quarta-feira, 13 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8092: In Memoriam (74): No dia 9 de Abril de 2011, a cidade de Matosinhos homenageou os pescadores mortos no naufrágio de 2 de Dezembro de 1947 e os combatentes da Guerra do Ultramar caídos em campanha (Carlos Vinhal)

Memorial aos mortos na tragédia de 2 de Dezembro de 1947 e aos matosinhenses caídos em campanha na Guerra do Ultramar

A juventude matosinhense em África, uma das várias figuras pictóricas, de autoria do Prof Alfredo Barros, que se podem admirar no Memorial imaginado pelo Arq Abreu Pessegueiro.

Força Militar presente na cerimónia, composta por elementos da Fanfarra do Regimento da Artilharia 5 e por um Pelotão (-) da Escola Prática de Transmissões, comandada pelo Alferes Hélder Leão

As cerimónias tiveram início com o Alferes Hélder Leão apresentando a formatura ao Ten Cor Armando José Ribeiro da Costa

As alocuções iniciaram-se com a intervenção do Mestre José Brandão, Presidente da Associação de Pescadores Aposentados de Matosinhos.

Ribeiro Agostinho, ex-combatente na Guiné (e membro da nossa Tabanca Grande),  fala em nome dos seus camaradas.

Momento em que o senhor Ten Cor Armando Costa, na qualidade de Comandante das Forças em presença e na de Presidente da Comissão instaladora do Núcleo da Liga dos Combatentes em Matosinhos, tomou a palavra.

O Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Dr. Guilherme Pinto fala aos presentes

Manuel Tavares de Sousa, ex-combatente na Guiné ao serviço da Armada Portuguesa, no momento em que declamava os poemas.

O Coro da Associação dos Pescadores Aposentados de Matosinhos que com a sua actuação encerrou a cerimónia de homenagem aos Pescadores e aos combatentes falecidos. 

Francisco Oliveira, o Porta-bandeira durante a cerimónia, acompanhado pelo nosso camarada e tertuliano António Maria.


MATOSINHOS HOMENAGEIA OS PESCADORES MORTOS NO NAUFRÁGIO DE 2 DE DEZEMBRO DE 1947 E OS COMBATENTES CAÍDOS EM CAMPANHA NA GUERRA DO ULTRAMAR

No Dia do Combatente, 9 de Abril de 2011, a cidade de Matosinhos prestou homenagem conjunta aos seus heróis do mar, os pescadores mortos no naufrágio de 2 de Dezembro de 1947, e aos seus heróis da Guerra do Ultramar, os combatentes caídos em campanha naquela guerra de África*.

A iniciativa partiu de um pequeno grupo de ex-combatentes da Guiné (António Maria, Carlos Vinhal, Francisco Oliveira e Ribeiro Agostinho) e da Câmara Municipal de Matosinhos na pessoa do seu Presidente, Dr. Guilherme Pinto, e a colaboração do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, na pessoa do senhor Ten Cor Armando Costa coadjuvado pelos senhores Sargentos Ajudantes Carlos Osório e Joaquim Oliveira, que organizou todo o programa de homenagem.

Assim, pelas 10 horas da manhã, a Igreja Matriz encheu-se de fiéis para assistirem à Missa de sufrágio pelos pescadores e militares que iriam ser homenageados dali a pouco no Cemitério de Sendim. Esta cerimónia religiosa foi presidida pelo Capelão Militar, coadjuvado pelo Pároco de Matosinhos.

Seguidamente houve deslocação para o Cemitério. Apesar do calor que se fazia sentir, os matosinhenses não deixaram de marcar presença assim como as autoridades civis e religiosas do Concelho que se associaram deste modo aos familiares dos pescadores e dos combatentes homenageados.

Com a chegada ao local do Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Dr. Guilherme Pinto, iniciou-se a cerimónia de homenagem com apresentação da Força Militar presente, pelo seu Comandante Hélder Leão, ao senhor Ten Cor Armando José Ribeiro da Costa, da Liga dos Combatentes.

