quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10833: Mi querido blog, por qué no te callas?! (3): A moral da história, cada um que a tire; e quanto ao mural, cada um que o pinte... Relembrando o velho blogue-fora-nada, com amor, com humor, e votos de festas felizes para tertulianos de ontem e grã-tabanqueiros de hoje... (Luís Graça)



Página do nosso blogue, I Série,ã com o último poste, de 1 de junho de 2006


1. Para quem é "pira"  na Tabanca Grande, convirá aqui dizer que o blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné chamava-se,  originalmente, Blogue-Fora-Nada. Nasceu em 8 de outubro de 2003. O primeiro poste publicado, às 15h03, não tinha nada a ver com a Guiné e  intitulava-se Estórias com mural ao fundo - I: Ter ou não ter...e-mail.

Eu, na altura, tinha acabado de redigir e de entregar a minha tese de doutoramento, tinha  ido pela primeira vez a Angola... Precisava de "desopilar", de escrever coisas mais ligeiras, mas não pensei imediatamente nas minhas/nossas memórias da Guiné. É certo que os blogues também estavam na moda... como está hoje o Facebook e outras redes sociais. Aliás, as redes sociais começam com os blogues... Depois de vários "toques e retoques", esta era a apresentação do meu blogue:

blogue-fora-nada. homo socius ergo blogus [sum]. homem social logo blogador. em sociobloguês nos entendemos. o port(ug)al dos (por)tugas. a prova dos blogue-fora-nada. a guerra colonial. a guiné. do chacheu ao boe. de bissau a bambadinca. os cacimbados. o geba. o corubal. os rios. o macaréu da nossa revolta. o humor nosso de cada dia nos dai hoje.lá vamos blogando e rindo. e venham mais cinco (camaradas). e vieram tantos que isto se transformou numa caserna. a maior caserna virtual da Net!

Esta primeira série do nosso blogue vai de 8 de outubro de 2003 a 1 de junho de 2006. Neste espaço de tempo publicaram-se 825 postes, numerados de I a DCCCXXV (Numeração romana, que estopada!)... E, no final, contadas as  cabeças, éramos exatamente 111 os amigos e camarada da Guiné. Tratávamo-nos por "tertulianos", ou sejam, membros de uma tertúlia...  Aqui vai essa lista, já histórica...  Atenção que a lista está ordenada, por ordem alfabética, não por antiguidade...( Aproveito o ensejo para lembrar com saudade o nosso camarada Zé Neto, que a morte levou em 2007):

