quarta-feira, 24 de março de 2010

Guiné 63/74 - P6041: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (4): Os dias da batalha de Guidaje, 15 a 18 de Maio de 1973

1. Continuação do relato da Batalha de Guidaje, de autoria do nosso camarada Daniel Matos (ex-Fur Mil da CCaç 3518, Gadamael, 1972/74), enviado ao nosso Blogue em 6 de Março de 2010:


Os Marados de Gadamael
e os dias da
Batalha de Guidaje


Parte IV

Daniel de Matos

Os Dias da Batalha


Os Dias de Guidaje

15 de Maio


Terça? Quarta? Digamos, tão-só, que estava a romper o dia 15. Já tínhamos mastigado um pedaço de casqueiro besuntado com manteiga, bebido um copo de leite tornado em tons de creme com o café-chicória do costume e perfilámo-nos junto às viaturas, aguardando as ordens do capitão, em Farim. Os nossos dois pelotões, um grupo de combate da companhia africana local e o grupo de milícias especial de Jumbembém, seguem motorizados até Binta, que efectivamente não dista muito da vila, e como se circula em razoável piso o andamento é rápido. Apeamo-nos à chegada, metemos bala na câmara e começamos prudentemente a caminhada que, avisa-me um camarada que conhece o trajecto, não será pera doce, deveremos dar corda aos sapatos e caminhar entre dezassete a dezoito quilómetros. Organizamos então duas filas em que os homens, mantendo distâncias generosas dos camaradas da frente, se põem em andamento, tão devagar quanto o dita o rigor da picagem, pois é garantida a existência de minas ao longo do percurso. Entre os talvez quarenta metros que separam as duas filas humanas seguem as viaturas, à boleia das quais apenas se vislumbram os condutores, rodeados de sacos de areia, para melhor protecção dos corpos e para fazer peso e evitar que a viatura seja projectada, caso um pneu aziago accione o engenho mais inopinado. Na frente, a rebenta-minas, uma Berliet já amachucada, leva tanto saco sobre as rodas e na carlinga que o condutor se vê em palpos de aranha para espreitar a trajectória a seguir, parece guiar de pé. Não leva mais viaturas no encalço, a que se segue vem lá muito para trás, a não menos de duzentos metros.

Ouvimos, bem de longe, dois rebentamentos e depois uma série de rajadas. Parámos. Cada pelotão leva um rádio AVP-1 e somos informados que uma força vinda de Guidaje ao fazer rebentar minas fora emboscada logo em seguida. Soubemos mais tarde tratar-se dos fuzileiros especiais que chegaram a Guidaje no dia 12 (DFO-3 e DFO-4) e que tentavam cruzar-se connosco e regressar a Farim. A única coisa que conseguiram foi o revés de mais sete feridos, cinco na emboscada e dois (graves), cada qual accionando a sua mina.

As minas são cada vez mais as armas que mais baixas provocam nesta guerra e as que maiores temores causam dum lado e doutro das barricadas. Usadas isoladamente ou no despoletar de emboscadas, estima-se que mais de metade das baixas das forças armadas foram ocasionadas devido a minas e armadilhas, e isto nos três teatros de guerra. E muitas dessas minas foram detectadas em devido tempo, poderão ter posto os nervos em franja aos sapadores e aos camaradas que, como eu, foram “formados” em Tancos, na Escola Prática de Engenharia, mas nada mais do que isso. Só no ano transacto (1972) o PAIGC teria à volta de quinhentas minas e armadilhas implantadas no terreno (perto de quatrocentas antipessoal e de cem anticarro, das quais foram neutralizadas cerca de trezentas e setenta. E nem todas as armadilhas são montadas com engenhos sofisticados: uma simples granada de mão presa a uma estaca ou num tronco de árvore, com um fio-de-tropeçar atado à cavilha de segurança e esticado a partir do outro lado dum trilho, pode ser armadilha eficiente e, logo, fatal!

