quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9282: (Ex)citações (169): As colónias portuguesas antes da Guerra (2): Moçambique (José Brás)

1. Parte II do trabalho do nosso camarada José Brás (ex-Fur Mil, CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68), intitulado As Colónias portuguesas antes da guerra.



AS COLÓNIAS PORTUGUESAS ANTES DA GUERRA (2)

 MOÇAMBIQUE

Moçambique situa-se quase em frente a Angola mas na outra costa do continente africano, numa situação e estrutura de organização económica e social idêntica à de Angola pelo que dispensa grandes notas.

Território com uma linha de fronteira complexa, em resultado da movimentação de múltiplos interesses de potências europeias, Moçambique tem uma superfície, no qual em um seu quarto caberiam Portugal, Bélgica, Holanda e Suíça, com 3.784 km de fronteiras terrestres e 2.795 de linha de costa.

Bartolomeu Dias estabeleceu aqui o primeiro entreposto europeu em 1507.
Em 1890 a Inglaterra apresentou um ultimatum a Portugal, exigindo o reconhecimento dos seus direitos às vastas regiões entre Moçambique e Angola acabando com o sonho português de domínio de um vasto Império nessa zona de África e deitando mão às enormes riquezas em minerais preciosos e outras, entregue pela Inglaterra a grandes sociedades companhias monopolistas criadas por Cecil Rhodes.

Como Angola, também Moçambique é atravessado por numerosos e importantes rios como o Zambeze, o Limpopo, o Save e o Rovuma, grandes fontes de irrigação e de potencial hidro-eléctrico.
Possui muitas regiões propícias à criação de gado, sabe-se que apenas os americanos conhecem o verdadeiro potencial das suas jazidas minerais, sobretudo a partir de 1953, quando a Minneapolis Longyeer a da Aero Service Corporation, procederam a aturadas prospecções.
Conhece-se a existência, pelo menos de, zircónio, turmalinas, fluorite, cromo, bauxite, titânio, volfrâmio, berilo, moscovite, cassiterite, lepidoite, vanádio, carvão, grafite, amianto, magnetites de grande teor de ferro, sal-gema, ouro e urânio.

Em 1950 o recenseamento da população indicava a existência de 5.738.911 indivíduos, entre os quais 91.954 (1.6%) não autóctones, população superior a Angola apesar de território menor, porque o negócio da escravatura que se exerceu intensamente na costa ocidental, não aconteceu na costa oriental.

Em 1955 a população não africana era de 118.691 habitantes distribuídos da seguinte forma:


Os caminhos de ferro têm em Moçambique uma grande importância, não apenas ao serviço da economia interna mas sobretudo das potências imperialistas vizinhas, na União Sul-Africana, nas Rodésias e no Congo Belga, partindo da costa marítima para o interior a fim de garantir o escoamento dos produtos coloniais.
De Norte a Sul, são também numerosos os portos de mar, desde os de reduzida dimensão, aos médios, como Porto Amélia e Nacala, e aos de grande dimensão, como os de Lourenço Marques e da Beira, garantem o tráfego dos países vizinhos.


(Continua)
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 27 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9278: (Ex)citações (167): As colónias portuguesas antes da Guerra (1): Introdução e Angola (José Brás)

Vd. último poste da série de 28 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9280: (Ex)citações (168): A Tabanca Grande, onde todos se reunem à volta da fogueira das memórias (Joaquim Mexia Alves)

5 comentários:

Arménio Estorninho disse...

Camarigo José Brás, Saudações.

Após uma leitura mais atenta ao teu bom trabalho, tenho um pequeno reparo a fazer e relativamente ao navegador Bartolomeu Dias:

No ano de 1488, dobrou o Cabo da Boa Esperança e voltou a Lisboa.

No ano de 1500, seguia para a Índia na esquadra de Pedro Alvares Cabral e tendo naufragado no Cabo da Boa Esperança.

Assim, sendo de todo impossível ter estabelecido um entreposto europeu em Moçambique no ano de 1507 e/ou ter lá permanecido.

Com um Abraço
Arménio Estorninho

antonio graça de abreu disse...

Meu caro Zé Brás

Por uma questão de seriedade e rigor,
quais as fontes que utilizaste para a elaboração destes mapas?
Não as indicas.
Os mapas referem-se, correspondem concretamente a que anos? E fundamental, qual era a percentagem
dos capitais estrangeiros e dos capitais portugueses existentes nas diferentes empresas?
Será que as minhas perguntas são pertinentes?

Abraço,

António Graça de Abreu

Anónimo disse...

Obrigado Arménio.
Com toda amizade e se não tens mais nada, António...tenho dito, porque se calhar inventei tudo.
Genial
José Brás

Hélder Valério disse...

Caro Zé Brás

Tendo em conta que o artigo em questão parece ser longo e apresentar-se, por isso mesmo, em pelo menos três partes (já 'saiu' Angola, aqui está Moçambique, presumo que também venha a Guiné, afinal o nosso laço comum), fico à espera desse outro para emitir alguma opinião sobre o seu conteúdo.

Da oportunidade ou do "cabimento" também irei dar a minha opinião noutro local, que acho mais apropriado, tanto mais que é por aí que as considerações estão a ser feitas.

Reparo agora que o nosso amigo António Abreu questiona, muito justamente, sobre a necessidade de serem indicadas as fontes. Não são? Contudo acho um bocado 'impertinente' a forma de rematar o comentário. Não vejo necessidade de insistir nesse tipo de comportamento.

Abraços
Hélder S.

Manuel Reis disse...

Camarigo Zé Brás:

Belo trabalho.

Bem-Haja. Um abraço.

Manuel Reis