quinta-feira, 7 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P10010: Convívios (449): IV Encontro dos “Ilustres TSF” (Hélder Sousa)

1. Mensagem do nosso camarada Hélder Sousa (ex-Fur Mil de TRMS TSF, Piche e Bissau, 1970/72):

Caros amigos Editores e restantes camaradas, 

Junto envio um texto/artigo da notícia do IV Encontro do pessoal do meu Curso de especialidade TSF ocorrido no passado sábado dia 2 de Junho. 

Não tem a ver directamente com o Blogue mas encontro na sua envolvência aspectos que me parecem ser de alertar e chamar a atenção dos nossos camaradas, pelo que tem de exemplar. 

Trata-se de se acautelar a saúde, que se vai degradando por força do desenvolvimento natural da idade, mas que às vezes não temos em devida consideração.

IV Encontro dos “Ilustres TSF” 

Atrevo-me a enviar-vos este pequeno artigo e estas fotos, consciente que pode não ter a ver directamente com o ‘fulcro’ do nosso Blogue, embora eu considere que contém alguma ‘matéria de facto’ que pode interessar. 

Trata-se de noticiar que no passado sábado dia 2 de Junho o conjunto de antigos Furriéis Milicianos que fizeram a incorporação no serviço militar na 3ª incorporação de 1969 e a quem coube depois a especialidade de “TSF”, tirada numa primeira fase no então BT em Sapadores/Graça, em Lisboa, resolveram fazer o seu IV Encontro que foi ao mesmo tempo comemorativo dos 40 anos do regresso das ‘comissões de serviço por imposição’ prestadas em terras africanas, para aqueles do Grupo que tiveram a ventura de lá ir. 

Esse IV Encontro materializou-se, como não podia deixar de ser, num almoço que decorreu num pequeno mas muito bom restaurante da zona da Graça (no nosso tempo era uma taberna especializada em carapauzinhos fritos), a que se seguiu uma visita às instalações do Quartel, hoje designado por “Regimento de Transmissões”, previamente autorizada por contactos tidos com o Sr. Major Alfredo Prazeres e ciceronizada pelo Sr. Alferes H., oficial de dia à Unidade. 

Se este foi o IV Encontro é porque antes ocorreram três. 

O I Encontro foi em Setúbal e dele não consegui arranjar registo fotográfico. Ocorreu em 1986. 

O II Encontro decorreu em 1987 com almoço no “Teimoso”, próximo da Figueira da Foz, com visita a Buarcos onde foi tirada uma foto de grupo que se mostra abaixo.

 II Encontro dos “Ilustres TSF” com incorporação na 3ª de 1969. Tirada em Buarcos, em 1987. Da esquerda para a direita temos em cima Mário Miguel, Hélder Sousa e Fernando Cruz e na primeira fila José Fanha, Eduardo Pinto, Manuel Martinho, Fernando Marques, Nelson Batalha e Luís Dutra. 

Nesta altura é preciso dizer que esses ‘instruendos’ do 2º Ciclo do CSM de TSF eram 15, cobrindo grande parte do território nacional, com o José Alves dos Açores, o Carlos Lã de Faro, o José Canudo de Elvas, o Nelson Batalha de Setúbal, o Fernando Marques de Alhandra, o Hélder Sousa de Vila Franca de Xira, o António Camilo de Castelo Branco, o António Calmeiro de Tinalhas, o José Fanha de Torres Novas, o Eduardo Pinto e o Luís Dutra de Viseu, o José Reis e o Fernando Cruz do Porto, o Mário Miguel de Barcelos e o Manuel Martinho de Vila das Aves. 

Os 2 primeiros classificados do Curso, o Marques e o Reis não foram mobilizados. Dos restantes 13 foram para Moçambique 2 ou 3 e para Angola 4 ou 3, sendo que os 7 restantes, portanto mais de metade dos mobilizados, foram contemplados com a Guiné (este é o primeiro pequeno aspecto pelo qual acho que este texto pode ter cabimento no Blogue da Guiné).

O III Encontro ocorreu em Maio de 2009 em Setúbal a pretexto da comemoração dos 40 anos em que nos conhecemos e formámos como Grupo. Nem sempre foi fácil a convivência nesse longínquo ano de 1969, vivíamos a possibilidade de mobilização para uma vida diferente, certamente menos perigosa do que para outros jovens mas não menos desestabilizadora em relação à família, aos estudos, aos empregos, vivíamos a época das ‘eleições de 69’, vivíamos um período em que era perigoso ter e emitir opinião mas lá fomos cimentando o interconhecimento o forjando a amizade.


III Encontro dos “Ilustres TSF” com incorporação na 3ª de 1969. Tirada em Setúbal, em 2009. Da esquerda para a direita temos Manuel Martinho, Fernando Marques, José Fanha, Nelson Batalha, Mário Miguel, Carlos Lã, Fernando Cruz, António Camilo, Hélder Sousa e Eduardo Pinto. 

