quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Guiné 63/74 - P11028: Facebook...ando (22): O Spínola que eu conheci... Opiniões e depoimentos de Francisco Palma, Torcato Mendonça, J. Pardete Ferreira, José Basílio Costa, Bernardino Cardoso, Armando Ferreira Martins, Armandino Oliveira, Manuel Reis, João Guerreiro, José Tavares, Francisco Gomes




Guiné > Zona leste > Canquelifá > CCAV 2748 > 3 de fevereiro de 1971 > O General Antonio de Spínola, o “Caco Baldé” em Canquelifá, com a malta da CCAV 2748,  a seguir uma noite de flagelação dura , seguida de remessa de 4 Foguetões 122 ás 4 da manhã. Aquilo era "festa" até ás tantas.

Foto (e legenda): : © Francisco Palma (2013). Todos os direitos reservados



1. Comentários, na nossa página no Facebook, Tabanca Grande, ao poste,  29 do corrente,  Guiné 63/74 - P11024: O Spínola que eu conheci (24): Alcunha, antonomásia, apodo, cognome ou epiteto... "Caco Baldé"... Qual a origem ? (Cristina Allen / Luís Graça / Jorge Cabral / Carlos Fabião / Cherno Baldé) 


Torcato Mendonça > Foi meu Comandante Chefe. Sabia comandar tropas e era respeitado. (29/1/20013)

José A. Pardete Ferreira > Foi um bom líder! Não era por acaso que,  quase diariamente, ao regressar do mato, passava pelo Hospital para se inteirar do estado dos feridos e dar umas palavrinhas a alguns. No entanto, a primeira vez que o vi,  foi empoleirado numa Daimler que lhe servia de Taxi, da pista do hélio até ao aquartelamento em Cacheu. Do discurso aos soldados nem vos falo... (29/1/2013)

José Basílio Costa >  Foi também o meu Comandante-Chefe e Governador -Geral da Guiné durante a minha comissão de serviço entre Janeiro de 1971 e Janeiro de1973. Embora polémico,  por ser muito militarista e disciplinado, era todavia um líder nato, respeitado pelos soldados pelos quais se preocupava em relação às suas condições de vida nos aquartelamentos, que visitava de helicóptero, por vezes mais do que um quartel por dia, e muito temido pelos oficiais responsáveis por esses aquartelamentos no mato, aos quais exigia responsabilidades quando notava que eles negligenciavam as suas funções no teatro de operações.

Com a sua Campanha de Acção Psicológia do Programa "Guiné para Todos", o Gen Spínola conseguiu atrair a simpatia e o apoio de muitas populações e vários chefes tribais, provocando muitos dissabores ao PAIGC.

Quando viu que a guerra tinha chegado a um impasse, a partir do momento em que a Força Aérea se recusou a sair em missões ao mato, depois de terem sido abatidos alguns aviões de combate pelos famosos mísseis russos Strela, e percebendo a gravidade da situação foi a Lisboa fazer o ponto da situação ao Chefe do Governo Marcelo Caetano, dizendo-lhe que a única solução era negociar com o PAIGC uma retirada honrosa para Portugal.

Como Marcelo não aceitou o abandono da ex-colónia e perante a recusa do Gen Spínola em continuar a fazer uma guerra perdida, demitiu-o do cargo de Governador da Guiné, nomeando em seu lugar o Gen Bettencourt Rodrigues! Passados uns meses publicou o livro "Portugal e o Futuro" que deu muita polémica e que dava como hipótese para o ex-Ultramar uma solução federalista, que na altura já não resultaria, dadas as pretensões das ex-colónias em serem independentes e com fortes apoios internacionais, em especial dos países do Bloco de Leste, a URSS e a China. Finalmente a partir do 25 de Abril, tornaram-se irreversíveis as independências há tanto tempo reclamadas das nossas antigas colónias. (29/1/2013)




