quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10372: Blogoterapia (216): As amizades são para serem vividas (José Câmara / Carlos Vinhal)

1. Mensagem do nosso camarada José da Câmara (ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73):


As amizades são para serem vividas

Tinha sido uma manhã repleta de emoções, aquela que vivera no Santuário de Fátima. Mas havia mais para viver naquele dia, muito mais! O nosso grupo meteu pés aos aceleradores em direção a Coimbra, a nossa próxima paragem. Naquela cidade universitária, numa das estações de comboio, iríamos buscar o nosso Cap. Rogério Alves que, vindo do Algarve, ali aguardaria por nós.

A esse grande Homem já me referi várias vezes e do respeito que ele me merece, aliás a todos os membros da CCaç 3327. Não é segredo para ninguém a admiração que sinto por aquele senhor. No nosso abraço há um tremendo respeito pelo Comandante, mas acima de tudo pelo homem que foi e nunca deixou de ser.

Cumprida a nossa missão em Coimbra, o nosso próximo destino seria Mealhada, terra onde se serve, diz-se, o melhor leitão da Bairrada. Mas eu não estava ali por causa do bacorinho e dos espumantes que acompanhariam a delícia da região.
Mesmo assim, justiça seja feita ao pitéu, uma delícia.

Tropa especial na Mealhada: Cap. Alves, Furs. J. Cruz, L. Pinto, J. Câmara, Alf. Almeida e Fur. C. Vinhal e na frente o Cabo Isolino Picanço

Em boa verdade, a ida à Mealhada teve um único propósito, abraçar um amigo muito especial e a sua esposa, o Carlos Vinhal e a Dina. Este casal dispensa apresentações e todos sabemos aquilo que o Carlos representa no nosso blogue, o trabalho que desenvolve e a atitude consensual e de equilíbrio que empresta nos seus artigos e comentários.

Mas o Carlos que eu conheço é muito mais que isso. É, acima de tudo, aquele que me aceitou tal qual eu sou, uma salada de culturas. Aquela que me viu nascer, crescer e educar e a que vivi a maior parte da minha vida. Cedo compreendeu a minha forma arrebatada e emocional com que enfrento as paisagens da Vida e não arredou pé quando, num curto espaço de meses, perdi três membros da minha família. A sua amizade e amparo constantes serão sempre profundamente reconhecidos.

Foi a esse homem extraordinário, amigo e irmão que o tem sido, que fui dar um abraço. Valeu a pena tê-lo feito. Há amizades que nascem sem sabermos como, mas sabemos e bem porque continuam e se cimentam.

Carlos Vinhal, José Câmara e Dina Vinhal

Neste abraço de amizade, nesta oportunidade, também conheci a esposa do Carlos, a Dina, uma senhora de sorriso largo e irradiante de simpatia. Feitas as apresentações, a Dina e a minha esposa entabularam conversa, fizeram o seu próprio mundo como se fossem conhecidas e amigas de longa data.

Obrigado Dina pela forma simpática e amiga como recebeste e trataste a minha esposa.

Após o almoço ainda houve tempo para o casal Vinhal conhecer e conversar com o grupo da Caç 3327, testemunha do nosso abraço.

Na hora da despedida carregava com uma garrafinha de Leça de Palmeira. Acima de tudo, levava um saco de saudades e da certeza que um dia nos voltaremos a encontrar.

Porque a amizade é e será sempre um encontro de vidas e de sentimentos.
José Câmara


2. Comentário de CV:

Caro José, se me permites, vou partilhar contigo este poste.

O Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné trouxe à minha vida de reformado duas coisas, imenso trabalho, mais do que supunha, e muitas, boas e sinceras amizades e, uma ou outra situação menos boa é de longe suplantada pela amizade e consideração que me são dispensadas pela esmagadora maioria da tertúlia.

Como sabes, mercê do convívio com camaradas militares madeirenses, em instrução e na situação de Unidade de quadrícula na Guiné, comecei a ver os nossos ilhéus como um povo especial que não se deixa confinar às margens das ilhas onde nasceram. A maioria emigrou e é vista no mundo como exemplo a seguir, constituindo um orgulho para Portugal.

Entre várias amizades açorianas, mantenho contacto frequente com um velho amigo, o faialense Primeiro Rita da minha Companhia, um dos homens que marcou a minha juventude. Já no Blogue criei uma certa empatia com o Carlos Cordeiro e contigo.
Não posso nem devo esquecer ainda os "meus" 1.ºs Cabos Inácio e Ornelas, madeirenses da minha CART 2732, militares com capacidade para substituir qualquer oficial no comando de um pelotão e que ficaram amigos para o resto da vida.