Damos com as viaturas desventradas pelas minas e por combates recentes. Há peças espalhadas ao longo de centenas de metros, pedaços de bancos, jantes, faróis, chaparia amarrotada como folhas de papel. Mas nem tudo foi destroçado pelo IN. No dia 9 a força aérea avistou sobre as viaturas abandonadas guerrilheiros a descarregar o material, e não era pouco, (recorde-se que pertenciam a colunas de reabastecimento e em geral levavam armas e munições, em especial Morteiros 81 e respectivas granadas). O capitão José Manuel Pinto Ferreira (hoje tenente-coronel piloto-aviador, já reformado) recebeu instruções para bombardear as viaturas por forma a tudo destruir, e assim fez! O bombardeamento foi tão intenso que o ferro-velho se alastrou por alguns quilómetros. Mas veio-se a apurar que as bombas já foram algo tardias, pois muitos morteiros e munições já haviam sido apanhados pelo PAIGC, provavelmente durante a noite.

Tentamos contornar os campos de minas, rasgando uma nova passagem, paralela à existente. A planura e o facto da vegetação não ser muito densa facilitam o trabalho. Enquanto na frente as milícias picam o terreno nos desvios que o capitão pretende efectuar, calhou-me ficar instalado cerca de um quarto de hora a metro e meio de um cadáver. Com tanta mosca a levantar voo do meio das larvas e da carne putrefacta e a cirandar sobre a minha cabeça, eu não ter vomitado os fígados já foi acto de grande heroicidade! O estado em que se encontra não permite apurar se é branco ou preto nem que tipo de farda será o que resta da sua. Embora eu não os veja do local onde estou, oiço dizer que também há (ou houve) corpos de guerrilheiros abandonados por ali. O sangue seco tingiu completamente da mesma cor o camuflado, tornando muito difícil a destrinça. Os corpos expostos ao sol e ao calor estão já em decomposição, o cheiro e o aspecto são asquerosos…

Os sete ou oito quilómetros que se seguem demoram três horas a transpor. Depois disso, a marcha é mais célere e, por fim, respiramos de alívio e avistamos a aldeia, um punhado de moranças, um grosso embondeiro, palmeiras espaçadas, um pequeno grupo de soldados africanos na recepção a dar-nos indicações, já as sabíamos mais ou menos, caminhar sempre pertinho das valas e procurar abrigos. Aos soldados é indicada a caserna (penso que um antigo armazém) onde devem instalar-se, podendo levantar colchões e mantas logo ali ao lado.

Para nos ter deixado chegar ao destino, o PAIGC ou nos preparava um grande castigo ou nem teria sequer desconfiado que alguém nos tinha deitado ao caminho e só por isso corremos o percurso de Binta à fronteira sem uma beliscadura física (mentais permaneceram umas quantas, vida fora).

A crise militar já estava de tal modo instalada que, já neste dia 15 de Maio, se efectua uma alta reunião de comandos em Bissau para debater a situação. Spínola convocou os comandantes dos três ramos das forças armadas, – exército, força aérea e marinha, – o comandante adjunto operacional, o chefe do estado-maior do comandante-chefe e os chefes das repartições de operações especiais. Na reunião, o brigadeiro Leitão Marques alerta que o PAIGC “está a preparar as necessárias condições para a conquista e destruição de guarnições menos apoiadas por dificuldade de acesso (Guidaje, Buruntuma, Guileje, Gadamael, etc.), a fim de obter os êxitos indispensáveis à sua propaganda internacional e manobra psicológica, – e isto está já ao alcance das suas possibilidades militares”.

O momento não dá para satisfazer grandes curiosidades, mas sempre percebemos que a linha de fronteira com o Senegal fica mesmo em frente, à perpendicular dos nossos olhos. A extrema da pista de aviação já é estrangeiro e numa boa parte do arame farpado bem poderíamos instalar a alfândega! Sobre as árvores que avistamos a cerca de duas centenas de metros garantem-nos que há “turras” a vigiar-nos e a atacar-nos quando querem. Certamente que já deram pela nossa chegada, contemos então que não demorem a dar-nos as boas-vindas com o fogo de artifício de canhões sem recuo, morteiros e foguetes (passariam, no entanto, as primeiras horas sem se confirmar o esperado ataque).

