sábado, 25 de setembro de 2010

Guiné 63/74 – P7035: FAP (51): A noite mais perigosa da minha guerra (António Martins de Matos)

1. O nosso Camarada António Martins de Matos (ex-Ten Pilav, BA12, Bissalanca, 1972/74, hoje Ten Gen PilAv Res), no seu regresso enviou-nos, em 24 de Setembro último, um interessante e bem disposto texto:

Camaradas,

Férias terminadas, junto vos envio um texto para animar a malta.
E para que não fique alguma dúvida na cabeça das pessoas.

Qualquer semelhança com alguém, facto ou lugar, não é ficção, é mesmo semelhança.



Base Aérea 12 > Bissau

Com a devida vénia à página dos Especialistas da Base Aérea 12, Guiné 65/74, do nosso camarada Victor Barata, Especialista da FAP.
"A noite mais perigosa da minha guerra”
Recordando a minha estadia de aviador por terras da Guiné, as missões preferidas eram as de DO-27, em especial as destinadas a apoiar os vários Batalhões, CAOPs, COPs e correlativos, permitiam-me ver e conviver com o pessoal das “terras do fim do mundo”, ou como disse um escritor com laivos de rambo e de memória baralhada, dos “cus de judas”.


Uma Dornier, DO 27, na pista, de terra batida, do aquartelamento > Foto do saudoso Cap Ref José Neto (1927-2006)

Fazer embarcar os eventuais passageiros e carga, verificar se o peso a transportar estava dentro dos limites, verificar se os sacos do correio estavam na aeronave (a diferença entre ser bem ou mal recebido), descolagem logo pela fresquinha enquanto o calor não apertava, aterragem na sede do Batalhão, apresentação ao “Big Boss”:

“... Bom dia Sr. Major, apresenta-se o Tenente Piloto Aviador M.“.

E continuava:

“... Conforme definido superiormente, o meu Major tem esta aeronave à sua disposição durante as próximas 4 horas ou 7 aterragens, o que se esgotar primeiro, para a utilizar na área do seu Batalhão da maneira que muito bem entender, a 8ª aterragem já será em Bissau, disponha como lhe aprouver...”.


Dependendo da vontade, coragem ou preguiça do Major, umas vezes acabava por ficar as 4 horas sem nada fazer, ler um livrito à sombra de alguma árvore mais frondosa, outras vezes passadas que ainda não eram duas horas já tinha ido e vindo e tornado a ir, e a vir... esgotado as aterragens e “ tenham um bom dia... ”, rumo a Bissau.

O limite das 7 aterragens tinha a ver com o acumular da fadiga do piloto versus a segurança de voo, já que havia pistas que nem ao mais pintado lembraria, alguns metros de largura, uns 200 de comprimento, algumas em curva, por vezes com vacas à mistura, o seu final com uma barreira de arame farpado ou mesmo a porta do quartel em cimento armado, “se não conseguir travar paciência, entro-lhes pela casa adentro, não me perguntem é pelo correio, que afino...”.

E foi assim que conheci Bula, Binar, Biambe, Burutuma, Bigene, Bambadinca, Buba, Bedanda, Bissorã, Bissum, Binta… isto para só falar dos Bês.


Se a maior parte das vezes tudo corria pelo melhor, de vez em quando a coisa complicava-se, umas vezes por julgarem que o DO-27 era algo semelhante a uma Berliet, outras vezes por alguns Majores mais atrevidos não saberem contar de 1 a 7 (ou fingiam?) e em vez de reservarem a 7ª aterragem para o regresso à sua sede do Batalhão resolviam ainda ir aqui ou ali ou acolá; depois puxavam dos galões para que lhes fosse concedida uma aterragem extra:

“ Ó nosso Tenente olhe lá, estou-lhe a dizer, vá-me levar de volta que aqui quem manda sou eu!!!”.

E quando davam por ela já estavam no meio da placa da Base de Bissalanca, a deitar fumo pelas orelhas e a servirem de gozo aos Cabos da Força Aérea (FAP).

A partir Abril de 1973 e devido ao aumento da intensidade do conflito, deixei o DO-27 e passei a voar apenas o Fiat-G91.

Fiat G-91 da FAP > Foto de Soares da Silva, com a devida vénia

E se durante o resto da comissão e por inúmeras vezes lá fui passando por situações mais ou menos arriscadas, a noite de 23 de Junho foi certamente aquela em que o perigo me rondou mais de perto.
Recordemos, há já quase 3 meses que havia mísseis Strela nos céus da Guiné, até já tinha visto alguns a passarem bem perto, o pessoal do Guileje já tinha rompido aquele famoso cerco e executado a tal “retirada estratégica”, os de Guidage lá se tinham aguentado, o Exército já me tinha embrulhado num processo de averiguações por causa de umas Berliets estragadas lá para os lados de Binta, e o pessoal de Gadamael já se tinha espalhado e reagrupado, a calma a reaparecer aos poucos.

