quinta-feira, 22 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6208: Blogpoesia (70): Poemas de José Orlando Bretão escritos na Guiné (Cristóvão de Aguiar)

1. Mensagem de Cristóvão de Aguiar endereçada ao nosso camarada Mário Beja Santos:

Meu Caro Beja Santos,
O José Orlando Bretão foi meu companheiro de República, em Coimbra, nos anos sessenta, antes de irmos para a Guerra Colonial.
Ele pertencia ao Batalhão de Henrique Calado e estava sediado em Farim.
Foi camarada do Armor Pires Mota. Ora, o Bretão, escreveu umn folheto a que deu o título de Três / Tristes/ Tempos, e O Regresso do Melro Preto (folhinhas do esquecimento), só para oferecer aos amigos. O folheto tem apenas oito páginas, mas tem dois poemas escritos na Guiné.
Vou transcrevê-los:


Em redor do silêncio
um imenso vazio
para onde
verso a verso
fatalmente crescerei

Oásis derramado
à volta de uma fonte


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Triste

Primeiro / Tempo

EMBOSCADA


Esperávamos em silêncio
mastigando a memória das coisas
e a Morte claramente apercebida
aguardava confiante o seu quinhão

Pensávamos:
- "Cada coice de Mauser no ombro
é uma carícia da Pátria agradecida" (*)

Mastigávamos a memória
esperando das coisas o silêncio
e a Morte claramente apercebida
recolhia confiante o seu quinhão

- Puta de Pátria que agradece aos coices.


Canjambari Morucunda /1964

(*) José Rodrigues Miguéis, É proibido apontar.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 22 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6037: Blogpoesia (69): O Dia Mundial da Poesia, da Falagueira a Buruntuma (Luís Graça)

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