terça-feira, 8 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7910: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (78): Na Kontra Ka Kontra: 42.º episódio




1. Quadragésimo segundo episódio da estória Na Kontra Ka Kontra, de Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), enviado em mensagem do dia 7 de Março de 2011:


NA KONTRA
KA KONTRA


42º EPISÓDIO

Aproxima-se o dia da boda e são os próprios noivos que decoram a capela com uma única espécie de flores: Narcisos poetas.

O casamento do Alferes Magalhães na
capela da Boa Nova.

O casamento é celebrado pelo pároco de Leça da Palmeira. São tiradas as fotografias da praxe e o almoço de casamento é servido no restaurante ali ao lado. Ao fim da tarde, o agora casal, segue para a viagem de núpcias. A intenção é irem ao longo da costa até ao Algarve. Porém no primeiro dia não passam de Coimbra…

De boas intenções está o inferno cheio, como se costuma dizer e é bem verdade: No segundo dia não “conseguem” passar de São Martinho do Porto e no terceiro, de Óbidos… Depois Lisboa foi uma autêntica barreira para continuarem mais para Sul. Para isso também contribuiu muito o terem ficado alojados num Hotel em plena Baia de Cascais, local espectacular que ele conhece muito bem. No curso intensivo sobre Informações que tinha tido em Lisboa antes de ir para a Guiné, tinha ficado alojado na messe dos Altos Estudos, em Pedrouços, perto de Cascais.

Nos dias que aí se mantêm, sempre lhes servem o pequeno almoço na varanda do quarto após o que rumam à capital onde muito há que ver. Não deixam de ir à feira da ladra, outro sítio que o Alferes conhece bem pois é nas imediações que se situa o “Casão” da Manutenção Militar e também o departamento onde o então Aspirante Magalhães frequentou o tal curso intensivo.

Já de regresso ao Porto, resolvem parar no “Pedro dos Leitões” pois ambos gostam muito de leitão à Bairrada. Quando estavam a deliciar-se com tal petisco notam que na maioria das mesas se come pescada ou bacalhau. Acham muito estranho ir àquele local e não comer leitão. Seguem viagem. Chegados a casa dos familiares comentam o caso do restaurante. Resposta imediata:

- Então não sabeis que hoje é Sexta-feira Santa? Como o amor é cego…

Até acabarem as férias da Páscoa da agora esposa de Magalhães Faria, os dois aproveitam todas as horas vagas da mulher para conhecerem melhor o Minho, com o seu verde inconfundível.

Quando dá por ela, o nosso Alferes já está metido num avião a caminho da Guiné, mas pouco tempo está em Bafata e, na Guiné. Acaba a comissão e regressa à Metrópole, agora no navio “Carvalho de Araújo”, mais um cargueiro adaptado para o transporte de tropas.

Chegada do navio Carvalho Araújo ao Funchal.

Passa pela ilha da Madeira que não conhece e aproveita as seis horas disponíveis para, numa excursão encomendada ainda do barco em alto mar, visitar o que é considerada a paisagem mais espectacular da Madeira: A Eira do Serrado de onde se vê a povoação do Curral das Freiras, uns setecentos metros por baixo de uma escarpa quase na vertical.

Madeira. O Alferes Magalhães na Eira do
Serrado com o Curral das Freiras lá ao fundo.

Em Lisboa, o ainda Alferes Magalhães, desembarca por volta das nove da manhã e como era de rendição individual, toma um táxi, leva as malas à Estação de Santa Apolónia onde as deposita e sempre no mesmo táxi vai aos Adidos e à sua Unidade de Mobilização, o RAL 1, tratar da sua desmobilização. Chega novamente a Santa Apolónia, paga a corrida de toda a manhã com uma nota de cinquenta escudos e ainda tem tempo para almoçar um óptimo coelho de cebolada, num restaurante ao lado da estação.

Porque do barco, por questões de segurança, não se podiam mandar telegramas, apenas receber, o agora simplesmente Magalhães Faria não pode avisar ninguém da sua chegada, pelo que aparece no Porto de surpresa.

Fim deste episódio
Até ao próximo camaradas.
(Fernando Gouveia)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 7 de Março de 2011 Guiné 63/74 - P7905: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (77): Na Kontra Ka Kontra: 41.º episódio

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