sexta-feira, 11 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7926: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (81): Na Kontra Ka Kontra: 45.º episódio




1. Quadragésimo quinto episódio da estória Na Kontra Ka Kontra, de Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), enviado em mensagem do dia 10 de Março de 2011:


NA KONTRA
KA KONTRA


45º EPISÓDIO

Um dia, encontrando-se Magalhães Faria a almoçar com o filho na “D. Berta”, chega o Dionildo e de chofre diz-lhe:

- C… sabe quem está ali em baixo à porta? A sua primeira mulher.

O filho do Magalhães Faria arregalou os olhos e este ficou lívido.

- E sabe quem está com ela? Aquela bajudinha muçulmana que nasceu em Madina Xaquili, quando lá estávamos e a quem puseram o nome de Sextafeira. Agora está uma mulheraça.

Um NA KONTRA inusitado.

Magalhães Faria não teve como fugir à situação criada pelo Dionildo. Tentou explicar ao filho que era uma brincadeira do Dionildo mas teve que descer ao rés do chão e ir ter com a Asmau e a Sextafeira. Conversaram uns minutos, o suficiente para ficar a saber que a Asmau estava casada, que tivera sete filhos dos quais um morreu, e que vivia em Bafata. Tinha vindo visitar a Sextafeira que vivia com os pais em Bissau. Se Sextafeira estava uma mulheraça no dizer do Dionildo, Asmau com os seus 36 anos, bonita como sempre foi, agora bem vestida, com uma pujança física de fazer inveja até a Sextafeira, podia por a cabeça à roda a qualquer mortal. Se a pôs ou não a Magalhães Faria não se ficou a saber. Despediram-se e aparentemente tudo ficou na mesma.

Com o Dionildo é que as coisas não ficaram na mesma. A Sextafeira mexeu com ele. Um autêntico amor à primeira vista. Fizeram promessas de se tornarem a encontrar.

Decorrem alguns dias até que a guerra parece novamente instalada em Bissau. Ouvem-se tiros, rebentamentos e mais tarde, como sempre acontece, os boatos. A pretexto de uma tentativa de golpe terá sido feita uma nova depuração, e, inexplicavelmente, mais uma vez de balantas por balantas. Ambos, pai e filho, começaram a acusar a instabilidade que agora se estava a viver e resolvem regressar a Portugal.

No Porto, tentando refazer a sua vida profissional Magalhães Faria cria uma pequena empresa de transitários, privilegiando os transportes para a Guiné, destino pouco explorado. Parecia que a África, ou melhor a Guiné, ou porventura ainda a Asmau não lhe saía do pensamento.. O Dionildo passa a ser o seu “braço direito”.

Magalhães Faria não se sente bem a viver só, sem uma mulher a seu lado.

Conhece entretanto uma senhora brasileira com quem vem a casar depois de um curto namoro. Logo na viagem de núpcias, passada no Brasil, entusiasma-se com o país e, chegado a Portugal, prepara as coisas no sentido de o Dionildo ficar à frente do negócio. Parte novamente para o Brasil acompanhado da mulher para, com o apoio do sogro brasileiro, iniciar nova vida profissional. Mantém-se lá alguns anos, com vindas regulares a Portugal.

Magalhães Faria vai a Brasília e visita a Catedral.

O Rio de Janeiro foi visita obrigatória para Magalhães Faria.

Magalhães Faria e a terceira mulher
no Cristo Rei.

Estabelecido a setenta quilómetros de S. Paulo, em Santos, cidade muito interessante com praia ao longo de uma avenida que faz lembrar Copacabana, tem oportunidade de conhecer toda a zona sul do Brasil. Visita as Cataratas de Iguaçú, vai à capital, Brasília, percorre a estrada marginal até ao Rio de Janeiro, passando pela maravilhosa cidadezinha de Parati com as suas casas tipicamente coloniais portuguesas.

Magalhães Faria e sua mulher apreciando a Baía de Santos

Porém, talvez um chamamento semelhante ao da negritude africana, agora a negritude brasileira faz com que esteja por períodos muito curtos em Portugal. Esta negritude vai novamente fazer mudar a sua vida. Agora é a sua mulher que se afasta, não aguentando as duplicidades. Magalhães Faria vê-se de novo em situação de KA KONTRA, semelhante à anteriormente vivida em Portugal.

A história repete-se e da mesma forma não quer também ficar dependente do agora ex-sogro. Regressa a Portugal e assume novamente a direcção da sua empresa, que vinha sendo gerida pelo Dionildo.

Fim deste episódio
Até ao próximo camaradas.
(Fernando Gouveia)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 10 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7919: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (80): Na Kontra Ka Kontra: 44.º episódio

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