sábado, 12 de janeiro de 2013

Guiné 63/74 - P10931: Recortes de imprensa (63): Homenagem, em maio de 2008, ao tenente capelão Joaquim Ferreira da Silva, jesuíta, natural de Santo Tirso, que pela sua coragem e lucidez terá evitado um banho de sangue no campo de prisioneiros de Pondá, Goa, em 19 de março de 1962 (JN- Jornal de Notícias, 12/5/2008)

1. Ainda a propósito da exposição "Álbum de Memórias: India Portuguesa, 1954-1962", que est+a a terminar (Lisboa, Padrão dos Descobrimentos: imagem do cartaz  à esquerda), reproduz-se aqui, com a devida vénia, a notícia da homenagem,  prestada em maio de 2008, por um grupo de ex-prisioneiros de guerra, ao tenente capelão Joaquim Ferreira da Silva,  cujo comportamento corajoso e lúcido no campo de prisioneiros de Pondá, em Goa, no dia 19 de março de 1962 poderá ter evitado um banho de sangue. (LG)

Goa recordada por prisioneiros

Ana Trocado Marques
JN- Jornal de Notícias, 12/5/2008

É o dia 19 de Março de 1962, pelas 18.30 horas. Campo de prisioneiros de Pondá, Goa, Índia. Três prisioneiros tentaram a fuga. Denunciada por um furriel português, a ousada manobra falhou e o acto de indisciplina iria ser pago com o fuzilamento dos 1750 militares portugueses, prisioneiros, em Pondá, desde 17 de Dezembro de 1961. A coragem e a diplomacia do tenente-capelão Ferreira da Silva haveria de evitar o banho de sangue.

Quarenta e seis anos depois, Fausto Diabinho [, foto à direita, há 50 anos atrás,] ainda não consegue conter as lágrimas ao recordar o fatídico 19 de Março. Viu a morte à frente. Lembra os companheiros a desmaiar, as metralhadoras apontadas, o pelotão de fuzilamento e a voz que gritava "Quem se mexer será abatido". Lembra, sobretudo, o tenente-capelão que, num acto heróico, sai da formatura, arriscando a vida, e consegue negociar com o brigadeiro indiano o perdão dos portugueses, evitando o massacre.

(...) Quarenta e seis anos depois, o Ministério da Defesa reconhece, finalmente, o acto heróico de Joaquim Ferreira da Silva, a quem atribui, a 7 Dezembro do ano passado, a título póstumo, a Medalha Militar de Serviços Distintos, grau ouro.

"Se hoje estamos aqui, devemos-lhe a ele", garante o vice-presidente da Associação Nacional dos Prisioneiros de Guerra (ANPG), que, anteontem, prestou, na Póvoa de Varzim, homenagem a Ferreira da Silva."Se fosse vivo, faria 92 anos", recordou Fausto Diabinho, explicando a escolha do dia para homenagear o tenente-capelão, sepultado no cemitério poveiro.

Foi igualmente em Maio, em 2003, continuou a explicar, que o Governo reconheceu a condição de prisioneiros de guerra, condecorando todos os ex-militares presos na Índia, Timor, Angola, Moçambique e Guiné. Finalmente, foi também em Maio de 1962 que os mais de três mil portugueses presos na Índia começaram a ser libertados.

"O ministro da Defesa, na altura Castro Caldas, teve a ousadia de dizer que não houve prisioneiros de guerra na Índia porque simplesmente estavam à espera de transporte", lembrou Fausto Diabinho, que recorda, com tristeza, os mais de 40 anos necessários para que Portugal reconhecesse que, a defender a pátria, três mil militares portugueses foram feitos prisioneiros, durante seis meses, e 29 perderam a vida. Agora, os ex-prisioneiros na Índia festejam, finalmente, o reconhecimento justo de quem "serviu a pátria e perdeu a vida" em defesa dos territórios portugueses de Goa, Damão e Diu.

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Nota do editor:

Último poste da série > 24 de dezembro de 2012 > Guiné 67/74 - P10854: Recortes de imprensa (62): Um caso de sucesso: a proteção dos hipopótamos de água salgada da ilha de Orango, nos Bijagós (RTP África, 10/12/2012)

2 comentários:

Luís Graça disse...

Não encontro nenhum sítio, página ou blogue da Associação Nacional dos Prisioneiros de Guerra. O que dá uma ideia da fraca visibilidade mediática que estes nossos camaradas têm... É preciso por isso ajudá-los e divulgar iniciativas como a esta exposição patente no Padrão dos Descobrimentos.

No valioso e utilíssimo portal dos nossos amigos do Ultramar Terraweb, encontrei a seguinte informação:

Associação Nacional dos Prisioneiros de Guerra.

Contactos:

Rua João Pereira da Rosa, n.º 18, 1249-032 Lisboa

Telefone: 213 468 245 / 6

Fax: 213 463 394

E-mail: anpguerra@gmail.com

http://ultramar.terraweb.biz/Associacao_ANPG.htm

C.Martins Pereira disse...

Mesmo tarde não me inibo de classificar esse tal Castro Caldas autor dessa e outras aleivosias e que infelizmente ocupou a cadeira do poder como um cretino anti patriota.
Carlos Martins pereira