domingo, 9 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10354: Furriel enfermeiro, ribatejano e fadista (Armando Pires) (1): A estreia de um fadista ou a desesperança do Esperança, no EREC 2454, do cap cav Manuel Monge




Guiné > Região do Cacheu > Bula > 1969 >  O 1º Sargento Correia, eu e o morro que separava a parada das instalações onde dormia e vivia o pessoal do EREC 2454, que era comandado pelo cap cav Manuel Monge




Guiné > Região do Cacheu > Bula > 1969 > Eu e o Furriel Moncada Cordeiro 



Guiné > Região do Cacheu > Bula > 1969 >  CCS/BCAÇ 2861 > O Furriel Francisco Dias e eu, em traje domingueiro,  passeando pelas ruas de Bula. De costas, o Luís Crasto, furriel  mecânico de transmissões da CCS.

Foto (e legenda): © Armando Pires (2012). Todos os direitos reservados


1. O Armando Pires (ex-Fur Mil Enf da CCS/BCAÇ 2861, Bula e Bissorã, 1969/70) é um homem da rádio e tem um particular talento para contar histórias. Está connosco, atabancado, desde agosto de 2009 (segundos os registos oficiais). Tem vindo a reencontrar camaradas que com ele partilharam as alegrias e as tristezas dos dias de Bula e Bissorã, nos tempos idos de 1969/70. E tem escrito sobre isso (*).

Tem, já cerca de duas dezenas de referências no nosso blogue. Mais recentemente mandou-nos esta história que se segue, com seguinte nota: "Meu Caro Luís Graça, Camaradas Editores: Aqui vos trago mais um contributo para a história dos nosso dias na Guiné. A abraço a vós e a todos os camaradas tabanqueiros". 

Entendo isto como um desafio e uma promessa: outras mais histórias virão... Pelo que, e à revelia do autor, decidi criar uma série só para ele, com um título provisório "Recordações de um furriel enfermeiro, infante, fadista, ribatejano, amigo da cavalaria (Armanod Pires)"... Fica bem ao jeito dele, emotivo, solidário, amigo do seu amigo, camaradão... A criação de um série implica o compromisso da publicação de pelo menos seis postes...

Acho que o Armando vai aceitar, de bom grado, o desafio, que matéria prima não lhe falta nem muito menos a palheta... E tempo julgo que é coisa que não lhe falta. Seria pena que uma história  como esta,  de antologia (no sentido de ser uma história forte e bem escrita), ficasse por aí, no nosso querido blogue, como "estória avulsa" (sem menosprezo para todas as muitas pequenas grandes histórias que temos publicado sob essa rubrica)... Por fim, e não menos importante, sei que o Armando Pires tem sentido de missão, além de sentido de humor, e nutre pelo nosso blogue um especial carinho. (LG)




2. A estreia de um fadista  ou a desesperança do Esperança,

por Armando Pires

Bula, 15 de Abril de 1969, depois das oito da noite.

Ofegantes, os noventa cavalos da velha GMC galgaram a cancela do aquartelamento e estacaram às dez rodas em frente ao bar. Ao lado do condutor ergueu-se o Caeiro e gritou-me:

 –  Salta práqui, ó pira, que esta noite vai haver espectáculo no Esquadrão. 

Ordem cumprida, ou não fosse o Caeiro um sargento velhinho e eu furriel periquito, e antes de arrancar ainda perguntou se não vinha mais ninguém à festa. Apenas o Basso, furriel de transmissões da minha companhia, aceitou o convite.

Meia volta volver e lá vai a GMC à desfilada. A tosca luz dos faróis rasgava a noite, o roncar do motor quebrava o silêncio da Vila, o Caeiro e seus rapazes gritavam e cantavam coisas indizíveis a filhos de Deus.

Era uma cena digna de um filme do faroeste. Mas afinal, para onde íamos nós?:
 – ... Esta noite vai haver espectáculo no Esquadrão!... -  mas o Esquadrão ficava no sentido oposto àquele que levávamos. 

