é um restaurante sinmples, com uma decoração rústica, um lugar aprazível, que fica mesmo ao pé do novo hospital de Cascais, e que tem uma boa relação preço/qualidade/quantidade... Além de um espaçoso parque de estacionamento.

Rapazes (e raparigas): tomem  boa nota da Adega Camponesa na vossa agenda: nunca se sabe quando vos pode set útil... Diz a publicidade que "faz batizados, casamentos, divórcios e choros"... E, desde há uns bons tempos, abriga também a Magnífica Tabanca da Linha...

Aproveito para dar nota máxima (20) à hospitalidade e amabilidade da parelha Rosales & Dinis... Cada vez me conveço mais de que, por detrás de um grande comandante,  há sempre um grande ajudante... de campo!

Estou grato ao Miguel Pessoa e à Gisela pela (re)boleia que me deram, desde Benfica (com direito a regresso as casa, até ao pé da porta), e pela companhia que me fizeram, agradabilíssima. (Espero poder-lhes retribuir para a próxima).

PS - Parabéns ao escriba de serviço: a ata lavrada e assinada pelo JD é português de primeira água, de fazer inveja a muito humorista encartado... Os putos da Guiné-Bissau deveriam ser (i) obrugados a ir à escola; e (ii) aprender a escrever segundo método JD. O homem é uma cartilha, um tratado, uma postilha.
____________

Nota do editor:

Último poste da série > 19 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12172: Convívios (537): Magnífica Tabanca da Linha: 5ª feira, 17 de outubro de 2013 (Parte I): Fotos de Manuel Resende

9 comentários:

Anónimo disse...

Caros camaradas e amigos. Se lerem com atenção este belo bocado de prosa, superiormente escrito por SExa o secretário Geral José Manuel Dinis, verificarão definitivamente, que sou "um senhor" e "reconhecido herói".
Eu já o sabia, mas que agora fique bem entendido. Não podem existir dúvidas, dada a informação fidedigna.
Abraços e mais uma vez obrigado GENTES BOAS, por me terem aceite, nesse GRUPO.
Veríssimo Ferreira

Hélder Valério disse...

Caros amigos

Tudo isto correu bem, tudo foi bonito, quase tudo foi muito bom.
A prosa até que está 'jeitosa', assim a modos que para o divertido relatando tudo direitinho, mas aqueles que vão conhecendo o terrível Zé Dinis sabem que essa de ter passado de 'amanuense' a 'secretário' vai inchá-lo ainda mais e vamos ter que 'aturá-lo' por isso.

O melhor, à cautela, é tomar as precauções que a sabedoria do Rosales nos aconselha, que é a da técnica da pesca ao espadarte, ou seja, dar-lhe corda, dar um ou outro puxão de vez em quando, fazê-lo correr desalmadamente até se cansar e depois apanhá-lo à mão...

Agora, caro Veríssimo, se ainda por cima lhe atribuis a categoria de "secretário-geral", bem tramados estamos.

Aguenta!
Hélder S.

Luís Graça disse...

Um pormenor interessante que eu desconhecia por completo, já que também não conhecida ainda o novo hospital de Cascais... A Adega Camponesa fica numa antiga áera militar, votada ao abandono, pertencente ao Regimento de Artilharia de Costa...

Foi o Miguel Pessoa quem, nas suas pesquisas no Google Maps, para escolher o melhor caminho até Cabreiro, Alcabideche, localizou a antiga bateria de Alcabidedche...

Pesquisando na Net, descobri mais o seguinte sobre a "1ª Bateria de Alcabideche"

"Esta Bateria, era o primeiro reduto de defesa marítima destinada ao alto-mar. Estava equipada com 3 peças Vickers de 234 mm de longo alcance.Dava protecção à baía de Cascais." (...)

Depois de desactivada, a seguir à II Guerra Mundial,. ficou ao abandono, No local foi construído o novo hospital de Cascais. Nessa altura foi restaurada, uma peça de 234 mm. Aproveitaram para uma rotunda dentro do hospital.

Do lado direito, próximo do perímetro do hospital, fica a Adaga Camponesa...

Mais um motivo para a malta da artilharia aparecer na Tabanca da Linha...


Vd. sítio sobre o Regimento de Artilharia de Costa.

http://regimentodeartilhariadecosta.blogspot.pt/2011/10/baterias-do-regimento-de-artilharia-de.html

jpscandeias disse...

Penso que tal como eu muitos milhares de ex-combatentes aguardamos a publicação de Marcelino da Mata, oficial do nosso exercito, penso que sargento quando cheguei a Bissau em Abril de 72. Por todo os lados por onde andei, Bambandica e Xime, na 12. Cabuca e Gabu na Ccav 3404. CIM,em Bolama, era sempre referido, uma figura mítica, como o melhor entre os melhores dos comandos, fossem os do continente ou da Guiné. Apenas, e de passagem, uma vez estive com o seu grupo de combate em Bolama mas não chegamos à fala. Penso que é um orgulho e privilégio tê-lo aqui como companheiro.
Para o Marcelino o meu abraço fraterno.

João Silva ex furriel mil. at de inf. C.Cav. 3404, C.Caç. 12 e CIM

Anónimo disse...

Jorge Rosales
20 out 2013
19:16

Caro Luís:

Sem ir a pormenores, o Quartel de Artilharia de Cost, hoje pertence à GNR.

Nos anos '60', estavam lá os grandes jogadores da época (Eusébio, Hilário,..).

Os terrenos, um pouco distantes, onde se encontra a Adega Camponesa, onde fui lá comer uns petiscos, levado pelo meu pai, nos anos '50'.

A Adega teve vários donos. Eu
levava lá, amiúde, a minha família. O Rogério, que hoje faz anos, tem mais conhecimentos do que eu, sobre este assunto.

Se a "tola" não me atraiçoa, parece que aqueles terrenos pertenceram à sua familia.

"Fala" com ele, é um grande amigo meu dos anos '40-50'.Sei que vai
ficar contente e a amizade não tem fronteiras.

Jorge Rosales

José Botelho Colaço disse...

Obrigado camarigos além do convívio a excelente lição de história que nos deram nos vossos comentários.

José Botelho Colaço disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bispo1419 disse...

Meu caríssimo Zé Dinis:
Na foto em que está "o Zé Carioca, de pé, apelando ao coração da gente", o camarada não identificado é o José Rodrigues, ex-fur.mil. Trms da CCaç. 1419.
Abração
Manuel Joaquim

Bispo1419 disse...

Zé Dinis:
Além de mim, do Zé Carioca e do Armando Pires também esteve presente no almoço um outro membro da Ajuda Amiga, o incansável vice-presidente Carlos Silva.
Um esclarecimento: o contentor da AAmiga recentemente enviado não vai só para a AD, como se pode verificar, acima, no P12177. O que eu te quis dizer foi que desta vez não ia ninguém da AAmiga para acompanhar a distribuição na Guiné. Contamos, sim, com a colaboração local da AD para quem vai também uma parte dos donativos.
Abração do
Manuel Joaquim