sábado, 24 de agosto de 2013

Guiné 63/74 - P11972: Os nossos seres, saberes e lazeres (53): Passagens da sua vida - 7000 milhas através dos Estados Unidos da América (1) (Tony Borié)

1. Em mensagem do dia 18 de Agosto de 2013, o nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66), enviou-nos o primeiro episódio da sua viagem/aventura de férias, num percurso de 7000 milhas (sensivelmente 11.265 quilómetros) através dos Estados Unidos da América.




...7000 milhas, através dos USA - 1

Todos, quase todos na nossa idade, temos um projecto, um projecto que ao primeiro olhar parece impossível, e pensamos, pensamos, e vamos fazendo as contas, preparando isto e aquilo, e por fim vemos que o impossível até é possível, se cortarmos aqui e ali, mais um pouquinho acolá e no final até vemos que é possível, e vai daí, realizamos esse ao primeiro olhar, impossível projecto.
Isto foi o que aconteceu com o Tony e a sua esposa e companheira, percorreram mais de 7000 milhas, viajando pelo Este, Oeste, Centro e Norte dos USA, no espaço de aproximadamente 15 dias.

Foi uma experiência maravilhosa, e vai reparti-la com todos vocês, portanto durante um tempo fiquem atentos, pois este relato vai ser interessante.

Aproximadamente no fim do mês de Julho de 2013, o Tony preparou o Jeep, mudou o óleo do motor, verificando os pontos essenciais de todo o veículo, como a pressão dos pneus que estavam em estado quase novo, a estado da bateria, retirou os bancos de trás, para haver mais espaço interior, colocando uma caixa frigorífica, onde haveria de ir fruta, água e outras comidas rápidas, assim como pão, duas malas ligeiras, com roupa simples, diversos cobertores, uma pequena pá portátil, uma corda de 16 milímetros para possível reboque, um limpa-vidros com um extensão de 36”, dois tanques de cinco galões, para água e gasolina extra, normais sandálias de verão, botas de inverno, e mais umas tantas coisas que se podiam usar no dia-a-dia, como por exemplo, capas para chuva e até um guarda-sol!

Quase um mês antes já tinha preparado o itinerário, fez um “roteiro”, que foi alterado quatro vezes, pois algumas localidades por onde ia passar, verificando bem, ou não tinham lá muito interesse, ou então não havia facilidades de sobrevivência no seu acesso, nesse itinerário fez etapas de 180 a 200 milhas, onde tivesse acesso a estações de serviço, hotéis e outras facilidades, assim como locais de interesse turístico, passando pelas principais cidades, mas o seu interesse eram as povoações o mais remotas possível, zonas desabitadas com lugares poucos visitados pelas pessoas, onde ainda existisse pouca civilização, portanto depois de quatro alterações no roteiro, finalmente acreditou que a rota que iria tomar era a melhor.

No primeiro dia de viagem, eram seis horas da manhã, tanque cheio de gasolina, GPS ligado e colocado na rota certa, saíram de casa na Florida, em direcção ao norte, tomando a estrada número 95, tomando de seguida a estrada número 10, que fica ao norte da Florida, entrando no estado do Alabama, pela povoação de Marianna, onde um “simpático” polícia, os parou e explicou que lhes ia dar uma multa porque iam a 61 milhas por hora, numa área onde só se podia transitar a 45. O Tony nem argumentou, recebeu o papel da multa, que guardou, lembrando-se sempre durante o resto da jornada que não podia abusar da velocidade, portanto a multa funcionou positivamente.

O Estado do Alabama está localizado na região sudeste dos USA, limita-se com os estados do Tennessee ao norte, Geórgia a leste, Flórida e Golfo do México ao sul e Mississippi ao oeste.
Resumindo um pouco a sua história, dizem que os franceses se estabeleceram neste Estado, na talvez aldeia de Mobile, hoje grande cidade, em 1702 e todo o sul do Alabama foi francês desde esta data até 1763, quando passou a ser controlado pelo Reino Unido até 1780, e pela Espanha até 1814.
Já a região centro-norte de Alabama foi colonizada inicialmente pelos britânicos, em 1763, anexado pelos norte-americanos em 1783, tornando-se o 21.º Estado norte-americano em 1819. Ainda dizem, que o Alabama se separou da União em 11 de Janeiro de 1861, juntando-se aos Estados Confederados da América em 18 de Fevereiro, e que 120 mil soldados de Alabama lutaram durante a Guerra Civil Americana contra os Estados da União. Os confederados foram derrotados em 1865, e Alabama foi readmitido à União em Junho de 1868.