Íamos na direcção da estrada de Binar, mas chegados ao fim da Vila contornámos Bula por fora, pelo lado de Sanhar e Ponta Alfama, seguimos sempre pela orla da bolanha (gente atrevida, como se saberá mais à frente), como se em direcção ao Dingal, tornámos a entrar na estrada e eis-nos chegados ao aquartelamento do Esquadrão de Reconhecimento AML 2454.

Estava ali fazia pouco tempo. Ali, era a meio caminho entre Bula e o lugar onde a estrada de Có ligava a João Landim. Antes, aquele espaço fora ocupado pelo Batalhão de Engenharia que levara a cabo a abertura e asfaltagem da estrada João Landim-Bula, daí para Có, Pelundo e Teixeira Pinto.

Terminados os trabalhos, ficando vago o lugar, o comandante do EREC, capitão Manuel Monge, um homem notável que nasceu para comandar sem galões nem gritos, intercedeu junto do General Spinola para que ali o deixasse instalar a sua gente.

Moravam entre chapas onduladas de zinco que mal se viam da parada, porque dela separadas, como protecção, por um morro de terra com quase três metros de alto.

E o que fazia eu ali?

Bom, porque tudo tem um começo, temos de regressar ao dia 15 de Fevereiro daquele ano de 1969, quando eu, com cinco dias de Guiné, aturdido com tudo à minha volta, saltei da jangada em João Landim.
- Armando! Armando! Ó Pires!

Olhei à roda para ver dos meus quem me chamava, mas a voz que com insistência dizia o meu nome vinha de lá, de onde não estava ninguém do meu pessoal. A voz transformou-se numa figura que corria para mim.
Era o Moncada Cordeiro, meu amigo e conterrâneo.

Trocámos um forte abraço e ficou a promessa de falar amanhã, que o Cordeiro tinha mais que fazer. Ele era Furriel Miliciano do Pel Rec AML 2024, e estava ali como parte da escolta que havia de garantir a nossa segurança até ao Quartel de Bula. 

Como previsto, falámos no dia seguinte. Da nossa terra, dos nossos amigos, da nossa Feira do Ribatejo e do fado. Sim, é que o Cordeiro, sabendo da minha queda para cantar o fado, logo ali me disse que eu tinha de ir lá abaixo cantar para a malta do Esquadrão.
 
– É pá, tu sabes que eu só canto com acompanhamento – disse-lhe eu, tentando matar o convite. 
–  Pois aí é que tu te enganas –  matou-me ele a mim, revelando que no Esquadrão havia um furriel que tocava muito bem guitarra. – É o Dias, pá, o Francisco Dias. Não imaginas como o gajo toca. Vais ter de o ouvir para tirares as dúvidas. 

E tirei. Um bom par de dias mais tarde, mas tirei. O furriel Dias tocava mesmo bem guitarra mas com “sotaque” de Coimbra, a sua terra natal. 
–  Ó Dias – atirei-lhe, um tanto desconsolado  –  mas eu canto é fado de Lisboa.  
– E daí? – pergunta ele, para num remate dar a táctica. –  A gente tem tempo, ensaiamos e vais ver como o corrido me sai das cordas da guitarra. 

E lá andámos, sempre que possível, de ensaio em ensaio, ele apanhando o tom e eu afinando a garganta. Até ao dia do grande espectáculo.

Já sabem agora o que fazia eu ali, naquela noite de Abril, “nas Panhard”, como nós chamávamos ao aquartelamento do Esquadrão.

Eu e o Dias fomos para um quarto, eufemismo de um espaço “enlatado” com quatro camas em beliche, ensaiar os fados que, daí a pouco, iria cantar. A assistir ao ensaio ficou o Basso, o tal furriel da minha companhia, o Caeiro e mais um alguém que a memória já não identifica. 