Iniciaram-se as alocuções com a intervenção do Mestre José Brandão, Presidente da Associação dos Pescadores Aposentados de Matosinhos, que relembrou desastre do dia 2 de Dezembro de 1947 e a desgraça que se abateu principalmente sobre a classe piscatória, onde pereceram mais de 150 pescadores, a maioria de Matosinhos, mas também alguns naturais de Aguda e da Póvoa de Varzim, todos justamente aqui lembrados, porque todos contribuíam para o engrandecimento desta (então) Vila, na altura detentora do maior Porto de Pesca de Portugal.

Seguiu-se a intervenção do ex-combatente da Guiné, Manuel José Ribeiro Agostinho, que falou em nome dos camaradas presentes, realçando o significado deste Memorial que em Matosinhos perpetua os seus filhos caídos na Guerra Colonial. Lembrou que a partir de agora vai ser tempo de pensar em algo que lembre o esforço dos matosinhenses que,  não morrendo em campanha, têm também o direito ao reconhecimento do seu esforço naquela guerra. Muitos carregam mazelas irrecuperáveis, principalmente stress pós-traumático e deficiências físicas. Que se espera uma colaboração profícua entre Câmara Municipal, os ex-combatentes e o Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes para levar a efeito esta iniciativa, apesar das condicionantes económicas actuais.
Foi ainda lançada a ideia de cada freguesia do Concelho poder homenagear os seus combatentes, assim se queira.

Tomou depois a palavra o senhor Ten Cor Armando Costa, da Liga dos Combatentes,  que realçou uma vez mais o esforço e a abnegação dos militares que participaram na guerra colonial, assim como os pescadores, também eles homenageados que de comum tiveram a coragem para enfrentar os perigos com que depararam. Que Matosinhos, a partir de agora passa a figurar entre as autarquias que esculpiu na pedra o reconhecimento a uma geração que não envergonhou a História de Portugal. Lembrou também as actuais participações das Forças Armadas Portuguesas mundo fora, num conceito bem diferente, mas levando, em acções humanitárias,  bem longe o nome de Portugal.

Para terminar as alocuções, tomou a palavra o Dr. Guilherme Pinto que salientou o sentido de heroicidade comum aos pescadores e aos militares que enfrentam perigos desconhecidos, sem vacilar, dando a vida no desempenho da sua missão, mesmo sabida de antemão, arriscada. Que neste Memorial ficam para sempre gravados os nomes destes heróis.

Discursos do camarada Ribeiro Agostinho, Ten Cor Armando Costa e Dr. Guilherme Pinto
Com a devida vénia a Mário Rêga

Aconteceram então os momentos mais altos da cerimónia quando a Fanfarra procedeu ao Toque de Sentido, seguido do Toque de Silêncio e o Capelão Militar benzeu o Memorial.

O Edil de Matosinhos procedeu à deposição de duas coroas de flores, acompanhado simbolicamente por um representante dos Pescadores, um representante dos ex-combatentes e pelo Ten Cor Armando Costa.

Seguiu-se o Toque de Homenagem aos Mortos, 1 minuto de silêncio, Toque de Alvorada e Toque de Descansar.

De acordo com o alinhamento da cerimónia, o nosso camarada Manuel Tavares de Sousa, ex-combatente da Guiné como militar da Armada Portuguesa, seguidamente leu dois poemas, um bastante conhecido, do Paco Bandeira, que deu origem a uma canção de grande sucesso e, outro, que se publica, de sua autoria escrito especialmente para este dia.


Finalmente, o Coro da Associação dos Pescadores Aposentados de Matosinhos interpretou dois temas alusivos ao mar e à sua faina.

Como foi sugerido pelo do Dr. Guilherme Pinto, convido a quem visitar Matosinhos a se deslocar ao Cemitério de Sendim para admirar aquela bonita obra imaginada por dois vultos importantes do norte ligados à arte e à arquitectura, o Prof Alfredo Barros e o Arq Abreu Pessegueiro. Verão que não dão o tempo por mal empregue.

Fotos: © Carlos Vinhal e Ribeiro Agostinho (2011). Todos os direitos reservados
Texto e edição de fotos: Carlos Vinhal
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Nota de CV:

(*) Vd. poste da série de 3 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8039: In Memoriam (73): Cerimónia de homenagem aos Combatentes de Matosinhos caídos em Campanha em Angola, Guiné e Moçambique, dia 9 de Abril de 2011 pelas 11H15 no Cemitério de Sendim (Carlos Vinhal)

16 comentários:

Anónimo disse...

