terça-feira, 16 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7289: Estranha Noiva de Guerra, romance de Armor Pires Mota (2): Apresentação em Lisboa, 10/11/2010, na A25A (Parte II)


Lisboa > Sede nacional da Associação 25 de Abril (A25A) > 10 de Novembro de 2010 >  Apresentação do romance Estranha Noiva de Guerra (1ª ed, 1995), agora em 2ª edição, na Âncora Editora (2010, 151 pp.) (*). 

Neste vídeo, Beja Santos lê excertos do seu prefácio e termina dizendo que, do seu ponto de vista, estamos perante uma obra-prima da literatura da guerra colonial, que escapou ao olhar dos nossos críticos literários e dos leitores mais atentos a esta  fileira da nossa ficção. Para ele, foi uma descoberta emocionada, para mais numa altura em que acabava de perder uma filha, a sua adorada Locas. Eis aqui a parte final do prefácio, lido pelo Mário:


(...) "Esta linha dominante da reconciliação, do diálogo entre os pólos opostos, será retomada num outro livro de inegável mérito 'A Cubana que Dançava Flamenco', a obra mais recente de Armor Pires Mota. Mas convém não perder de vista a questão central que é a bela metáfora, a epopeia do Bravo Elias e de Mariama à volta de um santuário mítico do PAIGC onde tem lugar uma romagem espantosa, cravejada de heroísmo, erotismo e do fantasma de Thanatos. Bela metáfora de um herói anónimo, quando regressa ao quartel de Mansabá, tudo quanto ocorreu parece não ter passado de uma mera formalidade. Bela metáfora de um Morés onde tudo é possível quando a camaradagem se sobrepõe à violência do meio. Qualquer uma daquelas batalhas podia ter sido vivida por um combatente, a romagem de padiola, aquela solidão a que se junta em solicitude Mariama e o seu afago, os presentes de um alferes de segunda linha a recordar que mesmo num local de franca carnificina os homens não esquecem os valores do passado. A morte ronda por toda a parte mas a missão de dar uma urna ao Perdiz sobrepõe-se à fadiga e aos medos. Até ganha plausibilidade conversar com guerrilheiros e entrar quase naturalmente em Mansabá, como nada tivesse acontecido. Parece que o horror da guerra se esfuma com a coroação de toda aquela ternura entre a guerrilheira e o combatente que não abandona um camarada nos ocasos da floresta. Uma trama engenhosa que desagua num mundo em destroços que não interessa completar porque a guerra não é cor-de-rosa e ninguém tem direito a saber o destino deste Bravo Elias que acaba de perder a sua estranha noiva de guerra.

"Se há acontecimento mais feliz de um ano trágico da minha vida, em que ao perder uma filha procurei refugiar-me no estudo da trajectória da literatura da guerra colonial da Guiné, foi o de ter conhecido esta pedra preciosa que parecia guardada a sete chaves, inexplicavelmente.

"É o momento preciso para que a cultura portuguesa se reencontre com uma obra-prima que reconcilia e abrilhanta, em todo o seu esplendor, a lusofonia que emergiu com o fim da guerra colonial". (...)



Vídeo (2' 46''): © Luís Graça (2010). Vídeo alojado em You Tube > Nhabijoes





Lisboa > Sede nacional da Associação 25 de Abril (A25A) > 10 de Novembro de 2010 >  Apresentação do romance Estranha Noiva de Guerra (1ª ed, 1995), agora em 2ª edição, na Âncora Editora (2010, 151 pp.) (*) > Nestas três fotos, vê-se; (i)  o autor, homem tranquilo, que prefere a sua Bairrada à confusão da Babel de Lisboa; (ii) o autor falando  com o Carlos Silva, a quem eu chamo por brincadeira o "régulo de Farim" (ambos estiveram em Jumbembem, embora em épocas diferentes); e por fim, (iii) em primeiro plano e a contar da segunda cadeira, da esquerda para a direita,  o querido amigo Humberto Reis, a Alice e de novo o Carlos Silva. 

Na terceira fila, o primeiro a contar da direita para a esquerda é o escritor Manuel Barão da Cunha, cor DFA ref, que esteve na Guiné em 1964/65 (CCAV 704), e que vai apresentar amanhã, em Oeiras (na Livraria-Galeria Municipal Verbey/Colecção Neves e Sousa), a 4ª edição do seu romance, agora revisto e aumentado, Tempo Africano, aquelas longas horas em oito andamentos.  

Ao fundo, na última fila, de pé, do lado esquerdo , está o nosso camarada Belmiro Tavares, que pertenceu à CCAÇ 675, companhia independente que esteve adida ao batalhão do Armor Pires Mota, o BCAV 490, comandado pelo Ten Cor Fernando Cavaleiro.



Recorde-se aqui que o livro do Armor Pires Mota vai ainda ser lançado em Aveiro (Centro Comercial Fórum, 19 do corrente), depois de Lisboa (a 10) e da terra do escritor (Oiã, Oliveira do Bairro, a 13).

Fotos: © Luís Graça (2010). Todos os direitos reservados

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Nota de L.G.

(*) Vd. poste de 11 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7262: Estranha Noiva de Guerra, romance de Armor Pires Mota (1): Apresentação em Lisboa, 10/11/2010, na A25A (Parte I)

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