Ia com estilo no segundo verso do “Bairro alto com os seus amores”, quando um tiro suspende a estrofe. 
–  UPS!...  Calma que é fogo nosso  –  sossegou o Caeiro, e voltámos ao fado. 

Voltámos, é uma força de expressão. Ainda mal tínhamos recuperado a posição de sentados quando BUM!!, e o aquartelamento estremeceu.  Afinal, o espectáculo anunciado pelo Caeiro não era o meu, ia ser aquele.

A luz apagou-se e era tudo negro à minha volta, a chapa silvava como sacudida por um furacão, gente a correr e eu sem as ver, gritos de “Vamos lá atrás, vamos lá atrás”, e eu sem saber onde ficava lá atrás nem quem lá ia, as costureirinhas riscavam o céu com tracejantes, a cada granada que caía, o chão sacudia como agitado por um terramoto. 

Eu já tinha embrulhado umas três vezes com a 2466. Uma delas, na estrada de Binar, foi feia, muito feia mesmo. Três emboscadas na mesma manhã. Cinco feridos do nosso lado. Do lado de lá, entre outras baixas, a mais significativa foi a da morte do comandante Nhaga, chefe do 1º bigrupo do Choquemone. Foi a 9 de Abril, seis dias antes daquele ataque dirigido, particularmente, contra o Esquadrão, e que foi, soube-se depois, represália pela morte do Nhaga.

Portanto, eu já sentira o cheiro da pólvora, mas naquela ainda não me vira. Era o meu primeiro ataque dentro do quartel. E no dia do baptismo, via-me “fora de casa”, às escuras, sem ninguém para me dizer que fazer ou para onde ir.

O Dias, o Caeiro e o outro, reagiram ao fogo correndo para os seus lugares, esquecendo-se que aqueles dois pobres de cristo, eu e o Basso, não conheciam o caminho das pedras. Estupidamente, dentro da “casa escura”, sem refúgio nem abrigo, metemo-nos debaixo das camas, cercados de chapa por todos os lados menos por um, o chão, contra o qual colámos os nossos corpos, como se a ele quiséssemos amarrar as nossas vid
as. 
–   F… !, que isto está feio – foi a única coisa que nos dissemos.

Lá fora ouvi alguém dizer que o Esperança tinha morrido. 
–  O Esperança morreu! O Esperança morreu!. 
 – E o enfermeiro, merda? 
–  Estou aqui!” – berrei com quanta força tinha para que me pudessem encontrar. 
 – Aqui, onde? 
–  Aqui, porra, não sei, está escuro, não vejo nada. 

Percebo passos a virem ao meu encontro ao mesmo tempo que uma voz, aproximando-se, ia dizendo: 
–  Mas este gajo tá parvo, ou quê? 

Entra alguém que me aponta a luz e segue-se um diálogo de loucos à beira de um ataque de nervos:
–   Não és tu, porra!| 
– não sou eu, o quê? 
– o enfermeiro!
– Então eu sou o quê?
 – Não és tu, é o nosso
– E eu não sirvo? 
– Serves, anda lá. 

Pelo caminho percebi que procuravam o “Madeirense”, furriel enfermeiro do Esquadrão, com quem acabei por me encontrar quando entrei na enfermaria.  Lá dentro estavam quatro homens feridos. Ferimentos ligeiros, felizmente.

Pior foi o Esperança, soldado maqueiro que morreu estupidamente no dia em que fazia anos.
Ao longo da noite, naquelas horas em que se lambiam as feridas, soubemos que lá em cima, no meu aquartelamento, o furriel mecânico de transmissões, apanhado dentro da “fortaleza” que eram as comunicações, quando uma canhoada desfez parte da parede, saiu pelo buraco do projéctil, mas para o lado de fora do quartel, de onde vinha o fogo inimigo. Encontrou-o o grupo de combate que partiu na perseguição dos atacantes.

