terça-feira, 3 de setembro de 2013

Guiné 63/74 - P12003: Convívios (527): III Convívio da CCAÇ 3414, realizado nos passados dias 9; 10; 11 e 12 de Agosto de 2013 na Ilha do Pico (Joaquim Carlos Peixoto)



1. Em mensagem de hoje, dia 3 de Setembro de 2013, o nosso camarada Joaquim Carlos Peixoto (ex-Fur Mil Inf MA, CCAÇ 3414, Bafatá e Sare Bacar, 1971/73) enviou-nos a reportagem do III Convívio do pessoal da sua Unidade, levada a efeito na Ilha do Pico nos passados dias 9 a 12 Setembro de 2013:




CONVÍVIO DA CCAÇ 3414

Como a CCAÇ 3414, era composta na maioria por soldados açorianos, houve sempre uma grande dificuldade em nos reunirmos.

Em 2011, graças ao “ Blogue Luís Graça”, conseguimos organizar o nosso 1º convívio, em Coimbra. A maior parte dos presentes era do Continente e apenas um do Arquipélago.

Em 2012 foi marcado o 2º encontro, que seria em Angra do Heroísmo no quartel, antigo BII17 (hoje denominado Regimento de Guarnição 1), onde foi formada a Companhia. Neste convívio já apareceram continentais e açorianos, mas ainda éramos poucos.

Foi então marcado o

3.º CONVÍVIO NA ILHA DO PICO

Este encontro começou no dia 9 de Agosto, na ilha do Pico, com um jantar onde houve um pequeno contacto entre todos.

Neste convívio estiveram camaradas do Continente, de várias ilhas açorianas, e muitos emigrantes de vários estados dos EUA.

O dia 10 começou com uma missa na Igreja da freguesia de S. João em homenagem aos mortos em combate, furriel Ribeiro e soldado Parreira e a todos os já falecidos.


Seguimos para o Parque “ São João Pequenino - onde foi organizado o almoço.


Belíssimo almoço onde para além das lapas e uma grande variedade de queijos das ilhas foi servido o peixe albacora assada à moda de S. João. O amigo Sérgio, da ilha do Pico, ofereceu um porco para grelhar. O amigo Bernardo ofereceu umas camisolas referentes ao evento. Um outro soldado, o Furtado, que se dedica a produzir peças de artesanato, ofereceu uma pequena lembrança a cada um de nós. No fim para além do bolo para comemorar o 40.º aniversário da chegada da Guiné, houve uma grande variedade de bolos típicos dos Açores. Para acompanhar foram servidos vinho tinto da ilha do Pico, vinho branco da ilha, vinho verdelho, além de cerveja, água e sumos. De referir que toda a organização, confecção e preparação esteve a cargo de familiares dos soldados. 





No fim houve a actuação do “ Grupo Folclórico da Casa do Povo de S. João do Pico e o “ Grupo de Pauliteiros de Sanhoane.”



No dia 11 concentramo-nos em S. João, onde fomos visitar o Museu Baleeiro. De seguida demos a volta à ilha acompanhados pelo Caldeira, que como natural desta ilha, nos serviu de guia. Entre outras coisas visitamos o museu da vinha em Santa Luzia, zona classificada como património mundial. Nesta viagem passamos pela casa de mais um amigo, o Simas, que nos “ obrigou” a entrar onde nos serviu vários queijos feitos por ele acompanhados pelo famoso vinho verdelho.

No dia 12 recebemos o convite do Leonel Ramos para um almoço na ilha de S. Jorge. Mais uma viagem de barco para a ilha onde nos foi servido um fabuloso almoço, para o qual matou um bezerro.



Regresso à ilha do Pico.

Porque “ recordar é viver “, viveram-se dias de euforia, de emoções contidas, lembraram-se os bons e maus momentos passados juntos na Guiné, recordamos os que já partiram e num abraço de amizade, companheirismo e de uma grande dignidade matamos saudades daquele tempo.

É indescritível o que se viu e viveu nestes poucos dias de confraternização.

É pena que os “grandes” deste país, aqueles que apregoam aos sete ventos, o bem para Portugal, não tenham assistido a tão nobre e leal encontro.

É pena que os “grandes” não vejam a felicidade com que se pode viver num simples abraço.

É pena que os “grandes” não possam tirar lições desta camaradagem e lealdade, porque só vêem grandezas.

É pena que os “grandes” não vejam como poderiam dar a volta a este país, olhando para o que estes “guerreiros” são capazes de fazer para se reunirem.

É pena que os “grandes” não estejam atentos nem oiçam a voz destes ex-combatentes que perderam a juventude, que perderam os sonhos, que viram companheiros sucumbirem junto deles, que viram pais, irmãos, esposas e filhos transformarem os seus olhares alegres e felizes em olhares tristes e melancólicos.

