sábado, 8 de maio de 2010

Guiné 63/74 - P6344: Convívios (234): Pessoal da CCS, CCAÇ 2366 e CCAÇ 2367 do BCAÇ 2845, ocorrido no dia 1 de Maio em Buarcos (Albino Silva)

1. Mensagem de Albino Silva* (ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70), com data de 5 de Maio de 2010:

Olá Carlos, Olá Tabanca Grande.
Aqui esta o chato do Albino.

Gostaria que toda a malta visse este poste do convívio da CCS e das CCAÇs 2366 e 2367.

Quero aqui esclarecer os Camaradas da CCaç 2368 que este convívio não foi a nível de Batalhão ou teriam feito parte do mesmo.
Acontece que como eu tinha a meu encargo a realização do Encontro da CCS no Dia 1 de Maio, da 2367 em 22 e da 2366 em 29 de Maio, e como eram no mesmo Restaurante em Buarcos, consegui que se juntassem as três Companhias no mesmo dia, para evitar assim ter de fazer a astrada três vezes no mesmo mês. Foi usto que aconteceu.

Sim, convém esclarecer esses meus camaradas da 2368, pois não vão eles julgar que o Albino Silva os desprezou, porque isso nunca eu o faria por muitos motivosos, principalmente pela consideração que tenho por esses Camaradas de quem me orgulho que são também do mesmo Batalhão.
Tenciono estar com eles no dia 30 de Maio, mas desde já quero deixar um grande abraço a todos.

Desculpem o incómodo pelo trabalho que dou.
Um grande abraço para a Tabanca Grande
Albino Silva


GRANDE RONCO

1 de Maio de 2010

Depois de mais um ano passado, fizemos de novo Ronco.

Neste, comemoramos os nossos 40 anos de regresso da Guiné, e juntamente com a CCS estiveram presentes também a CCaç 2366 Periquito Atrevido, e a CCaç 2367 Vampiros.

Como surgiu a ideia? Fácil.

Cabendo-me a mim fazer parte da organização da CCS, neste dia 1.º de Maio, também é verdade que eu seria o organizador dos Convívios da CCaç 2367 que seria em 22 de Maio, e da CCaç 2366 no dia 29 de Maio no mesmo local, Buarcos, e como o restaurante tinha capacidade para as três Companhias no mesmo dia, então, para evitar de fazer a estrada 3 vezes no mesmo mês, aproveitei de matar três coelhos com um só tiro, com pena de não estar presente a CCaç 2368, Feras, porque então seria a nível de Batalhão, e não era eu o organizador.


Ainda não eram 10 horas, já chegavam camaradas que assim iam trocando os primeiros abraços e se iam concentrando na Parada, saboreando a frescura da manhã, e olhando o mar.
Aquele mar imenso da Praia de Buarcos, onde os nossos olhares se estendiam nas águas, bem ao longe, mas sem nunca vermos o Niassa navegando.

O tempo ia assim passando e cada vez éramos mais a engrossar a formatura. Por volta do meio-dia lançaram o primeiro ataque ao inimigo do Colesterol, na Esplanada da Tabanca, mas sempre com o olhar na bolanha, (oceano) para não o perder de vista, já que este nos maravilhava com aquela excelente paisagem em toda a sua orla, que mais não era que as magníficas praias, incluindo a Figueira da Foz.

Depois do primeiro ataque aos carapaus e companhia, ia-se preenchendo as listas com riscos quando mais um efectuava o pagamento, e ainda foram bastantes.
Depois desta operação terminar, deu-se ordem para atacar à mão armada, com rocketes e tudo o que estivesse nas mesas, pois eram muitas naquela Tabanca ao pé do mar.
Enquanto o ataque durou, deu-se pela falta de muitos camaradas e em todas as Companhias.

Por aqueles que já faleceram, fizemos uma singela homenagem com um minuto de silêncio, e depois falamos daqueles que por qualquer motivo não quiseram estar presentes, e por isso, em comparação com outros anos, fomos muito menos, o que me levou a pensar se esses camaradas só vem se outros vierem, ou se desprezam aqueles que vem.

Caro companheiro de armas e de guerra, a Guiné está ainda nas nossas mentes, logo também não estás esquecido, pois na Guiné, naquela guerra fomos um por todos e todos por um.

