sábado, 31 de agosto de 2013

Guiné 63/74 - P11995: Os nossos seres, saberes e lazeres (54): Passagens da sua vida - 7000 milhas através dos Estados Unidos da América (2) (Tony Borié)

1. Em mensagem do dia 24 de Agosto de 2013, o nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66), enviou-nos o segundo episódio da sua viagem/aventura de férias, num percurso de 7000 milhas (sensivelmente 11.265 quilómetros) através dos Estados Unidos da América.




...7.000 milhas através dos USA -2

"Companheiros de jornada”, ainda se lembram do que passou no último dia?
Pois cá vai o resumo do segundo dia.

Manhã cedo, depois de tomar iogurte, sumo de laranja, café e uns biscoitos, a normal medicina acompanhada de um pouco de fruta de banana com água, seguimos em direcção ao norte, atravessando por um pequeno período de tempo o Estado de Arkansas, onde não parámos, pois não estava no nosso roteiro. Passámos por algumas povoações rurais, longas pontes sobre rios, pântanos e terras alagadiças, chegando ao Estado de Tennessee, que fica localizado na região sudeste dos USA, cuja economia é baseada na indústria de manufactura, serviços financeiros e imobiliários, turismo e agricultura.

Muito do actual Tennessee, durante o período da colonização britânica da região das “Treze Colónias”, fazia parte do actual Estado da Carolina do Norte, sendo a região mais ocidental das antigas “Treze Colónias” britânicas, tendo inicialmente escassamente povoado, mas passou a receber muitas pessoas a partir da década de 1750. O Tennessee, por causa da cordilheira de montanhas do “Apalache”, era isolado do restante território da Carolina do Norte. Dizem que após o reconhecimento da independência dos Estados Unidos, por parte do Reino Unido, em 1783, os habitantes da região pediram a separação daquele território do actual Tennessee do restante da Carolina do Norte. Assim sendo, o Tennessee separou-se da Carolina do Norte, tornando-se o 16.º Estado Norte Americano, em 1796.

O nosso objectivo principal no Tennessee, era visitar a cidade de Memphis, que dizem que é a 20.ª cidade mais populosa dos USA, e que se destaca no seu âmbito cultural, sendo considerada uma das três cidades mais importantes da música norte-americana, juntamente com Nova Orleães e Nashville, ficando famosa por ser ali casa de Elvis Presley entre 1948 e 1977.

Nós, e talvez muitos milhares de jovens do tempo do Tony, que com toda a certeza são muitos de vocês, apreciámos o Elvis Presley, pois além de ser um grande cantor, músico e actor, até lhe chamavam o “King of Rock and Roll”, que foi um estilo de música, que na nossa opinião era um conjunto de estilos onde existia “pop”, “blues”, “gospel” e talvez mais, que transmitia algo, tanto na letra como nos movimentos, que até àquela altura quase ninguém conhecia, mas todos nós sabemos que marcou uma geração.

Como ser humano, na nossa opinião, sempre assumiu as suas responsabilidades, lutando e ajudando muitas causas, pelo menos na região onde nasceu, a localidade de Tupelo, no Estado do Mississippi, que também visitámos, pois só com a idade de 13 anos, passou a viver em Memphis, no Estado de Tennessee, para onde a sua família se mudou por razões de sobrevivência.


Lembram-se que por altura de 1958 chegou a fazer parte do exército dos USA, chegando a estar estacionado na Europa, e que uns anos antes tinha sido o principal protagonista do célebre filme “Love Me Tender”, onde interpreta o papel do irmão mais novo dos quatro irmãos “Reno”, que era o Clint Reno, que ficou em casa a cuidar da sua mãe e da fazenda da família, enquanto os irmãos mais velhos, Vance, Brett e Ray, lutavam na Guerra Civil Americana, para o Exército Confederado. A família é erradamente informada que o irmão mais velho Vance, é morto no campo de batalha. Depois de quatro anos de guerra, os irmãos voltam a casa e descobrem que a Cathy, que era a namorada e noiva do irmão mais velho Vance, está casada com o irmão mais novo Clint, que sem qualquer preconceito se tinha apaixonado pela noiva do irmão mais velho. Uma das mensagens transmitida nesse filme, era aquele jovem que estava sempre revoltado com tudo o que não fosse de acordo com a sua ideia de estar no mundo, o que acontecia com muitos de nós naquele tempo.

Como dizíamos, lembram-se vocês do nosso tempo de jovens, em que o “Elvis” marcou a época?

Queríamos ver a sua mansão, a que chamam “A Graceland”, património da família Presley, hoje transformada em museu, e que é visitada por mais de 600 mil pessoas ao ano.


