sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Guiné 63/74 - P10643: Manuel Serôdio, ex-fur mil CCAÇ 1787 (Empada, Buba, Bissau, Quinhamel, 1967/68) (Parte V): O subsetor de Empada

1. Continuação do texto de Manuel Serôdio sobre a história da sua CCAÇ 1787:


Alguns dados sobre Empada, Gubia e Ualada

(i) Empada

- Empada é uma sede do posto administrativo do Cubisseco, tendo aproximadamente uma população de 3000 habitantes.

- Quase todas as etnias  da província estão representadas em Empada, embora a maioria sejam Beafadas. As outras etnias são os Manjacos, Fulas, Mandingas, Bijagós, Balantas e Mancanhos.

- A grande parte da população dedica-se à agricultura. As outras atividades são a caça e a pesca.

- Cultiva-se o arroz, a mancarra, o milho, o feijão, o fundo e pouco mais.

- Pesca-se a bicuda, a tainha, o barbo, a corvina, e muitas outras espécies.

- A caça é muito abundante na zona, principalmente na época das queimadas. As espécies mais vulgares são o porco de mato, a gazela, a cabra de mato e o sim-sim

- A povoação de Empada encontra-se toda dentro do arame farpado, com abrigos em toda a volta, que são defendidos em conjunto por civis e militares.

- Quase todas as famílias têm o seu abrigo junto à tabanca, onde se recolhem durante os ataques.

(ii) Ualada

- Ualada era uma tabanca junto à bolanha do mesmo nome, e junto à qual existiu um destacamento defendido por 2 grupos de combate. Tendo o destacamento sido abandonado e destruido pelas nossas tropas, a população de Ualada, refugiou-se em Empada.

(iii) Gubia

- O destacamento de Gubia, foi construído com a finalidade de atrair para o nosso lado a população daquela zona inteiramente controlada pelo inimigo. Era totalmente constituído por casernas abrigo, defendido por 3 grupos de combate.

Por ter sido decidido não haver vantagem, foi o destacamento de Gubia destruido e evacuado pelas nossas tropas. Durante a permanência das nossas tropas na zona de Gubia, foram recuperados vários elementos da raça Mancanha, que posteriormente foram viver para Empada.


Atividade desenvolvida pela unidade no subsetor de Empada

1968
Janeiro


- Picagem e patrulhamentos diários às estradas para o cais, Ualada e à pista de aterragem.

- Segurança aos aviões e barcos que demandaram Empada.

Fevereiro


- Picagem e patrulhamento diários às estradas para o cais, Ualada e à pista de aterragem.

- Segurança aos aviões e barcos que demandaram Empada.

- Patrulha ofensiva contra um grupo inimigo detetado pela população civil que se encontrava a trabalhar na bolanha. A força que saiu, estabeleceu contato com o inimigo, que vinha armado com pistolas metrelhadoras e lança-roquetes. Imediatamente outra força saiu do quartel, além de muitos elementos da população que correu para o local de contato, sem no entanto terem chegado a atuar, pois o inimigo pôs-se em fuga.

Março

- Picagem e patrulhamento às estradas para o cais, Ualada e à pista de aterragem.

- Segurança aos aviões e barcos que demadaram Empada.

- Operação "Pedal"

Situação:

- O inimigo desloca-se com frequência à zona de Missirá-Buduco, com o fim de patrulhar a área e emboscar as nossas tropas.

Missão:

- Patrulhar a zona, verificar o estado da estrada até ao cruzamento de Buduco, verificar a localização habitual dos canhões sem recuo e morteiros de 82 do inimigo, possibilidades de armadilhamento, e o estado da mina anti-pessoal montada pelas nossas tropas em Cancumba Beafada.

Forças executantes

- 1 grupo de combate da Companhia 1787

- 1 grupo de combate da Companhia de Milícias n° 6

Sem contato.


Operação "Tentativa"

Missão:

- Patrulhar a região entre Cancumba Beafada e o cruzamento de Caur, a corta mato, procurando encontrar vestígios da passagem do inimigo. Verificar no respetivo cruzamento, quais os pontos mais favoráveis, não só ao inimigo para montagem de emboscadas às nossas tropas que utilizem o itenerário Empada-Gubia, como também os pontos mais favoráveis às nossas tropas, por forma a montarem emboscadas a elementos inimigos que pretendam atuar no referido itenerário, a partir da penísula da Pobreza.

Deitar fôgo ao capim que se encontra altíssimo, de modo a dificultar o inimigo na montagem de emboscadas às nossas tropas.

Forças executantes:

- 1 grupo de combate da Companhia 1787

- 1 grupo de combate da Companhia de Milícias n°6

Sem contato

Operação "Liga"

Missão:

- Operação destinada a proceder à rendição de 1 grupo e combate da Companhia 1791 e de 1 grupo de combate da Companhia de Milícias n°6

Forças executantes:

- Destacamento A: 1 grupo de combate da Companhia 1787

1 grupo de combate da Companhia 1791

1 grupo de combate da Companhia de Milícias n° 6

- Destacamento B: 1 grupo de combate da Companhia 1787

1 grupo de combate da Companhia de Milícias n° 6

- Destacamento C: 1 grupo de combate da Companhia 1787

- Destacamento D: 1 grupo de combate da Companhia 1787

A rendição processou-se sem incidentes


Operação "Querubim"

Situação:

- A tripulação do navio "Formosa" avistou um grupo não identificado superior a 50 elementos na área da península defendida por Buduco, Bricama, Gã-Chiquinho, Formoso Curto e Bisauzinho, a qual hà muito não é patrulhada pelas nossas tropas.

