quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5207: Agenda Cultural (40): Os nossos camaradas Giselda Pessoa, V. Barata e M. Rebocho, hoje, 16h, RTP1, Portugal no Coração

1. Reprodução, com a devida vénia, de notícia do blogue Especialistas da Base Aérea 12, Guiné 65/74 > 30 de Outubro de 2009 > VOO 1248 OS ESPECIALISTAS DA FAP NA RTP


Companheiros:

A convite da RTP 1, programa 'Portugal no Coração' vamos estar presentes na emissão do dia 4 (próxima 4ªFeira), pelas 16H.

O Programa reporta-se as Combatentes da Guerra Colonial e tem como participantes,a Ex Sarg Enf Paraq Giselda Pessoa,os Ex-Esp FAP Victor Barata e Nuno Almeida(Poeta),Ex-Sarg Mor Paraq Prof Dr Manuel Rebocho, Ex-Cor Exer Silvério e Ex-Cap Méd Exer Dr Américo.

Como se pode observar,os ZÉS ESPECIAIS vão estar presentes e representados pelos nossos companheiros Victor Barata e Nuno Almeida.

É pena que o programa seja tão curto, pois muito havia para dizer,mas talvez a curto prazo esse momento nos chegue.

Victor Barata

9 comentários:

Anónimo disse...

Os referidos camaradas deveriam ter sido mais criteriosos na aceitação do convite e não se deveriam prestar a encenações de passatempo televisivo que não permitem descrever nem definir a condição dos ex-combatentes acentuando assim a pouca atenção e a escasa seriedade com a nossa condição tem sido entendida.
Da heterogeneidade do grupo à idoneidade de quem entrevistar, passando pelo cariz do programa e pelo escasso tempo atribuído ao testemunho, tudo parece garantir não mais que a vã visibilidade dos participantes.

S.Nogueira

Luís Graça disse...

Hoje de manhã mandei um abraço e votos de bom programa à Giselda, ao Victor e ao Rebocho...

Mas também lhes chamei a atenção para o facto de a televisão ser uma verdadeira armadilha...

Em televisão, temos que ser "claros, concisos e precisos"... O tempo de antena é cronometrado ao segundo, o que pode ser um sufoco, quando tem que se falar de coisas, que não são familiares à generalidade dos telespectadores... (por exemplo, o tão estafado conceito de "stresse pós-traumático de guerra", ou o acidente com granadas de mão que rebentam por "simpatia")...

Vi apenas um parte do programa, já não apanhei a Giselda nem o Victor Barata. Ouvi o Manuel Rebocho, que me pareceu ter feito o trabalho de casa, em contrapartida, os donos do programa não devem ter percebido patavina do objecto de estudo da tese de doutoramento (a formação das elites militares...), agora passada a livro ("ipsis verbis", o que pode ser mau, do ponto de vista editorial e da eficácia comunicacional: uma tese de doutoramento, escrita para fins académicos, pode tornar-se "ilegível", "não amigável", para um público mais vasto, de nõ-especialistas)... São dois produtos diferentes: a "tese" e o "livro"... Lá estarei, no dia 15, espero, no lançamento do livro do meu confrade de sociologia e de camarada da Guiné, a quem desejo boa sorte, boa sabedoria e bom senso.

Um abraço do Luís

Luís Graça disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luís Graça disse...

Tanto quanto percebi a curta intervenção do Manuel Rebocho (cujo livro ainda não li)... Algumas notas que apontei, da entrevista ao Programa Portugal no Coração, RTP1, hoje, das 16h às 18h:

(i) Na Eurona não há doutrina em matéria de estratégia militar; estamos atrasados vários anos em relação à América;

(ii) O Adriano Moreira, que foi o arguente da tese de doutoramento, acha que esta pode contribuir para criar e manter uma fileira de pensamento estratégico militar;

(iii) As guerras do futuro serão assimétricas;

(iv) Em 1961/74, Portugal enfrentou uma guerra assimétrica: um pequeno grupo de guerrilheiros, emboscava forças 10 vezes superiores em número e equipamento; mas o combate fazia-se apenas ao nível da cabeça da coluna, podendo provocar no máximo meia dúzia de baixas;

(v) Os oficiais de carreira desapareceram da cena de combate, em particular na Guiné: constatou o Rebocho, com surpresa, quando estava a fazer o seu trabalho de investigação;

(vi) As elites (militares) vão ser saneadas com o 25 de Abril;

(vii) AS Forças Armadas Portiguesas não estão preparadas para as novas guerras…

(viii) Temos no máximo 12 anos para nos preoararmos para as novas guerras assimétricas;

(ix) O entrevistado deu o exemplo da Guiné (onde houve uma certa vietnamização da guerra; de facto, em Angola, na sua 1ª comissão, ele não deu um tiro, já na Guiné travou alguns duros combates): havia tropas de quadrícula, que estavam estacionadas num aquartelamento; tinham um posição essencialmente defensiva; as verdadeiras tropas de intervenção (pára-quedistas) estavam em Bissau; quando a guerra se acendia num dado sítio, eram como os bombeiros, iam lá, helitransportados, e apagavam o fogo, regressando a Bissau; as tropas de quadrícula é que podiam sofrer de stresse pós-traumático de guerra (SPTG), devido ao isolamento e à saturação; os pára-quedistas, não, não sofrem de SPTG; além disso, tinham uma ideologia profissional que os levava a respeitar os prisioneiros: um prisioneiro inimigo nunca se maltrata, tal como um camarada, morto ou ferido, nunca fica para trás...

