domingo, 7 de agosto de 2011

Guiné 63/74 - P8646: (Ex)citações (145): Uma afirmação, um desabafo, uma pacificação (Joaquim Mexia Alves)

1. Mensagem do nosso camarada Joaquim Mexia Alves*, ex-Alf Mil Op Esp/Ranger da CART 3492/BART 3873, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73, com data de 5 de Agosto de 2011:

Meus camarigos editores
Envio-vos um texto, que como sempre fica ao vosso dispor publicar ou não.

Faço aqui uma ressalva, neste "intróito", pelo que, se o texto for publicado, agradeço que também seja publicado este "naco de prosa".

E essa ressalva é a seguinte: Não responderei a provocações, nem "lugares comuns" e muito menos a idiotices.

Gosto de respeitar todos, o que significa, obviamente, uma reciprocidade.

Um abraço forte e camarigo para todos do
Joaquim Mexia Alves


UMA AFIRMAÇÃO, UM DESABAFO, UMA PACIFICAÇÃO

Sou um homem de direita!

Poderia tentar explicar o que é ser de direita para mim, mas isso seria fazer neste espaço o oposto daquilo que eu acho este espaço deve ser e repetidamente tenho afirmado, ou seja, um espaço que não deve servir para debater política.

Tive na minha adolescência pensamentos e atitudes daquilo que se poderá chamar de esquerda, mas não vingaram em mim, isto apenas para que se saiba que não sou propriamente um ignorante na “coisa” política.

Desenganem-se os que pensam que vou aqui escrever um texto político, ou de elegia de um qualquer lado em detracção do outro!
Não o vou fazer, porque como acima digo este não é o espaço para tal, e também porque penso e vivo de modo a que, lá por eu pensar de uma determinada maneira, não quer dizer que outros não possam pensar de maneira diferente, ou seja, assumo ou tento assumir que eu posso não ser o detentor da verdade, mas que com a verdade dos outros e a minha, talvez se encontre a verdade, isto falando das “coisas do mundo”, porque para mim, como todos sabem, a Verdade é só uma, e é essa que eu tento todos os dias encontrar e viver.

Mas vamos ao que interessa, ou pelo menos, ao que me interessa.

Têm surgido uns comentários, (sobretudo quando há recensões de livros sobre Amílcar Cabral ou o PAIGC), em que se pretende arrogar um pretenso patriotismo, que só existiria perante um pensamento imutável, de que o passado teria de ser o presente, chegando ao cúmulo de colocar em causa o “Juramento de Bandeira” de alguns que não pensem de tal modo.

Comentários que se arrogam o direito de colocar em causa a motivação daqueles que combateram na Guiné, ou seja onde for, por causa de se exprimirem no sentido de que a guerra de África, ou as suas motivações, não seriam correctas e estariam erradas atendendo à história do mundo.

Depois outros comentários, tentando rebater estes, vêm invocar passados, lidos à luz do presente, como se fosse possível aferir pelo mesmo padrão de hoje, a escravatura, ou as barbaridades, (aos olhos de hoje), cometidas pelos colonizadores, dos quais nós Portugueses, seriamos os últimos, pelos vistos.
Esquecemo-nos do Tibete, por exemplo, e de outros “Tibetes” pelo mundo fora, ontem, hoje e amanhã.
Esquecemo-nos, por exemplo, que segundo rezam alguns livros da história da Guiné, os Balantas seriam escravos de outras etnias.

Mas enfim, não é isso que está em causa, mas sim a afirmação que coloco no inicio: Sou um homem de direita!

E repito esta afirmação para dizer que considero Amílcar Cabral um pensador e um homem digno de grande estatura, que lutou pelo seu povo e pelos seus ideais.
Ao que sabemos, tentou fazê-lo primeiro pela via pacífica, e, depois, nada conseguindo, enveredou pela luta armada.
Merece todo o meu respeito, e não me custa nada reconhecê-lo!

