sexta-feira, 25 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7998: (In)citações (29): Rádio Sol Mansi, com sede em Mansoa, ligada à Igreja Católica (diocese de Bissau e Bafatá), quer entrevistar antigos combatentes, portugueses e do PAIGC



1. Mensagem que recebemos em 24 do corrente, da Guiné-Bissau: 

De: Ampa Djamam [djamam@hotmail.com]
Data: 24 de Março de 2011 08:38
Assunto: Bom dia!

Bom dia!

A Rádio Sol Mansi quer colaboração dos Antigos combatentes portugueses no programa radiofónico Cultura e Alma do Povo, um programa informativo que fala da luta de libertação e das experiências positivas dos Ex-Combatentes.

O objectivo é de trazer, ao público-alvo, a imagem auditiva do que foi a luta armada que decorreu de 1963 a 1974. Neste contexto, o seu testemunho seria um enriquecimento para o nosso programa e, consequentemente, para os nossos ouvintes.

Podemos marcar uma entrevista no skype ou msn,  torna-se mais fácil e tem qualidade voz melhor do que telefone.

Sr. Luís,  pode nos ajudar a contactar com outros combatentes ? Podem ser seus amigos que tenham estado em diferentes partes da Guiné-Bissau,  para uma entrevista, pode ser você, Carlos Vinhal, Eduardo J. Magalhães Ribeiro, Virgínio Briote, Humberto Reis, Jorge Cabral, José Manuel Dinis, José Ferreira de Barros,  etc...para dar testemunho da luta na qualidade de antigo(s) combatente(s).

Obrigado, Sr. Luis
Deus te abençoe.

Adriano Djamam (Ampauramassol) [, técnico e apresentador de programas da Rádio Sol Mansi]
E-mail: adrianodjamam@yahoo.com.br
djamam@hotmail.com
Skype: ampadjamam
Cel: 00245 6649641 / 00245 5804646


2. O pedido de colaboração era acompanhado de dois documentos, que aqui se reproduzem (sendo um especificamente dirigido ao nosso co-editor Virgínio Briote):

2.1. Convite a  Sua Excelência Sr. Virgínio Briote
                            

Assunto: Solicitação de participação no programa Cultura e Alma do Povo

Excelentíssimo Senhor:

A Direcção da Rádio Sol Mansi vem, através desta, solicitar ao excelentíssimo senhor Virgínio Briote a colaboração e participação no programa radiofónico Cultura e Alma do Povo, um programa informativo que fala da luta de libertação e das experiências positivas dos Ex-Combatentes.

O objectivo é de trazer, ao público-alvo, a imagem auditiva do que foi a luta armada que decorreu de 1963 a 1974. Neste contexto, o seu testemunho seria um enriquecimento para o nosso programa e, consequentemente, para os nossos ouvintes.

Ciente de que esta solicitação irá merecer uma especial atenção de sua excelência, subscrevemo-nos com a mais alta consideração e estima.