Nesta foto, estou em presença do irmão José e da Isabel sua esposa, a minha cunhada

Aqui estão companheiras de cinco dos sete  bravos militares presentes na operação "Bacorinho"

Voltando a ti, irmão José, assim nos tratamos particularmente, acho que conquistei a tua amizade quando num momento particularmente aflitivo da tua vida te enviei simples mas sinceras palavras  de conforto. Claro que aceitei sem hesitar a tua sugestão de "ser teu irmão" por ser essa a tua vontade, o que considero uma honra já que por coincidência sou filho único. 

Foi emocionante conhecer-te pessoalmente já que nunca pensei que tal fosse possível. Só a partir da altura que começaste a vir ao Continente ao convívio da tua 3327, este ano foi a tua segunda presença, se perspectivou um encontro, mesmo curto que fosse. O ano passado não sugeri que nos encontrássemos porque era a primeira vez em 40 anos que irias rever os teus camaradas e não quis de algum modo retirar-te desse convívio. Este ano pudemos concretizar o nosso encontro com a agradável presença dos teus camaradas.

A Isabel e a Dina facilmente se entrosaram porque ambas são umas mulheres valentes, a tua lutando a teu lado em terras do Tio Sam e a minha dentro deste pequeno rectângulo peninsular.

Falando agora da garrafinha que levei de Leça da Palmeira, era uma garrafa de Porto D. Antónia.
A figura de Antónia Ferreirinha (a Ferreirinha) é um símbolo de persistência e resistência num mundo de homens, onde os ingleses imperavam. Viúva muito nova, lutou praticamente sozinha contra tudo e contra todos, inclusive contra os males que atacavam as vinhas do Douro, sem nunca se deixar abater.
Quando te levei aquela garrafa quis homenagear o homem que longe do seu solo pátrio, encarou, estranhou e entranhou uma cultura muito diferente da sua e venceu.

Caro José, és alguém que na diáspora honra o nome de Portugal e de quem nos devemos orgulhar. Claro que quando falo de ti, falo daqueles que constituem a "tua casa", a tua esposa Isabel e os vossos filhos e netos.

Caro irmão, desculpa ter ocupado o teu poste mas tinha que dizer isto aqui e agora.
Muito obrigado por seres meu amigo e por me quereres como a um irmão.
____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 6 de Setembro de 2012> Guiné 63/74 - P10338: Blogoterapia (215): Obrigado por me terem na vossa lista de amigos e camaradas (José Martins)

4 comentários:

Luís Graça disse...

Ao Zé e ao Carlos, um especial abraço de parabéns por esta amizade tão bonita, nascida á sombra do poilão da nossa Tabanca Grande!...

Subscrevo inteiramente as palavras justíssimas que o Zé escreveu sobre o Carlos. E li, com atenção e apreço o comentário do Carlos...

Na realidade, as amizades são para serem vividas, Zé!... Tenha pena de ainda não te conhecer pessoalmente. Por outro, é verdade que este blogue não seria o que é (ou o que já conseguiu ser) sem o Carlos, como dedicadíssimo, leal e emocionalmente inteligente coeditor... E de muitos e grandes camaradas como tu, Zé!

Um bj para as nossas meninas.

LG

Bispo1419 disse...

Não é nada comigo (?) mas fiquei emocionado com este "post".
Apetece-me abraçar os dois, o José Câmara e o Carlos Vinhal. Que sejam muito felizes, estes homens bons!
E aqui vai o grande abraço do
Manuel Joaquim

Hélder Valério disse...

Caros camaradas

Este 'post' é um 'mimo'.
No seu todo, contendo a emotividade incontida do José Câmara, bem completado pelo texto do Vinhal, podemos encontrar uma das grandes virtudes desta 'comunidade virtual' que, como se pode ver, às vezes assume aspectos bem reais.
E essa virtude é a da autenticidade dos sentimentos de amizade que por aqui se geraram (e geram), à parte uma ou outra questiúncla, aproximando e identificando pessoas que não tinham nada em comum, a não ser terem pisado (mesmo em locais e em épocas diferentes) a mesma terra nas mesmas condições que exigiram superação.
Não há dúvida que o J.Câmara e o Carlos V. representaram bem o seu papel neste 'encontro de irmãos'.

Abraços
Hélder S.

Luis Faria disse...

Amigos
Câmara e Vinhal

De novo a "Tabanca grande"deu origem a uma bem planeada e sincronizada "operação"(acção?)Amizade, em que o objectivo era enfrentarem-se pela primeira vez duas Almas boas e com afinidades fortes.

Foi amplamente conseguido,segundo rezam os relatórios em que nas entrelinhas sobressaem as emoções.

Um abraço
Luis Faria