Mas se reconheço o seu direito a lutar pelos seus ideais, reconheço também o direito de Portugal, naquele tempo, lutar por aquilo que considerava seu.
Se Portugal naquele tempo estava enganado, pelos vistos a história, (não a do 25 de Abril, mas a história do mundo), veio mostrar que sim, que os ventos eram outros, mais valia ter resolvido pacificamente o problema, do que ter morrido nem que fosse um só homem.

Mas isso não invalida em nada o esforço, a coragem, a entrega de todos aqueles que combateram a guerra de África, isso não permite de modo algum que alguém venha dizer que não cumpriram a sua missão de Portugueses!
E tanto o fizeram aqueles que acreditavam que estavam a lutar por uma causa justa, como aqueles que tinham dúvidas, ou como aqueles até, que estavam contra, mas decidiram combater como a Pátria lhes exigia.
E destas três formas de estar na guerra, surgiram heróis, surgiram referências, surgiram Portugueses que em nada negaram a história do seu País, com tudo o que à mesma pertence.

Sou um homem de direita, como tal sou um humanista, e na génese do ser Português, (como se costuma dizer), vive o meu coração, a minha alma, cristã e católica.
Como poderia eu então não respeitar o meu inimigo, perdoar-lhe, esperando ser perdoado, e acolhê-lo, se ele quiser ser acolhido?

Com a mesma vontade com que combati, com o mesmo empenho em que me coloquei ao serviço de Portugal, tento agora perdoar, acolher, perceber, e sobretudo encontrar a paz.

E isso não me diminui em nada, mesmo nada, nem eu admito que alguém, seja quem for, me venha dizer que eu sou menos Português, ou que não combati como os Portugueses combateram desde o tempo de Afonso Henriques.

Claro, não concordo, nem nunca concordarei, que se faça o elogio do inimigo em detrimento de nós Portugueses, (como alguns infelizmente se empenham em fazer por vezes neste espaço), mas não é isso que me faz sair de um “ponto de encontro” onde encontrei amigos, ou melhor, camarigos, que falam a mesma linguagem que eu, e que, embora alguns tantas vezes nas antípodas politicamente, (será que estaremos realmente tão separados politicamente?), encontramos razões para estarmos juntos, conversarmos e sobretudo fazermos um pouco de história cimentada na amizade.

Como também não concordo que se anatematize o antigo inimigo, ou aqueles que não pensam como eu, com ideias antigas ou novas, porque entre ambos, como entre aqueles que pensam como eu, há gente boa e digna, e há, (permitem-me que o diga), gente que não merece sequer uma linha de comentário.

É que o mundo não é preto e branco apenas!
O mundo tem mais cores, e são essas cores que acabam por dar graça ao preto e ao branco, e por favor, não me venham dizer o que o preto e o branco não são cores, porque não é disso que se trata.
Se apenas virmos o mundo a preto e branco, vemos apenas o mundo que queremos ver, e não o mundo como ele é realmente, com o preto e o branco, mas carregado de outras cores que lhe dão a beleza, mesmo quando a violência da natureza nos mete medo, como por exemplo numa erupção vulcânica.

Há anos atrás, o António Mourão, fartou-se de cantar “Oh tempo volta para trás”!
Cantou, cantou e há gente que ainda canta, mas o tempo não voltou, não volta e nunca vai voltar para trás.

Olhemos para o passado, para o presente e até para o futuro, como olhamos para o mundo.
Há preto e branco em tudo, mas em tudo há também outras cores!
Nem tudo foi mau no passado, nem tudo é bom agora, e no futuro teremos sem dúvida do mau e do bom.

Não sei se toda esta escrita serviu ou serve para alguma coisa, mas pelo menos a mim serviu-me para desabafar, para afirmar, para ficar mais em paz comigo mesmo e julgo que com os outros, com aqueles que querem realmente ficar em paz.