Nós, os da Força Aérea, é que andávamos um pouco baralhados da cabeça porque das duas uma, ou a matemática tinha deixado de ser uma ciência exacta, ou então algo não batia certo.

Tudo isto porque apesar de no “Solar do Dez”, “Pelicano”, “Bento” e restantes cafés da má-língua, constar que estávamos apavorados de medo e já não voávamos, no dia-a-dia continuávamos a executar missões atrás de missões, a um ritmo bem mais acelerado que anteriormente.
Uma coisa era certa, estávamos fartos de circular nas vizinhanças de alguns quartéis a abrir clareiras na mata, a partir madeira e fazer barulho, fartos dos que diziam que já não os apoiávamos, (certamente deviam de ser surdos, com tanto rebentamento ali mesmo nas suas barbas) e fartos dos que, sem nos saberem dar informações precisas, exigiam que bombardeássemos todas as matas à volta dos seus quartéis.

Até que não podia ser, cada bomba de 750 libras fazia um buraco no chão onde podia caber à vontade um Unimog, a Guiné arriscava-se a ficar como um “queijo suíço”.

Por outro lado estávamos absolutamente convencidos que as bases de fogo para os ataques a Guidaje, Guileje e Gadamael estavam situadas para lá da fronteira, já no território dos países vizinhos.

A razão era simples, se cada granada de morteiro pesava à volta de uns 15 quilos, cada ataque com 200 granadas (parece que era a medida standard) equivalia a utilizarem 3 toneladas de munições, demasiado peso para andar a ser transportado às costas e ainda por cima por trilhos pelo meio da floresta.

Precisavam de algumas viaturas de carga e uma estrada por onde circular, que gasóleo já o tinham.

Por essas razões e apesar de não termos os passaportes em dia, o Caco Baldé até já nos tinha deixado ido cumprimentar os nossos amigos ao estrangeiro, a Kambera, Kumbamori e Kandiafara.

Os de Kambera não tinham sido muito calorosos a receber-nos, ficaram chateados por lá termos ido logo a seguir ao almoço, o pessoal devia de estar a dormir a sesta, tinham lá alguns cubanos a passar férias que nos devem ter gritado alguns piropos do tipo “gilipollas de mierda... no me toques el coño”...

E até aconteceram umas cenas engraçadas e com uma certa ligação bíblica, um amigo meu ao querer afundar a barcaça que fazia a cambança do rio (que teria uns 90 metros de largura) errou a pontaria e acertou... no rio.

Ainda assim não tinha havido nenhum problema, durante alguns segundos e tal como Moisés quando quis atravessar o Mar Vermelho, a água desapareceu por completo, o fundo lodoso bem à vista.

Depois, quando a água regressou tipo tsunami, foi a vez da barcaça desaparecer.

Em Kumbamori tínhamos participado numa excursão conjunta com o pessoal de terra, sabem como é aquele ditado, meias só para as pernas, uns a trabalhar e outros a ficarem com a fama e o proveito.

Já os de Kandiafara tinham-nos recebido muito bem, com “fogo-de-artifício” e tudo.

Ficaram surpreendidos já que não esperavam que viéssemos de tão longe só para os cumprimentar, grande alegria por nos verem, a foguetada parecia daquelas festas lá para o Minho, no fim até nos agradeceram, tínhamos lá deixado 36 buracos (ainda que um pouco grandes), num futuro próximo bastava-lhes juntar um “Drive Range” e um Bar e tinham ali de imediato dois belos campos de golf, até já estou a imaginar, o “KANDY COUNTRY CLUB (Members Only)”.

Voltando ao sábado 23 de Junho, era necessário fazer diminuir a tensão acumulada nos últimos tempos, o pessoal estava a ficar um pouco “cacimbado” (se fosse hoje dizíamos “com stress pós-traumático”) pelo que, muito em segredo foi planeada uma grande operação envolvendo todo o pessoal do Grupo Operacional, pilotos, mecânicos da linha da frente, pessoal da manutenção, bombeiros e enfermeiras pára-quedistas para o caso de uma eventual evacuação.

Como sabem, toda a operação que se preze tem que ter um nome de código que a identifique, ainda pensámos em “Granito” ou “Basalto”, logo nos disseram que operações com nomes de pedras nem pensar, estavam reservados para algum VIP, optámos por algo mais singelo:

“Guerra é guerra e que ninguém se balde”.

O sinal para o início da movimentação das tropas seria dado com a chegada, tão discreta quanto possível, de um avião NORD-ATLAS vindo de Lisboa.

E ele acabou por aterrar em Bissau ao alvorecer do dia 23 de Junho com a sua carga ultra-secreta, estacionando em local fora do habitual para não dar nas vistas, descarregando de imediato inúmeras caixas de madeira devidamente acondicionadas e tapadas para que ninguém visse com que tipo de munições iríamos atacar o inimigo.