(1) A. Marques Lopes, 
(2) A. Mendes, 
(3) Abel Maria Rodrigues, 
(4) Afonso M.F. Sousa, 
(5) Aires Ferreira,
(6) Albano Costa
(7) Amaro Samúdio, 
(8) Américo Marques, 
(9) Ana Ferreira, 
(10) Antero F. C. Santos, 
(11) António Baia, 
(12) António Duarte, 
(13) António J. Serradas Pereira, 
(14) António (ou Tony) Levezinho, 
(15) António Rosinha, 
(16) António Santos, 
(17) António Santos Almeida, 
(18) Armindo Batata, 
(19) Artur Ramos, 
(20) Belmiro Vaqueiro, 
(21) Carlos Fortunato, 
(22) Carlos Marques dos Santos, 
(23) Carlos Schwarz (Pepito), 
(24) Carlos Vinhal, 
(25) Carvalhido da Ponte, 
(26) David Guimarães, 
(27) Eduardo Magalhães Ribeiro, 
(28) Ernesto Ribeiro, 
(29) Fernando Chapouto, 
(30) Fernando Franco, 
(31) Fernando Gomes de Carvalho, 
(32) Hernani Acácio Figueiredo, 
(33) Hugo Costa, 
(34) Hugo Moura Ferreira, 
(35) Humberto Reis, 
(36) Idálio Reis, 
(37) J. C. Mussá Biai, 
(38) J. L. Mendes Gomes, 
(39) J. L. Vacas de Carvalho, 
(40) João Carvalho, 
(41) João S. Parreira, 
(42) João Santiago,
(43)  João Tunes,
(44)  João Varanda,
(45)  Joaquim Fernandes,
(46)  Joaquim Guimarães, 
(47) Joaquim Mexia Alves, 
(48) Jorge Cabral, 
(49) Jorge Rijo,
(50)  Jorge Rosmaninho,
(51) Jorge Santos, 
(52) Jorge Tavares, 
(53) José Barreto Pires, 
(54) José Bastos, 
(55) José Casimiro Caravalho, 
(56) José Luís de Sousa, 
(57) José Manuel Samouco, 
(58) José Martins, 
(60) José (ou Zé) Teixeira, 
(61) Júlio Benavente, 
(62) Leopoldo Amado,
(63)  Luis Carvalhido,
(64) Luís Graça
(65) Luís Moreira (V. Castelo),
(66)  Luís Moreira (Lisboa), 
(67) Manuel Carvalhido,
(68)  Manuel Castro, 
(69) Manuel Correia Bastos, 
(70) Manuel Cruz, 
(71) Manuel Domingues, 
(72) Manuel G. Ferreira, 
(73) Manuel Lema Santos, 
(74) Manuel Mata, 
(75) Manuel Melo, 
(76) Manuel Oliveira Pereira, 
(77) Manuel Rebocho, 
(78) Manuela Gonçalves (Nela), 
(79) Mário Armas de Sousa, 
(80) Mário Beja Santos, 
(81) Mário Cruz, 
(82) Mário de Oliveira (Padre), 
(83) Mário Dias (ou Mário Roseira Dias), 
(84) Mário Migueis, 
(85) Martins Julião, 
(86) Maurício Nunes Vieira, 
(87) Nuno Rubim, 
(88) Orlando Figueiredo, 
(89) Paula Salgado, 
(90) Paulo Lage Raposo, 
(91/92) Paulo & Conceição Salgado, 
(93) Paulo Santiago, 
(94) Pedro Lauret, 
(95) Raul Albino, 
(96) Renato Monteiro, 
(97) Rogério Freire, 
(98) Rui Esteves, 
(99) Rui Felício, 
(100) Sadibo Dabo, 
(101) Sérgio Pereira, 
(102) Sousa de Castro, 
(103) Tino (ou Constantino) Neves, 
(104) Tomás Oliveira, 
(105) Torcato Mendonça, 
(106) Victor David, 
(107) Victor Tavares, 
(108) Virgínio Briote, 
(109) Vitor Junqueira, 
(110) Xico Allen, 
(111) Zélia Neno.

Em rigor foi em 1 de junho de 2006 que o Blogue-fora-nada passou a chamar-se simplesmente Luís Graça & Camaradas da Guiné, continuando "a ser o sítio (virtual) onde nos encontramos, sempre que quisermos e pudermos". Era descrito como  "um blogue colectivo que tem por missão ajudar a reconstituir o puzzle da memória da guerra colonial (ou do ultramar, ou de libertação, como queiram) na Guiné, hoje República da Guiné-Bissau, nos anos quentes de 1963 a 1974".

E acrescentava o blogador-mor, nessa altura, ainda sozinho: "É um blogue, em português, para tugas, turras e nharros, sem discriminação de alguma espécie (sexo, idade, nacionalidade, etnia, orientação sexual, estado civil, religião, clube, hobby, lobby, escolaridade, título, profissão, situação na profissão, posto na tropa, estatuto sócio-económico, idiossincrasia, etc.)". 

Mas voltando ao nosso primeiro blogue, foi só em 23 de abril de 2004 que criámos a série Guiné 69/71 e publicamos um primeiro poste: Guiné 69/71 - I: Saudosa(s) madrinha(s) de guerra... Ou seja, seis meses depois... Na realidade, o primeiro poste do Blogue-fora-nada, foi este que a seguir se reproduz...Ao relê-lo, vejo que tem uma inesperada atualidade, por diversas razões, que não vou aqui esmiuçar; em todo o caso, tenho pena que haja ainda muitos camaradas nossos - antigos combatentes - que não chegam até nós por, não por falta de um computador em casa, mas por falta de literacia informárica... Segundo os dados do estudo Bareme Internet da Marktest, em cada 10 lares portugueses há 7,3 lares que têm pelo menos um PC - computador pessoal, com utilização; e em 4 em cada 10 lares têm mais do que uma máquina...O número de lares onde existe computador aumentou três vezes mais, de 1997 (25.8%) para 2012 (73.4%). Em 2003, era de 42,7% e em 2006 de 52,9%. O problema está utilização diferencial do PC em função da idade e da escolaridade: é um domínio onde os mais novos estão muito  mais à vontade do que os mais velhos... E nalguns casos - refiro-me ao nosso blogue - são os filhos e netos que trazem pais e avós, antigos combatentes, até nós... Acho que é um ternura, e deve ficar aqui registado, para que esse exemplo floresça.