Um abraço forte e sempre camarigo para todos.
Joaquim Mexia Alves
Monte Real, 5 de Agosto de 2011
____________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 23 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8595: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (32): Hoje almocei com o Joaquim Gaspar (Joaquim Mexia Alves)

Vd. último poste da série de 27 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8609: (Ex)citações (144): O Google Maps é agora quem mais ordena ? A confusão de topónimos: A Bissorã do nosso tempo chama-se agora Califórnia ?!... Piada de mau gosto, erro técnico, distracção, estupidez etnocêntrica... ? (Manuel Joaquim, CCAÇ 1419, Bissau, Bissorã, Mansabá, 1965/1967)

32 comentários:

Eduardo J.M. Ribeiro disse...

Ó Mexia desculpa lá, que eu te diga mas social, companheiro, camarada e amigo, como tu és das pessoas com quem lidas, o que tu és é um grande socialista.

Grande em altura e grande no coração.

Tenho imenso orgulho e prazer pessoal em ser teu Amigo.

À c'anos é que eu não me lembro, mas já são muitooooossssssssss.

Um grande abraço Amigo,

Magalhães Ribeiro

manuelmaia disse...

Mexia,

Esse grande pensador que se chamou Jesus Cristo,disse: -Pai perdoa-lhes que não sabem o que fazem !

Convenhamos que não é fácil dar a outra face quando somos esbofeteados, daí a grandeza do pensamento a que tu aderes com extraordinária e admirável convicção.
Esperemos que este teu gesto,a merecer encómios,seja entendido da melhor forma por todos.

Um enorme abraço de respeito pelo carácter que sempre colocas nas tuas atitudes.
manuelmaia

antonio graça de abreu disse...

Meu caro Joaquim

Tu não és um homem de direita.
Antes de direita-esquerda, troca o passo, um, dois.
Joaquim, és uma pessoa de enorme coração, justa e honesta, que se rege ainda por excelentes valores que nos enformam como portugueses e cidadãos do mundo, coisa rara de encontrar, até neste blogue.
Joaquim Mexia Alves, que me dás a honra de ser meu amigo,
tu não és um homem de direita, és um HOMEM, com todas as letras grandes.

Abraço forte

António Graça de Abreu

Anónimo disse...

Obrigado.

Ajudaste a que fique ainda mais baralhado com a esquerda e a direita, mas descobri ou confirmei aquilo que suspeitava ou sabia já, és pessoa e eu gosto de pessoas.

Quanto ao preto e branco discordo, o preto não é cor e o branco é ausência de cor.

Pareceu-me interessante o teu contributo se não mesmo valioso, o tempo dirá.

Um abraço,
BSardinha

Anónimo disse...

Um grande abraco vindo já de mais de cinco décadas ANTES d'isto tudo.

Luís Dias disse...

Camarigo Joaquim Mexia Alves

Direita, esquerda, esquerda, direita, hoje até parece já não fazer sentido. Não fazer sentido, porque há políticos considerados de direita que assumem posições mais consonantes com uma política esquerda e parece que certa esquerda tem feito uma politica mais consonante com posições que julgávamos de direita.
Há muito que nos habituaste a defender as tuas causas com calor e firmeza, mas também com a dignidade, formatada pelo teu carácter.
Um abraço de amizade feito do calor das Terras Vermelhas e Quentes da Guiné.
Luís Dias

Sotnaspa disse...

Mexia

Subscrevo e acrescento: eu quando vejo aqueles "patriotas" que sei que fugiram à tropa ou já tropas (deram) à sola para os paraísos pacificos, a despejarem reitórica na TV, pura e simplesmente mudo de canal, porque algo dentro de mim ferve, porquê? não sei bem, eu segui o que me ensinaram, e porque herdei uma costela de Dom Afonso Henriques, nunca virar a cara à luta, coisa que o meu avô Manuel tambem me ensinou desde pequeno.
Eu só acrecento este assunto porque quanto às cores; estes tipos não se enquandram no que referes, nem são preto, nem branco, nem tãopouco a cores, são cinzentos, que embora sendo cor é... muito feia.
Um alfa Bravo para ti.

ASantos
SPM 2558

manuel amaro disse...

Camarigo Joquim,

Parabéns pelo trabalho realizado.

Eu não poderia escrever um texto igual porque eu não reconheço essas classificações de esquerda e direita para definir, agrupar ou encurralar, os homens. E isto ficou decidido nas presidenciais de 1958. Até hoje.

