segunda-feira, 9 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9722: Blogoterapia (207): O meu dia de aniversário, vivido na Sexta-feira Santa, foi especial (Joaquim Mexia Alves)

1. Mensagem do nosso camarada Joaquim Mexia Alves (ex-Alf Mil Op Esp/Ranger da CART 3492/BART 3873, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73), fundador da Tabanca do Centro, com data de 20 de Março de 2012:
 
OBRIGADO!

Mais uma vez, (parece que faço anos todos os anos!), cumpro o grato “dever” de agradecer todas as mensagens de parabéns que me foram endereçadas pelos mais diferentes meios.

O meu dia de aniversário, vivido na Sexta-feira Santa, foi especial, porque a maior parte dele foi passado nas celebrações muito especificas desse dia, o que me fez viver de modo muito intenso a certeza do amor com que Deus me criou, e me ama todos os dias. Mas estas mensagens dos meus camarigos, foram/são um calor muito especial, um calor que só nós, combatentes entendemos, porque só nós vivemos essa experiência da guerra.

Quando me sentei para escrever estas palavras de gratidão veio ao meu pensamento o seguinte: Anda para aí tanta gente, (psicólogos, antropólogos, historiadores, pensadores, e outros terminados em “logos” e “dores”), que nos vêm pedir colaboração para fazerem estudos disto e daquilo respeitante à guerra, sobretudo sobre temas “negativos”, sobre temas que dão de nós muitas vezes uma imagem negativa ou de “coitadinhos”.

Obviamente que a guerra não é coisa boa e tudo o que lhe diz respeito é sempre de alguma forma, coisa negativa, coisa dramática, coisa triste, porque nunca haverá justificação para os homens andarem a matar outros homens. Mas há, chamemos-lhe assim, um “efeito secundário” que a guerra produz naqueles que a fizeram, (umas vezes mal dela saem, outras vezes passados alguns anos), e que é esta forte amizade e camaradagem, sem dúvida, camarigagem, que a todos une, independentemente do estado social, ou do pensamento politico de cada um.

Curiosamente não é uma área que esses “estudiosos” queiram estudar, talvez porque é algo positivo, é algo de bom, e hoje em dia o que é bom e positivo não “vende”. Ou talvez porque incomode esta camarigagem, porque não a conseguem entender, porque se sentem fora da linguagem própria dos combatentes, linguagem verbal e corporal.

Enfim mistérios de uma sociedade que me parece muito gostaria de se ver livre de nós, combatentes, no antes, no agora e no porvir.

Embora o Carlos Vinhal, meu caríssimo amigo e editor tenha “diminuído” o meu “currículo militar!”, (isto é a brincar, claro), a verdade é que passei pela CART 3492, pelo Pel Caç Nat 52 e pela CCAÇ 15, todas Unidades diferentes umas das outras, mas em todas fiz amigos e deixei amigos, como aliás cada um de nós que teve esta dita de na Guiné, de “andar de Herodes para Pilatos”.

Mas hoje não estou a escrever para isso, mas sim, para agradecer do fundo do meu coração a todos sem excepção e abraçá-los com o meu maior camarigo abraço

 Joaquim Mexia Alves
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 6 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9706: Parabéns a você (401): Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52 (Guiné, 1971/73)

Vd. último poste da série de 9 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9718: Blogoterapia (206): Para os amigos que fiz nestes encontros de ex-combatentes e para os que fazem parte de todas as Tabancas (Margarida Peixoto)

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