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Bernardino Cardoso >  Pois. Em Bula foi da pista do Héli, mais que uma vez e n vezes… Foi de Panhard. E havia umas seis.  A pista era fora do quartel, no topo da pista de aviação. Uma das primeiras coisas que se sentiram com a sua chegada foi o preço do Whisky velho que passou de 120 pesos para 90. 25% duma assentada. Acabou com o "tacho" dum jeitoso que se abotoava com este dinheirinho. (29/1/2013)

Armando Ferreira Martins > Bati-lhe uma grande palada, à porta da Capela da BA12. (29/1/2013)

Armandino Oliveira > Eu o conheci em Mansabá, creio que em 1968, em visita de posse, fiquei impressionado, pela sua postura: monóculo, bastão, luvas pretas, mangas da camisa camuflada arregaçadas acima do cotovelo. Confesso, me ví perante um general do exército alemão, na época das SS. (29/1/2013)

 Manuel Augusto Reis  > Sofri um bom bocado pela teimosia dele, mas não deixo de o apreciar como um grande militar. Vi-o visitar Gadamael debaixo de fogo, onde só por milagre não foi atingido. Vi-o ser tolerante nas visitas ao mato, onde não exigia um atavio militar rigoroso. Vi-o ser idolatrado pelas populações onde se deslocava. Vi os profissionais amedrontados sempre que ele lhes aparecia pela frente; aqui havia exagero, mas ficava o alerta dos deveres dos militares profissionais. Como político a que aspirava ser, foi um fracasso. (29/1/2013)

Armandino Oliveira > Como militar eu o considerava génio e afoito, a ponto de, embora na posição hierárquica que tinha, não se escusar de situações de risco. Todos os comandos tinham "pavor" dele. Soube que ele teria tido treinamento militar, na época hitelariana, talvez por isso a sua postura. O major Porto, do BCAV 1897, com quem estive em Mansoa e Mansabà ( 1966-1968 ), também tinha uma postura semelhante, mas era um doce de ser humano. (29/1/2013)

João Guerreiro > Com todo o respeito pelo Ser. General,,militar com muita presença, só lamento ter um  castigo na caderneta, na sua passagem por CContuboel,  70/72-Guiné. (29/1/2013).

José Tavares > Sou de  69-71. Vi-o várias vezes. Pessoalmente gostei da frontalidade com que ele falava com os soldados em primeiro lugar EREC FOX 2640 (29/1/2013)

Bernardino Cardoso  > 1968-69, Bula, Panhards Pel Rec 2024. Não falei desse aspecto do Spínola porque está tudo dito a seu respeito. Era um militar de grande craveira e que cativava o respeito e admiração de todos. Foi a Bula várias vezes. Só referi aquela história do whisky para apontar a forma determinada como entrou na Guiné e começou a arrumar a casa. Não foi só o whisky. Foram muitíssimas outras coisas. (29/1/2013)

Francisco Gomes >  Buba 68/69. O gen Spínola fez uma visita ao aquartelamento. A primeira atitude que teve foi dirigir-se aos soldados para saberem as condições em que estávamos em ordem a alimentação, reabastecimentos, etc.. Só depois se dirigiu aos oficiais e sargentos,  o que demonstrou que tinha apreço e humanidade pela tropa fandanga, tantas vezes humilhada por oficiais superiores. Grande Homem, Grande Militar, com os cojones no sítio. Participou numa coluna militar de Buba a Aldeia Formosa, com o seu habitual camuflado, luvas, bengalim, monóculo e as respectivas divisas vermelhas de oficial general... (30/1/2013)

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Nota do editor:

Último poste da série > 28 de janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11020: Facebook...ando (21): Joaquim Ruivo, ex-1º cabo mec obus 8.8, BAC (Santa Luzia, Bissau, out 61/ fev 64): Tocando os "Olhos Negros", no seu bandolim...

9 comentários:

Anónimo disse...