Por toda a parte existem valas, algumas de escavação recente. Circundam todo o quartel e ligam todos os edifícios, um por um, independentemente da dimensão. O furriel Machado, que é de Valpaços, vem com o contacto (leia-se cunha) de um furriel também transmontano, de Vimioso, que ali se encontra, e de um primeiro-cabo do pelotão de artilharia, para cujo abrigo nos dirigimos eu, o próprio Machado e o Ângelo Silva. O abrigo do Obus 10,5 ao fundo, é subterrâneo e a dois passos da fronteira. Em redor do Obus há uma circunferência desenhada por bidões atulhados de terra e bem encostados uns aos outros. No sítio onde faltam dois bidões é a entrada, que dá directamente acesso às valas e à portinhola do quarto (abrigo subterrâneo).

O “dono” do quarto é um furriel pertencente ao Pelotão de Artilharia n.º 24, que está ausente, de férias na metrópole. Deixara naquele buraco meia dúzia de coisas, entre as quais a cama, um baú e um gravador de bobinas vertical Akay, (que virão a desfazer-se…) O quarto é acanhado. Da porta descaem três ou quatro degraus irregulares, altos e toscos, e do lado esquerdo, encostadas cada qual à sua parede, estão duas camas, – a dele e a ocupada pelo nosso cabo artilheiro que o ficou a substituir naquele posto. Não cabe mais nada, o “corredor” entre as camas quase nem permite que duas pessoas se cruzem. Cá em cima, à superfície, o tecto do abrigo lembra um enorme quisto. Presumo a existência de uma placa de cimento, que não é visível por ter em cima duas fiadas de troncos de madeira bem unidos e cobertos de uma camada redonda de terra, como as que cobrem muitos fornos de aldeia. Aparentemente, é o local mais seguro pois não se imagina que uma granada qualquer consiga destruir um tecto daqueles.



16 de Maio

Para aqui estamos, os 200 que já cá “moravam” (essencialmente a companhia africana n.º 19 e o pelotão de artilharia de 10,5 mm), mais os acabados de chegar. Se o IN nos poupou às boas-vindas, o certo é que não foi preciso esperarmos vinte e quatro horas para levarmos com a primeira chuva de granadas. Regista-se um morto, – o soldado Martinho Cá, apontador de metralhadora da CCaç 3. Também um dos nossos homens (CCaç 3518) é ferido ligeiramente com o ricochete de um estilhaço, mas nada de grave.

Se no sul nos diziam que quem comandava directamente os guerrilheiros era o temível Nino Vieira, aqui também não fazem a coisa por menos: os renhidos combates que se estão a travar em redor de Guidaje mobilizam largas centenas de homens do PAIGC, que cada vez mais nos apertam o cerco, comandados pelos já conhecidos (de nome, pelo menos) Francisco Mendes e Manuel dos Santos.

Francisco Mendes (também Chico Mendes, ou Chico Té) esteve com Amílcar Cabral e outros dirigentes históricos nos primeiros cursos de formação, em Praga (antiga Checoslováquia). Foi assassinado em 7 de Julho de 1988, após uma independência pela qual lutou a vida inteira. Mas diz a sabedoria popular, em crioulo, que “dinti mora ku lingu, ma i ta daju i murdil” (os dentes moram com a língua, mas às vezes mordem-na – provérbio guineense)! Chegaria a primeiro-ministro da Guiné-Bissau. Quanto a Manuel dos Santos (Manecas), que além de dirigir guerrilheiros é um dos comissários políticos que coordena quem vive nas “áreas libertadas” e, nesta altura, comanda a Frente Norte, é responsável pelas operações dos mísseis terra/ar em todo o território. Estivera na União Soviética a receber formação específica para operar e ensinar a manejar os Strela. Será ministro da informação logo no primeiro governo da Guiné-Bissau, após a retirada das autoridades portuguesas. Nasceu em Santo Antão, Cabo Verde, em 1943 e será dos raros dirigentes cabo-verdianos do PAIGC que permanecem nos governos de Bissau depois do “14 de Novembro” (golpe de estado de Nino Vieira). Logicamente que na investida contra Guidaje estiveram envolvidos mais quadros do PAIGC, entre eles, Manuel Saturnino da Costa, que chegaria a ser secretário-geral do partido e primeiro-ministro da Guiné-Bissau independente, e alguns intermédios, como Lúcio Soares, Joaquim Biagué e Bobo Queita.