Bogue-fora-nada > 8 de outubro de 2004 > Estórias com mural ao fundo - I: Ter ou não ter...e-mail

[por Luís Graça, revisto hoje]

Tenho por (mau) hábito perguntar às pessoas que vou conhecendo "se têm e-mail"... Mas depois de ler a história a seguir, não vou ter mais lata para o fazer: (i) é indelicado; (ii) pode ser embaraçoso; e (iii) até pode dar azar...

Um dia houve alguém que me respondeu, com agressividade mal contida (mas compreensiva):
- Não tenho... e tenho raiva a quem tem ... Ou será que já é obrigatório por lei ?...

Nós, os ex-clérigos (durante séculos o pessoal universitário, incluindo os estudantes, estavam sujeitos ao direito canónico e só com o triunfo do liberalismo é que o reitor de Coimbra passou a ser um leigo!), temos dificuldade em imaginar um mundo sem livros, sem escrita, sem cátedras, sem professores e, agora, sem Internet, sem blogues,  sem Facebook, sem e-mail...

Não sei se é obrigatório ter e-mail (ou se vai sê-lo em breve), mas a verdade é que todos os dias nos ameaçam com a infoexclusão, uma espécie de upgrade das labaredas do inferno. Há muito boa gente que hoje em dia teme ser acusada de infoanalfabeta e pensa que, "pelo sim, pelo não, sempre é bom ter e-mail, não vá o diabo tecê-las"... E quem diz e-mail, diz outras buzzwords horríveis tais como url, password, username, nib...

Já assim pensavam, noutro contexto, os cristão novos de Trancoso que assinalavam, com uma cruz, as suas casas, não fossem os cristãos velhos desconfiar que eles eram judaizantes, logo ignorantes e inimigos da fé cristã (a única, a verdadeira, a dominante)... A cruz era a password e o e-mail daqueles tempos em que os portugas sucumbiram à tentação totalitária...

Por isso, "ter ou não ter e-mail: eis a questão" é uma história com moral... E com mural ao fundo. Bem ao fundo.  Ponderei seriamente se havia de a pôr a circular entre @s car@s ciberamig@s... Há sempre o risco de uma leitura demasiado literal, apologética, direi mesmo...primariamente neoliberal !!! Mas, pensando bem, o que conta são os factos, a narrativa (digna do melhor do Reader's Digest, diga-se de passagem). A moral, cada um que a tire. E quanto ao mural, cada um que o pinte... 

Moralistas e grafiteiros do meu país, divirtam-se! A minha (moral) é apenas a da filosofia baseada na evidência. E quanto ao mural, sempre preferi o branco-da-cal-da-parede. Com aviso, como comvém: (i) pintado de fresco; (ii) por favor não encostar à parede; (iii) é expressamente proibido fuzilar (contra o muro).

Por azar o meu, recebi esta mensagem por e-mail, através de um amigo angolano (J.D.) que, coitado, também ele tem o azar de ter e-mail, o mesmo é dizer, terminação em branco. Mesmo jogando no Euromilhões,  tanto ele como eu temos praticamente 100% de probabilidades de nunca virmos a ser milionários, como o herói desta história.

Dei à história o meu toque pessoal. Vocês usem-na (e socializem-na)... para os devidos efeitos. Não posso evitar eventuais tentativas de branqueamento da história. A história é para se usar e branquear, dizem os historiadores oficiais dos vencedores. Mas esse não é o meu ofício. No fim, não se esqueçam do nosso trato: Ciber-humor com ciber-humor se paga...

Ter ou não ter e-mail: eis a questão!