Gostei de ler o texto e foi tão boa ideia teres escrito e enviado, como dos editores, terem publicado.


Um Abraço

Manuel Amaro

Anónimo disse...

Caro Joaquim,

Em hibernação, bendita a hora que por aqui passei, para a confirmação do que de ti tenho em consideração.

Não vou falar de política, embora todos sejamos políticos. Venho simplesmente agrader-te a nobreza e a clarividência do escrito, sobre A Verdade que definem os homens.

Como amigo, não é novidade para mim a tua grandeza de homem.

Tudo em "so sítio".

Bonito! Os homens bons são assim.

Obrigado Joaquim!

O sempre fraternal abraço,

Mário Fitas

Anónimo disse...

Gostei do que li.
Abraço amigo
Filomena

Alberto Branquinho disse...

CAMARIGO Mexia Alves

Subscrevo, porque têm aparecido muitos textos e/ou comentários, como aqui referes, que me eriçam.
No entanto, o que a seguir vou escrever não é uma rectificação ao teu texto; entende-o, se, assim o desejares (se desejares), como uma "extensão":
"Sou um homem de esquerda, como tal humanista".
Alberto Branquinho

Juvenal Amado disse...

Camarigo Mexia
Eu podia dar mil razões para o facto de ser de esquerda e pelas mesmas tuas razões também me fico por aqui.
Poderia ter dado outras tantas para não ter embarcado e duas ou três imperiosas, que me fizeram jurar Bandeira ir para a Guiné.
Penso que tu também não farias o juramento que ocorreu no Ralis em 1975 de boa vontade no entanto, era a mesma Bandeira, o mesmo País, só que as intenções eram muito diferentes. Desenganem-se os que pensam, que sou ou fui menos patriota que os outros, por eu estar contra as razões daquela guerra e afirmar que foi um erro, o que fizeram com milhares de jovens combatentes.
Pela mesma razão que acredito em Cristo, talvez de forma diferente da tua, sou de esquerda porque acredito que é o caminho para a melhoria da minha vida terrena. Sabemos nós, que não escolhi a melhor forma de concretizar a tal melhoria de vida, pois o meu caminho seria bem mais fácil se tenho escolhido outro. Mas cada um é para o que nasce, eu não fui acometido da tal doença infantil que eclodiu aí por 1974, que a obtenção da vacina deu em vários ministros, deputados e muito secretários de estado, que têm povoado os governos daí para a frente.
Enfim sou um homem de esquerda, que acredito que a distribuição da riqueza de forma justa será a cura para os males terrenos. Como não vi até agora nenhum magnata ser de esquerda e os que há, venceram «normalmente a pulso» por cima dos ordenados de miséria, depreendo que estamos em campos opostos. É verdade que nenhum regime pôs em prática, possivelmente não porá nunca e não porá porquê? O poder corrompe e não há bandeira ou emblema capaz de fazer ser isto ou aquilo.
O Mundo tem muitos exemplos de homens que se diziam de esquerda e governaram à direita, de direita e governar à esquerda não conheço nenhum caso, segundo a minha perspectiva. Sendo assim, a direita é o fermento dos privilégios de uns e a miséria dos outros. A questão não é branca nem preta é assim preto no branco.
Atenção é o que eu penso.
Agora pergunto se estaremos assim tão distantes, se a nossa convivência nos permitiu uma camaradagem, respeito mútuo e são convívio? Será porque nunca escondemos o que pensamos, ou porque afinal somos os dois humanistas, um de esquerda e outro de direita?
Despeço-me com um abraço e deixo aqui três quadras do poeta Aleixo;

Não sou esperto nem bruto,
nem bem nem mal educado,
sou simplesmente o produto,
do meio em que fui criado.

Não escolho amigos à toa,
sempre temendo algum perigo:
primeiro, escolho a pessoa;
depois escolho o amigo.

Os homens não se conhecem
uns aos outros - e então
vivem na grande ilusão
que os homens p´lo que parecem
e nunca pelo o que são.