Logo pensaram os mais politizados que devia ser alguma nova arma secreta, provavelmente proibida pela Convenção de Genebra, tinha de ser algo bem pior que o napalm, que, ao contrário do constava nos cafés, até nem era proibido (só o passou a ser a partir de 1983).

E que impropérios diria lá na sua rádio argelina aquele gajo de voz grossa e que agora quer ser vosso “Comandante” (que meu nunca será), quando soubesse da marosca?

Sem preocupações com todos estes pruridos, de imediato a máquina militar se pôs em movimento, ordens e contra-ordens à boa maneira portuguesa, os do QP a mandar, os Milicianos a vergar a mola.

Durante a tarde instalaram-se os assadores típicos da FAP (meio bidon a trabalhar a carvão e a combustível de avião JP4), descascaram-se as batatas, prepararam-se o tinto e as saladas...

Ao inicio da noite e após um very-light para sinalizar o local do objectivo, ouviu-se finalmente o sinal de chamamento para o ataque, “Horrendo, Fero, Ingente e Temeroso”.

Rapidamente manobrámos pelo fogo e pela manobra tal como tínhamos aprendido nos compêndios militares, as sardinhas saltavam das caixas de madeira para os assadores, daí para o pão ou prato conforme o treino do combatente, tiro e queda, limpar a arma e remuniciar de imediato, as “bazucas da Sagres” em disparos sucessivos, os invólucros a espalharem-se por todo o lado, as ordens a ecoarem:

“Ninguém manda alto ao fogo que o inimigo tá bravo”.

A noite correu pelo melhor, comeu-se, bebeu-se e conviveu-se como só se conseguia conviver nas noites africanas.

À volta dos assadores encontrámo-nos quase todos, o Coronel, os Majores (um deles do Exército, sortudo, fazia de oficial de ligação), Tenentes, Furriéis, Cabos e Soldados, que na Força Aérea sempre foi assim, “serviço é serviço e conhaque é conhaque”.

Ausências notadas foram a do nosso Comandante, Tenente-coronel Almeida Brito, o Maj. Mantovani Filipe (nosso oficial de ligação junto do QG), os Furriéis João Baltazar e António Ferreira e o Cabo Cóias, todos eles abatidos por mísseis Strela há menos de dois meses.

Já me esquecia, faltou também o meu amigo Miguel Pessoa, até tínhamos ficado um bocado chateados com o tipo, tinha deixado um avião todo partido lá no meio do mato e com medo de ser admoestado tinha passado uma noite escondido e fora de casa, quando afinal nós até lhe queríamos oferecer umas férias na Metrópole.
E mais, já com o bilhete no bolso e tendo conseguido algures uma garrafa de espumante, nem sequer a tinha bebido com os amigalhaços... avarento, semítico e mal agradecido!

Mas afinal não era de estranhar que volta e meia se notasse uma ou outra ausência a estes eventos, já que na Força Aérea íamos todos à guerra, todos os dias, do Coronel ao Alferes, do Sargento ao Cabo, quer fossemos do QP ou Milicianos, homens ou mulheres.

Já agora e a talhe de foice, porque ultimamente muito se tem falado de associações de antigos combatentes, o que fazem, não fazem mas deviam fazer, deixem-me também referir algo interessante e que demonstra um certo carinho que a Liga dos Combatentes (LC) tem demonstrado pelo pessoal da FAP.

Não obstante um certo número de militares da FAP terem perdido a vida por efeito do fogo inimigo (antiaéreas ou mísseis Strela), a base de dados da Liga ainda hoje não regista os seus nomes, (certamente para que as famílias não fiquem traumatizadas), ou então regista-os como se esses militares tivessem morrido em... “acidentes”.

Grande visão, na lógica e no pragmatismo do raciocínio, estavam no ar, foram alvejados e atingidos, caíram, logo foi um acidente... La Palice no seu melhor.

Se bem que ao pensar melhor, até talvez tenham razão, podemos considerar que houve um primeiro acidente, a colisão da bala ou do míssil com a aeronave e um segundo acidente, o choque com o solo...

Só que então não deve ser considerado acidente mas sim... “um duplo acidente”.

E o caso mais interessante até foi o que ocorreu lá para as bandas de Bigene, um piloto levava como passageiro um Major do Exército, o piloto ainda hoje não consta na lista das baixas do Ultramar enquanto que o Major foi desde logo considerado “morto em combate”.

Não sou dos que acredita num ALÉM DIVINO mas, a haver, estou certo que também os meus amigos Maj. Castelo, Cap. Ventura, Ten. Lourenço e Alf. Manso me estarão a sorrir...

Aguentem rapazes que isto ainda se vai resolver, nem que seja daqui a 100 ou 200 anos!