É pena que os “grandes” se esqueçam de respeitar estes Homens, de lhes dar o devido valor, em vez de os insultar com as atitudes que tomam com eles.

Sem mais delongas, porque o que faz escrever este texto é relatar sobre o nosso III convívio, quero agradecer a todos, em especial aos residentes nas ilhas, o carinho, a amizade e o calor humano com que nos receberam.

Estou certo, que as minhas palavras de agradecimento, assim como a felicidade que senti, são comuns a todos os camaradas que participaram neste convívio, vivendo, tal como eu, todas as emoções.

Não tenho palavras para agradecer ao Sérgio e seus familiares todo o empenho que tiveram para que o dia 10 fosse um dia inesquecível.

Assim como me faltam as palavras para também agradecer ao Leonel Ramos e toda a família o espectacular almoço que ofereceu sem nada em troca a todos os que participaram neste convívio. A emoção é forte, as palavras não brotam para agradecer tamanho testemunho de amizade.

Propositadamente, deixei para o final, os três grandes colaboradores e organizadores deste convívio: Caldeira, Lopes e Silveira. Sem o seu trabalho, esforço, dedicação, espírito de solidariedade, camaradagem e amizade este convívio não teria sido possível. Bem hajam, companheiros de luta, pela vossa disponibilidade trabalho e amizade. Valeu a pena o esforço que fizeram. Estes dias, as noites mal dormidas, preocupação de tudo estar em ordem, foi compensado pelo sorriso que viram em cada rosto e a alegria que cada um de nós manifestou.


Obrigado a todos e que o próximo convívio vos faça tão feliz, quanto este nos fez.

OBRIGADO.
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Nota do editor

Último poste da série de 3 DE SETEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12002: Convívios (526): V Convívio Anual dos ex-Combatentes no Ultramar do Concelho de Gondomar, dia 21 de Setembro de 2013 na freguesia de S. Pedro da Cova (Carlos Silva)

4 comentários:

Hélder Valério disse...

Caro amigo Joaquim Peixoto

A alegria e a emoção não se conseguem disfarçar, nem sei se era essa a intenção, mas a verdade é que de todo o teu relato são essas características que mais ressaltam.

Ainda bem que puderam fazer esses encontros, principalmente este que relatas, ficando assim provado (se acaso fosse preciso...) que a amizade construída em condições adversas tem uma força que nada a consegue 'apagar'.

Parabéns pelo vosso Encontro e pelo teu relato.

Abraço
Hélder S.

Anónimo disse...

Caro Joaquim Peixoto,

Com um pouco de esforço se consegue muito.

O Parque Florestal de São João, situado na freguesia com o mesmo nome, Ilha do Pico, foi plantado com aqueles maravilhosos pinheiros na década de 60 do século passado. Nessa altura eu era funcionário na Circunscrição Florestal da Horta, a que pertencia a Administração Florestal se São Roque do Pico, entidade responsável plantio, arranjo e manutenção.

Quem diria que eu, mesmo sem o saber, ajudei, na minha função de ecriturário, a preparar o terreno onde vocês, a tua companhia, acabaram por ter um maravilhoso encontro. Um belo Parque Florestal para uma mais bela iniciativa, levar o vosso convívio até à Ilha do Pico.

As voltas que o mundo dá!

Abraço,

José Câmara

Joaquim disse...

Camarada Hélder Valério:
Foi com uma enorme satisfação que li o teu comentázrio ao relato que fiz do III encontro no Pico.
Final consegui que o meu objectivo fosse entendido. Sem dúvida que o que quis transmitir foi a alegria e as emoções que, tanto em mim como em todos os camaradas, sentiram neste reencontro.
Era unânime a alegria que brilhava no olhar de cada um. E, sem excepção, partilhavam o mesmo desejo que estes encontros continuem.
Por muito mque nos tivessem " roubado " na Guiné, uma coisa não nos conseguiram tirar: a amizade que se criou entre todos nós. Só por isto valeu a pena ter sofrido tanto na Guiné.
Um abraço do amigoJ
oaquim Peixoto

Joaquim disse...

Camarada José Câmara:
Quem diria que , passados tantos anos, a floresta do terreno onde decorreu o nosso III encontro, foi em grande parte preparada por ti.
Sem dúvida alguma, que aquele lugar, os pinheiros e toda a vegetação envolvente, são testemunho vivos da alegria e emoções que todos nós ali vivemos no nosso encontro.
Pudesse essa vegetação falar e as pedras tivesse vida, que transmitiriam num alegre sinfonia as nossas conversas e emoções.
Obrigado amigo, pelo comentário e pelo belo lugar que ajudaste a construir, para que anos mais tarde tivesse sido palco do reviver do “ teatro de guerra” onde todos fomos actores, e onde passamos uns dos melhores momentos da nossa vida.
OBRIGADO
Joaquim Peixoto