Anónimo disse...

Caro Camarada Mexia Alves

Só discordo do seguinte;para se ser humanista não é preciso ser católico de direita ou de esquerda ou outra coisa qualquer..basta ter valores de justiça social.
Só te conheço de uns breves instantes de conversa aí em Monte Real mas deu para perceber quem tu és..és uma pessoa boa.Não digo "gajo porreiro", porque não gosto do termo,e confesso que nem vou muito à "bola"com os ditos.
Um alfa bravo do teu tamanho

C.Martins

Hélder Valério disse...

Caro camarigo Mexia Alves

Tivemos várias vezes oportunidade de trocar opinião e de conversar sobre vários assuntos, da vida, do país, do blogue, aquando da minha estadia aí em Monte Real.

Nessa ocasião ocorreu a 'reforma compulsiva' do funcionário a quem tu, por vezes, subtraias a bicicleta, e que mereceu da tua parte uma pública, justa e sentida homenagem. Não tive oportunidade para comentar, mas esse teu gesto deu origem a várias intervenções, em geral salientando a bondade da tua iniciativa e contrariando os 'temores' de alguém próximo de ti que receava que essa tua exposição de humanismo pudesse ser aviltada. Felizmente tal não aconteceu.

O que aparece aqui neste teu texto de reflexão e apelo está nessa linha de pensamento e de acção.

E como vês, com uma ou outra reticência, com um ou outro 'ajustamento', o sentido geral do que escreveste encontra eco positivo nos comentários já saídos.

E isso, em meu ver, porque o cerne da questão acaba por 'calar fundo' naqueles que te leram e que reflectiram 'com o coração aberto'.
Em tempos não muitos distantes dizia-se que certas idéias eram utopias. Pois talvez pudessem ser, mas conseguiram canalizar muitas energias, muitas vontades, conseguiram operar muitas obras.
Se calhar uma das faltas da sociedade actual é a não existência de utopia em perspectiva capaz de mobilizar mentes e vontades.

Em todo o caso a tua demanda em busca da aplicação do que se pode chamar de 'humanismo cristão', de que tu procuras ser um exemplo vivo, é também em si mesma passível de ser classificada de utopia, pois haverá sempre alguém que possa dizer que é da 'natureza humana' ser egoista, ser maldosa, e não aceitar alinhar por esse caminho proposto.

Gostei do teu artigo, do teu texto, da sua oportunidade. Vamos ver que efeito terá.

Abraço
Hélder S.

Anónimo disse...

Digo só...
Sou um homem de esquerda. Sei muito bem o que digo quando refiro "direita" com os olhos postos em gente e filosofias determinadas e marcantes. Sei que alguma dessa direita anda aqui também porque já lhes li pensamentos aqui estampados.
Sei que no plano pessoal há gente boa e gente má à esquerda e à direita. Sei que a "tua" sempre teve duas faces que lutaram entre si, uma social e cheia de luz e outra anti-social e negra, julgo que te conheço já razoavelmente e se me deixares, com muito prazer, assino também o teu texto.
Abração, camarigo
José Brás

Anónimo disse...

a "tua" igreja (algumas outras só têm o lado negro)
José Brás

Anónimo disse...

...e só para que não fique aqui qualquer risco de confusão, falando da "minha" ideologia, te digo também que, tendo sido construída por homens brilhantes e de boa vontade, acabou nos mesmos crimes e desumanização da direita a que me refiro, muitas vezes transformando heróis e quase "santos" em criminosos.
Não deixo de ser socialista por isso.
José Brás

Anónimo disse...

Um grande Abraço
António Martins Matos

alma disse...

Direita? Esquerda?Oh!Amigo!

Aí vai o Grande Abraço!


O resto...(mas há resto?) não interessa mesmo nada...


Jorge Cabral

Anónimo disse...

