quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Guiné 63/74 - P11032: Humor de caserna (29): Estou a fazer voar o meu pensamento (Tony Borié) (2): Ela queria um canhão

1. Em mensagem do dia 17 de Janeiro de 2013, o nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66), enviou-nos mais este pensamento...





O Cifra já sabe que, depois de verem o título, vão pensar outra vez, que vai sair coisa, que não tem nada a ver com emboscadas e guerra, com tiros, granadas, mortos e feridos, mas desta vez tem a ver com “Canhões”, que são muito mais fortes e mortais, que todas essas armas ligeiras, que os militares de acção, usavam no conflito triste e horroroso porque passámos, e talvez vão dizer como costume, os que viverem no mundo que fale inglês:
- It’s good that story has some sense.

No mundo que fale francês, dizem:
- Il est bon que l’histoire a un sens.

No mundo que fale germânico, friamente, dizem:
- Es ist gut, dass die Geschichte einen Sinn hat.

No mundo que fala espanhol, entre dois ou três “zzz”, dizem:
- Es bueno que la historia tiene un sentido!.

Os chineses, põem os pauzinhos de parte, se estiverem a comer, e depois dizem:


Perceberam?. Não. Deixem lá, pois o Cifra, também não percebeu.

E nós portugueses, depois de encolher os ombros, dizemos:
- É bom que a história tenha algum senso.

Pois é verdade, depois de pensar, e sempre com receio que os amigos antigos combatentes, o Luís Graça, o Carlos Vinhal e os restantes editores deste grande blogue, e todos aqueles que têm a pachorra para ainda lerem estes escritos, não fiquem a pensar coisas que não são, pois os sentimentos do Cifra são só única e simplesmente bons, e tenta escrever uma linguagem decente, embora com alguns erros que o Carlos Vinhal, com toda a dedicação, corrige, mas não pode resistir a contar esta história, um pouco comovente, pois estes pais deram tudo e sofreram para que a sua filha fosse feliz, e finalmente o acaso trouxe-lhes a felicidade da sua extremosa e educada filha.

A sua mãe, quando soube que a trazia no ventre, era a mulher mais feliz do mundo, sempre teve os cuidados que uma mãe moderna e informada tem, nasceu numa clínica, não daquelas do Estado, mas numa daquelas com um nome sonante, para que no futuro constasse no seu bilhete de identificação, teve o carinho da sua extremosa mãe, do seu dedicado pai, e demais membros da família, assim como algumas “Babás”, que era como chamavam às dedicadas mulheres que se alugavam ao dia para tomarem conta de bebés ricos. Frequentou a escola privada de crianças quase bebés, foi para uma escola primária particular, depois um colégio com nome, em seguida a universidade, onde o seu pai era professor-doutor, fez um estágio de pós-graduação numa universidade no estrangeiro, para lhe dar nome, e para que constasse no seu currículo, tudo isto tinha esta jovem, mas não se sentia feliz.

Os pais, definhavam-se, e perguntavam o que teriam que fazer mais para que a sua adorada filha se sentisse uma pessoa normal e tivesse alguma alegria em viver neste mundo, pois não sabiam o que tinham feito de mal na educação dela.

Um dia, fazem uma viagem ao estrangeiro, a um país exótico, onde num daqueles programas de intretenimento que os hotéis vendem para que as pessoas não passem todo o tempo bebendo “martinis” e outras bebidas, lá “encurralados”, vão dar um passeio de barco, num rio da selva, onde dado ao evoluir das mentalidades revolucionárias, rebenta, nesse preciso momento, uma revolução armada, e são feitos prisioneiros de guerra. O pai e a sua extremosa mãe choravam, e para surpresa de todos, ela assim que viu um canhão, daqueles compridos, agarra-se a ele, e mostrou no seu rosto ser a rapariga mais feliz do mundo.

O que ela precisava para ser feliz era um canhão dos compridos, daqueles que não param de disparar, por muitas horas seguidas, que quando apontam, são certeiros e firmes, ajudam a viver e protegem quem os possui, há muitas guerras que começam ou acabam por sorte de quem tem o canhão maior e mais potente, ela, estudada e sabedora desse pormenor, juntou-se à guerrilha, passou a ser uma combatente no verdadeiro sentido da palavra, deram-lhe um canhão, dos bons, grande e comprido, ficou feliz, em outras palavras, assim que se via agarrada ao canhão, era a criatura mais feliz do mundo, como podem observar na fotografia em cima.

Finalmente, os seus pais estavam felizes, a sua filha encontrou aquilo que procurava há muito, que era um canhão, dos compridos, como aquele que a fotografia mostra.

Dizem que Deus escreve direito por linhas tortas.
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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 17 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P10952: Humor de caserna (28): Estou a fazer voar o meu pensamento (Tony Borié) (1): Cansada de guerra

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