Um homem respondeu a um anúncio da MicroDura com uma generosa oferta de emprego para desempregados de longa duração. O lugar era para empregado de limpeza. Um adjunto do Gestor dos Recursos Humanos (GRH) entrevistou-o, fez-lhe um teste, tão simples como (i) varrer o chão, (ii) apanhar o lixo e (iii) enfiá-lo num saco...  No fim,  disse-lhe:
- Parabéns, o lugar é seu. Dê-me o seu e-mail para eu lhe poder enviar a ficha. Depois de preenchida e devolvida, aguarde que a MicroDura lhe comunique a data e a hora em que se deverá apresentar ao serviço nos nossos headquarters.

O homem, subitamente embaraçado e nervoso, respondeu que não tinha casa, e muito menos computador, e muito menos ainda Internet, endereço de correio electrónico e essas coisas todas. Era um sem-abrigo.

Aí o valente adjunto do GRH da MicroDura ficou branco como a cal da parede... Por essa é que ele não estava à espera!... Um cidadão norte-americano sem e-mail, o que era uma aberração sociológica, bloguissimamente falando !... O que iria pensar o Mr. Bill Gaitas ?!... Por fim, recompôs-se e disse, de maneira assertiva como tinha aprendido nos cursos da empresa sobre comunicação assertiva::
- Lamento muito, mas se eu o senhor não tem e-mail, isso quer dizer que virtualmente não existe; e, não existindo, não pode ter o privilégio de pertencer ao admirável mundo novo dos colaboradores da MicroDura.

O homem saiu, envergonhado e, pior ainda, mais desesperado e desempregado que nunca. Tinha apenas 10 dólares no bolso. Em vez de ir ao McSandocha’s matar a malvada, resolveu entrar num Bigmarket e comprar uma caixa de 10 quilos de tomate para revenda. Em menos de duas horas vendeu a mercadoria, porta à porta, num dos bairros mais próximos, habitado por negros e porto-riquenhos, tendo assim conseguido duplicar o seu capital. Repetiu a operação mais três vezes e obteve um lucro de 60 dólares. 

No fim do dia, concluiu que podia sobreviver dessa maneira, pelo menos por uns tempos. Passou a trabalhar mais horas por dia. Rapidamente aumentou o seu pecúlio, e em breve comprou a sua primeira carrinha, em segunda mão. Uns meses depois trocou-a por uma camião.

O resto da história é fácil de adivinhar: ao fim de um ano e meio já era dono de uma pequena frota e ao fim de cinco estava milionário, ao tornar-se o principal accionista de uma das maiores cadeias de distribuição alimentar nos Estados Unidos... Como podes imaginar, caro leitor, esta história de sucesso só podia ter acontecido na Terra Prometida e já se tornou um casestudy nos mais famosos cursos de MBA de todo o mundo. E em tempos de crise

Pensando no futuro da sua nova família, o nosso homem resolveu fazer um não menos milionário seguro de vida. Chamou um corretor ao seu escritório e acertou um plano. Quando a reunião estava praticamente concluída, o corretor de seguros pediu-lhe o e-mail para lhe poder enviar rapidamente a proposta de contrato. O homem-que-se-fez-a-si-próprio, afinal um herói americano, respondeu, com a maior naturalidade deste mundo, que simplesmente não tinha nem nunca tivera nem nunca provavelmente viria a ter um endereço de e-mail. O corretor não queria acreditar e comentou, em tom de brincadeira:
- Você não tem e-mail e construiu todo este império!... Imagine até onde poderia ter chegado, se tivesse e-mail!... Quem sabe se não poderia ter chegado inclusive até à Casa Branca!

O homem ponderou as palavras do corretor e respondeu-lhe, com a mais fina das ironias:
- Olhe, se eu tivesse e-mail, ainda hoje andaria, feito cão, a lamber o chão do escritório do Bill Gaitas!!!

Moral da história:

(i) Ter ou não ter e-mail, eis a questão;
(ii)  Se queres ser empregado de limpeza da MicroDura ou doutra grande empresa, procura antes de mais ter um e-mail. 