De: Augusto Silva Santos

Curiosamente, fui eu quem lhe fez a última guarda de honra no Depósito de Adidos em Brá, antes de ele, General Spínola, sair da Guiné e ser substituído pelo General Bettencourt Rodrigues. Fui destacado para o efeito por castigo (facto que consta da minha apresentação ao blogue e que me escuso agora de repetir), mas confesso que na altura foi para mim uma honra por ser um militar e pessoa da minha admiração e respeito. Anos mais tarde viria a encontrá-lo a almoçar na Casa do Alentejo em Lisboa, e não pude deixar de me dirigir a ele e de o cumprimentar, relembrando-lhe esse facto, algo que muito o sensibilizou. Na oportunidade falei-lhe também sobre a minha passagem por Jolmete, algo que sempre mexeu muito com o Gen. Spínola, pela morte dos 4 oficiais no Chão Manjaco, perto daquele aquartelamento. Cumprimentou-me e deu-me um abraço desejando-me felicidades. Não sei se seriam muitos os oficiais generais deste país a ter tal comportamento.

ze manel cancela disse...

Camarada Francisco Gomes,nao quero desmentir o teu comentario,mas tambem estive em buba de junho 68 a novembro de 69.Nao me lembro de ter visto lá o gen.Spinola,vi-o sim em Nhala no natal de 68 fez-nos uma visita surpresa,e como era natural num burako daqueles,andava tudo á balda,mas no dicurso que nos fez nunca se referiu ao á vontade que tinha-mos,no que respeita ao fardamento.Ele sabia falar aos soldados....Forte abraço camarada de buba.....

José Marcelino Martins disse...

Com Spínola só falei duas vezes:
Como General, na visita que fez às tropas empenhadas na Operação Lacoste, no Burmeleu, a sul de Canjadude e muito próximo do rio Corubal. Teve de "arrancar" rapidamente devido à "saída de um morteiro In".

Como Marechal, falei com ele no Hospital da Ajuda, quando estava em tratamento e eu visitava o meu genro que estava internado.

Nessa altura falamos longa e amigavelmente, facto que foi notado por muitas das pessoas presentes.

Falamos da Operação Lacoste e falamos do meu genro e a razão por que estava internado.

Já falava muito devagar e parava, porque a saúde já não ajudava. Não deixou de manifestar apreço por o ter abordado e deixou votos para as rápidas melhores "do rapaz".

Pouco tempo depois, foi ao encontro das "suas tropas celestes".

JD disse...

Camaradas,
Já aqui me referi ao nosso General por algumas vezes. Foi uma figura controversa, muito controversa.
Ambicioso, fazia o culto da imagem e do poder, e, para o efeito utilizava como ninguém os meios de comunicação social, que davam eco às suas iniciativas. Estudioso da situação portuguesa, publicou, e as suas obras foram sempre pedradas no charco, agitando a quietude da água. Como soldado, era ousado, e preocupava-se em saber sobre as circunstâncias da tropa, tanto em acção, como na rotina aquartelada.
Onde é que terá falhado? Arrisco algumas impressões:
Como estratega, parecia impulsivo, recuou e avançou com posições no terreno, que causavam alguma estupefação à tropa (abandono e reocupação de áreas, a invasão de Pirada), além de ter tido iniciativas contraditórias e/ou que não controlou (ao nível do estabelecimento de negociações, e sobre Conakry). Como gestor de uma organização, faltou-lhe o controle sobre os meios, o que seria relativamente fácil de implementar se tivesse criado um quadro de auditoria e controle, o que manteria melhores níveis no moral das tropas, além da poupança que incidiria no erário público. Como discipinador, teve atitudes de punição e promoção, suscetiveis de critica severa, principalmente no que respeita às punições públicas. Alternava com atitudes de tolerância, designadamente no que ao atavio dos militares e das unidades podia respeitar.
Relativamente à sua ambição política, no âmbito do confronto de posições (mais do que ideológico) com o governo, lembro-me do discurso de despedida, em que referiu: fala-vos um soldado velho... e adiantou, os traidores estão na retaguarda. Ainda acrescentou com ar paternalista, que estaria sempre ao nosso dispor.
Foi uma figura fascinante. E ao passar revista à tropa, fez um desvio à trajectória, colocou-se à minha frente, observou-me o cabelo, o patilhame, a mosca, o ar malandro, e quando eu já imaginava que iria mandar-me para fora da formatura, virou costas e prosseguiu.
Abraços fraternos
JD

