domingo, 2 de maio de 2010

Guiné 63/74 - P6297: Controvérsias (71): Contemos as nossas experiências e deixemos as especulações para quem não esteve lá (Carlos Vinhal)

3.º Pelotão da madeirense CART 2732



Comentário de Carlos Vinhal*, ex-Fur Mil, CART 2732 (Madeirense), Mansabá, 1970/72, na qualidade de tertuliano:

Alguns considerandos em relação ao poste 6292** de hoje, 2 de Maio de 2010

Camaradas
Este blogue está a deixar-me deprimido.

Julgava eu que nós, os portugueses, somos um povo de brandos costumes, hospitaleiros, afáveis, amantes da paz, amigos dos vizinhos, etc., e afinal somos (ou fomos) um bando de assassinos na guerra colonial. Posso excluir-me? Muito obrigado.


1. Escreveu em tempos o Alberto Nascimento, que foi só e apenas Soldado Condutor Auto, logo menos interventivo em operações de grande envergadura:

Contar com pormenor o que se passou no decorrer da operação é impossível, já que fui colocado num posto de onde só podia abarcar uma pequena parte da povoação, que ocupava uma área enorme, mas o constante matraquear das auto-metralhadoras e G3 deixavam antever um morticínio.

Quando a meio da tarde o Comando deu por terminada a operação é que fui, pelo caminho, vendo a destruição provocada pelos lança-chamas, auto-metralhadoras e G3. Samba Silate estava, na sua maior parte, destruída. Num largo da povoação estavam concentrados um grande número de prisioneiros, um dos quais, talvez movido pelo desespero e terror, intentou a fuga, tendo sido abatido. Os outros foram divididos entre Bafatá e Bambadinca, de onde poucos ou nenhuns saíram.


Posso ajudar o Nascimento com umas contas rápidas para calcular o tal morticínio.
Se 20 militares levarem cada um, uma G3 com 5 carregadores e se aproveitar uma em cada quatro munições disparadas, matar-se-ão ali num intantinho... vamos lá ver:

20 militares X 5 carregadores X 20 munições = 2000 munições X 1/4 = 500 mortos.

Estamos ainda a desprezar a metralhadora de fita (MG47), mais eficaz, o lança granadas e o lança-chamas. Isto sim, é morticínio, nem o Shelltox mataria com tal eficácia.

Nascimento, afinal quantos mortos viste quando chegaste ao local da operação?


2. Quanto ao Armandino, que em comentário, diz o seguinte:

Quando cheguei a Bissau em Outubro de 66 comentava-se que houve uma Companhia de Madeirenses que teve que ser embarcada à força, pois eles recusavam-se a embarcar para a Metrópole. Diziam que tabanca por onde eles passassem deixava de existir. O lema deles era que quanto menos pretos houvessem mais depressa acabava a guerra.
Não faço a mínima ideia que companhia era mas sei que regressou em fins de 66


Vamos lá ver Armandino.

As primeiras Companhias insulares a irem para a Guiné, tirando as Berlengas, foram:

Do BII17 – Angra do Heroísmo - Açores - a CCAÇ 1438 que chegou à Guiné no dia 18 de Agosto de 1965 e regressou a 18 de Abril de 1967. Em Outubro de 1966 estava em Quinhamel.

Do BII19 – Funchal – Madeira - a CCAÇ 1439 que chegou à Guiné a 02 de Agosto de 1965 e regressou a 18 de Abril de 1967. Em Outubro de 1966 estaria em Enxalé.

Podes precisar?

Diga-se em abono da verdade que qualquer Companhia que se prezasse não aceitaria vir embora antes de terminado o tempo normal de comissão, ainda por cima sendo madeirense e gostando de matar. É de homem.

Caro Armandino, recentemente, cerca da 1 hora da madrugada, fiz com outro amigo, o percurso entre a Sé e o Casino do Funchal (alguns quilómetros) e não fomos atacados por nenhum madeirense, nem vimos cadáveres na berma da estrada. No Funchal vive-se lindamente, anda-se de noite com mais segurança do que no Porto ou em Lisboa.

Já agora uma achega, não seria uma Companhia de algarvios, ou alentejanos, ou transmontanos, ou de militares dos arredores do Porto, gente que até apedreja os autocarros do Benfica?

É conveniente não se meterem rótulos nas embalagens de que não se conhece o conteúdo, olha o que aconteceu no Hospital de Santa Maria, de Lisboa.