Há 40 anos deixamos aquela Guiné onde sofremos bastante, uns talvez mais que outros, mas no fundo todos sofremos.

Foram lutas e tiroteios intensos, foram caminhadas a pé entre matas e capim, picadas e bolanhas, foi a fome, a sede, a chuva e o calor, os mosquitos e as abelhas, as minas, muitas noites sem dormir e o ouvir rebentamentos constantes que faziam tremer aquele chão de terra já de si vermelha.

Foi o terror e a coragem por ver camaradas feridos, e foi dor em ver outros que pela Pátria perderam a vida, alguns deles junto de nós, encostados a ti.

E agora camaradas, será que vos esquecestes que foi na Guiné onde criamos uma amizade que apenas para alguns só terminará quando passarem à disponibilidade da vida.

Não somos todos iguais, eu sei bem, e é pena, pois conheço alguns que não vem a este Ronco, simplesmente porque já não querem aquele abraço do camarada que por vezes lhe deu tanta coragem e em determinadas situações até repartiu com eles a ração de combate e até a pouca água de seu cantil.

Será que estás esquecido?

Talvez, pois são quarenta anos de saudades de quem teima em não aparecer para aquele abraço amigo de bom camarada.


Agradecimento

Camaradas em geral. Esteve presente entre nós o 2.º Sargento, Luis Rafael dos Santos.

Sabemos que estiveram alguns ex-Oficiais, mas convém lembrar que este camarada com 83 anos, fazia toda a questão de vir ver a malta que ele já não via há 41 anos, pois veio embora mais cedo um ano que nós.

Dada a impossibilidade de poder fazer a viagem com a esposa, desde o Laranjeiro (Almada), ligou-me lamentando o facto, mas notei nele a força de vontade de querer estar presente.
Assim e por isso quero agradecer a sua filha a gentileza e amabilidade por trazido o seu pai até junto de nós, porque também ela viu a força de vontade que seu pai tinha em nos ver, e tal foi sua alegria quando se encontrou no meio desta camaradagem.

Obrigado minha senhora pela alegria que deu a seu pai, porque vi nele uma pessoa feliz, mas também pela alegria que nos deu a nós, em especial a mim.

Dado todo o trabalho que tive e que a senhora pôde ver isso mesmo, nem sequer lhe pude agradecer o amor demonstrado pelo seu pai.

Obrigado por o ter feito, e pelo lindo gesto, pois devia haver mais filhos a trazerem seus pais a estes encontros, porque certamente lhes dariam mais vontade para viver, os últimos anos de uma vida dura e traumatizada como tiveram. Bem haja.

Para vós camaradas, quer da CCS quer de outras Companhias que estais espalhados pelo mundo sem possibilidades de poderem estar presentes, é em especial para vós que faço este trabalho, para que estejam ao corrente daquilo que ainda fazemos, depois da Guiné e estarei sempre disponível para tudo aquilo que quiserem saber ao nível do BCaç 2845, dentro das minhas possibilidades.

Vejam em baixo meus endereços.

Para os camaradas que não comparecem.
Juntem-se e venham, pois tenho a plena certeza que irão dizer como todos os que vêm a primeira vez:

- Se soubéssemos que era assim tão saudável, já teríamos vindo há mais tempo.

De facto é saudável conviver, pois aliviamos a memória ao descarregar aquilo que temos acumulado em nós, e ficamos mais jovens quando falamos e contamos as nossas aventuras do passado.


QUARENTA ANOS COMEMORAMOS NÓS,

BATALHÃO DE CAÇADORES 2845

Para acesso ao Blogue do Convívio, escreva:

Batcac2845guineteixeirapinto.blogspot.com

Albino Silva
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 17 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6174: In Memoriam (39): Baixa na CCS/BCAÇ 2845 - morreu no dia 21 de Março de 2010 o ex-1.º Cabo Cardoso (Albino Silva)

Vd. último poste da série de 6 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6325: Convívios (147): Pessoal da CCS do BCAÇ 4612/72, conviveu no dia 01 de Maio de 2010, em Gondomar (Jorge Canhão/Magalhães Ribeiro)

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