Meu Caro Joaquim,
Sou ateu, anarca, e humanista. Penso eu de que...
Sou ateu de certeza, porque não acredito no transcendental.
Sou anarca no sentido de que perfilho a ideia da anarquia como expressão mais elevada da ordem, na situação em que cada um respeitará os seus deveres, disporá dos seus direitos,e viverá em solidariedade. Será utópico, mas pode animar-nos no caminho.
Sou humanista - imagino que sim - porque procuro adoptar a Obrigação Universal de Respeito.
Também me congratulo com o teu texto, que é um desafio à nossa capacidade de entendimento, e à salvaguarda das diferenças que caracterizam cada um. Veio, seguramente, lembrar-nos a educação ministrada pelos nossos pais e pela escola.
Já agora: aos 20 anos assinava o CF onde se esplanavam ideias anti-colonialistas, entre outras, mas ainda considerava o ultramar como parte integrante de Portugal. No "Jagudi" (reproduzido pelo Jornal do Exército)defendi a ideia da emigração para Angoa e Moçambique, não só pelo portuguesismo, mas pelo que conhecia do desenvolvimento que acontecia naquelas terras, e porque imaginava-lhes outro o destino. E fui para Angola.
Abraços fraternos
JD

Anónimo disse...

Meu Caro Joaquim e Camaradas:
Impõe-se duas esclarecimentos ao meu texto:
1 - CF - Comércio do Funchal;
2 - Só esse artigo foi reproduzido, sem autorização, pelo Jornal do Exército. Os diferentes nºs do Jagudi foram enviados para o Pifas, onde o João Paulo Dinis leu alguns textos, e para o Com-Chefe, a título de cortesia.
JD

antonio graça de abreu disse...

Isto não terá nada a ver com esquerda/direita, com as etiquetas que muitos assumem ou nos querem colar.
É muito mais importante, tem a ver com a dignidade do ser humano, com os direitos à vida e a um dia a dia mais feliz.
Transcrevo, do Jornal I, de hoje:


"As histórias vêm sem nomes e sem datas. No Vale da Amoreira, na Moita - onde vivem mais de 12 mil pessoas, 30% delas originárias da Guiné -, há crianças vítimas de um ritual que implica o corte do clítoris. "Identificamos na nossa comunidade pessoas que levaram a cabo a mutilação genital feminina e outras que pretendem fazê-lo. Aqui há famílias em que todas as mulheres foram excisadas. Há uns meses, tivemos conhecimento de que três meninas da mesma família foram mutiladas aqui no bairro e sabemos de outras que vão à Guiné para cumprir esse ritual", denunciou à Lusa Susana Piegas, da Associação de Imigrantes Guineenses e Amigos do Sul do Tejo (AIGAST), que trabalha há dez anos junto daquela população.

Rosa Tavares, coordenadora do departamento de saúde da associação, é uma excepção entre as mulheres guineenses. É casada com um muçulmano, mas impediu que a sua filha fosse mutilada. Sobre a situação que se vive no bairro, está convicta de que o problema ainda é maior por existirem "muitas pessoas a ganharem dinheiro com a prática".

A Organização Mundial de Saúde estima que mais de 140 milhões de mulheres, adolescentes e crianças tenham sido submetidas a esta prática. Sendo corrente em países africanos, tem sido importada por comunidades imigrantes para a Europa, onde o Parlamento Europeu estima que vivam cerca de 500 mil mulheres e crianças mutiladas.

Em Portugal, o caminho "a trilhar no combate à mutilação genital feminina é manifestamente enorme", admite Ana Margarida Ferreira, da Amnistia Internacional. "Continuamos sem números. As associações que trabalham junto das comunidades imigrantes têm poucos recursos e não estão coordenadas entre si."

Sílvia Caneco


Abraço,

António Graça de Abreu

Anónimo disse...

Joaquim!