(iii) Se não tens e-mail, gostas de trabalhar e és empreendedor, ainda podes vir a ser milionário;

(iv) Se por acaso recebeste esta mensagem por e-mail é por que estás mais perto de ser empregado... de limpeza do que ser milionário...

(v) Se és antigo combatente da Guiné, se não tens PC, nem sabes usar a Internet, e queres vir a ser grã-tabanqueiro (leia-se: membro da nossa Tabanca Grande), não tens desculpa: pede ao teu filho ou teu neto que nos mande... um email, em teu nome... para luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com...

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Nota do editor:

Último poste da série > 18 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10822: Mi querido blog, por qué no te callas?! (2): (i) A guerra também é capaz de revelar o que há de mais sublime nos seres humanos (Hilário Peixeiro); (ii) ... E eu estou nesta bela caravana há quase 9 anos (David Guimarães)...

8 comentários:

Torcato Mendonca disse...

De quando em vez aparece uma voz dissonante, um escrito a falar deste Blogue que vai acabar, trata de assuntos sem interesse e tanto, tanto mais.

De quando em vez respondem. Outras,e bem, nada dizem qual caravana, caravana enorme e plural, como sempre se desejou;caravana que se foi enchendo de antigos Camaradas da Guerra Colonial, do Ultramar ou de Libertação. Guerra ou Guerras a trazerem as memórias desses homens e mulheres ao presente e aqui. Este só será entendido, hoje ou no futuro, se vier aqui ou acolá em estórias (histórias) contadas, discutidas em liberdade de opinião diversa, em discussão mais ou menos acalorada pois, só assim nos entendemos: em liberdade, em opinião diferente. Se tudo fosse concordante algo estaria mal. Claro que há, não digo situações, mas definições, palavras, adjectivações que arrepiam este ou aquele no seu modo de estar na Vida, de participar no colectivo. Está certo se de boa fé vier. Pode haver, felizmente,quem seja irredutível na sua maneira de tratar os temas. É provável.
Eu disse felizmente porque, caso haja essa irredutibilidade (ou maldade?...) será a mesma potenciadora do avanço, da força deste Blogue, desta Tertúlia de ex combatentes da Guiné, a que, e foi óptimo, outros se juntaram.

Orgulha-me pertencer ao Blogue (salvo erro desde Maio/2005 ou 06), com altos e baixos de participação, de atenção,de concordância (confesso que, questão de mau feitio meu, me irritam certos comentários e...), mas participo. Hoje mais calmo depois de mais de duzentos escritos. Espero continuar, espero participar e, como tudo na vida, um dia parar. Podia parar já ou não vir aqui diariamente ...poder podia mas o meu quotidiano ...não seria o mesmo...!!!
Longa Vida ao Blogue e aos Tertulianos.

Ab T.

Luís Graça disse...


15 de maio de 2006, meu caro!


15 Maio 2006
Guiné 63/74 - DCCLIII: O Malan Mané estava vivo em Novembro de 1969 e eu abracei-o (Torcato Mendonça)

Texto do Torcato Mendonça (ex-Alf Mil da CART 2339, Mansambo, 1968/69):

O [Carlos] Marques dos Santos deu-me a conhecer este blogue. Há muito que a guerra acabou para mim, só que quase diariamente ela aparece…! Não resisti, fui à Net e tenho navegado pelo blogue.

Fui alferes miliciano na CART 2339 [Fá Mandinga e Mansambo, 1968/69](1). Li certos eventos que os vivi: por exemplo, o Malan Mané (2) estava vivo em Novembro de 1969 e recebia tratamento no Hospital Militar de Bissau. Abracei-o, causando espanto ao fuzo que o guardava. Só que eu estive na mata com o Malan Mané, soube que foi ferido (... Eu usava como arma, quando se justificava, o dilagrama)...

Meu caro, há escritos que não tinha deles essa recordação. Vou ter que ir á História da Companhia. Agradeço-lhe este blogue, o fazer-me relembrar certas vivências e questionar-me sobre outras. A Mansambo da foto não era a do meu tempo. O Zacarias Saiegh [da 1ª Compnahia de Comandos Africanos] foi meu amigo. Era um homem extraordinário, ele e outros que foram meus camaradas e foram fuzilados. Nunca os esqueço e não sei perdoar.