De qualquer modo e para abreviar o tema, esta malta também não tinha nada que andar no ar, ou não fossem todos eles uns “gandas malucos”.

E por outro lado lá está a matemática outra vez a encravar, se constava que já não voavam como é que tinham acidentes?

Dir-me-ão os mais intolerantes, “ Ó pá, em vez de estares aqui a mandar vir, porque não tentas solucionar o caso junto das autoridades competentes?”

Ou os mais conciliadores, como aquele do “Contra-Informação”, ”Anda, avança, estou contigo...”

Ou os outros, os que se fartam de falar... “Pois...”

Já tentei, e bem mais que uma vez!

“Que escuso de ficar descansado”... “é que se vai já tratar do assunto”...

Deixem-me dizer-vos que penso ser este o nosso grande problema, o nosso grande fado, “tratar dos assuntos sem que os assuntos fiquem tratados”, ou por outras palavras “encanar a perna à rã”.

E se não acreditam recordem-se do Sócrates, ou do Passos Coelho, ou do Queiroz, ou do Madaíl...

Mas com estes apartes vou-me afastando do tema...

Voltando ao combate da Bissalanca, uma verdade indiscutível é que depois de uma sardinhada é sempre necessário uma bebida forte, branca de preferência, sem a qual a digestão se torna lenta e difícil.

Lá para o fim do repasto o 1º Cabo Hélder, um dos meus mecânicos do Fiat G-91, chamou-me a um canto para que provasse a aguardente especial que a família lhe tinha mandado lá da terra.

Apenas saído desta prova e já o nosso amigo e futuro bloguista Victor Barata, não querendo ficar mal visto perante o pessoal das aeronaves de caça (sempre as rivalidades), me apresentou um medronho de primeira.

E depois foi o Miguel e o Mário, e o Correia, igualmente Cabos da Linha da Frente e a quem eu todos os dias confiava a vida ao entrar para um Fiat-G91 por eles devidamente abastecido, municiado e inspeccionado, cada um deles a tentar demonstrar que os bagaços das suas terras eram bem melhores que os restantes.

Por volta da meia-noite a batalha estava terminada, o inimigo completamente destroçado, era tempo de ir dormir, que no dia seguinte e apesar de ser domingo, a outra guerra continuava.

Só que depois de ter passado quase 1 ano a dormir no “Biafra” da Base, a minha cama estava agora a uns bons dez kilómetros de distancia, tinha passado a viver em Bissau, as razões que me levaram a fazer a troca foram duas, o ter constatado que nos últimos seis meses só tinha jantado “francesinhas” e, já que vivia na base, estar permanentemente de serviço, com alvorada às 05:30 (... já que moras na base ficas de alerta!!).

O regresso a casa não tinha qualquer problema, já que tinha como meio de transporte a minha moto, uma bela, potente e roxa Yamaha 200 a 2 tempos, comprada com 16 notas da Metrópole, ali para os lados do que chamávamos a Av. da Liberdade (a que ia do Palácio do Governador ao cais).

Cabe aqui um outro parêntesis para informar que a primeira vez que andei de moto foi no dia que a fui buscar ao stand.

Ao pretender saber como se metiam as mudanças o vendedor tão assustado ficou que não ma queria vender, só as D. Marias entregues ali mesmo e no momento o descansaram.

“Ó homem deixe-se de merdices, abra lá a porta do stand e saia-me da frente”, e assim entrei na confusão do trânsito de Bissau.

Voltando à história, ainda estive uma meia hora recostado naquelas grandes valas que existiam na Base para escoar a água das chuvas, a ver se conseguia contar as estrelas, que a maior parte delas não parava de oscilar.

A ideia era tentar alinhar os gyros e decidir se havia de me meter ao caminho ou não, o problema não era o balão, que nesse tempo não existia, nem as estrelas aos saltos mas sim o estranho caso da estrada estar a ficar ondulada, tipo jibóia (e não me venham cá dizer que não há jibóias na Guiné, que eu até as vi).

Após profunda meditação e analisando os prós e os contras, resolvi meter-me ao caminho.

Lembro-me apenas de sair à porta de armas e de algum tempo mais tarde ter passado junto a um ou dois quartéis que existiam à beira da estrada, poucas referências para o trajecto de cerca de dez quilómetros.

Enquanto circulava de gás à tábua o meu pensamento não parava de me alertar para que ao chegar ao destino tinha que travar, travar... travar.

E assim aconteceu, para além dos mosquitos, moscardos e correlativos a esborracharem-se com fragor no capacete, consegui fazer o percurso sem bater em nada nem em ninguém (ou não fosse eu um piloto de caça).

A terceira referência da viagem foi a porta do meu apartamento onde, a travar, a travar, acabei por vir a bater já muito devagarinho, mas ainda assim com algum estrondo.

