quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Guiné 63/74 - P9492: A minha CCAÇ 12 (22): Junho de 1970: Um ano de comissão... (Luís Graça)



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > BART 2917 (1970/72) > 1970 > Estrada Bambadinca- Mansambo - Xitole - Saltinho... no início do tempo das chuvas (que ia  de junho a novembro, sendo os meses com mais dias de chuva o julho, o agosto e o setembro; dizem que agora chove menos, na Guiné-Bissau, do que nosso tempo...).

Fotos: © Benjamim Durães (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


A. Continuação da série A Minha CCAÇ 12 (*)
por Luís Graça 





Fonte: História da Companhia de Caçadores 12 (CCAÇ 2590): Guiné 1969/71. Bambadinca: CCAÇ 12. 1971. Policopiado, pp. 35/36.

2. Comentário de L.G.:

(i) Chegada dos novos senhores de Bambadinca, sede do Setor L1... Um ano de comissão no TO da Guiné, por parte da CCAÇ 12, um ano de intensa atividade operacional (com destaque para a época seca que acabava de terminar)... Pouca esperança de virmos a ser poupados pelo comando do BART 2917... 


(ii) Cinco colunas logísticas, no difícil itinerário Bambadinca- Mansambo- Xitole - Saltinho...Em 22 de junho de 1970, tínhamos emboscada montada na fatídica zona da ponte do Rio Jagarajá... Sorte a nossa, passámos dois dias depois... E a 25, os "periquitos" do Xitole embrulharam... Em agosto e setembro fazer colunas logísticas era um inferno, devido à intensidade das chuvas e ao mau estado das picadas...


(iii) Os três desertores aqui referidos eram os grumetes da base naval de Ganturé, um caso ainda hoje envolto em controvérsia. Lembro-me de ver o folheto: as fotos tinham má qualidade... Ninguém deu importância ao caso... Com um ano de Guiné, pertencíamos já à "velhice"...


(iv) Lembro-me de ir à capela de Bambadinca, que servia de capela mortuária, velar o corpo do infortunado furriel comando, José Mendonça,  da 1ª CCmds Africanos, sediada em Fá Mandinga... O corpo foi serrado ao meio: ao ser acionada a mina A/P,  as granadas que o nosso camarada levava à cintura rebentaram por simpatia... Os membros inferiores não foram sequer encontrados. Mais uma vez a mortífera picada do Xime-Ponta do Inglês, de má memória para todos nós...


(v) Faz-se segurança ao Mato Cão, mas o IN ataca em Ponta Varela... (com canhão s/r!). Jogo do gato e do rato...


(vi) Rio Udunduma... Afluente do Rio Geba... Havia, sobranceiro à ponte sobre o Udunduma, na estrada Xime-Bambadinca,  um destacamento "a céu aberto" (valas, bidões cheios de areia e chapas de zinco)...Um dos nossos pontos turísticos mais detestados. Desde o célebre ataque a Bambadinca, a 28 de maio de 1969,  que lá ficava permanentemente um Gr Comb (da CCAÇ 12 ou do Pel Nat 52).

(vii) Sempre chamei Bambadincazinha ao reordenamento que ficava a oeste da pista da  aviação, e onde se situava o edifício da antiga missão do sono, onde fazíamos (1 Gr Comb da CCAÇ 12, ou o Pel Caç Nat 52) segurança todas as noites... O Beja Santos chama-lhe Bambadincazinho... Para mim, Bambadinca (em mandinga, ao que parece, quer dizer "cova do lagarto") sempre foi feminino... E o diminuitivo seria Bambadincazinha (pequena Bambadinca).

(viii) Claro que havia outras subunidades estacionadas em Bambadinca, desde o Pel Rec Daimler ao Pel Mort e ao PINT (Pelotão de Intendência)...

______________

Nota do editor:

3 comentários:

Anónimo disse...

As fotos elucidativas de uma picada no tempo das chuvas mostra dois carros anfíbios, o Unimog, versão mais suave do que os originais, e uma Magirus Deutz basculante (da Tecnil?).

Passados 20 anos essa mesma picada tinha as mesmas lagoas, mas mais profundas e a água cobria o capôt dos Pajero e Nissan Patrol, vidro fumado, ar condicionado.

Quando se fala que de Conakry podiam vir carros de assalto ou outros transportes soviéticos invadindo a Guiné, só se fosse no tempo seco porque equipamentos motorizados soviéticos "isolavam" nestas lagoas.

Já tinham ido ao espaço no Sputnik e fabricavam máquinas com motores de 1914.

Luis,parece que chove menos e está tudo muito desmatado e desestificado.

Cumprimentos,

Antº Rosinha

Anónimo disse...

Em 2006 andavam a construir uma estrada entre Xitole e Saltinho quase parecia uma auto-estrada.

Para contrariar, a estrada entre o cruzamento para Mansoa e Bambadinca parecia que tinha sido bombardeada, eram mais os buracos que asfalto.

Como todos sabem, infelizmente na Guiné, as variáveis são constantes e as constantes variáveis.

C.Martins

Anónimo disse...

Amigo Luis Graça boa noite.E com imenso prazer que li este seu comentario sobre a estrada de BANBADINCA XITOL..Eu como condutor da 2714 era mesmo muito difiçil principalmente na epoca das chuvas.E pena que nao haja mais pessoal do BART 2917 ou da cart2714 a fazer comentarios..Ando com vontade de um dia voltar a visitar et viajar entre banbadinca e mansanbo mas ate a data tenho tido algum reçeio..um abraço amigo...
GUILHERME SOUSA.EX SOL COMDUTOR DA 2714.....FRANCA