terça-feira, 8 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7911: As Nossas Mães (8): O tempo passa depressa - Homenagem à Mulher, à Mãe (Juvenal Amado)

1. Mensagem de Juvenal Amado* (ex-1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1972/74), com data de 07 de Março de 2011:

Caros Luís, Carlos, Virgínio, Magalhães e restante atabancados.
As nossas mulheres serão sempre fonte de inspiração, não quero por isso deixar passar o seu dia sem uma pequena referência.

Um abraço e bom Carnaval
Juvenal Amado




 "Mother and Child" de Don Miller


O TEMPO PASSA DEPRESSA

Os olhos rasos de água
Olhavam para as mãos dele
Da boca sai um esgar, que pretende que seja sorriso
Em presença do inevitável
Tenta enganar o medo

Quando partes?

O coração tinha partido à desfilada
A realidade estava ali
O filho para si ainda menino
Quer perguntar
Mas uma garra esgana-a

Quando partes?

Da boca não sai nenhum som
Os olhos alternavam entre o rosto e farda
Mas o verde é esperança!
Dir-lhe-ão que o tempo passa depressa
Segundo a segundo, minuto a minuto

Quando partes?

Ela não houve a resposta
O grito que tem preso na garganta abafa todos os sons
Cada notícia de morte
Esmaga-lhe o coração
O peito dói como se amamentasse
Tantos anos depois a dor regressa

Quando partes?

Depois em silêncio
Desmancha os sacos
Corta e cose as bainhas
Cada ponto tece uma promessa
E pergunta para si baixinho
Quando regressas?

Juvenal Amado
8 de Março 2011
____________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 28 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7690: Estórias do Juvenal Amado (35): Rodéro, o corneteiro com falta de embocadura

Vd. poste de 13 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7426: As nossas mulheres (18): Mulher é ...mulher (José Brás)

9 comentários:

Luis Faria disse...

Caro Juvenal Amado

Gostei.Lindo.
Um abraço

Luis Faria

admor disse...

Caro Juvenal Amado

Poema belíssimo, muito belo, acho que traduz bem aquilo que as nossas mães sentiram.

Um grande abraço.

Adriano Moreira

Anónimo disse...

Caro Juvenal

Acabo de almoçar, ligo o computador à procura das novidades do dia e, eis que surge o seu poema!

Que bonito, que sentido, que vivido!..direi.

Creio, que é exactamente assim, que uma mãe ficava perante a irrevogabilidade do facto.

Sem palavras...evitando demonstrar, o que lhe vai na alma!

Obrigada amigo, pela sua capacidade de sentir o coração da mãe...da mulher.

Um abraço fraterno

Felismina Costa

Torcato Mendonca disse...

Caro Juvenal Amado

Só um Abraço Forte e Fraterno do T.

antonio barbosa disse...

Lindo poema cheio de intensidade, quem melhor que a nossa mãe e esposa para nos compreender e defender, levantarem-nos a moral
e incentivarem-nos para seguir-mos
em frente contra as adversidades da vida, por tudo isto e neste dia em que se comemora o dia da mulher
um bem haja para elas.
Antonio Barbosa

Joaquim Mexia Alves disse...

Meu caro Juvenal

Nem te dou os parabéns por este poema, porque parabéns é pouco para demonstrar o que sinto ao lê-lo.

Antes te agradeço pelo momenmto que me fizeste viver.

Há tempos atrás pediram-me que os versos que constituem a letra do fado da Guiné, fizessem parte de uma antologia de poesia sobre a guerra de África.

Depois de alguma troca de mails, foi-me informado, mais copisa menos coisa, que a poesia a publicar seria em garnde medida de "autores consagrados" e já publicada.

Retorqui, afirmando que muita dessa poesia é de gente que nunca lá esteve e está cheia de lugares comuns mais ou menos politizados, e sugerindo que essa antologia fosse feita com os poemas dos poetas anónimos que fizeram verdadeiramente a guerra.

Este teu poema é bem um exemplo do que eu então afirmei.

E tantos mais, meu camarigo, que aqui nesta Tabanca Grande, têm sido dados a conhecer.

Mas pelos vistos, dos anónimos não reza a história, apesar da história ser feita pelos anónimos.

Para concluir, pedi que não fossem colocados os versos da letra do fado da Guiné na antologia a publicar.

Um grande abraço para ti e para todos os camarigos.

manuelmaia disse...

Caro Juvenal,meu bom amigo,

Gostei muito,crê-me, desta sensibilidade do escrito a que no fundo todos gostaríam de chamar seu, num reconhecimento à mulher que nos pôs no mundo, e à outra, a que nos tem suportado nestas anos de vivência comum permitindo-nos o prolongar de vida através dos filhos que nos deu.
Muito obrigado Juvenal.
Um grande abraço de parabéns.
manuelmaia

António Rodrigues disse...

Caro Juvenal

Obrigado por tão bonito poema.
Tenho a certeza que as nossas Mães sofriam ainda mais do nós naquela altura das nossas partidas e a todas as horas ansiavam pelo nosso regresso.
Eu ainda tenho a sorte de ter a minha comigo Felizmente.

Um forte abraço Amigo.

Manuel Joaquim disse...

Belo!