Neste Estado, tomando o rumo do norte, seguiram até à cidade de Montgomery, que é a capital de Alabama, parando e apreciando alguns lugares da cidade, que foi fundada em 1814 com a designação de “Forte Montgomery”, tornando-se a capital do Estado em 1847. Alguns habitantes têm orgulho em dizer que Montgomery, também foi a capital dos Estados Confederados da América entre 4 de Fevereiro e 20 de Maio de 1861. Foi nesta cidade de Montgomery, que entre 1955 e 1956 aconteceu um boicote anti- segregacionista que desencadeou o movimento dos direitos civis dos afro-americanos.

Continuando na rota do norte, atravessaram a cidade Birmingham, que é a maior cidade de Alabama, fundada em 1871, tendo sido palco de violentos conflitos raciais durante a década de 1960. Até esta data, Birmingham foi um dos centros mais industriais do sul, até lhe chamavam “The Pittsburgh of the South”, onde existia uma grande indústria de ferro e aço, onde havia grandes fábricas que produziam componentes para o caminho de ferro. Hoje ainda mantém muitos negócios de indústria, bancos, telecomunicações, transportes, componentes eléctricos, uma Universidade de Medicina, continuando a ser um grande centro de negócios do sudeste dos USA.

De Birmingham, rumaram para norte oeste, atravessando o Estado do Mississippi, que é um estado que se caracterizou pela existência de grandes “plantações”, (fazendas) e algumas pequenas cidades. Actualmente possui uma economia diversificada, com uma indústria de manufactura e turismo em pleno crescimento. Dizem que o nome Mississippi, se deve ao rio com o mesmo nome, que corre ao longo da sua fronteira oeste, que é um nome de origem “algonquina”, que significa “Grandes águas”, ou “pai das águas”.
O Mississippi, foi inicialmente colonizado pelos espanhóis, depois anexado pelo Reino Unido, mas com a independência das “Treze Colónias”, a região passou a fazer parte dos Estados Unidos, sendo um dos Estados mais afectados pela guerra civil, que arruinou a sua economia.

Seguiam pela estrada número 25, já era quase noite, o Tony e a sua esposa e companheira, resolveram parar para dormir e ficaram na simpática povoação de New Albany, no Mississippi.

Tony Borie,
Agosto de 2013

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Nota do editor

Último poste da série de 29 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11499: Os nosssos seres, saberes e lazeres (52): João e Vilma Crisóstomo, "just married", são notícia no New York Times e no LusoAmericano

2 comentários:

Anónimo disse...

Obrigada Tony Borié

Por partilhar connosco a viagem e a História do percurso, com a qualidade que caracteriza os seus documentários.
Vou continuar a seguir o itinerário.

Uma saudação muito especial para si e sua esposa, que longe da Pátria, tiram partido do mundo em que vivem, e se enchem do conhecimento que a vivência permite.

Abraço fraterno, caros concidadãos.

Felismina mealha

Hélder Valério disse...

Caro Tony

Já sabemos do planeamento da viagem e dos 'ajustes' que foi necessário fazer. Afinal, como em quase tudo na vida, vamos fazendo 'aproximações' e no final temos o resultado, bom ou menos bom, isso agora não interessa.

Já tomámos conhecimento do percurso inicial, recheado de 'informações históricas ligeiras' sobre os locais visitados e vamos então aguardar a continuidade do relato com o mesmo interesse com que se tem seguido os outros teus relatos.
Tenho a certeza que num local qualquer irás descobrir 'ligações' à tua/nossa 'experiência africana'.

Abraço
Hélder S.