Vou reler a história da CART 2339 e talvez um dia faça um escrito e lho envie. Em Madina Xaquili o meu Grupo de Combate fez escolta a uma CCAÇ… seria a 12? Estávamos no Cop 7, em Galomaro É a memória a abrir-se. Paro aqui.

Um abraço do

Torcato Mendonça


Apartado 43,

6230-909 Fundão

____________


16 Maio 2006
Guiné 63/74 - DCCLX: Bem vindo, alferes Torcato da CART 2339 (Mansambo, 1968/69)

Texto do CMS (Carlos Marques dos Santos):

Luís:

É com satisfação que vejo entrar na tertúlia o nosso Alferes Torcato.

A propósito do almoço da CART 2339, no próximo dia 20, no Gerês, enviei a nossa morada tertuliana e o Torcato ligou-me de imediato. Estivemos meia hora ao telefone, recordando factos da nossa experiência vivida na Guiné.

Um dos factos dizia respeito ao Malan Mané e à emboscada que nós tinhamos preparada na sequência da acção dos fusos [ou melhor, dos páras. L.G.]

Eu estava lá, em pé, atrás de um baga-baga, atento, e vi chegar 2 batedores do Bigrupo em fuga.
A minha secção era a da bazuca e o Moreira (apontador), percebendo que a linha de progressão do IN viria concerteza atrás, disparou.

Soubemos depois que Mamadu Indjai (comandante de Sector) tinha sido ferido.

Estes factos já foram contados, mas vêm a propósito.

Um abraço, camarada Torcato, e bem vindo.

Um abraço para ti, Luís.

CMS

_______________


http://blogueforanada.blogspot.pt/search?q=Torcato

José Marcelino Martins disse...

Finalmente fui informado do meu número no blogue, ainda que "oficiosamente".
Pelo sim, pelo não, parece que sou o nº 58.
Será assim?

Luís Graça disse...

Não, Zé Martins, esse número, o 58, não tem nada a ver com o nº de sócio, de ordem, de antiguidade, de admissão,de chegada ou coisa parecida... Tu és o 58 numa lista de 111, devido apenas á ordem alfabética... Eu que fui o fundador do blogue sou o 64... Com tempo e pachorra, sou capaz de te dizer quando é que entraste para a nossa "tertúlia"...

Um dos teus primeiros postes, se não o primeiro, é do início de 2006... Tens vários, em fevereiro, março, abril, maio...

8 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDXXX: A retirada de Madina do Boé (José Martins)

http://blogueforanada.blogspot.pt/2006/01/guin-6374-cdxxx-retirada-de-madina-do.html

Julgo que o primerio a falar da CCAÇ 5 e de Canjadude foi o João Carvalho... De qualquer modo, hoje és um "ancião" da Tabanca Grande!

Boas e santas festas para ti e família. Luis

Anónimo disse...

Comentário do Belarmino Sardinha, em mensagem de hole, 18h42

Luis,

Embora conhecendo já a história que contaste, adorei. A introdução também não é pior...

A título de exemplo e sobre internet, sim ou não, poupando palavras e tempo, repara que todos os dias a televisão informa quem está desempregado para "consulte a net emprego ou veja em RTP informação o programa..." como se fosse possível ter qualquer destes serviços grwtuitos.

Não será que também quem responde dessa forma esconde, talvez, pelo menos em alguns casos, uma certa falta de ($)tempo...

Aproveito para dar uma achega ao funeral antecipado do blogue. Há quem diga que quanto mais nos desejam a morte mais tempo de vida nos dão... se assim for acrescentaste mais uns anos a este espaço.

Nem todas as vozes chegam ao céu...
Um abraço
BS

Bispo1419 disse...

Viva o blogue, viva esta casa e todos os seus habitantes e visitas! Viva!

Meu caro Luís Graça e meu muito estimado editor:
Não me foi possível comentar o P10813 de 17/12 próximo passado e com o mesmo título deste. Assim, aproveito agora para dizer alguma coisa já que se anda dentro do mesmo assunto.