Arménio Estorninho disse...

Caros Camaradas contemporâneos de Buba e Aldeia Formosa, Saudações.

O que me ofereço relativamente aos vossos comentários e daquilo que eu vi, dou-vos as minhas lembranças.

Assim, Enquanto andei entre Buba e Aldeia Formosa, (de Julho/68 a Maio/69) foi-me dado a observar o seguinte:
O General Spínola ter seguido numa Coluna Auto mas de Aldeia Formosa-Gandembel, tal situação provavelmente também foi presenciada pelo Francisco Gomes;
Relativamente à ida do General Spínola a Buba, também presenciei tais situações nomeadamente aquando da expulsão de parte da população de Buba, que era da etnia da qual fazia parte um pescador do Rio Buba e que fora conotado como informador do IN. (Talvez o Zé Cancela estivesse colocado em Nhala e por isso não tivesse oportunidade de presenciar o General).

Não esquecer que já se passaram 44 anos!

Com Abraços
Arménio Estorninho
Ccaç 2381 Os Maiorais de Empada

Jay disse...

O nosso General Spinola, que fez uma escala em Lisboa e aproveitou para selecionar, os comandos para a CCART 11, os que chegaram em Novembro de 70 a Bissau (os que embarcaram no Ana Mafalda foram os primeiros a chegar. O Capitão que seguia a bordo conseguiu ficar por Bissau e depois surgiu e muito bem o Capitão Almeida). Não gostei de Spinola, não só por ter recorrido a Oficiais, Furrieis e Cabos Milicianos que já não estavam em lista de mobilizáveis (2 meses antes eu e o Teixera recusámos 150.000$00 para tomar o lugar de 1 Furriel que era filho de 1 Coronel). E não gosto também porque era proputente... o facto de falar 1º com os soldados e depois com o Comandante... era uma treta. Por trás... Um aditamento, em 70/72 a CCAÇ11/CCART11 esteve por toda a zona Leste. Estivemos ainda em Bafatá. Bolama, Galomaro, Pirada (antes também eramos viajados) Spinola também era de Cascais (já era meu conhecido) na recepção à chegada a Bissau disse : Lamento mas... prometo que quando fizeres 21 meses estás a caminho da Metróple... foram 21 meses e 5 dias. Podia e tinha condições para ser um grande Comandante. Faltou-lhe um pouco de humildade no relacionamento com os seus Homens. Uma nta final, dou~lhe nota positiva e agradeço o Louvor recebido. Ex. Fur Mil Antunes CCART11/CCAÇ11

Anónimo disse...

Caros Tabanqueiros isto está tudo muito bem mas já não posso (ouvir)ler, que a Força Aérea se recusava a voar, como dizem alguns.Isso é de uma perfeita injustiça e ingratidão e menos sério, sobretudo para aqueles que pereceram em voo na altura que alguns dizem que a Força Area não voava e mais não digo.Porque senão alguns não iriam gostar.C.Gaspar

Anónimo disse...

Quanto ao General Spínola, é fácil opinar (não sou propriamente um admirador), lembra-me o futebol toda a gente ataca o treinador, mas ele o treinador é que conhece os balneários e tem que gerir a equipa muitas vezes com a prata da casa como era costume dizer-se.C.Gaspar

marieta disse...

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