Hoje em dia muitos de nós vão mantendo contactos ‘bilaterais’ e a alegria do reencontro do Grupo é semelhante à que costuma ser vivida e descrita pelos vários participantes nos diversos encontro que rotineiramente (ou não) se vão fazendo anualmente por esse país fora. 

Dum modo geral quase todos temos tendência para achar que ‘no meu tempo é que era’, que ‘nós fomos e fizemos isto e aquilo’ e que isso, seja lá o que quer que fosse, foi o máximo, mais ninguém fez ou fazia, etc., etc.. Ora é preciso explicar que no nosso caso há mesmo boas razões para justificar a designação de “Ilustres TSF” que nos concedemos a nós próprios. 

A 3ª incorporação de 69 ocorreu em plena época de exames escolares e por isso foi possível encontrar nesse 1º Ciclo do CSM jovens ‘quase, quase’ a terem as habilitações para o COM. Sei que ‘habilitações escolares’ não são sinónimo de ‘conhecimento’, de ‘experiência’, de ‘cultura’, mas já dá uma ideia como aquele Grupo foi composto por jovens que estavam com bastante formação. Acresce ainda o facto de sermos quase todos músicos, a maior parte pertencia a conjuntos musicais da época, dois deles, o Eduardo e o Dutra, pertenciam aos “Tubarões”, de Viseu, que foram à final (foi o único conjunto de fora de Lisboa) do Concurso Yé-yé no Monumental, o Cruz ainda hoje procura ‘animar’ a sua velha ‘banda de garagem’ no Porto e o Lã é, neste momento, profissional no activo animando os serões do Hotel Montechoro. Ao que me lembro, apenas dois tinham pouca expressividade no campo musical, eu próprio que só tocava ‘ferrinhos’ num grupo folclórico e um outro que eu costuma brincar dizendo que tinha experiência a tocar as campainhas de Igreja já que tinha andado no Seminário de Fátima antes de ser incorporado. 

Outros argumentos para justificar a designação não serão agora avançados por questões de modéstia e porque não é essencial para o efeito pretendido, que é o relato/notícia do Encontro recente e algumas observações a tirar do mesmo.

Bolo comemorativo do III Encontro

Ocorreu então agora o IV Encontro. Já foi escrito que ocorreu em Lisboa. Que se comeu num restaurante na Graça. Que se visitou o Quartel onde nos conhecemos e que agora se designa por “Regimento de Transmissões”. Que se estabeleceu contactos para a obtenção da devida autorização e que fomos acompanhados nessa visita pelo Sr. Oficial de Dia.
Então o que há mais para referir? 

O facto de só ter sido possível reunir 6 dos 15! 

Nas outras fotos podem-se contar 9 e 10 mas desta vez, mesmo com a carga simbólica dos 40 anos e da sabida visita ao Quartel, que era um aliciante, só puderam responder à chamada 6, menos de metade. 

E porquê? (e aqui está então o outro aspecto para o qual eu acho que tem cabimento no nosso Blogue como forma de alerta, de chamada de atenção para que nos centremos no essencial e se descarte o acessório, já que a vida é curta e devemos celebrá-la). 

Porque a saúde vai começando a faltar ou a falhar. Física e mental. Por uma questão de rebuço não vou aqui expor as maleitas de cada um mas a nossa alegria neste reencontro não foi plena em virtude dos sofrimentos que esses nossos amigos e camaradas, bem como os seus familiares, vão tendo. 

Caros camaradas, aproveitem bem a vida!

IV Encontro dos “Ilustres TSF” com incorporação na 3ª de 1969. Tirada em Lisboa, em 2012. Da esquerda para a direita temos Fernando Marques, Carlos Lã, Mário Miguel, Hélder Sousa, Fernando Cruz e Eduardo Pinto.

Saudações e até uma próxima oportunidade.
Hélder Sousa
Ex-Furriel Miliciano do STM
___________

Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em: 


7 comentários:

Manuel Reis disse...

Amigo Helder é sempre agradável o reencontro de camaradas, os meus parabéns pelo evento, onde tudo correu bem.
Mas cuidado... o vosso 2º Encontro, realizado em Buarcos, só não teve efeitos desastrosos porque a FRELIBU ainda não estava activa!

Um abraço para todos.

Manuel Reis

Hélder Valério disse...

Caro amigo Reis

Pois lá terás razão... calculo que nessa data já longínqua, ainda não tivesse 'fermentado' esse 'caldo de cultura' que veio a dar origem à delirante criação da FRELIBU (para quem não sabe, Frente de Libertação de Buarcos) a qual só parece se ter desenvolvido depois do 'consulado' do 'Dr. Santana'...