Soubemos que naquela viagem nocturna, com o Caeiro aos gritos, entre o aquartelamento de Bula e “as Panhard”, passámos mesmo nas barbas da força do PAIGC que aguardava a hora de atacar.

E soubemos como morreu o Esperança.  O soldado maqueiro do Pel Rec AML 2024, Bento Lemos Esperança, estava no bar com outros camaradas, celebrando o seu aniversário, quando se iniciou o ataque. Saiu em direcção à enfermaria mas, para atalhar caminho, em vez de ladear o morro subiu-o para atravessar a parada. Foi morto pelo rebentamento, ali à sua frente, de uma granada de morteiro.

Os dias que se seguiram foram muito difíceis para os homens do EREC. Não esqueço as lágrimas que vi, naquela noite, nos olhos do capitão Monge.

Há dias, numa troca de e-mails com o nosso recém grã-tabanqueiro Bernardino Cardoso, meu amigo e ex-furriel miliciano do Pel Rec AML 2024, tendo-lhe dado conta de que iria contar aqui aquela noite no Esquadrão, e que falaria de como morrera o Esperança, ele respondeu-me num texto com esta revelação:

“Tenho para te dizer que no dia da saída da tropa no cais de Alcântara, ele foi o único que chorou e chorou de forma muito consternada e veemente, proclamando que morreria e nunca mais voltaria a ver a sua filha. Tentávamos todos que se mentalizasse que não era assim etc. , mas ele estava certo disso. Absolutamente seguro. Premonições dos diabos”.

Que puta de desesperança a tua, ó Esperança!

Armando Pires

PS – O António Basso, infelizmente, há muito que nos deixou. Do Caeiro nada sei. O Francisco Dias está em Coimbra e é um notável guitarrista. O Cardoso apresentou-se aqui no P10156. O Moncada Cordeiro continua na nossa terra e vou almoçar com ele um dia destes. Agradeço à malta do EREC sempre me ter visto como um dos seus. Por último, declaro agora e para futuro que não assinei nenhum acordo ortográfico.


3. Resposta do Armando na "volta do correio":

(i) Meu caro Luís Graça, Camarada:


Deixa que te agradeça as palavras com que apresentas o meu último texto para o nosso blog e o desafio que me lanças. Tal como escrevo em comentário "lá no sitio", já me lixaste com F grande. Mas vou procurar corresponder à expectativa.

Quanto ao titulo que propões para os meus textos futuros, "Recordações de um furriel enfermeiro, infante, fadista, ribatejano, amigo da cavalaria (Armanod Pires)"... ainda bem que o dás como provisório porque, e aqui tens de me perdoar mas, "defeito" de jornalista antigo, não consigo abandonar o rigor.

Tudo certo, se quiseres, até chegar ao "amigo da cavalaria". É um exagero porque pode levar a que confundam a parte com o todo. Eu apenas estive seis meses em Bula, com o EREC 2454. Aconteceu de Fevereiro a Agosto de 1969. 

Depois a sede do batalhão zarpou para Bissorã e não mais voltei a ver "um cavaleiro" à minha ilharga.
Apenas estiveram comigo, ou eu estive com elas, tanto faz, a CCAÇ 2444 e a CCAÇ 13. Sim, a minha amizade com o EREC (ou com o Pel Rec 2024) solidificou-se, não apenas por causa do fado, e manteve-se para além do nosso "contacto físico".

De tal forma que aquando dos encontros de confraternização por eles levado a cabo, sempre que e minha vida profissional fazia coincidir a minha presença no país com a data desses encontros, eu era convidado e marcava presença.

Mas amigo da cavalaria, para me apresentar, é exagerado. Espero que me compreendas e que aceites a minha explicação. Numa casa em que tanta gente, de todos os lados, partilha o seu salão e honra, não gostava de ver niguém melindrado.

Aceita um abraço camarada do Armando Pires.

15 comentários:

Hélder Valério disse...

Caro amigo Armando Pires

Bonita história, sim senhor!