E tão contente fiquei de ter chegado (e parado) que nem sequer me lembrei que, como passo seguinte, tinha de pôr os pés no chão, trambolhão da moto abaixo, a 0km/h.

Na manhã seguinte fui voar com um braço todo entrapado e umas pastilhas para as dores, tomadas numa auto-medicação bem à revelia do médico, que um dos ombros estava em mau estado.

Felizmente que foi um dia muito calmo, acabei por só fazer uma missão, 40 minutos de voo, 2 bombas de 750 libras algures na Guiné, mais 2 buracos dos grandes, os que sabiam que os continuávamos a apoiar devem-nas ter ouvido... os outros certamente que não.

Hoje, passados 37 anos o vício das motos ficou, trambolhões só dei mais um, também a 0 km/h.

E ficou a saudade dos bons momentos passados na Base da Bissalanca.

Um Abraço,
António Martins de Matos
Ten PilAv da BA12
____________
Nota de M.R.:
Vd. último poste da série em:
22 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 – P6629: FAP (50): A Associação dos Deficientes das Forças Armadas homenageou Força Aérea Portuguesa (Carlos Vinhal)

23 comentários:

antonio graça de abreu disse...

Uma delícia o teu texto, meu caro António Martins de Matos!...
Para desanuviar de tanto derrotismo e maldizer em que nós portugueses, somos mestres.
Ainda bem que há gente como tu, caro tenente-general, ou como eu, que procura não andar sempre a dar tiros no pé, prefere disparar alegremente para o ar e largar o ferro na mouche certa.
A vida é breve, saber envelhecer e viver bem estes últimos anos da nossa caminhada, ou voo pelo mundo,
é uma arte.
Forte abraço,

António Graça de Abreu

Anónimo disse...

Deve ter gozado umas belas férias, camarada Martins de Matos! Regressou cheio de vigor e inspiração.
Um belo (e "inocente") texto. E tudo a propósito duma perigosa sardinhada...
Um abraço,
Carlos Cordeiro

Rogerio Cardoso disse...

Maravilha lêr um texto com esta simplicidade, cheio de verdades, mais própriamente no que diz respeito ao reconhecimento, ao árduo trabalho de toda a FA no teatro de operações, que não tem sido valorizado.
Com esta oportunidade gostaria de agradeçer á equipa do heli, que em 27/10/1965 pelas 07,00 h., fez a minha evacuação lá para os lados a norte de Bissorã, se não me engano junto a uma base de nome Jean Couteau, em condições de tal perigo que a cobertura acrilica da maca exterior ficou no terreno, devido ao forte ataque que o meu reduzido grupo estava a ser alvo.
Também um agradecimento especial a um piloto de um T6, que com as suas rapadelas e roquetadas, pondo em perigo a sua vida, nos tirou de ums situação dificil, pois eramos só 22, estando eu bastante ferido.
Este reconhecimento já o manifestei junto de um amigo aqui de Cascais, o Vasconcelos e Sá, também ele ex-piloto na Guiné.
E por ultimo, está de parabens a ADFA pela manifestação de reconhecimento pelo seu valor, a toda a FAP, efectuada á pouco tempo.
Rogerio Cardoso
Fur.Mil.Cart643-Aguias Negras

José Marcelino Martins disse...

Benditas férias, caro António

Certamente foram mais calmas que .. aquela noite, mas valeu a pena.

Atrevo-me a considerar este post, não como post, mas comopeça literária de inegualavel valor: HISTÓRICO, SATÍRICO, ABRANGENTE (foca muitos temas tratados neste blog, inclusivé a muito GAS..óleo), DENUNCIANTE E MORDÁS.

É lido na expectativa do que surgirá no parágrafo seguinte, até que, infelismente acaba.

Bom regresso, António. Creio que toda a tabanca me acompanhará num voto para ti: Gosa férias todas as semanas, para que tenhamos textos destes para ler ao sábado de manhã. É melhor que ler jornais ou ouvir os noticiários (?) das nossas misérias.

Um forte abraço e obrigado. De certesa que vou ter um dia mais feliz.

Carlos Vinhal disse...

Caro António Martins de Matos.
Até me custa entender o que lhe aconteceu no fim da noite. Ainda se fosse a mim...
O princípio aplicado uma mota parada é semelhante ao aplicado aos aviões no ar. Mota parada cai, avião no ar parado idem.

Já me ri um bom bocado, vou de partida para o sarau da Tabanca de Matosinhos, mas não vou de mota, vou de carro que parado... não cai.
Um abraço
Carlos

Manuel Reis disse...