Mas não haveria perigo, tratou-se de visita turística e nada invasiva, bem pelo contrário, destinou-se a 'cantar loas' abonatórias a Buarcos, por comparação com a Figueira.

Quanto ao resto, é como dizes, correu bem, claro, mas as notícias de alguns dos ausentes deixam um forte 'amargo de boca' e grande preocupação.

Abraço
Hélder S.

Anónimo disse...

Camarada Hélder Valério.Compreendo
perfeitamente a sua frase"um forte
amargo de boca"e grande preocupação
pelos ausentes.Conheço perfeitamen_
te o Nelson Batalha e o seu estado de saúde.Até ir-mos para a guerra(
cada qual para seu lado)vivi sempre
uma "rua acima"da do Nelson.Fizemos
a"Intrução Primária"na mesma escola
e frequentamos o mesmo liceu.Depois
cada um constituiu familia,perdi mais o contacto com ele.Tal como
ele mantemos as casas dos nossos pais,no bairro das nossas infâncias
e adolescência.Quando me desloco
até lá, ainda o vou vendo acompanha
do pela esposa a Zézinha,ás vezes
noto-o um pouco ausente.É a vida e
a nossa recta final,ainda mais para
mim que sou um pouco mais velho.
Peço desculpa pela intromissão,
obrigado.
Carlos Nabeiro.

Hélder Valério disse...

Caro amigo Carlos Nabeiro

Pois é, tu também vives em Setúbal. Às vezes esquecemos as informações que se vão recebendo e 'passa ao lado'. Mas um dia destes havemos de 'tomar um café'.

Realmente a situação do Nelson tem-se vindo a agravar e mesmo na véspera deste nosso Encontro estive com ele para "avaliar" vantagens e desvantagens de o tentar levar comigo mas 'não deu', infelizmente, já que esse 'um pouco ausente' que falas já não é assim tão pouco...

O Nelson e a Zezinha são os meus padrinhos de casamento, por isso já podes calcular a mágoa desta impotência para fazer qualquer coisa para contrariar a situação.

Também já dei conta disso a outro vosso colega de Bairro e de Liceu (e também nosso camarada na Guiné), o Armando Carvalhêda, a quem espero um dia destes surpreender num dos seus programas "Vivá música".

Um abraço e até um dia destes.
Hélder S.

Anónimo disse...

- Veelhos!
-Velhos? Velhos são os trapos, e a malta ainda tem suficiente genica estomacal.
- Sim? Então, se ainda apresentam essa genica para dar trabalho aos garfos, porque não aproveitar as capacidades do conjunto, fazer um grupo musical, e alegrar as festas tabancais?
Intervém o JD em nome da Magnífica:
- Ajuntem-se, pois então, organizem-se com violas, guitarras, ferrinhos, e o mais que for preciso, que pode acontecer um arraial finório.
Abraços fraternos
JD

Anónimo disse...

Estimado Camarada JD.Velhos,velhos,
não direi mas,um pouco menos jovens
e também um pouco cansados.Com me_
nos genical estomacal pela minha parte,visto há dois anos atrás,uma
dessas"milhentas"espécies de cancro
que "prá i há"levou-me uma parte
dele mas,tramou-se não me levou a
mim,eu fiz-lhe uma emboscada,orga_
nizada em devido tempo.Embora este_
ja sob vigilância,estou a"safar-me"
bem,de tal maneira,só para contra_
riar o"bicho",á beira dos sessenta
e sete anos,ainda trabalho,para ter
melhores condições de vida,dado
ela não estar nada fácil.É como as
árvores"morrer de pé"pelo menos com
alguma dignidade,já que os nossos
politicos no-la tiraram , em parti_
cular a nós ex-combatentes,foi a nação inteira.
Carlos Nabeiro.

Anónimo disse...

Caríssimo Carlos Nabeiro,
Admiro-te a capacidade para encarar a vida com determinação, pois como referiu o sr Ortega y Gasset, vale a pena viver, enquanto a vida nos reservar surpresas agradáveis. E podem ser muitas, ainda que espaçadas: desde logo com a família, depois com os amigos, com os filósofos, com a natureza, com as artes, enfim, daqui a alguns anos, se calhar, também com o Sporting.
Contra o bicho-mau... marchar, marchar! Li que a anona em sumo, é de longe mais eficaz que uma quimioterapia. Também o gindungo, se os danos o permitirem, o sumo de tomate matinal, o peixe do mar ou do rio, o caldo verde, um cloreto (de sódio ou magnésio, não estou seguro), o exercício físico, a atitude optimista sobre a vida.
Percebes o meu desafio sobre o conjunto aglutinador de músicos, os bons, e os maus, quando o que se pretende é criar ambientes de convívio e alegria?
Desejo-te muita força de vontaden para levares a nau a bom porto. E que o consigas, tirando partido desta passagem.
Um grande abraço
JD