Estive para não meter o bedelho(comentário), acho que já chega de, esquerdas, direitas, centros, sei lá que mais! Nem isso hoje, já faz muito sentido.
Mas pelo respeito que me mereces, pela dignidade que já demonstraste ao longo deste n/percurso comum,(O n/blogue,e a n/guiné que nos penetrou no sangue e nos
sentimentos)e apesar da n/pouca convivência, pessoal, física,(parece pouco mas separam-nos 250/300Km)apesar disso, vou voltar à parada.
Pouco me interessa que te auto proclames como um "homem de direita", a mim pareces-me mais um homem às direitas, e é isso que verdadeiramente para mim, e pelos vistos não só para mim, a avaliar pelo leque de opiniões já aqui expressas,conta.
Pois bem, creio já ter sido suficientemente esclarecedor, no que toca à minha filosofia de vida, o meu modo de ver o mundo, e as "coisinhas deste mesmo mundo". Sou efectivamente um homem que tenho uma formação(a pouca que tenho, do ponto de vista meramente académico fiquei-me pelo 2º ciclo dos Liceus-actual 12º. ano), se calhar a Guiné, sem ter ela própria culpa nenhuma, concorreu também para isso, mas vamos ao que interessa, habituei-me a ver o mundo, cresci e fiz-me homem num meio rural(Alentejo)que nos anos 60,de tão boas memórias noutras áreas,como na música: Beatles; Rolling Stones; Zeca; Joan Manuel Serrat, enfim, vocês sabem e lembram-se certamente, infelizmente naquela zona como noutras naturalmente, do ponto de vista social,vivência efectiva,condições de vida e trabalho, horizontes culturais, etc.. etc. marcou-me efectivamente. E eu, devo confessar,até nem era dos mais desfavorecidos, se calhar até era um pouco priviligiado, pois o meu pai era um pequeno comerciante, e até consegui estudar na velhinha Escola Industrial e Comercial da minha terra(nos cursos antigos, técnicos e industriais) que infelizmente já não existem, mas voltando à picada, certas coisas que tive conhecimento, e outras que presenciei, marcaram-me efectivamente, até da Igreja Joaquim, não da tua, da que se calhar tu até te orgulhas, mas da "outra", a negra, aquela que o Zé Brás, já aflorou.
Isto tudo para te dizer Joaquim, que tendo estes pressupostos todos no meu despertar para a vida,tenho de facto ideias e conceitos de vida que, diria, se podem situar à esquerda. Mas da esquerda antiga, clássica, se quizeres romântica, se calhar fora de prazo.
E felizmente, não sou ingénuo, e sei que isso, hoje, já não existe,e o que existiu foi torpedeado, basta ver os "icones actuais": Clã "Dos Santos" num PALOP e não só, "Mafia do Leste" versus "amigos ou ex-(cá estão os ex-)amigos de Putin, compradores de clubes ingleses (aqui "algum" vem cá parar, como sabem, ao menos isso)e mais exemplos destes por este mundo fora, e claro, de outros quadrantes "políticos".
E tudo joaquim, tudo por causa do mesmo, "el cantante" o "largan"(escreve-se assim?)"aquilo com que se compram os melões", o vil metal.E aqui, não me admiraria nada, que concordasses comigo.
Como vês, não estamos assim tão nos antípodas como pensas,"políticamente falando".
Para terminar, e para que não se tirem cnclusões precipitadas e "rótulagens" descabidas, reafirmo.Não sou ex-coisa nenhuma, nem "ista nem aquilo", sou, sempre fui, livre de correntes ou grilhetas, que me impuzessem contenção nisto ou naquilo, que me limitasem de ver/apreciar/analisar e EXPRIMIR a minha visão/opinião sobre qualquer asunto.
O que, obviamente, me dá o privilégio/direito de gostar mais de umas, do que, "outras coisas"
E de ti, e de homens como tu, e de como muitos de nós, gosto, sinceramante gosto.

Abraços camarigos

Francisco Godinho

Joaquim Mexia Alves disse...

Meus queridos camarigos

Perdoem-me a “provocaçãozinha”!

Eu sabia que quando escrevesse sou um “homem de direita”, os meus camarigos iriam deixar o coração falar e talvez não me reverem na minha afirmação.

E têm razão para isso, porque quem me conhece e comigo fala, sabe que eu não ligo “patavina” a essas “designações”, ou “perfilações”, intituladas de “direita e esquerda”.