Caro António Matos:

já nos conhecemos muito bem e por isso estou à vontade para falar contigo e não me sentiria de bem comigo mesmo se o não fizesse.
Não contesto a riqueza do teu texto, mas lembro-te que as farpas que envias para o pessoal de Guileje já pecam por excessivas. Deixa a rapaziada em paz, escolhe-me como alvo, porque tens a possibilidade de me encontrar muitas vezes ( já na 4ª feira) e podemos falar no assunto, embora o final seja um déjá vu: Tu ficas com a tua opinião e eu com a minha.

Lembro-te ainda a conversa que mantivémos no último almoço da Tabanca do Centro sobre as munições que cairam sobre Gadamael: Não sei o peso delas, graças a Deus ou a qualquer Santo proctetor não comi com nenhuma, mas numa das flagelações, contámos 36 canhoadas, no ar,de morteiro 82.

Desconheço a quantidade de morteiros necessários para que tal se processasse.
Já o transporte era efectuado por viaturas, durante a noite, perfeitamente audível no aquartelamento, a partir de 26 de Maio.

Na 4ª feira lá nos encontramos no almoço-convívio, em amena cavaqueira e com troca de galhardetes à mistura. Por que nâo?
Não deixa de ser um encontro de camaradas com visões diferentes dos mesmos acontecimentos, apenas e só!

Um abraço.

Manuel Reis

Joaquim Mexia Alves disse...

meu camarigo António

Sem dúvida que as férias te fizeram bem, o que não quer dizer que não tivesses já bem antes das férias!

O pessoal da Força Aérea sempre foi reconhecido como gente bem disposta e com humor o que aqui se confirma.

Se um dia me dedicasse a contar histórias passadas com os Pilotos em Monte Real, e algures por aí, não chegava um livro.

É do conhecimento geral a minha empatia e amizade pelo pessoal da Força Aérea onde tive e tenho grandes, dos melhores amigos da minha vida.

Tive algumas trocas de argumentos com camaradas na Guiné em defesa da FA porque alguns pareciam esquecer que os "areoplanos" para voarem precisavam, (para além de outros), de uns gajos chamados Pilotos que curiosamente eram "comagente", ou seja, tinham braços, pernas, cabeças e até também cu!

É que se nós nos patrulhamentos diários ou semanais, porque estavamos fartos daquela merda, decidissemos sentar-nos "à sombra da bananeira" e passadas as horas da praxe, regressar ao quartel, não vinha daí grande mal ao mundo, o que julgo toda a gente fez pelo menos uma vez, sobretudo quando esses patrulhamentos careciam de justificação quer no tempo quer no espaço, ordenados que eram por uns gajos que gostavam de pregar alfinetes de cores nos mapas.

Agora, quando o Piloto se metia no "areoplano" não podia estacionar na primeira nuvem e esperar que passasse o tempo.

Muitos de nós vos devemos muito, embora vós estivesseis a cumprir a vossa missão como nós a nossa.

Já agora e a propósito da causa da morte ser "acidente", julgo que não entendeste bem a "coisa" que passo a explicar.

Todos sabemos que a pontaria do IN, sobretudo com armas ditas convencinais, não era grande coisa.

Basta ver da quantidade de "ferro" lançada nos inúmeros flagelamentos aos aquartelamentos, os resultados práticos, tirando obviamente excepções.

Assim, os "jeitosos" que decidiram classificar como acidente essas mortes de Pilotos, perceberam que o IN só tinha acertado, ou porque o apontador tinha escorregado e por isso acertou, ou porque tinha sido um tiro sem querer, ou porque o gajo do lado lhe deu uma cotovelada na altura do disparo e por isso conseguiu acertar!
Ora isto são acidentes, ou não são???

Um grande abraço caro António e até Quarta no cozido.

Anónimo disse...

Caro António Martins Matos.

Este texto é uma “bomba” carregada de um inteligente humor e fina ironia, muito bem escrito e que me deixou muito agradado com a leitura.

E já agora gostaria, se tal for possível, saber o que é ou foi o tal “processo de averiguações por causa das Berliets estragadas em Binta”, porque presumo que essas viaturas faziam parte da minha coluna que ia para Guidaje, ficaria agradecido porque existem entre os meus camaradas do meu GrComb versões diferentes sobre o tema.

Já agora, contamos sempre com o vosso apoio aéreo, nas operações que se seguiram a Maio/73, e não foram poucas.

Um grande abraço

Manuel Marinho

Anónimo disse...

Gostei de ler. Pena tenho de não saber comentar devidamente.
Obrigada
Filomena

Anónimo disse...

Meu Caro Martins de Matos
Eis um texto que me agrada, de criatividade e humor fino, que faz o rastreio de muitas coisas sérias e polemizadas aqui no noveforanadaevaotres.
Reconheço no texto matérias de intervenção do autor, mas inteligentemente diluídas na longa estória que culmina com a guerra das sardinhas.
Li o texto de manhã, inspirei-me, e foi o meu almoço no Vela Azul, passe a publicidade.
Não quero adormecer sem te dar as merecidas felicitações.
E um abraço
JD

Anónimo disse...