Não esqueças Armandino que as Companhias madeirenses e açorianas tinham no seu Comando Oficiais e Sargentos oriundos do Continente, e um ou outro insular, que também os havia e bons.

Não podemos dizer que não cometemos proezas de que nos envergonhemos hoje, mas alimentar morticínios por estimativa, e alegar que houve uma Companhia daqui ou dali que fez isto ou aquilo segundo se ouviu dizer, é pura especulação e não é importante para a história que aqui queremos deixar.

Matar e morrer faz parte da guerra. Contemos os factos que vivemos, e mesmo assim esperemos que alguém, na mesma hora e no mesmo lugar, tenha visto o filme doutra maneira diferente da nossa.

OBS:-Negritos da minha responsabilidade

CV
__________

Notas de CV:

(*) Vd. último poste de 20 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6194: Convívios (133): Encontro comemorativo da ida da CART 2732 para a Guiné, Funchal 10 de Abril de 2010 (Inácio Silva/Carlos Vinhal)

(**) Vd. poste de 2 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6292: Memórias de um alferes capelão (Arsénio Puim, BART 2917, Dez 69/ Mai 71) (10): Samba Silate

Vd. último poste da série de 27 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6261: Controvérsias (70): Os peões das Nicas (Mário G. R. Pinto)

15 comentários:

Unknown disse...

Deu gozo ler no meio destas achegas do Vinhal, a comparação com o terrorismo ao apedrejamento à camioneta do Benfica pelos terroristas do norte. Na realidade estes terroristas ainda perdem por 2x1. O empate só será obtido quando for incendidada uma camioneta dos terroristas do sul,se o Vinhal, douto e sapiente os descobrir.
Por outro lado, também não entendi o que quiz dizer, comparando hoje o andar na noite do Funchal, de Lisboa ou Porto, com os escritos sobre a Guiné. Sapiencias. Mas o Vinhal, camarada das grandes noites, deve saber do que fala. Exemplos pessoais não lhe devem faltar. Cá por mim, da Sé à Ribeira, da Batalha ao Marquês, da Praça a Paranhos, do Bolhão a qualquer lado, ainda não precisei de vestir o camuflado nem tirei a G3 do armário. Incoincidencias. Mas nem todos podemos ter as mesmas experiência, não é verdade ? Afinal, como na Guiné.
De qualquer forma, não posso de deixar uma mensagem a todos os camaradas que podem vir desarmados ao Porto by nigth. As nossas granadas estão nos bares, as espingardas nas casas de fado, os canhões estão nos fortes de S. João da Foz e do Castelo do Queijo e as Muralhas Fernandinas estão cheias de flores.
Um abraço para a Tabanca. E um especial para o Vinhal, cujo humor eu desconhecia.

Luís Graça disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luís Graça disse...

Camaradas:

Vamos lá a não perder a compostura... O Vinhal (ou qualquer outro dos quatro editores) está no direito de comentar qualquer poste ou comentário, desde que o faça, de preferência, a título individual... Entendo a reacção dele em defesa da reputação e do bom nome dos camaradas madeirenses...

Temos de ter cuidado com as "bocas" que todos ouvíamos quando íamos a (ou estávamos de passagem por) Bissau. Aquilo era uma verdadeira Babel, e da 5ª Rep ao Chez Toi, das esplanadas do Pelicano ao Pilão, fervilhavam os boatos, as contra-informações, as especulações, as fanfarronices, os medos, as ansiedades... Era a capital de um país em guerra, era a nossa pequena Saigão…

Dizer que “se ouviu dizer” que havia uma companhia de madeirenses (ou de transmontanos, de açorianos, ou de fulas, etc.) que matava mais do que o Sheltox, é estigmatizar os madeirenses (ou os transmontanos, os açorianos, os fulas, etc.), é abrir a porta para as generalizações abusivas, é caucionar ou autorizar o monstruoso princípio da "responsabilidade colectiva"...

Amigos e camaradas, evitemos por favor dar credibilidade ao boato, às bocas, ao diz-que-disse, à maledicência, à difamação, à insinuação torpe, ao estereótipo étnico, social, regional ou outro... Pesemos as palavras quando aqui escrevemos, em poste ou em comentário. Utilizemos as aspas ou os itálicos, como aviso ao leitor… Atenção: não estou a fazer um convite à autocensura, mas sim um apelo à ponderação, à responsabilidade, à honestidade intelectual, à procura da verdade...