Assim aconteceu, cruzámos a fronteira, a cidade acolheu-nos e depois de percorrer algumas ruas, deparámos com a mansão do Elvis Presley. Era tal e qual como nos filmes de Hollywood, estava lá, fizemos o “tour”, vimos a sua casa, os seus retratos, a roupa que ele usava, as centenas de discos de ouro que conquistou ao longo da sua carreira, os seus dois aviões, um deles, o mais pequeno, que ele usou para levar a sua filha a ver a neve no estado do Colorado, dizem que a menina lhe pedia para ver a neve, e ele já bastante ocupado com os seus espectáculos em Las Vegas, um dia levantou voo daqui e foi ao Colorado, aterrou, deixou a filha calcar a neve por uns minutos e voltou de novo a Las Vegas para continuar com a sua exibição. Talvez devido ao esforço despendido, sem intervalos para se restabelecer, querendo cantar e agradar a todos, tivesse começado a usar algo que o havia de levar à morte, ainda um jovem, pois tinha somente 42 anos. Os seus carros, a piscina, os anexos onde se divertia cantando ou brincando com a sua família, o local onde dizem que está sepultado, tudo o que a ele dizia respeito, estava lá, para que todos possam apreciar. E o Tony viu mesmo cenas de pessoas chorando ao verem este local, que mais parece um local de peregrinação.

Com o coração cheio de saudade do Elvis Presley, rumaram em direcção ao norte pela estrada número 55, que os havia de levar a St. Louis, no Estado de Missouri, que é cortado pelos rios Mississippi e Missouri, sendo este último o que lhe deu o nome. O cognome do Missouri, é “Mother of the West”, a mãe do oeste, e foi adquirido pelos Estados Unidos na “Compra da Louisiana”, em 1803, e à medida que o país passou a expandir-se em direcção ao oeste, o Missouri passou a ser uma das principais escalas dos migrantes, tornando-se no 24.º Estado norte-americano em 1821.

Naquele tempo, a indústria agro-pecuária do Missouri fazia grande uso do “trabalho escravo”, e dizem que apesar da maioria da população do Estado ser a favor da secessão e da união do Missouri com os Estados Confederados da América, este Estado permaneceu ao lado dos Estados Unidos durante toda a guerra civil.

Como dizíamos, parámos e fomos admirar a cidade de St. Louis, que foi fundada em 1764, por Pierre Laclède e Auguste Chouteau, em nome de Louis IX que foi rei de França. Depois da “Compra da Louisiana”, passou a ser o maior porto do rio Mississippi, a sua população expandiu-se e depois da guerra civil Americana, chegou a ser a quarta maior cidade dos Estados Unidos no século dezanove. Tem um monumento, o “Gateway Arch”, junto ao rio Mississippi, que é conhecido como o “Gate to the West”, ou seja a porta para o oeste, é um grande arco, construído em aço pelo arquitecto finlandês Eero Saarinen em 1947, e é considerado o mais alto monumento dos Estados Unidos, pois avista-se a milhas de distância. No seu pedestal, tem um museu com motivos do oeste, e exemplifica o que os emigrantes faziam e usavam a caminho do oeste, depois de terem viajado, talvez por anos, no rio Mississippi, vindos dos portos de Boston, New York ou Philadelphia, que depois de saírem de St. Louis, levavam outros tantos anos a chegar à Califórnia, ou mesmo ao sul, viajando pela “Santa Fé Trail”, que também era conhecida pelo “Caminho Real”, que era um caminho que os levava às regiões do sul, junto à fronteira do México.

O Tony e a sua companheira e esposa, não queriam abandonar este local, tem fascínio, tem história e em cada local faz nascer lembranças, o rio está lá, a correr em direcção ao sul, naquela curva a água pára, faz um remoinho, a lembrar-nos que era ali que as pessoas ficavam andando em redor umas das outras depois de desembarcarem, não sabrndo qual a direcção que tomariam. Sabiam só que iam à aventura, por anos, percorrendo caminhos selvagens, construindo os seus próprios utensílios, carros rudimentares, que com a ajuda de animais, viajavam, nasciam filhos que chegavam já grandes ao local de destino, quando havia destino.


Já ao fim da tarde, rumaram a oeste, despediram-se de St. Louis, e tomaram a estrada número 70 em direcção a Kansas, e ao anoitecer dormiram numa cidade com o nome St. Charles, ainda em Missouri.