Assim,sim. Texto fantástico que me fez tão bem ao contrário doutros que me têm vindo a deixar mais que macambúzio. Por favor Senhor António Martins de Matos, continue e vou aguardar mais verdades,mais realidades contadas desta forma tão verdadeira e optimista. Tão saborosa escrita não deve parar aqui. Permita-me mas cumprimento-o como quando militar o teria feito.
Veríssimo Ferreira (Fur.Mil da CCaç 1422. Guiné 1965/1967)

Anónimo disse...

LA VEM AO DE CIMA NOVAMENTE A ANIMOSIDADE DO SR. TENENTE GENERAL CONTRA O PESSOAL DE GUILEJE.

PORQUE SERA?

O PESSOAL ATE TEM ESTADO CALADO. PORQUE ENTAO A PROVOCACAO?

DEVERIA TALVEZ COMENTAR (RESPONDER A LETRA) MAS FICO-ME POR AQUI.

UM ABRACO

V. ALFAIATE

Gil Moutinho disse...

Caro Matos
Subscrevo tudo que dizes e gostaria de ter capacidade para,como tu,misturar conhaque com serviço e vice-verso e ao mesmo tempo não os misturar.E a brincar,a brincar o macaco.....
Gostei do chá para os alapados do Pelicano e Solar dos 10.
Também eu fui várias vezes questionado sobre a ausencia(?)da FA pós abril 73.
Aliás ,tenho um texto,acerca disso desde 22/5 enviado ao Vitor Barata,e não sei porquê,ainda não lhe fiz as correções finais para ser publicado.
Prometo ao Luís Graça que lho enviarei também.
Gostei de te lêr.
Um abraço

Gil Moutinho
Furr pil 72/73

mario gualter rodrigues pinto disse...

Caro camarada


A brincar com um texto inocente sobre uma sardinhada, acabaste por sitar uma triste relidade da guerra do ultramar.

" OS DO QP A MANDAR, OS MILICIANOS A VERGAR A MOLA".


Um abraço


Mário Pinto

Bernardo disse...

A quem andava no ar em Junho e Julho de 1973, para os lados de Gadamael, o meu muito obrigado.

Carlos Vinhal disse...

Caro Mário Pinto
Volta, não volta, zás há que dar mais uma alfinetada no pessoal do Quadro Permanente.

Repara que não tem nada a ver mandar vergar a mola com o ser ou não ser do Quadro. Na tropa recebi milhares de ordens de pessoal tão miliciano quanto eu. A cadeia hierárquica não tinha muito a ver com o ser ou não ser do QP. Dependia das funções que cada um exercia.

Outra coisa, nenhum Coronel nasceu Coronel. Como toda a gente, começou pela Recruta e recebeu boas e más ordens até chegar ao posto e à situação de "bem colocado" no Quadro Permanente das Forças Armadas. Mesmo assim, ainda tem muita gente acima dele gente que o chateia, muito mais do ele aos de baixo.

Era bom, pelo menos aqui no Blogue, deixarmo-nos de alfinetadas. Temos camaradas do QP nas "nossas fileiras" que nos merecem o maior respeito e consideração.
Contenhamo-nos.

Olha, "bate" no miliciano ALA.

Carlos Vinhal

Anónimo disse...

AH! Grande Carlos!!!

Abraço,
Carlos (o Cordeiro)

Luís Graça disse...

Gil (Moutinho): Então venha lá esse texto e uma foto do teu tempo de "menino e moço" em Bissalanca... Estou em falta contigo, uma vez que ainda não apresentei à Tabanca Grande o Melro-Mor, isto é, o régulo da Tabanca dos Melros...

Hélder Valério disse...

Caro António M. Matos

Li este texto e gostei.
Gostei, sim senhor!
E também não gostei!

Que raio de contradição! Mas vou tentar esclarecer.

De, ou do que, é que gostei?
Do tom, da (aparente) ironia fina com que o mesmo está construído (gosto da ironia, estilo 'pantera cor-de-rosa'), do título da história, a parodiar claramente o título da série que o Correio da Manhã deu aos depoimentos colocados na revista dos domingos (que há quem comente que dá voz à 'choraminguice', ou que alimenta a fértil imaginação de 'guerreiros'); as várias peripécias relatadas, desde o relacionamento com os 'superiores' das Unidades visitadas que às vezes queriam 'choffer às ordens'; à reiterada afirmação do esforço de acções de bombardeamentos "depois de Março de 73" (isso não é estranho, pois já li várias vezes nos comentários do António Graça de Abreu expressões do género 'bombardearam como nunca!'); o relato da 'operação sardinhas', evidenciando o tipo de relacionamento vivido pelo pessoal da FA; as revelações pessoais quanto ao 'rescaldo' dessa operação; os lamentos (justíssimos) quanto à caracterização das 'baixas' do pessoal da FA; a revelação das 'habilidades' com as motos...