Recusemos a falácia das "compannhias madeirenses" ou "fulas" ou "transmontanas"... Não havia "companhias madeirenses" !... Havia, sim, subunidades, independentes ou integradas em batalhões, que tinham oficiais, sargentos e praças, "filhos de muitas mães e de muitos pais", de norte a sul do País, das mais diversas origens do Portugal de então, desde os Açores a Macau, desde Lisboa ao Lobito...

E essas companhias tinham um número, uma identidade, um comandante, uma missão...

Entendo o comentário do Carlos Vinhal como um apelo à "coerência" e à “conformidade” com os nossos princípios: falemos do que sabemos, ouvimos e vimos (e, criticamente, do que lemos ou ouvimos dizer...).

Quanto ao humor, meu caro Jorge, só nos faz bem, quando nos consegue pôr a sorrir e a pensar...

Anónimo disse...

Andei uns dias afastado do Blog e por isso não li o comentário do Armandino. Cheguei à Guiné em Agosto de 66 e fui reforçar com o meu PelCaçNat 52 a companhia de madeirenses 1439 no Enxalé. Desconhecia essa faceta dos madeirenses, mas posso garantir que aqueles que conheci não apresentavam qualquer sintoma de anormalidade, sinceramente...
Henrique Matos

Unknown disse...

Caro Amigo Carlos Vinhal

Eu não afirmei nada. Disse apenas que se comentava. Eu durante anos andei na Cidade do Porto ás 3 horas da manhã que era quando saía dos CTT e ia a pé para casa da Batalha para o Bonfim e outras vezes ia do Bonfim para a Batalha ás 4,30 da manhã para entrar ao serviço às 5. Isto não quer dizer que não houvesse ladrões e que não houvesse quem matasse por dá cá aquela palha.E já agora pergunto ? Não havia Madeirenses e Açorianos nos quarteis da Metrópole. No S. Saúde pelo menos havia açoreanos e madeirenses.
Armandino Alves

Joaquim Mexia Alves disse...

Absolutamente de acordo com o Carlos Vinhal!

E mais não digo porque o boato espalha-se e rapidamente se transforma em "verdade histórica".

Um abraço camarigo para todos

Luís Dias disse...

Caros Camaradas

Temos de aceitar algum e bom humor que se pode fazer no nosso blogue.
Em relação aos madeirenses devo dizer que quando fui com o meu GC para reforço a Pirada (Novembro/Dezembro de 1973), foi comigo um GC de madeirenses,(CCAÇ3518?) comandados por um furriel, pois o alferes fora ferido, ao que me recordo em Guidaje, e eram uns "malandros natos (Eh!Eh!)", pois quando souberam que o comandante do Batalhão de Pirada nos queria enviar para ir apoiar Copá (que tinha começado a embrulhar), foram unânimes em afirmar que estavam fartos de ser pau para toda a obra e que não íam.Copá pertencia à companhia dos periquitos de Pirada, então eles que fossem para lá, diziam. Tínhamos terminado a comissão em Outubro e o pessoal andava com a moral muito em baixo. Consegui, por acaso com o apoio do Comandante da CAOP2, que não fossemos e ficassemos a defender Pirada (embora fizessemos a escolta da coluna que iria seguir para Copá). mas aqueles homens da Madeira, eram, afinal, como nós - os do Continente: gente cansada da guerra, com muitos quilómetros nas pernas, muitos tiros e sem vontade de apanhar mais do que já tinham apanhado.
Somos todos bons portugueses que estavam em sossego, quando fomos chamados a cumprir o então chamado "dever pátrio".
Um abraço para todos
Luís Dias

manuel amaro disse...

Nem quero acreditar.
"Malta" do blogue a assumir as dores de quem se comporta mal?
Gente BOA e bandidagem há em toda a parte.
Aqui, na minha rua, vive um cidadão exemplar, irmão de um falecido criminoso, assaltante de Bancos.
Qué-lá-isso!!!
Nós, cada um dos 411 CAMARADAS deste Blogue, sentimo-nos atingidos quando alguém refere factos menos dignos, acontecidos na nossa cidade, zona ou região?
Não!!!...
Então, vamos a isso.
Pratiquemos, todos, aquilo a que nos propusemos quando aderimos ao blogue.

Um Abraço

Manuel Amaro

Joaquim Mexia Alves disse...