Bissau, 22 de Março de 2011
                                                                                                                         
Atenciosamente. 
O apresentador 
José Mango 


2.2. Guião de entrevista ao ex-combatente [de um lado e doutro]

01. Quando? Como? e Motivo que o levou a ingressr na luta. Mobilizado por alguém? (pai, mãe, tio, amigo, colega, etc..)

02. Como se sentiu quando estava prestes a deixar o seu país ?

03. Qual era impressão da luta antes do ingresso, e depois ?

04. Como se sentiu ao pegar numa arma pela primeira vez ?

05. Onde e qual foi a primeira acção com uma arma na mão ?

06. O contacto com a família era fácil ou nunca mais ligou ?

07. Foi um sucesso ou um fracasso, o seu grupo de combate ?

08. Ao ver companheiro tombado, como se sentiu ?

09. Quantas vezes participou em acções  ofensivas ?

10. Foi alguma vez comandante? Porquê ?

11. Era fácil dirigir uma frente? Como compara,  em termos de armamentos,  a força inimiga ?

12. Sentiu-se alguma vez derrotado pelo inimigo e reconheceu essa derrota ?

13. Das batalhas  ou operações em que participou, qual delas foi a mais dificil ? E a mais fácil ? Porquê ?

13. Tem algum comandante ou combatente que admire ? Porquê ?

14. Sentiu-se alguma vez culpado pelas baixa sofridas entre os seus Camaradas ? Porquê ?

15. Sentiu-se alguma vez ameaçado ou foi castigado pelo seu comandante ? Porquê ?

15. Como era visto entre os seus Camaradas de armas ?

16. Como avalia a luta de libertação [, levada a cabo pelo PAIGC,], no seu ponto de vista ?

17. Chegou a pensar em ser ministro ou dirigente após independência da Guiné-Bissau ? Porquê? [Presume-se que seja uma pergunta a ser colocada aos antigos guerrilheiros do PAIGC]

18. O que gostaria de ver resolvido nas Forças Armadas [, presume-se, que sejam as da Guiné-Bissau] ? O que faltou (ou falta) ?

19. Sentiu-se arrependido por ter participado [, a favor ou contra, na luta pela independência? Porquê?

20. Mensagem aos outros combatentes. Falar da possivel viabilidade desta terra [, a Guiné-Bissau] ? (Alguns projectos)

21. Mensagem  aos militares ainda no activo [, em Portugal ou na Guiné-Bissau, conforme o entrevistado].

22. Abordar outros assuntos na sequência da conversa com o entrevistado.

[Revisão / adaptação / fixação de texto: L.G.]


3. Informação sobre a Rádio Sol Mansi, solicitada ao nosso amigo Pepito, director executivo da AD - Acção para o Desenvolvimento, com sede em Bissau:



Luís: Esta rádio está sedeada em Mansoa e começou por ser uma rádio comunitária [, foi fundada em 2000]. A Igreja Católica que sempre a apoiou decidiu transformá-la em radio nacional (cobre todo o país) e é ela que a controla. Têm o apoio da Radio Renascença. É uma rádio com muita audiência. Não conheço o Ampa Djaman.

abraço
pepito 



Segundo pesquisa feita no blogue da Rádio Sol Mansi, "actualmente [, Julho de 2007,] a Rádio Sol Mansi tem uma emissão diária de 12 horas. Com uma programação cada vez mais preocupada com os problemas sócio-políticos,  económicos e culturais que afectam o país.



"A nossa informação (formação) é pedagógica (educação, saúde, agricultura, direitos humanos,  programas para mulheres e as crianças,  educação para à Paz, o dialogo interreligioso, educação ambiental e ecologia, cultura tradicional…),  contanto cada vez mais reduzir a iliteracia, pois temos a noção dos efeitos de uma notícia.


"O funcionamento da Rádio é garantido por uma equipa de 12 funcionários e 17 voluntários, de diferentes etnias e religiões, que estão num processo de formação continua.


"Das pesquisas de audiometria feita por nós, em 2003, à Rádio Sol Mansi, é muito escutada nas zonas rurais, e em algumas cidades próximas de Mansoa. Conseguimos superar as emissões e audiências das estações de Bissau na nossa região e cada vez mais em Bissau somos identificados.


"A prioridade da Rádio Sol Mansi é de apoiar a actividade da Ecuménica e, de todas as confissões religiosas ou instituições ao serviço do Desenvolvimento e da Paz no nosso país". 

O Administrador da Rádio Sol Mansi é o  ARMANDO MUSSA SANI (foto acima, reproduzida com a devida vénia)





4. Comentário de L.G.:


Cada um de nós, antigos combatentes no TO da Guiné, tem a liberdade de contactar o Ampa Djamam e oferecer-se, eventualmente, para ser entrevistado, via Skype ou Messenger, para o referido programa,  Cultura e Alma do Povo, da Rádio Sol Mansi, com sede em Mansoa, região dio Oio. Daremos o apoio que nos for possível.

Ficamos, para já, com dúvidas sobre quem é o apresentador do programa, se é o Ampa Djamam ou o José Mango. De qualquer modo, é importante que as jovens gerações guineenses possam ouvir falar, em português, os antigos combatentes, portugueses, que estiveram na Guiné entre 1963 e 1974.