Este blogue está vivo e recomenda-se, repito o que já disse há tempos.
O desenrolar da vida de cada ser provoca sempre "lixo", não sendo assim de estranhar que apareça por aqui algum. Mas nesta casa não deve haver caixote de lixo a não ser em casos de extrema necessidade. Até porque a haver caixotes de lixo não seria só um, seriam precisos centenas deles. No limite, um para cada um dos membros. É que tenho de partir do princípio de que a minha visão do que é lixo não é igual à d(e)os outros; e o contrário também poderá ser (é) verdadeiro.

Acho que este blogue deve a sua vida (já longa para "seres" deste tipo) à pluralidade das vivências dos seus membros, quase todos combatentes, que o foram numa guerra, com as mais variadas opiniões e visões sobre o que aconteceu. Esta pluralidade existe porque tem havido tolerância e respeito por cada um e pelas suas opiniões. A este propósito pode ter havido uma ou outra falha, admito-o, mas ... onde não há falhas?.
Tem havido e espero que continue a haver tolerância para erros e omissões (partindo do princípio de boa fé para quem o fez). E tolerância até para afirmações, consideradas "ofensa" por alguns, que não sejam uma tentativa de assassinato de caráter mas sim o resultado infeliz do uso de certas palavras e/ou expressões sem que o seu autor se tenha apercebido disso ou então tenha tido uma noção diferente da gravidade das suas afirmações. Mas neste caso deverá sempre pedir desculpa a quem se tenha sentido ofendido, sob pena de anulação do texto publicado se o não fizer.

(Continua)

Bispo1419 disse...

O blogue ser um polo de discussão, às vezes polémica? Ainda bem, da discussão nasce a luz, diz-se e com razão. A discussão é o sal da vida, só quem não é nada, quem não tem ideias, está à margem dela.
Eu vejo-o como um "ser vivo" dependente dos seus fornecedores/ frequentadores e montra das qualidades e defeitos da sua "alimentação". As suas qualidades suplantam esmagadoramente as suas deficiências.
É verdade que de vez em quando aparece alguém a agourar o seu fim próximo. Vem sempre senhor da verdade, a sua "verdade única". Devem ser adeptos de uma sociedade onde só seja permitido olhar em frente, sob voz de comando, não se podendo olhar para outro qualquer lado para não contaminar a visão escolhida pelo poder onde assenta a verdade única que deve ser seguida por todos.Esta gente que venha ao blogue, não será mal recebida mas não estranhe a frieza da receção.

O blogue poderá acabar? Sim, mas só quando a natureza impedir os seus fornecedores de lhe darem matéria prima e os faça "emigrar" para outros mundos, sejam eles de luz, de sombra ou de vazio eterno.

Ele é rijo e a sua morte não anda por perto. Por isso irei continuar a ver nele a "nossa" câmara de gritos, gritos de coragem, de alegria, de tristeza, de amizade, de solidariedade e de camaradagem. E também verei proclamações de vaidades, de sobranceria, de egoísmos e até de ignorância convencida. Mas qual é o problema por ser assim? -Nenhum! A sua vida será mais longa se nele se mantiver esta variedade de gentes e de opiniões.

Para ti, meu caro Luís um abraço e um muito obrigado pela paternidade deste sr. blogue.

E para ti,"Luís Graça & Camaradas da Guiné", muitos parabéns pelo que és!
E muito obrigado pelos belos momentos que já me proporcionaste, alguns deles carregados de emoção.
Finalizo também com um obrigado aos teus fundadores.

O teu amigo
Manuel Joaquim

Álvaro Vascooncelos disse...

Bom dia estimado Camarada.
Luis, com um sentimento fraterno de agredecimento pela criação deste grandioso elo de confraternização entre todos os que passaram pelo CTIG,deixo aqui expresso votos de uma época festiva repleta de boa venturança para tdos os que partilha-mos memórias de um tempo que marcou a geração 50/75. Vinte e cinco anos; cerca de 9125 dias, que, quase meninos, sofreram marcas que só o Blogue, uma feliz iniciativa, pôde permitir compartilhar neste milénio!
Bem hajam todos os que, dia a dia, acrescentam um pouco a tão explendorosas páginas!
Uma grande abraço, Feliz Natal e uma novo ano cheínho de coisas melhores,... como, por graça, SAÚDE!