Caro Manuel Amaro

Falo por mim, mas eu não assumo as dores de ninguém que se tenha "portado mal" e nem é isso tenho a certeza que o Carlos Vinhal quis dizer neste seu texto.

O que aqui se afirma é que é preciso ter cuidado com as histórias de ouvir dizer, do "contaram-me", porque muito rapidamente são generalizadas e parte-se para os "assasssinos" que estiveram na guerra colonial.

A mim ninguém me contou, mas ouvi em Lisboa, e a coisa correu mal, muito mal até, chamarem-me a mim e outros que comigo estavam, "assassinos coloniais" só porque tinhamos estado na guerra da Guiné.

Foi a isso que me referi: cuidado com as generalizações do tipo "os madeirenses", isto e aquilo, que acabam por nos insultar a todos nós que lá estivemos.

Se te entendi mal desculpa!

Um abraço camarigo para ti e para todos.

Antº Rosinha disse...

Em geral todos os massacres (Wiriamu, Pijiquiti, baixa de Cassange...)abusos e quaisquer maus tratos a civís ou guerrilheiros foram ou estão relatados, esmiuçados e sobredimensionados, caso do Pijiquiti que ficou para a história como 50 mortos arredondados e desmultiplicados.

Mas juntando às gabarolices e fanfarronices, muitas vezes de militares que nem tiros deram, havia a desinformação, ou contra informação organizada por gente de "muitas cores" que se encarregavam de enviar tudo bem cozinhado para Brazaville, Argélia, Rádio Praga, Rádio Moscovo, Rádio Tirana...e à volta do mundo.

Sem falar nos comícios justificativos do 25 de Abril nas diversas cidades lusas e tropicais, em que se ia buscar até a escravatura para o Brasil.

Sou retornado, imaginem o que ouvi, e reti quando passei cá o verão de 1974.

Nos muito falados massacres de Luanda (da reacção dos brancos)que até se fala em valas comuns, quando nem o MPLA e o FNLA, já organizados mencionavam, no entanto ficou principalmente pela boca de muitos que nem um tiro sabiam dar, como tenham sido grandes massacres.

Individualmente e em reacções inesperadas não terá havido talvez companhias e unidades em que não tenha havido abusos, que eu próprio assisti, mas que o colectivo em geral reage contra o ou os abusadores.

Ninguém tenha dúvidas que o IN estava devidamente organizado para que se fizesse qualquer abuso em segredo.

Está tudo bem denunciado e em geral por excesso, nos vários campos de guerra.

jpscandeias disse...

Só quem lá não esteve é que não sabe as histórias normalmente, com um pequeno fundo de verdade, que davam azo a que se fizessem as mais mirabolantes fábulas que depois circulavam pela província, tinham, normalmente, origem em Bissau, placa giratória, depois seguiam para o mato e eram divulgadas de boca em boca,. Como é apanágio do nosso povo, cada um acrescentava um ponto. Se alguma vez, penso que nunca será feito, alguém de der ao trabalho de contabilizar os IN abatidos pelas nossas tropas, excluindo as tropas da província da Guiné, companhias de comandos africanos, companhia de caçadores africanos e milícias, devemos encontrar um número superior a população da Guiné da época. Por outro lado o número de baixas, em combate, ou para ser correto, em campanha, também não vai coincidir com os números oficiais e por uma diferença abismal. É com espanto e admiração quando por vezes, felizmente poucas, sou confrontado em conversas informais sobre as experiencias de ex-combatentes da guiné, o que conheço, e é a mais “mediática”, penso; foram eles que lá não estiveram ou fui eu? Até os que cumpriram o serviço em Bissau no QG, a controlar os passaportes, tem histórias de guerra de uma violência atroz. Passados 38 anos do arrear da bandeira ainda não conseguimos descer a terra e, provavelmente, enquanto houver gente viva, dos que por lá passaram, iremos continuar a ouvir estórias. Aos historiadores cabe, com o distanciamento que só o tempo permite, repor a verdade. Como, todos ouvimos, enquanto por andamos, todos querem fazer “manga de ronco”, mas a verdade é que poucos o fizeram. Poucos estiveram debaixo de fogo na mata. Muitos foram flagelados nos aquartelamentos. Outros sofreram ataques aos quarteis mas só o souberam depois e por exclusão de partes. Mas devo dizer que Bissau, Bolama, Gabu ( Nova Lamego), Bafatá, ou mesmo Cabuca eram uma coisa. Xime, Guilege, Buruntuma, etc, etc, etc. era outra coisa. E, já agora, as companhias africanas, nos anos de 1970 a 1974, também era outra música, e por lá passaram poucos. Termino com uma máxima utilizada no exército português, O boato fere mais que uma lâmina.
jc

antonio graça de abreu disse...


