sábado, 20 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5852: Blogoterapia (145): Considera que Portugal valoriza os seus ex-combatentes? (Carlos Cordeiro)

1. Mensagem do nosso tertuliano e camarada Carlos Cordeiro* (ex-combatente em Angola, onde fez a sua comissão como Fur Mil Inf no Centro de Instrução de Comandos, nos anos de 1969/71), com data de 17 de Fevereiro de 2010:

Caros Luís e Carlos,
Acabo de assistir ao programa "Estação de Serviço", da RTP-Açores, com a participação telefónica de telespectadores.

A pergunta foi: "considera que Portugal valoriza os seus ex-combatentes"?

Como convidado em estúdio esteve um representante da Associação de ex-combatentes da ilha do Faial.

Contrariamente ao que geralmente acontece no programa, o número de chamadas foi elevadíssimo e, disse o jornalista, muitas ficaram por atender.

Fiquei deveras impressionado com os dramas que foram ali expostos. Revoltei-me com os camaradas que demonstravam grande revolta pelo esquecimento - mesmo o desprezo, como alguns disseram - a que os ex-combatentes são votados pelo Estado.

No fundo, muitas das questões que o blogue tem vindo a tratar foram ali levantadas com a emoção a ficar bem patente nas intervenções de muitos dos ex-combatentes.
Assisti a tudo com grande emoção, sobretudo quando um dos intervenientes denunciou o facto de um deficiente de guerra aguardar há meses que o Estado-Maior do Exército, o ministério, ou seja quem for, resolvam o problema do seu meio de locomoção: uma cadeira de rodas com motor, que avariou e não há maneira de a mandarem consertar ou adquirirem uma nova. Também foi muito doloroso ouvir a irmã de um ex-combatente que morreu em combate e era o sustento da casa.

Mas também devo dizer que tive orgulho, muito orgulho ao verificar que, mais do que queixumes sobre questões pessoais, o que mais abundou foram palavras de viva solidariedade dirigidas aos camaradas em situações de miséria, ostracismo e mesmo marginalidade.

Um abraço amigo do
Carlos Cordeiro
__________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 29 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5372: Agenda cultural: (49): Síntese da minha comunicação no Colóquio Internacional na Universidade dos Açores (Carlos Cordeiro)

Vd. último poste da série de 4 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5765: Blogoterapia (144): Que estou eu aqui a fazer? (Joaquim Mexia Alves)

4 comentários:

MANUELMAIA disse...

CARO CARLOS CORDEIRO,

TENHO PENA DE NÃO TER OUVIDO O PROGRAMA PERDENDO ASSIM A POSSIBILIDADE DE DIZER O QUE ME VAI NA ALMA CONTRA ESTA CORJA POLÍTICA QUE NOS TEM GOVERNADO DESDE O DIA SEGUINTE AO DA DITA REVOLUÇÃO...

MAS PENSANDO EM,QUE SE PODERIA ESPERAR DE GENTALHA QUE FOI CAPAZ DE VALORIZAR DESERTORES E REFRACTÁRIOS CONFERINDO-LHES PREBENDAS E MAIS PREBENDAS PARA ALÉM DE LUGARES DE ESTADO???

QUE SE PODERIA ESPERAR DE GENTE QUE VALORIZOU ASSALTANTES DE BANCOS( BANCO DA FIGUEIRA???

QUE SE PODERIA ESPERAR DE GENTALHA CAPAZ DE PISAR A VERDE RUBRA EM LONDRES?

QUE SE PODERIA ESPERAR DESTES RAFEIROS QUE TÊM OCUPADO LUGARES CIMEIROS?

ABRAÇO

MANUEL MAIA

Anónimo disse...

Os antigos combatentes são um fardo para todos os governos. Tiveram o seu préstimo durante a guerra, mas assim que se atinge a paz tornam-se uma sombra incómoda. São a prova viva de que a guerra não é só um pedaço da História, e que marca as pessoas no corpo e na mente.
Os soldados portugueses que combateram no Ultramar foram ostensivamente esquecidos, como se fossem culpados de defender o regime anterior. Limitaram-se a cumprir o seu juramento e servir a Pátria conforme lhes foi ordenado. Falar nos antigos combatentes tornou-se tabu.
Abraço
Amilcar Dias

Anónimo disse...

Meu caro amigo Carlos Cordeiro,

Deixa-me usar algumas das tuas palavras. Não sei se fui herói na Guiné, e isso não importa. Cumpri o meu dever para com a Pátria, e sinto orgulho naquilo que está escrito na minha caderneta militar.

Nela não está escrito o nome de nenhum governo. Diz, e bem, que fui soldado do Exército Português.

Não foi o governo de então que nos desonerou. Foram os do após 25 de Abril que nunca compreenderam que a revolução não teria sido possível sem o nosso suor, as nossas lágrimas e o sangue dos nossos mártires.

Comungo aquilo que dissestes e os camaradas que me precederam.
mAS Só nóS podedemos atalhar este mal quando tivermos a coragem de nos unirmos numa só voz e dizer: Basta! Na escrita e na acção.

E já agora, tenho procurado na RTP Açores pelo referido programa. Não consigo o Video. Sabes se é possível ter aqui, para todos nós, o "Link" necessário?

Com um abraço muito quente dos States,

José Câmara

Anónimo disse...

Obrigado, caro amigo José Câmara. De facto, pensando a esta distância, aquela geração de soldados de Portugal cumpriu muito para além do que se podia imaginar. Todos nós.
Quanto ao programa, infelizmente, não está na Net. Há outros (julgo que poucos, como o "Bom Dia") que são colocados passados uns dias. Mas este, pelo que consultei, infelizmente, não.
Um grande abraço amigo do
Carlos Cordeiro