(x) O Rebocho dá ainda o exemplo do Cantanhez, no sul da Guiné, em cuja reconquista e reocupação, em finais de 1972/princípios de 1973, esteve empenhado o BCP 12: havia lá uma "tribo muito aguerrida" (nalus ? balantas ?) que combatiam a três, quatro metros, e que deram muito trabalho aos páras; nas outras zonas, os guerrilheiros do PAIGC atacavam à distância de 80/100 metros...

Em suma, o BCP 12 funcionava como um corpo de bombeiros: eram chamados para apagar os grandes incêndios (Gandembel, Guileje/Gadamael, Guidaje)...

Não me parece que ele tenha mecionado Guileje... Fica o pedido de esclarecimento para o dia 15, na sede da Associação dos Deficientes das Forças Armadas, no Lumiar, em Lisboa...

Até, um Alfa Bravo para o Rebocho, que me pareceu bem, no programa, calmo e sereno.

Colaço disse...

Vi o programa do principio ao fim.
Os nossos tertulianos ficaram muito bem na fotografia,a Giselda super bonita e pela firmeza com que respondeu ao humor do João Baião, o Nuno Almeida muito emocionante, fez com que os meus olhos se enchessem de agua.
Pelo tempo limitado gostei da participação de todos.
As palavras e a imagem do coronel Silvério tocaram no ponto máximo, no que foi a guerra do Ultramar.
Cumprimentos a todos e um beijinho para a Giselda.
Colaço.

Luís Graça disse...

Mensagem de hoje, do Victor Barata:

Bom Dia,
Luís.
Antes de mais as minhas desculpas de só agora te agradecer o teu "aviso" em relação à televisão,mas também só agora tive oportunidade ver o teu mail.

Já passou,fizemos o que nos foi possível,estes temas são sempre muito difíceis de recordar e descrever,e emoção subrepõe-se a tudo e todos.

Fiz sentir,aos realizadores do programa,de que estes temas deviam ter mais tempo de antena e deixarem de ser tão elitista como o têm sido até aqui.

Pelo que me foi dito,provavelmente não caíram em saco roto essa ideia.

Um abraço para ti.
Victor Barata

Luís Graça disse...

Peçloa desculpa: a apresentaçáo do livro do nosso camarada Manuel Rebocho é a 17 de Novembro, 3ª feira, às 18h... (Por lapso, escrevi 15).

Vd. poste de29 de Outubro de 2009
Guiné 63/74 - P5180: Agenda Cultural (39): “Elites Militares e a Guerra de África”, de Manuel Rebocho: 17 de Novembro, às 18h00, sede da ADFA - Lisboa

Unknown disse...

Depois da Tabanca de Matosinhos, eu e o Jorge Peixoto fomo-nos a outra Tabanca de quási todos os dias. Por casualidade reparamos na TV e em alguem que conhecíamos e prestamos um pouco de atenção.
Mas fiquei logo revoltado - infelizmente não consegui captar fotográficamente - porque no momento em que falava um ex-camarada que julgo ser deficiente, apareciam as legandas para o programa de "humor" que seria apresentado às 19 horas. Nada de especial se não estivesse escrito aquela xaxada do "ria e nao sei que mais". Nogento

Anónimo disse...

Não serão de esquecer ou escamotear as operações das Tropas Páraquedistas com planeamento continuado e com algum enquadramento estratégico:
1.1 no Leste de Angola, a partir de 1967 - na zona de Ninda-Sete-Chiume e depois, na região do alto curso do R Cassai onde, estacionada em Ninda e depois em Léua, operava em permanência uma Companhia, sem prejuízo de intervenções avulsas em zonas adjacentes ou afastadas;
1.2 no Norte de Angola, onde operava uma Companhia, com base variável mas com persistência ou reiterada intervenção em áreas de tradicional resistência - Canacassala, Toto-R. M'Bridge, toda a região dos Dembos e Serra do Uíge, etc;
2 em Moçambique, no planalto de Mueda e na Serra Mapé onde, a partir de 1968 passaram a estar estacionadas, em Mueda e Macomia, duas Companhias que operavam naquelas regiões, também sem prejuízo de acções pontuais em àreas adjacentes ou outras e sem considerar a intervenção na zona de Tete;
3 na Guiné, a repetida pressão a que as Companhias do BCP12 sujeitavam Unidades conhecidas do PAIGC ou certas regiões, por vezes durante períodos consideráveis
e com alcance estratégico geral.
A presença e actividade planeada daquelas sub-unidades nas referidas zonas não impedia outras acções inopinadas de assalto e destruição -de facto mais frequentes
na Guiné- e que podiam ser desempenhadas também pela(s) Companhia(s) que estivessem entretanto aquarteladas na Base.

S.Nogueira