Não tenho vontade de alinhar comentários, mas tem de ser.

Ainda há dois dias chamaram-me "ultracolonialista, super herói e vencedor" e logo algumas almas boas do blogue assinaram por baixo e bateram palmas. Bofetadas bem dadas, de luva branca, segundo escreveu o Manuel Reis.

"Assassinos coloniais", lembrou e bem o Mexia Alves, foi uma das muitas frases com que nos insultavam logo depois do 25 de Abril. Qual Shelltox? Nós éramos uma espécie de malfeitores e facínoras de guerra. Eram as orelhas dos africanos em frascos de álcool, os massacres quotidianos de homens, mulheres e crianças,etc. Nós havíamos sido os agentes militares do regime colonial fascista, ainda por cima vergonhosamente "derrotados militarmente" na Guiné. Éramos ou não éramos as tropas capazes de todos as carnificinas
ao serviço da política criminosa de Salazar e
Caetano?

O historiador francês Pélissier, o tal que tem tantos admiradores no blogue, afirmou em 2007: (e recordo outra vez porque isto anda tudo ligado.)

"Para a história colonial portuguesa basta consultar os autores de língua inglesa. Há séculos que a maior parte a denuncia como negreira, arcaica, brutal e incapaz: a quinta essência do ultracolonialismo sob os trópicos".

Todos nós, ex-combatentes em África
somos agentes e fautores da história colonial portuguesa, na sua fase final. Segundo o ilustre francês fomos ou não fomos gente "negreira, arcaica, brutal e incapaz"?
Qual a surpresa de nos chamarem criminosos e "assassinos coloniais"?

O Carlos Vinhal tem toda a razão. Vamos contar as nossas experiências
e mandar as especulações de quem não esteve lá, como o Pélissier que nunca foi sequer à Guiné, para o caixote do lixo da História. E estou a ser brando, às vezes apetece escrever um palavrão.
Fico por aqui.

Somos pessoas dignas, merecemos todo o respeito como ex-militares e como homens, o respeito das gerações mais novas, o respeito da História.

Abraço do "ultracolonialista, super herói e vencedor",

António Graça de Abreu

Anónimo disse...

Mas que descriminaxão é esta.
Nos beirões ninguém fala.
Nós ca té xomos comó granito "bem rigios e morenos".

Donde é que era o xenhor Viriáto ? ...oh cambada.

Fiquem xabendo que não xomos nada inferiores a voxezes..a matar..claro.
Cais madeirenxes cais carapuxa.
Um beirão ofendidiximo.

C.Martins

alma disse...

Humildade! Humildade! Humildade!


A nível individual, mas também e

talvez principalmente, a nível

colectivo.

Distinguir o relato da ficção!

Não olhar o ontem apenas com os olhos de hoje!

Não transformar Alferes em Coronéis!

E ter a consciência que milhares e milhares de ex-combatentes nunca ouviram falar do Senhor Pélissier..
nem nunca pensaram se a Guerra foi ganha ou perdida..

Um Micro-Tabanqueiro,que foi uma espécie de Alfero-Básico.


JCabral













































Cherno Baldé disse...

Caros amigos,

Nao queria comentar, mas tem que ser.

Depois da confusao que, para mim, representou o acordo ortografico que, parafraseando J. Cabral, nos retirou os nossos "afectos" e ja agora, os nossos factos com "c"; agora é o AGA que impoe, sem reservas e sem qualquer acordo, que "ultranacionalista" é, também, sinonimo de "ultracolonialista". Uma manobra de vitimizacao?

Eh.Eh...A gente esta sempre a aprender..., mas atencao! antigos combatentes, o Pélissier, no caso da Guiné, que eu saiba, nao
se debrucou sobre a guerra colonial. O seu livro estabelece claramente os marcos (1841-1936).

Vamos acompanhar a recensao do MBS para podermos fazer o nosso proprio juizo, nacionalismos a parte.

Um abraco amigo para todos e um especial ao C. Vinhal que tem todo o meu apoio.

Cherno Baldé