Bem, bonita, bonita, não será, já que se dá conta da perda da vida do Esperança e isso, por si só, já é bastante lamentável, ainda para mais com a informação suplementar de que teria tido alguma espécie de premonição na partida...

Também neste aspecto, e por causa disso, o teu artigo resulta também numa homenagem ao Esperança e uma ilustração viva de como a guerra pode ser uma aberração sem lógica.

Acontece é que para além disto todo o texto apresenta aspectos notáveis de situações que, vistas a esta distância, não deixam de provocar algum sorriso ou algum 'arrepiosinho' na espinha.

Com que então a darem a volta pela 'boca do lobo' e a saírem ilesos... afinal 'eles' eram disciplinados!

Temos depois a cena do teu baptismo de fogo em termos de flagelações ou ataques a aquartelamento. E também a cena do enfermeiro 'que era outro'. Enfim, uma alegria!

Mas, e guardei agora para o fim, o que mais me chamou a atenção foi o teu amigo Moncada Cordeiro, de Santarém.

Acontece que aqui há uns dois ou três anos fiz uma formação em que um dos colegas de curso se chamava (chama, porque tanto quanto sei está vivo) João Moncada Cordeiro. Não será certamente esse teu colega da Guiné porque tenho-o como uns bons anos mais novo mas será, com toda a certeza, familiar, resta saber agora em que grau de parentesco.
Vou-lhe enviar este teu artigo, chamar a atenção para a 2ª foto em particular e esperar a reacção.

Abraço
Hélder S.

JD disse...

Viva Pires!
Parabéns por esta mostra cómico-trágica da guerra de África.
De facto pincelaste muitíssimo bem, não só pedaços de quotidiano, de lazeres dos vinte aninhos, da guerra e das suas consequência, mas, também, os estados de ânimo que nos afligiam quando havia azar. Essas mesclas endureceram-nos, e ensinaram-nos que a um dia, segue-se outro, quiçá para uns faduchos.
Se calhar, ainda vais ser contratado.
Um abraço
JD

Bispo1419 disse...

Meus caros "camaradas da Guiné" e meus amigos desta Tabanca Grande:

Este "Bispo1419" sou eu, o Manuel Joaquim. É o nome da minha conta Google que vou começar a utilizar aqui, nos meus comentários. É mais prático e serve-me de memória/homenagem à minha CCaç.1419 e à minha família "Bispo".

E vamos lá ao assunto deste "post":
Boa, Luís! Bato palmas ao desafio que lanças ao Armando Pires, meu querido amigo e companheiro frequente nas "andanças" da ONGD Ajuda Amiga. Os termos que usaste para o caraterizares assentam-lhe "como uma luva". Vamos lá ver se ele aceita o teu repto, coisa que me agradaria muito.
O Armando Pires é mesmo um "armando pires", eh eh, é isso. É frequente estar a ouvi-lo, ele com um ar muito "sério" num discurso com a estabilidade igual a uma coluna de pires que se vai formando mas, inesperadamente,surge uma surpresa que nos desconcerta e/ou desperta. Como se a tal coluna perdesse a estabilidade e a "piralhada" desmoronasse num estardalhaço de pratinhos partidos.
Este gajo é, por si, um programa. Atenção, não é um palhaço nem um cómico, não, embora nos faça rir muitas vezes com o seu humor acutilante. É um gajo amante da vida, solidário, camarada, muito sensível, firme combatente pelas suas ideias e é também um canídeo-dependente (ah, os seus cães!) e um obcessivo praticante de pesca à cana (viciado). Este jornalista, uma memória bem viva do nosso jornalismo radiofónico é, para mim, um "patusco" muito querido.
Tive sorte, e tenho, de o ter como amigo.
Um abraço do
Manuel Joaquim

Anónimo disse...

Luís!
Ó Luís Graça.
Já me lixaste com um F de todo o tamanho.
Vou tentar responder ao teu desafio.
Vou esforçar-me.
Abraços.
armando pires


armando pires disse...