Tony Borie,
Agosto de 2013.
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Nota do editor

Primeiro poste da série de > 24 DE AGOSTO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11972: Os nosssos seres, saberes e lazeres (53): Passagens da sua vida - 7000 milhas através dos Estados Unidos da América (1) (Tony Borié)

5 comentários:

Anónimo disse...

Grande viagem...continua...não te canses.
Abraço
Paulo Santiago

Anónimo disse...

Pois é, Tony (António)

Esta é a viagem de costa a costa (com mais umas curvas) que eu gostaria de fazer e que o Jose(ph) Belo recentemente fez e da qual aqui nos falou.
Eu estive em Memphis (Tenessee) duas vezes e não tive tempo para ver Graceland, a casa of The King, who is and will be always ALIVE (assim dizem as tais fãs que o choram).
Boa viagem
Alberto Branquinho

Anónimo disse...

Caro Tony,
Tal como os comentadores que me precederam desejo-te boa viagem.
É verdade, Elvis tocou (continua a tocar) o coração de milhões.Tem o seu lugar na hstória musical do mundo.
Embora de maneira diferente, pela negativa, a cidade de Memphis foi, em 4/4/1968, palco do assassinato de Martin Luther King Jr. Sem violências e sem ódios MLK Jr, exibiu como poucos a melhor arma nas relações humanas: a palavra da paz! E com aquela arma conseguiu mudar a história americana.
Abraço,
José Câmara

Antº Rosinha disse...

Não perco uma dos nossos "americanos".

Para conhecer um país não é suficiente visitá-lo mas sim trabalhar nesse país.

Já uma vez comentei perguntando a um dos nossos "americanos" quais eram os índios que habitavam as torres gémeas e agora também pergunto o nome dos índios que habitavam no que hoje é o cemitério de Elvis.

É de se perguntar o que é que os americanos andam a fazer pelo mundo inteiro, sempre armados, quando têm uma terra fabulosa para usufruir.

Tony Borie disse...

Olá Companheiros.
Hoje pela manhã, andei pelo nosso blogue, mas foi rápido, pois a minha companheira e esposa, "queria sair a barra", em outras palavras, queria ir à pesca.
Pois bem, saímos a barra na praia de "Matanças", que fica ali ao sul de St. Augustine, fomos à pesca e pescámos alguma coisa, não vou dizer nada, pois conversa de pescador, começa por um peixe pequenino e acaba num peixe muito, muito grande, e ninguém vai acreditar.
Olhem, vocês são todos "cinco estrelas", eu quando decidi colocar no nosso blogue esta aventura, disse ao bom do Carlos Esteves Vinhal, que não sabia a reacção dos nossos companheiros, pois como devem de compreender, nestes tempos que correm tudo o que vem da América, é "assim", e é "assado", "ele que conte lá isso aos americanos", "ele que nos deixe em paz", e mais um nem sei o quê de opiniões, que iriam de encontro aos tempos difíceis que correm, e que quem aí vive, principalmente nesse cantinho lindo da europa, sofre no corpo o dia a dia, pois na minha fraca opinião, pois falo pelo que vejo nas notícias, os governantes não têm preparação, não estão qualificados, nem têm sensibilidade para governar e compreender esse povo sofredor, estou a referir-me principalmente a pessoas do nosso tempo, e neste caso não importa muito se são ou não combatentes, enfim, ao descrever esta viagem, era no fundo, partilhar toda esta vivência com vocês, fazer-vos viver este tempo, dar-vos alguma alegria, no meio dos vossos problemas do dia a dia.
E claro, não pensem que aqui é tudo "bom e sem problemas", eu também sofro no corpo e na alma, os impostos, as subidas de preço dos produtos de primeira necessidade no supermercado, algumas injustiças, que na nossa idade, não são lá muito boas de suportar, mas já considero isso quase normal, e felizmente vou tendo comida na mesa, assistência médica e medicina, e casa com telhado, e o ar ainda vai sendo puro para respirar, e ainda posso dizer que no local onde vivo ainda posso "dormir com a porta aberta"!.
Olhem, não vou dizer mais nada.
Abraço a todos, para o Paulo, meu conterrâneo, ao Alberto Branquinho, que mostra que já fez viagens aqui, e que tem muito conhecimento dos Estados Unidos, não só no terreno, como da língua inglesa, ao meu vizinho José Câmara, que menciona uma parte muito importante da história da cidade de Memphis, e por fim o Antonio Rosinha, que coloca sempre questões que estão na cabeça de milhões de pessoas, mas talvez não tenham a coragem de as pôr, mas ele além da sua educação académica deve de ter a "universidade da sua longa vida", e claro, foi emigrante!
Um abraço companheiros.
Tony Borie.