Missão:

- Patrulhar a área e reconhecer o terreno, com especial atenção para os prováveis locais de desembarque. Em caso de encontro com o inimigo, aniquilá-lo.

Forças executantes:

- 1 grupo de combate da Companhia 1787

- 1 grupo de combate da Companhia 1791

- 2 grupos de combate da Companhoa de Milícias n°6

Sem contato nem vetígios.

Emboscada realizada por forças do destacamento de Gubia em 27 de Março
Forças executantes:

- 1 grupo de combate da Companhia 1787

- 1 grupo de combate da Companhia de Milícias n° 6

Montada a emboscada pelas 3 horas da madrugada, cerca de 1 hora depois, revelou-se 1 grupo inimigo, com o efetivo entre 15 e 20 elementos, vindos da direção de Caunto, todos eles armados, trazendo 2 elementos mais destacados, que foram eliminados. O inimigo reagiu imediatamente, travando-se intenso tiroteio de cerca de dez minutos, após o que o inimigo retirou. Ao amanhecer foi efetuada uma batida pela nossas tropas. O inimigo sofreu 4 baixas confirmadas e mais baixas prováveis.

Foram capturadas

- 1 espingarda Mosinagant
- 20 granadas de canhão sem recuo
- 5 granadas de morteiro 82
- 5 granadas de lança granadas foguête
- 1 carregador de metrelhadora ligeira Degtariev
- 1 carregador de pistola metrelhadora Sudayev
- 1 carregador de espingarda Kalashnicov
- 1 bornal
- 100 cartuchos

Sem incidentes para as nossas tropas.

Durante uma patrulha efetuada na região de Pedingal-Lala (Gubia), foi detetada e destruida no local, uma mina anti-pessoal.

Abril


- Picagem e patrulhamento às estradas para o cais, Ualada e à pista de aterragem

- Segurança aos aviões e barcos que demandaram Empada.


Operação "Quaresma"

Operação destinada à rendição de 1 grupo de combate da Companhia 1787 e de 1 grupo de combate da Companhia de Milícias n° 6 no destacamento de Gubia.

Forças executantes:

- 4 grupos de combate da Companhia 1787

- 3 grupos de combate da Companhia de Milícias n° 6

Sem incidentes

Maio

Operação "Quimera"

Situação:

- a Companhia possui 1 destacamento em Gubia. Torna-se necessário render 1 grupo de combate da Companhia 1787, e 1 grupo de combate da Companhia de Milícias n° 6 naquele destacamento. Em 13 de Maio, 1 grupo inimigo não estimado, efetuou fôgo de reconhecimento na região do cruzamento Caur, e de seguida lançou 3 granadas de morteiro de 60 na direção de Empada.

Missão:

- bater a área do cruzamento Caur, e atuar ofensivamente sobre os elementos inimigos que se revelassem.

- montar emboscadas próximo do referido cruzamento, por força a criar insegurança ao inimigo.

- patrulhar o itenerário Empada-Gubia.

- proceder à rendição.

Forças executantes:

- 2 grupos de combate da Companhia 1787

- 4 grupos de combate da Companhia de Milícias n° 6

Nas proximidades da estrada que conduz à Pobreza, foi avistado ao longe 1 grupo inimigo de 8 a 10 elementos. Tentou-se a aproximação, mas fomos detetados. Foram lançadas 2 secções em sua perseguição durante cerca de 500 metros, mas suspenderam a mesma, por não haver possibilidades de sucesso. Feita uma batida de sul para norte, constatou-se que o grupo inimigo estivera emboscado no cruzamento de Caur. Processaram-se em seguida os movimentos necessários à rendição sem mais incidentes.
Operação "Queimadura"

Situação:

- a Companhia possui un destacamento em Ualada, que tem sido flagelado com uma certa frequência do lado de Aidará, embora por pouco tempo, e com armas ligeiras.

- a península de Faracunda, hà muito que não é patrulhada, e torna-se necessário verificar as cambanças possíveis da bolanha de Aidará.

Missão:

- patrulhar ofensivamente a área entre Empada e Faracunda Balanta, e montar neste último local, uma rede de emboscadas.

Forças executantes:

- 1 grupo de combate da Companhia 1787

- 1 grupo de combate da Companhia 1791

- 2 grupos de combate da Companhia de Milícias n° 6

Sem contato nem vestígios.

(Continua)
_____________________

Nota do editor:

Último poste da série > Guiné 63/74 - P10612: Manuel Serôdio, ex-fur mil CCAÇ 1787 (Empada, Buba, Bissau, Quinhamel, 1967/68) (Parte IV): As Nossas Tropas

2 comentários:

Arménio Estorninho disse...

Camarigo Manuel Serôdio, Saudações empadenses.

Empada e os seus limítrofes, como não podia deixar de o ser são-me familiares e agora fazendo a leitura do extraído da história da tua Unidade, levou-me ao tempo que percorria aquelas zonas.

PS: Relativamente à foto colocada no Poste P10570, o Andrade esclareceu que ele é o que está sentado e de frente e a simular levar a bazuca à boca.

Relativamente ao cowboy do tiro ao alvo na pista, o Andrade em conversa com o "Avintes" ficou esclarecido que não foste tu mas outro ex-Fur. O seu a seu dono.

O Avintes também lhe disse que a Ccaç. 1787, irá ter o próximo almoço-convívio em Faro-Algarve e será organizado pelo Vairinhos.

Com Um Abraço
Arménio Estorninho

Unknown disse...

Camarada e amigo Arménio, o Andrade jà não se conhece? O que está sentado e de frente, preparado para atacar a bazuca, é o Furriel Gonçalves, das transmissões. O Andrade é o que está de pé, à direita.