Logo a seguir ao primeiro ataque, o furriel Bernardo Monteiro e os alferes Igreja e Cruz foram não sei onde desencantar mais duas camas e colchões, trouxeram-nas para o abrigo e, sobrepondo-as às existentes, montaram-nas em camarata. O quarto do furriel artilheiro ausente, onde há duas ou três semanas só ele residia, transformou-se num dormitório apertado, onde passamos a pernoitar sete almas. Virá também a juntar-se ao grupo o furriel Fernandes, da CCaç 19 (o tal outro transmontano que alguém de Farim indicou ao Machado).


17 de Maio

Acordo estremunhado sob o efeito de novos ataques de artilharia, com granadas a cair bem no interior do quartel. Os obus 10,5 reagem prontamente sob as ordens do comandante (tenente-coronel Correia de Campos) e fazem um longo batimento de zona, conseguindo calar os disparos inimigos. Os canos são também apontados para o interior senegalês, dizem-me que visam certamente atingir a base de Koumbamory. São disparados mais de 40 tiros de obus. O nosso cabo artilheiro que coabita o quarto subterrâneo que “ocupámos” confidenciou-me que em todo o quartel restam unicamente 39 granadas de calibre 10,5 e que as deve poupar para qualquer eventualidade futura. O certo é que nos dias seguintes a artilharia deixará mesmo de reagir aos repetidos ataques inimigos, essa tarefa ficará a cargo dos Morteiros 81, talvez somente para marcar presença, para demonstrar que estamos vivos!

Entretanto, está em andamento a grande operação Ametista Real. Com efeito, prepara-se uma acção de gigantescas proporções para o envolvimento da principal base inimiga. O objectivo é aniquilar ou reduzir a capacidade bélica de um IN que contará com cerca de 650 efectivos concentrados ali à volta, uma acção que ponha fim ao actual isolamento da guarnição de Guidaje, que nos permita evacuar os feridos e tratar do reabastecimento de géneros, de medicamentos, até mesmo de urnas!...


18 de Maio

No cerne da operação, que será comandada pelo major João de Almeida Bruno (antigo comandante do Centro de Operações Especiais) e pelos capitães António Ramos (agrupamento Romeu, do tenente Quiseco), Matos Gomes (agrupamento Bombox, do tenente Zacarias Saiegh) e Raul Folques (agrupamento Centauro, do tenente Jamanca), está o Batalhão de Comandos Africanos. A par do agrupamento Romeu desloca-se o Grupo Especial (do Centro de Operações Especiais), hábil em demolições, comandado pelo alferes Marcelino da Mata.

O capitão António Ramos já faleceu; os capitães Raul Folques e Matos Gomes são hoje coronéis. Este último tem sido porventura o militar mais empenhado em estudar e contar a História das guerras coloniais (nas três frentes – Guiné, Angola e Moçambique); e também tem obra relevante publicada no domínio da ficção/literatura de guerra, sob o pseudónimo de Carlos Vale Ferraz (destaco Nó Cego, obra inspirada na operação Nó Górdio, em Moçambique ordenada pelo general Kaúlza de Arriaga e condenada por toda a comunidade internacional), entre os seus romances de ficção ASP – De Passo Trocado, Soldado, Os Lobos Não Usam Coleira, este adaptado ao cinema por António Pedro de Vasconcelos com o título”Os Imortais”, O Livro das Maravilhas e Flamingos Dourados).

Os cerca de 450 homens envolvidos na Operação Ametista Real saem este sábado de Bissau e chegam a Ganturé, transportados a bordo de uma LDG (lancha de desembarque grande) e duas LFG (lanchas de fiscalização grandes).

