terça-feira, 1 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6510: Controvérsias (82): A (im)preparação dos oficiais milicianos na guerra subversiva (Luís Dias, ex-Alf Mil, CCAÇ 3491, Dulombi, 1971/74)


Guiné > Zona Leste > Galomaro > Dulombi > CCAÇ 3491 (1971/74) > O Alf Mil Luís Dias, empunhando
a famosa AK 47 (ou Kalash).

Foto:  Cortesia de Luís Dias (2010).  Fonte: Blogue Histórias da Guiné 71/74 - A CCAÇ 3491, Dulombi

1. Comentário do Luís Dias ao Poste P 6488:


Caro Mário Pinto

Ainda tenho os célebres manuais militares que nos eram fornecidos para estudo: Manual do Oficial Miliciano-Parte Geral , 1º e 2º Volumes, e o "famoso" O Exército na Guerra Subversiva, Operações contra Bandos Armados e Guerrilhas. 

No entanto e de facto o que nos acontecia era um aprender rapidamente que tudo aquilo que nos ensinavam, com certeza de boa fé, não servia no teatro de guerra em que nos envolveram.

No primeiro contacto com o IN, em que 2 Gr Comb da minha companhia, por mim comandados, se viram debaixo de fogo intenso, ao cair da noite, no dia a seguir à partida dos velhinhos, eu vi de imediato os erros que tinha cometido, por não saber estar/abordar uma zona de mato cerrado, em formação deficiente, com grandes dificuldades de ripostar com morteiros, LGF e Dilagramas, numa primeira fase e que só nos correu a contento devido a uma grande dose de sorte e a um soldado africano, muito experiente (ex-guerrilheiro, que conseguiu sair da zona cerrada, obter uma clareira e com o morteiro 60 colocado à barriga - parece incrível mas foi verdade - lançou duas ou três granadas que atingiram os guerrilheiros pondo-os em retirada.

Foi ainda importante que o IN foi detectado primeiramente por 2 elementos nossos, tendo um deles aberto fogo de HK21 sobre um guerrilheiro, o que desencadeou a emboscada que estava a ser montada.

Esta primeira acção, aliada a outras que encontrei no início da comissão, levaram-me também a tomar outras opções tácticas, mais de acordo com o que estávamos a enfrentar no terreno.

No armamento também deixámos a bazuca em casa, só a levando em colunas (também chegámos a usar um RPG2 apreeendido). Largámos as granadas defensivas, ficando unicamente com as granadas ofensivas. Aumentámos os elementos com dilagramas e também usávamos 2 HK 21. Em determinadas zonas mais cerradas o homem da frente levava uma caçadeira calibre 12 com zagalotes. Recorremos a armas do IN para efectuar fogo contra os mesmos (Kalash AK-47 e PPSH 41).

É como tu dizes, tivemos de efectuar uma revolução do que aprenderamos na metrópole.

Um abraço

Luís Dias

3 comentários:

Luís Dias disse...

Foto com a kalash AK-47, ao que julgo de fabrico chinês, e com a pistola Tula Tokarev TT-33, no calibre 7,62 Tk, na cintura.

Luís Dias

mario gualter rodrigues pinto disse...

Caro Luis Dias

Comentaste o meu post. com a realidade e a vivencia dos combatentes do mato, que naquela guerra tudo fizeram par colmatar as deficiencias que tinhamos e que alguem se esqueceu de nos transmitir.

Aprendemos á nossa custa e quando piriquitos quando a nossa experiência era nula, quantos erros cometemos por falta de instrução adequada.

Alguns desses erros pagaram-se bem caros, mas quem agora está interessado em assumilos?


Um abraço


Mário Pinto

Anónimo disse...

Caro Camarigo Luis Dias
Desculpa a correcção mas a Kalash AK-47 é de fabrico russo e foi inventada por Mikahel Kalashnicov, nascido em 10 de Novembro de 1919, ainda estava vivo o ano passado e é Tenente General do Exército Russo na situação de reforma. Em relação à pistola Tula Tokerev TT-33 também era de fabrico russo.
Grande Abraço
Luís Borrega