E porque tento sempre ser homem de valores, e reconhecer nos outros valores também, é que coloco, a certa altura, naquele texto entre parênteses: (será que estaremos realmente tão separados politicamente?)

Então porquê a minha afirmação de que “sou um homem de direita”?

Porque alguns se querem assenhorear da “direita”, numa visão de passado, e essa “direita” é apenas intransigência e fundamentalismo, e como tal extremista, e assim sendo, em nada diferente da “esquerda” igual.

E o humanismo, meus camarigos, reparem bem que não o afirmei de direita, nem sequer exclusivamente cristão católico, mas sim escrevi, «sou um homem de direita, como tal sou um humanista», para dizer, como poderia ter dito melhor, «porque sou um homem de valores, sou humanista».

Para dizer que me sinto bem aqui, com tantos pensamentos diferentes, não significando com isso que concordo com todos, mas sim, que os ouço e respeito, quando respeitam a nossa condição de homens e a nossa condição de combatentes Portugueses.

O que eu quero dizer e afirmar, é que não se é ou foi Combatente Português melhor, por se acreditar nisto ou naquilo, mas sim e tão só porque o fomos e aprendemos aquilo que tanta falta hoje faz na nossa sociedade: apoiarmo-nos uns nos e aos outros, e sabermos que deles dependemos como eles de nós dependem.

Agradeço-vos do coração as vossas palavras.

Tentarei merecê-las, embora a fasquia da amizade das vossas palavras seja muito alta, mas sobretudo tentarei sempre ouvir e falar, falar e ouvir, e, permitam-me a expressão, “ser intransigente” com quem não sabe ouvir e falar, e falar e ouvir.

É muito bom estar convosco!

Um grande, forte e sempre camarigo abraço

Rui Silva disse...

APOIADO!
PARABÉNS!
UM ABRAÇÃO.

Rui Silva

Anónimo disse...

Joaquim
Mais do que sujeitos de esquerda ou de direita, gosto de lidar com pessoas de bem. E tu estás incluído nesse grupo. Sinto-me feliz por ser teu amigo
Abraço. Miguel Pessoa

António Tavares disse...

Camarigo M Alves,
Gostei de: "Sou um homem de direita!" e do texto.
Como seria o corpo humano sem a parte direita ou a esquerda?
Um abraço, com o meu braço direito e esquerdo, a um BOM HOMEM E HOMEM BOM que conheço.
Com amizade,
António Tavares
Galomaro 1970/72

Anónimo disse...

Caro Mexia

Por acaso, vivo hoje em dois mundos,considerados , um de direita e outro de esquerda.
E passados 14 anos, a conclusão a que chego, é, que o que vale é a frontalidade e a camaradagem dos Homens, com quem lidamos.

O Importante é respeitar as opiniões e sentimentos de cada um..., Jorge Rosales

Alberto Branquinho disse...

CAMARIGO Mexia Alves

Ora aí está!
"Porque sou um homem de valores, sou humanista".
Gostei!

Hunanistas, na direita, são os que forem verdadeiros democratas-cristãos.

Por outro lado, nem todos os que são ou se dizem de esquerda são humanistas.

Afinal, a minha provocaçãozinha valeu a pena.

Subscrevo também este novo texto.

Alberto Branquinho

Anónimo disse...

Caro Mexia Alves
Meu ganda amigo Joaquim
Tenho andado tão cheio de trabalho que me ia passando ao lado o teu notável testemunho.
Está claro que me sinto próximo do que afirmas. Está claro que o subscrevo.
Mas hoje ,tendo em atenção que já sou um rapaz maior de 70, o que mais me interessa na vida são os actos das pessoas. Tenho amigos de todos os quadrantes políticos que respeito em função da sua prática no dia a dia.
Um grande abraço e até sempre,
JERO

José Martins Rodrigues disse...

Ai, esta necessidade de se afirmar que se é cristão e de direita. Porque será?

José Rodrigues

Joaquim Mexia Alves disse...

Ai esta incompreensão daquilo que se escreve verdadeiramente, para apenas ler o se quer criticar!

Porque será?