Carlos,
Imagino a emoção com que participaste nesta justíssima homenagem! Vocês porfiaram...mas o dia sempre chegou. E isto é que conta.

Um abraço amigo do
Carlos (Cordeiro)

Luís Graça disse...

Carlos:

Sei que estiveste intensa mas discretamente envolvido na organização deste evento... Tu e outros camaradas de Matosinhos. Bem hajas, bem hajam, pela vossa dedicação e competência.

Por que sei que cultivas sempre o "low profile", deixo aqui esta nota. A Tabanca Grande esteve bem representada através da tua pessoa, e tem orgulho em ti. Luis Graça

Torcato Mendonca disse...

Carlos Amigo

Com respeito,de longe mas irmanado nesse espírito,cumprimento todos os que tornaram essa Homenagem possível.

Reforço o que te disse: As Gentes do Norte fazem.

O meu abraço para ti do,
Torcato

Anónimo disse...

Caro Carlos Vinhal

Claro que foi com emoção, que tomei conhecimento desta justíssima homenagem!

Justíssima e briosa homenagem, a quem deu tudo... por nada!

Desconhecia esse naufrágio que vitimou tanta gente. (Irei procurar notícia, para saber pormenores).Grande catástrofe que justifica plenamente a homenagem, a que me associo.

Aos que tombaram na guerra, e aos que a guerra marcou para sempre, física e psicologicamente, ás famílias que os perderam e ás que os acompanham na sua incapacidade e na sua justa revolta pelo esquecimento a que foram votados, eu rendo igualmente a minha modesta homenagem. São perdas irrecuperáveis, dores infindáveis, espaços para sempre desertos, sonhos perdidos,desfeitos, no princípio de cada vida.

Agradeço a iniciativa e louvo o brio e o empenho em honrar dessa forma os que no desempenho das suas missões, tombaram cedo demais.


Um abraço


Felismina Costa

Eduardo J.M. Ribeiro disse...

Faltou aqui dizer, pelo Carlos Vinhal, que foram vários so Camaradas da nossa Tertúlia que, disseminados no meio da multidão, enriqueceram coma sua presença esta homenagem aos nossos Camaradas falecidos nas três frentes da guerra em África.
Um abraço Amigo do,
MR

Hélder Valério disse...

Caríssimo Carlos V

Parece-me que a cerimónia decorreu com dignidade e conseguiu envolver 'as forças vivas' da região.

Li comentários que pareciam querer opôr-se ao facto de a cidade de Matosinhos homenagear os seus mortos, em várias 'frentes de luta', considerando incompatível, ou mesmo antagónico, que o mesmo 'Monumento' pudesse conter as referências aos dois aspectos em causa, mesmo que eles estivessem 'arrumados' e não misturados.

São, de facto, opiniões a considerar, mas parece que se enquadram mais naquele tipo de situações em que se lamenta 'porque não fazem nada', porque 'não nos ligam nenhum', não há 'quem se interesse por nós, quem promova a memória da nossa existência' mas que, quando alguma coisa se faz aparecem a dizer que 'está mal', devia ser de 'outra maneira', assim 'não serve', etc.

Não há que preocupar com isso, faz parte da natureza humana. O que realmente é importante é o passo que deram, a sua concretização, a criação do 'Memorial', para permitir às futuras gerações tomar conhecimento dessas realidades e fazer com elas o que lher der na gana, embora já não possam dizer 'que não sabiam de nada'.

Para o teu directo empenhamento na 'Obra' vão as minhas felicitações, sendo que julgo saber que outroscelementos de Matosinhos, integrantes do nosso Blogue, também estiveram nessa 'cruzada' e que vários outros estiveram nas cerimónias como assistentes.

Abraço e parabéns
Hélder S.

Anónimo disse...

Amigo Carlos,
A todos os que tornaram possível esta justa homenagem, envio um abraço.
Filomena

Joaquim Mexia Alves disse...