Cada entrevistado representar-se-á a si. As  declarações e opiniões emitidas por cada um dos eventuais entrevistados só responsabilizam os seus autores, e nunca o nosso blogue que, por ser colectivo e plural,  não tem (nem pode ter) resposta para as questões acima listadas no guião. Aconselhamos, no entanto, os nossos camaradas a passar ao papel as suas respostas, em bom português, de modo a tornar mais fácil, rigorosa, assertiva, segura e eficiente a comunicação com o entrevistador...  Alguns desses depoimentos poderão, inclusive, vir mais tarde a ser reproduzidos, por escrito, no nosso blogue (se houver consentimentos dos entrevistados e do responsável do programa).


Se as regras editorais do nosso blogue forem de algum utilidade para os nossos camaradas que vierem a ser entrevistados, aqui ficam, para os devidos efeitos:

"Neste espaço, de informação e de conhecimento, mas também de partilha e de convívio, decidimos pautar o nosso comportamento (bloguístico) de acordo com algumas regras ou valores, sobretudo de natureza ética: (i) respeito uns pelos outros, pelas vivências, valores, sentimentos, memórias e opiniões uns dos outros (hoje e ontem); (ii) manifestação serena mas franca dos nossos pontos de vista, mesmo quando discordamos, saudavelmente, uns dos outros (o mesmo é dizer: que evitaremos as picardias, as polémicas acaloradas, os insultos, a insinuação, a maledicência, a violência verbal, a difamação, os juízos de intenção, etc.); (iii) socialização/partilha da informação e do conhecimento sobre a história da guerra do Ultramar, guerra colonial ou luta de libertação (como cada um preferir); (iv) carinho e amizade pelo nossos dois povos, o povo guineense e o povo português (sem esquecer o povo cabo-verdiano!); (v) respeito pelo inimigo de ontem, o PAIGC, por um lado, e as Forças Armadas Portuguesas, por outro; (vi) recusa da responsabilidade colectiva (dos portugueses, dos guineenses, dos fulas, dos balantas, etc.), mas também recusa da tentação de julgar (e muito menos de criminalizar) os comportamentos dos combatentes, de um lado e de outro; (vii) não-intromissão, por parte dos portugueses, na vida política interna da actual República da Guiné-Bissau (um jovem país em construção), salvaguardando sempre o direito de opinião de cada um de nós, como seres livres e cidadãos (portugueses, europeus e do mundo) (e vice-versa); (viii) respeito acima de tudo pela verdade dos factos; (ix) liberdade de expressão (entre nós não há dogmas nem tabus); mas também direito ao bom nome; (x) respeito pela propriedade intelectual, pelos direitos de autor... mas também pela língua (portuguesa) que nos serve de traço de união, a todos nós, lusófonos".
_________________

Nota do editor:

Último poste da série > 22 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7981: (In)citações (31): Melhoria do porto fluvial de Cabedu, no extremo da península de Cubucaré, na margem direita do Rio Cacine (AD - Acção para o Desenvolvimento)

1 comentário:

Anónimo disse...

Caros camaradas

Escrevi ontem um comentário que não chegou a sair mas estava muito cansado para recomeçar e por isso vou hoje tentar novamente. Vamos lá a ver se consigo recuperar o 'fio da meada'.

A idéia era de considerar que a solicitação de colaboração do nosso Blogue na iniciativa que a "Rádio Sol Mansi" pretende levar a efeito só pode a do reconhecimento a capacidade do mesmo para o atingimento dos objectivos.

Por outro lado não deixa também de ser notável que igualmente na Guiné já se sintam (finalmente) preocupações com o registo da memória, coisa que está na origem, na essência, destas nossas contribuições, procurando transmitir às actuais gerações o que foi o passado recente, até como forma de se poder 'pesar' os ganhos e as perdas que decorreram das acções desses tempos.

Quanto às precauções, às cautelas, que cada um de nós deverá ter numa eventual contribuição,estão muito 'clarinhas' no comentário que o Luís Graça emitiu.

Abraço
Hélder S.