E é claro que tudo isto está formalmente bem enquadrado, bem relatado, bem escrito, de forma a tornar-se cativante.
E obedece a um padrão, enquadra-se muito bem nas idéias-chave que o António MMatos defende.
E faz bem em defender, já que sejam esses os seus pontos de vista.

Para não ultrapassar o permitido, fico agora por aqui, colocando os outros aspectos da minha observação em outro comentário.

Um abraço
Hélder

Hélder Valério disse...

Continuação do meu anterior comentário

Agora o que não gostei.
Não gostei dos 'remoques', das 'farpas', das 'semi-directas', das 'indirectas' (quanto a mim desnecessárias para a apresentação do desenvolvimento da história, mas se calhar necessárias para dar largas à defesa das ideias...), portanto não gostei da (aparente) ironia, quando aplicada de modo mais 'provocante'.
Que necessidade há de lançar 'farpas' à questão de Guileje quando há quem não se canse de escrever que esse assunto (Guileje)já 'farta', que lamentam se estar sempre a falar de Guileje, que esconjuram Coutinho e Lima (que consideram 'incompetente', 'incapaz', 'cobarde'), que, mais uma vez, reagiram mal a uma inevitabilidade, o aniversário Coutinho e Lima assinalado no Blogue tal como (quase) todos os outros e a propósito disso veicularam trocas de correspondência com linguagem de fazer corar os carroceiros do século passado? Mas não é só o CL, também há azedume (ainda) quanto à questão 'dos locais a bombardear'...
Ainda as 'farpas' à 'fauna' do 'Solar do 10', do 'Pelicano', do 'Bento'... atribuindo a essas 'gentes' a ideia de satisfação por a FA estar 'com medo'...
Vamos lá a ver.
Nessa época eu não estava lá, por isso não posso falar 'com conhecimento de causa', dessa causa.
Mas a ideia que tinha, e reforcei-a ao longo dos vários artigos neste Blogue, também do que li no do Victor Barata e das conversas com vários camaradas, é que o 'pessoal de terra' tinha em boa conta o 'pessoal do ar': traziam comida, traziam correio, traziam protecção, traziam a esperança quando as coisas corriam mal, traziam os 'anjos do ar', enfim, tantas coisas boas..., no entanto também me apercebi de sentimentos que se aproximam da 'inveja', do género, "pois, andam lá em cima, não arriscam nada, não têm opositores, a malta aqui a amargar e eles sempre a pavonearem-se".
É possível que alguns elementos desta última 'corrente de opinião' tenham emitido sentimentos do género descrito mas o remoque é excessivo, até parece que esses locais eram 'antros de subversão', cheios 'daqueles malandros que levaram à desgraça a governação dos destinos da Nação àquela data'...
Depois, o 'Solar do 10' era (no meu tempo) o local por excelência do pessoal da Marinha, principalmente o Salão, não tanto a esplanada interior. Andará por aí alguma questão 'corporativa'?
O 'Pelicano' também tinha ocupação 'diferenciada', digamos assim, nas áreas superiores a esplanada e a parte de cervejaria tinham uma 'clientela', enquanto que o restaurante no piso inferior tinha ocupação mais 'seleccionada'. O que terá em vista a observação? O 'povão' ou a 'elite'?
Há também a questão, falada pelo 'pessoal dos cafés', sobre o 'napalm'...
Para mim não é uma questão de data, é uma questão de moral. É verdade que se estava em guerra, é verdade que se pode dizer que 'ordens são ordens' mas, por essa ordem de ideias a frase pode ser completada por "'xerbiço' é 'xerbiço', quem manda é o nosso chefe", verdade?
Enfim, umas coisas aqui, outras ali, o saldo (para mim) deste artigo é que está bem escrito, feito com boa disposição, conta uma história interessante reforçada com apontamentos curiosos e inesperados, embora tudo repassado de 'coisas mal ou não resolvidas', com remoques (dispensáveis) inerentes à necessidade de defender os seus pontos de vista.

Um abraço
Hélder S.

Aníbal Magalhães disse...

UM TEXTO MUITO FELIZ E MUITO BEM ESCRITO.
AMIGO ANTÓNIO MATOS, A PISTA DE BISSUM ERA CONSIDERADA BOA(APESAR DOS MEIOS QUE DISPUNHAMOS....) ISTO EM1969-70,PELOS PILOTOS QUE PASSAVAM POR LÁ.
UM ABRAÇO

ANÍBAL MAGALHÃES

Anónimo disse...

Caro Martins Matos

Apenas consigo dizer, que texto delicioso.

Um Abraço

Eduardo Campos

Anónimo disse...

...e mainada, meu General!


Um abraço (c'o devido respeito)


SNogueira