Ó Manel!
Não sou hipócrita.
Gosto, confesso que gosto, de ouvir aquelas palavras que nos massajam o ego.
Mas, caramba, podias guardar para amanhã (2ªfeira) dia do nosso "trabalho" na Ajuda Amiga, para me dizesres algumas daquelas coisas ao ouvido.
Eu escusava de ficar tão embaraçado.
abraços
armando pires

armando pires disse...

Meu Caro Helder Valério.
Obrigado pela tua reacção ao meu texto.
Quanto ao João Moncada Cordeiro seria coincidência a mais se não tiesse nada a ver com o outro.
Com "o outro" ainda vou falar hoje, mas falata-me saber de onde é o João, o que faz o João e em que curso de formação o encontraste.
Um tópico destes talvez fosse uma boa ajuda.
Abraços.
armando pires

Luís Graça disse...

Armando, não te lixei nada!... Ainda por cima és um rapaz do meu ano... de Guiné (1969). E presumo que também da mesma colheita (1947)...

Só não quero é ver desperdiçar-se esse talento todo, esse jeito para contar (e escrever) histórias do nosso quotidiano de guerra... Já o provaste, tens aí meia dúzia de histórias já publicadas... Considera-as como "borrões", versões beta... Agora com mais uns pequenos desenvolvimentos, uns tantos diálogos, mais uns pontos e mais umas virgulas, tens a série completa...

Só te exigimos meia dúzia de postes!... Se conseguires chegar à dúazia, melhor ainda, ficamos todos a ganhar... Fãs, admiradores, leitores... não te faltam. É uma maneira de apareceres regulamente no blogue... Uma obrigação que todos temos...

Se todos os quinze dias, ou de três semanas em três semanas, ou muito simplesmente de mês a mês, mandares uma história para alimentar a tua série, ficas merecedor da nossa gratidão, apreço, admiração...

Aqueles de nós que têm mais jeito para escrita, têm também obrigações acrescidadas em relação à Tabanca Grande... Somos 574, é verdade, mas poucos alimentam, com regularidade, o blogue!...

Sei que com aceitas com honra esta pequena missão, não menos gloriosa e importante do que outras que já cumpriste na vida... Que seja por mor da nossa memória daquela terra "verde e rubra" (sem conotações político-ideológicas)... Na realidade, houve uma Guiné a que chamámos nossa, e continuamos a chamar "nossa"... Nada nem ninguém nos pode "aliená-la"... faz parte da nossa memória...

Hélder Valério disse...

Caro Armando

Sobre o 'meu' Moncada Cordeiro sei que é de Santarém onde nasceu em Dezembro de 56, tirou o antigo curso de regentes agrícolas e trabalhou como técnico-comercial na área de fertilizantes na Sapec-Agro.
Estivemos juntos numa licenciatura em HST em 2007/2008 e sei que hoje em dia vive e/ou trabalha em Almeirim numa firma que parece se chama Borrego Leonor e Irmão, SA.
Também acho que tenho um endereço de mail mas não o tenho aqui.
Abraço
Hélder

Bernardino Cardoso disse...