Caríssimo camarigo Carlos

Um grande e camarigo abraço

José Marcelino Martins disse...

Caro Carlos e restantes camaradas de Matosinhos

Sei qual é a emoção de participar numa cerimónia desta natureza.

Aquele abraço, pelo dever cumprido e de grande amizade.

Anónimo disse...

Carlos!

Um grande abraço, e um grande apreço, deste teu camarigo e "irmão
mansabeano", pelo teu empenhamento e "entrega" a este tipo de eventos.
O ano passado, lá pelo sul do "n/rectangulosinho", onde estão as minhas raízes,passei pelo mesmo.
Empenhei-me, emocionei-me, mas reconfortei-me, e tive o grato prazer de ter sido "amparado e escorado" por homens grandes e bons
da n/Tabanca, tais como o Luís, o Miguel Pessoa, o Pedro Lauret, o Zé Brás, e, pensando bem, todos vocês estiveram comigo e, afinal, -objectivo único- estivemos todos, por um bocado, com os homenageados, -OS N/ CAMARADAS TOMBADOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA.
E agora Carlos, na tua terra, também estivemos todos, mesmo fisicamente ausentes, estivemos todos.E só assim se poderá entender, manter, reforçar e engrossar, o espírito e o "coração" da n/Tabanca grande.
Bem hajas, e um abraço grande,

Francisco Godinho

Carlos Pinheiro disse...

De vez em quando, com o empenho de alguns, ainda acontecem homenagens jutas, como foi este caso.
Cerimónias destas, sejam elas feitas onde for, são sempre benvindas e gratificantes para que a memória não esqueça
Por isso, a todos que colaboraram e deram vida a este acto simples, mas cheio de significado e acima de tudo justo, ujm abraço amigo
Carlos Pinheiro
14.04.11

Francisco disse...

São de facto cerimónias como esta que muito elevam quem as organiza sinonimo de gratidão para aqueles que foram enviados ás feras e que hoje ainda são ignorados por muitos politicos. Este seria um grande exemplo a seguir pelos Municipios, pois tambem saiam Honrados pelo sua accão. Teriam por certo menos custos doque algumas " festas " em Honra não se sabe de quem-.
Fr.Ribeiro -ex-combatente-Guniné 63/65d

Anónimo disse...

Meu Amigo C.V.
Nestas coisas de homenagens, como noutras, não sou fundamentalista. A Terra quiz honrar os seus falecidos, aqueles que seriam queridos se ainda cá andassem, por isso decidiu juntá-los num monumento evocativo.
Mau, mau... é desconhecermos a história, é a perda de laços entre a comunidade.
E Matosinhos manifesta-se com orgulho dos antepassados.
Aí vai um abraço
JD

Anónimo disse...

Caro Carlos Vinhal

Felicito-vos, a ti e aos camaradas que estiveram na organização da bonita homenagem aos ex-combatentes e pescadores em Matosinhos.
Estava previsto eu comparecer para assistir e dar-vos um abraço mas tal não foi possível, resta-me enviar um grande abraço para todos vós, que marcaram presença e deram merecido significado à cerimónia, vou um dia destes visitar o local.

Manuel Marinho

Anónimo disse...

Meu caro amigo Carlos Vinhal,

Há momentos nas nossas vidas que nos fazem encher o peito com orgulho. Certamente que este é um deles. Parabéns.

Podemo-nos interrogar porque levou tanto tempo, mas isso já não é importante em Matosinhos.

Certamente que o é em outros locais.

Bom e prático seria sensibilizar as juntas de freguesia para formarem pelouros autárquicos, de preferência que englobassem ex-combatentes, que levassem por diante essas homenagens e tomassem conta desses monumentos.

Se um dia isso for conseguido, teremos a certeza que o país se reconciliara com os seus ex-combatentes, que não tiveram culpa alguma da guerra que em nome da nação combateram.

Financeiramente custaria uma ninharia. Moralmente teríamos um país enriquecido com a sua história e gerações reconhecidas pelo simples facto de não terem sido esquecidos pela nação.

Um abrao amigo,

José Câmara

Anónimo disse...

....teremos a certeza por...teríamos a certeza.

José Câmara