A base fluvial de Ganturé, a 5 quilómetros de Bigene e na margem do Cacheu, quase não tinha estruturas. Contou-nos um marinheiro, de rosto bem queimado pelo abrasador sol africano e que chefiava uma esquadra, que foi o Destacamento de Fuzileiros Especiais n.º 4 que recebeu a incumbência de as (re)construir, desde o mês passado. Assim, receberam em Abril, por via fluvial, uma montanha de bidões de combustível vazios, a que haviam que cortar as tampas e encher de terra, com o que montaram a estrutura lateral do “quartel”, colocando por cima as chapas de zinco, como era de uso na engenharia tradicional dos tempos de guerra. Em simultâneo, cavaram abrigos subterrâneos e as imprescindíveis valas, não esquecendo o imprescindível bar para as horas de ócio…

Diz-se que o batalhão de comandos africanos é especializado em acções fora do território, talhado para intervir nos países vizinhos. Daí os comandos vestirem muitas vezes fardas turras e usarem, também com frequência, o mesmo armamento (à medida que se vão capturando as Kalashnikov, os lança-granadas foguete RPG-2 e RPG-7, as espingardas automáticas Simonov, as metralhadoras ligeiras Degtyarev e pesada Goryounov, utilizadas pelo PAIGC)…

As Kalashnikov usam balas de calibre idêntico (7,62 mm) às das G3 que nós utilizamos. Manejam-se, contudo, com muito mais facilidade: desde logo, por serem mais leves (menos 225 gramas) e quinze centímetros mais curtas; e porque os seus carregadores comportam trinta cartuchos, mais dez que os vinte da nossa G3. Ora, salvo em situações/operações excepcionais, cada soldado das NT leva para o mato um carregador na arma (permite-lhe dar vinte tiros) e quatro cartucheiras no cinturão (cada uma com um carregador de vinte, o que permite dar oitenta tiros, – cem no total); enquanto que um guerrilheiro do PAIGC, com menos peso e melhor operacionalidade, pode disparar por cento e cinquenta vezes…

(Continua)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 20 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6027: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (3): Os dias da batalha de Guidaje - Antecedentes à nossa chegada

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro Daniel Matos:

O teu relato continua muito bem explanado, e estou certo que também será de consulta obrigatória para quem um dia queira saber o que foram os dias de Guidaje, ao mesmo tempo que se dá ao blogue testemunhos presenciais importantes para a compreensão do que realmente se passou.

Já agora mais uns acertos para ficar mais completo:

No dia 15 a tua coluna era assim composta:

-2 GrComb. da 3518

-1 GrComb. da Ccaç. Afr. Eventual de Cuntima

-1 GEMIL. 322 de Jumbémbem.

O CMDT. Foi o Cap. Pereira da Silva da 2ª Ccaç. Batl. /4512 de Jumbémbem.

De facto vocês tiveram a sorte de não serem emboscados até Guidaje mas o que se passou a seguir não foi nada bom, provavelmente era a estratégia do IN.

A cena dos corpos que descreves é real mas convém dizer que muitos corpos eram de combatentes do IN., porque até esse dia, haviam 4 corpos da minha coluna antes do Cufeu dos quais só foram levantados 3 corpos passados 3 meses, o que ainda hoje me faz confusão porque estou convencido que se houvesse mais vontade e responsabilidade de quem mandava a nível superior, os nossos camaradas tombados em combate teriam os enterros dignos na sua Pátria, no seu devido tempo, depois do Cufeu havia mais os 5 mortos da Ccaç. 19.

Relativamente á estadia em Guidaje eu só a 29 tive contacto com o aquartelamento.

Um grande abraço

Manuel Marinho

José Marcelino Martins disse...

Uma questão posta a quem saiba:

Não encontro na relação de unidades, nomeadamente nas africanas, nenhuma designação de EVENTUAL.

Em 31 de Março de 1967, foram extintas as unidades INDIGENAS, que passaram a estar em "pé de igualdade" com as metropolitanas.

Quem era a Ccaç. Afr. Eventual de Cuntima?