Caro Armando Pires

Notável texto que aqui escreves. Agora posso ver que afinal, não eras só um bom fadista. A forma como dás realidade ao conto é fantástica. Parabéns.
Aproveito para te dizer que o Fur Enf madeirense é o Gouveia. Esse mesmo que num dia de ataque ao nosso esquadrão, sendo ele ainda quase piriquito, se agarrou a mim perguntando o que fazer, enquanto eu, com a calma "talvez desmesurada" do velho, que tinha acabado de tomar um duche e de se vestir todo de branco para o jantar, tirava ventos, tentando identificar a origem do tiroteio no sentido de orientar a perseguição da guerrilha fora de portas. Respondi-lhe que fosse para o seu local de trabalho "a enfermaria" que eu ia para o meu, a Panhard. Vestido de branco, calças e camisa vincadas, sapatos de polimento. Afinal era um jantar de messe. Imagine-se, na guerra brava, um tipo que parecia que andava a vender sorvetes. No dia seguinte o Gouveia "acusava-me" ao Capitão: - o Cardoso ficou de pé, no meio da parada, como se nada estivesse a acontecer enquanto as rajadas das costureirinhas e as granadas nos passavam por cima das orelhas.
Não agradeças a forma como foste recebido. Foste-o como merecias e à nossa moda. A tua entrada foi imediata também porque estavas com um dos nossos. Talvez consigas recordar,que a dada altura organizavam-se, em Bissau, fins de semana em Bula para as sessões de fado que aconteciam no esquadrão.
Não sei se te lembras que havia mais um guitarrista que se chamava Franco e era condutor de Panhard. E algumas vezes para dar mais ênfase tínhamos o Dias à viola, o Franco à guitarra e o Pires na voz. Foi assim que cantaste para a Cilinha.
Bernardino Cardoso.

Bispo1419 disse...

Correção ortográfica:
Fico todo danado quando dou erros de ortografia. Disse, no comentário acima, que o Armando Pires é um "obcessivo" praticante de pesca. Está mal escrito o adjetivo, queria escrever OBSESSIVO. E já agora corrijo também a minha ideia: é mais correto dizer que o rapaz é um "quase obcecado praticante de pesca" do que um "obsessivo praticante de pesca". Obsessão e obcecação são "coisas" muito diferentes.
Desculpa lá, Armando, e até amanhã no quartel da Amadora.

(Obs.) É, numa caserna do antigo quartel dos Comandos, na Amadora, que a Ajuda Amiga tem o que se pode chamar o seu centro logístico, um inestimável apoio das entidades militares que muito agradecemos.

Um abraço para toda a malta da Tabanca Grande
Manuel Joaquim

Armando Pires disse...

Alô, Helder!
O João Moncada Cordeiro é irmão do Moncada Cordeiro que aqui está na minha história.
Não quis dizer-te logo porque, como não deste pistas para a idade, pensei que talvez foss filho.
Falei agora mesmo para Santarém, com o meu amigo, e disse-lhe como o nosso blog não é grande, ele é ENORME!
abraços
armando pires

Luis Faria disse...

Caro Armando Pires

Mais uma estória de agrado,passada em terras por onde tambem andei.Quando em Outubro de 70 lá chegamos,ao que recordo já a estrada J Landim-Bula estava asfaltada e até com alguns buracôes que acabaram por ser fatais.Algumas vezes fui ao Esquadrão beber uns copos.Tinham um bar bem jeitoso,diferente.

Bom,afinaste a voz para lá ir cantar o fado ,desconhecendo que seria ao desafio.

Como muitas vezes afirmo,por aquelas paragens e ao tempo,o momento seguinte era incógnita e chegou infelizmente para nos roubar o Esperança.Que raio de vida tinhamos!

Um abraço
Luis Faria

armando pires disse...

Caro Luís Faria.
Camarada.
Além de agradecer as tuas palavras, apenas informar-te que quando cheguei em Fevereiro de 1969 já a estrada de João Landim para Bula estava asfaltada, como também estava a estrada para Có e não sei, não posso garantir, se o asfalto não estava já esticado até Teixeira Pinto.
Um abraço do
armando pires

B. Cardoso disse...

Caros
"Abri", prestando segurança, toda a estrada de Bula a João Landim, de Bula a Có e, quando deixei Bula, ela estava a meio caminho de Có ao Pelundo Dez/69. Abraços
B. Cardoso

Unknown disse...

amigo Luis Graça està aqui quem era responsavel pelo gerador no destacamento do esq .panhard 2454 e que no dia 15 de abril de 1969 nesse grande ataque que tivemos onde faleceu o nosso camarada ESPERANÇA quem desligou a luz fui eu sold.atirador explorador Carlos Pereira Costa .um abraço .