quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12135: Acção Garlopa, no setor L1, subsetor do Xime, com a CART 3494, a CCAÇ 12 e a CCP 121, que levou à captura de 10 elementos da população, em 19/7/1972 (Sousa de Castro)






Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CART 3494 (Xime e Mansambo, 1971/74) > População sob controlo do PAIGC, no subsetor do Xime, capturada no decurso da Acção Garlopa, em 19 de julho de 1972, num total de 10 elementos.

Fotos (e texto):  © Sousa de Castro (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]


1. Mensagem do Sousa de Castro, o nosso tertuliano nº 2 (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista, CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74) [, foto à esquerda, no Xime, 1972] , com data de 8 do corrente;

Caros camaradas depois de ler o poste P12128, leva-me a concluir que tem a ver com a actividade da CART 3494 em Julho de 1972 conforme página 75 da História do BART 3873 que anexo, bem como as fotos de elementos da população capturados nessa operação (Acção Garlopa). Junto igualmente um síntese da actividade operacional, no subsector do Xime, editada por mim.

Com os melhores cumprimentos, A. Castro.
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2. Comentário de L.G.:

Meu caro António:  Obrigado pela tua rápida resposta. Conheci, bem demais, como tu sabes, o subsetor do Xime, aquando da minha comissão na CCAÇ 12 (169/71). Era raro não haver contactos com o IN na região de Poidon/Ponta do Inglês, sempre que a gente lá ía, em força (cinco  a oito grupos de combate, 2 destacamentos).

Em 21 de janeiro de 1970,   a CCAÇ 12, a 3 Gr Comb reforçados (destacamento A) e a CART 2520 (unidade de quadrícula do Xime, a 2 Gr Comb) (Dest B), no decurso da Op Safira Única, foram à região da Ponta do Inglês e, sem dar um tiro, recuperaram 15 elementos da população, destruiram dois acampamentos e aprisionaram um guerrilheiro "em férias", armado de pistola Tokarev (*)...

Recordo-me que os prisioneiros ficaram às ordens do comando e CCS do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70). Lembro-me particularmente do ar aterrorizado das crianças, nuas, ao ouvir o ronco de uma GMC... Eram miúdos nascidos no mato (a partir de 1963). Já não recordo de qual terá sido o seu destino: como era usual, eram entregues à autoridade administrativa local e acabavam por ser integrados nalguma tabanca mais próxima, com gente da sua etnia (balantas ou beafadas). 

Todos os anos era o mesmo drama, com esta pobre gente que trazíamos do mato, em geral na altura da época seca ou no princípio da época das chuvas, e para qual não havia, no quartel de Bambadinca, as condições mínimas de acolhimento e muito menos uma política de integração... Esse drama será presenciado, no ano seguinte, pelo alf mil capelão Arsénio Puim, que pertenceu ao batalhão seguinte, o BART 2917 (Bambadinca, 1970/72). Vd., a este propósito, , as suas memórias de Bambadinca.

Quanto à população a que te referes, capturada pelas NT (onde lá estão novamente os desgraçados da CCAÇ 12, já com com 3 anos de guerra!), na sequência da Acção Garlopa... Pelas minhas contas, é capaz de ser a mesma. Tu referes-te a 10 elementos capturados em 19 de julho de 1972 (E as fotos documentam-no). O jornalista do Diário de Lisboa, Avelino Rodrigues (que esteve 2 semanas na Guiné, não sei exatamente quando) acompanhou Spínola numa operação, já  também na pensínsula da Ponta do Inglês, em que foram capturados 10 elementos da população, balantas (7 mulheres, um velho e duas crianças). Spínola (,a companhado pelo jornalista) foi ao mato (possivelmente já perto do Xime, em Madina Colhido) recebê-los e tranquizá-los (**). Serão depois recebidos no palácio do Governador, com novas fatiotas, rádios a pilhas e dinheiro! Podes ler a segunda crónica, do jornalista, com data de 29/8/1972, aqui, no magnífico arquivo da Fundação Mário Soares. Podes ampliar a imagem (p. 12). Devo, de resto, dizer que é uma excelente reportagem, feita com rigor, isenão e objetividade, que honrou o grande jornalismo português que se fazia na época. Não sei o que é a censura ("exame prévio") cortou, se é que cortou (como vai cortar ao Expresso, em 1973 e 1974)!... 


(**) 8 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12128: Notas de leitura (524): (Mário Beja Santos): Reportagem do enviado especial do Diário de Lisboa, Avelino Rodrigues, CTIG, agosto de 1972

4 comentários:

Luís Graça disse...

As quatro "crónicas imperfeitas", do jornalista Avelino Rodrigues, estão disponíveis em acesso direto (em geral, vêm nas páginas centrais,10/12)

Fundação Mário Soares > Diário de Lisboa > Agosto de 1972 > 28, 29, 30, e 31

http://www.fmsoares.pt/aeb_online/visualizador.php?nome_da_pasta=06815.165.26100&bd=IMPRENSA

http://www.fmsoares.pt/aeb_online/visualizador.php?nome_da_pasta=06815.165.26101&bd=IMPRENSA

http://www.fmsoares.pt/aeb_online/visualizador.php?nome_da_pasta=06815.165.26102&bd=IMPRENSA

http://www.fmsoares.pt/aeb_online/visualizador.php?nome_da_pasta=06815.165.26103&bd=IMPRENSA

Luís Graça disse...

Sobre o Diário de Lisboa:

(i) jornal diário vespertino, publicado em Lisboa, fundado em 1921 por Joaquim Manso;

(ii) primeiro diretor: Joaquim Manso; entre 1956 e 1967 foi dirigido por Norberto Lopes, sucedido por António Ruella Ramos (1967 a 1989), Mário Mesquita (1989 a 1990) e, de novo, António Ruella Ramos (falecido em 2009);

Foi uma escola de grande jornalismo. Nele colaboraram também garndes nomes das letars portuguesas.

Está disponíbel "on line" n a Fundação Mário Soares. Fmsoares.pt.

http://www.fmsoares.pt/diario_de_lisboa/ano

Pode ser consultado em papel
na Hemeroteca de Lisboa. Câmara Municipal de Lisboa.


http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/DiariodeLisboa/DiariodeLisboa_Indice_Total.htm

Torcato Mendonca disse...

Obrigado Camarada Luís Graça. Vou, quando tiver tempo, ler e guardar.
O Diário de Lisboa foi um dos meus jornais (com meus "").Vai um abração T.

https://cart3494guine.blogspot.com/ disse...

Obrigado Luís por relembrar esta passagem das nossas companhias CART 3494 e CCAÇ 12.
Pelo que depreendo, depois de ter consultado os jornais "DN" - Fundação Mário Soares, o CMDT Spínola recebeu os elementos da população capturada na zona da Pta Varela, as fotos foram tiradas junto à entrada no XIME. Recordo que a OP Garlopa que envolveu para além de outras forças também os Páraquedistas e que na altura se comentava que o PAIGC estaria de sobeaviso, daí que quando chegaram ao obetivo não encontraram ninguém senão os elementos da população e algumas galinhas que as trouxeram para serem cozinhadas no Xime. O problema foi, (se a memória não me atraiçoa o que vou confirmar nos meus escritos e na história do BART 3873)desencadeado pelo "PAIGC" um forte ataque ao Enxalé nesse mesmo dia à noite.