quarta-feira, 29 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4755: Blogpoesia (55): História de Portugal em Sextilhas (Manuel Maia) (IX Parte): Do início da República à Grande Guerra (1910/17)

Guiné > Região do Oio > Fatim > 2ª CCAÇ/BCAÇ 4610 (1972/74) > 1974 > "Este vosso escriba com as divisas de bico p'ra baixo apostas (só mesmo para a fotografia)... O 'artista' empoleirado numa árvore junto à bolanha onde pescávamos. Foto tirada a 13 de Março de 1974, em Fatim, perto de Nhacra, já no bem bom"... (MM)


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cantanhez > Cafine > Maio de 1973 > "Junto a uma das mesas da nossa 'messe', em Cafine, creio que em Maio de 1973... Na foto, vê-se o Capitão Terrível (1º à esquerda), o Alf Dias e o Fur Martins (falecido); do lado direito, Fur Afonso (falecido), Fur Vitor Codeiro (membro do blogue), Fur Moura; e eu, ao fundo" (MM)...

Guiné > Guiné > Região do Oio > Nhacra > Fatim > Novembro de 1973 > Destacamento da 2ª CCAÇ/BCAÇ 4610 (1972/74) > O Manuel Maia mais o Agulha, faxina de Fatim, "já no bem bom de Fatim, em Novembro de 1973" (MM)

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cantanhez > Cafine > Agosto de 1973 > Destacamento da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610 (1972/74) > Os depósitos (!) de água do destacamento... Na foto, o autor, desfardado...


Guiné > Região de Tombali > Cantanhez > Cafal Balanta > Janeiro ou Fevereiro de 1973 > 2ª CCAÇ / BCAÇ 4610 (1972/74) , Os Terríveis > O Manuel Maia fotografado... em território inimigo, no mítico Cantanhês (leia-se, fora do arame farpado

"Esta fotografia é a 'prova provada' que contraria a versão de AB [Almeida Bruno], já que o indivíduo de tronco nu, que às vezes andava fardado de militar do Exército Português com umas 'divisas amarelas de bico pa'ra baixo' , modestas mas dignamente ganhas, acusado juntamente com mais uns milhares de militares, está sentado sim, mas... do lado de fora do arame farpado!!!

"O 'militar desfardado' não teve medo de se deixar fotografar froa o arame farpadi só para que se
soubesse que ali bem perto, a escassos meros, não se recebiam medalhas, mas ferro quente.

"Ainda bem que tenhio este documento comprovativo de que às vezes estávamos fora do arame farpado" (MM)...

Fotos: © Manuel Maia (2009). Direitos reservados.



Lisboa > 1917 > A partida para a guerra (excerto): uma das mais emblemáticas fotos do Joshua Benoliel (1873-1932), o maior fotojornalista português das duas primeiras décadas do Séc. XX. (*) Arquivo fotográfico do Arquivo Municipal de Lisboa.

Fonte: Foto de Luís Graça (2005), obtida na Exposição Joshua Benoliel (1873-1932), Repórter Fotográfico que decorreu em Lisboa, Cordoaria Nacional, de 18 de Maio a 21 de Agosto de 2005.

IX parte da História de Portugal em Sextilhas, escritas pelo Manuel Maia, licenciado em História (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74). Texto enviado em 15 de Julho último (*).


História de Portugal em Sextilhas,
por Manuel Maia (*)


Da proclamação da República em 1910 até à participação de Portugal na I Guerra Mundial, em 1917


247-No cinco de Outubro perecia
a velha portuguesa monarquia
que o rei primeio dera de presente.
É Relvas quem proclama em Lisboa
o fim da já vetusta lusa c´roa,
por troca co´a República emergente.


248-Nascido nos Açores, Ponta Delgada,
de aristocrata gente, bem criada,
bem cedo conheceu a orfandade.
Da Escola Coimbrã foi fundador
ao lado dum Antero, interventor,
Teófilo mostrou capacidade.



249-Doutoramento alcança com Direito
e cátedra de Letras toma a peito,
de Augusto Conte foi estudioso.
Republicano, assume a presidência,
este homem que era poço de ciência,
no galarim da história bem famoso.

Teófil Braga (1843-1924)
Fonte: Wikipédia


250-Teófilo que é Braga tem chefia,
do elenco provisório que fazia,
da Igreja inimigo figadal,
ao promulgar a lei/separação,
e promover a subordinação,
da mitra ao poder forte, estatal...


251-Na luta contra a Igreja, em guerra aberta,
as várias Ordens vão ter morte certa,
imposta do país sua expulsão.
Governo ao publicar a lei da imprensa,
divórcio, greve, impõe feliz sentença
que fez regozijar toda a Nação...


252-Aceite pela nova Constituinte,
regime dá depois passo seguinte
e faz de A Portuguesa o nosso hino.
Para ocupar cadeira que está vaga,
um outro açoreano, Arriaga,
o mais alto lugar tem por destino.


A Bandeira Nacional
adoptada pela República,
por Decreto nº 150, de
30 de JUnho de 1911

Fonte:
Wikipédia


253-Desejo de invasão então motiva
monárquicos, que fazem tentativa
de entrada pelo Norte, lá em Vinhais.
Couceiro e Sousa Dias, derrotados,
p´la força retrocedem, humilhados,
voltando bem mais tarde a dar sinais...


Afonso Costa (1871-1937)

Fonte: Wikipédia


254-Cobiça de Alemães e Ingleses
visando territórios portugueses
Os Dembos, em Angola, instigará.
Afonso Costa chega ao poder
e usando a força p´ras greves conter,
mil ódios e revoltas gerará...


255-Reais adeptos com sindicalistas,
apoiam Lima Dias e grevistas
querendo derrubar governo eleito.
Perdendo, enchem celas das prisões,
Afonso Costa vence as eleições,
reforça então poder, seu por direito...


256-Mau grado um orçamento milagroso
gerando um superavit estrondoso,
Afonso Costa vai largar assento.
Unionistas tiram-lhe o tapete,
impondo a Arriaga (que remete...)
o apelo a Bernardino, sempre atento...


257-Machado (Bernardino), um professor,
da liberdade enorme defensor,
maçon grão-mestre e lente coimbrão.
Desiludido com a monarquia,
com armas e bagagens mudaria,
republicanas hostes fôra opção...


258-Constatação surgida facilmente
mostrou um Arriaga presidente
a dar a mais governos sua posse...
Depois de Bernardino vem Coutinho,
Pimenta Castro está já a caminho,
a ditadura tem tempo precoce...


259-Pimenta Castro é duro general
de quem esperam seja mesmo o tal,
capaz das resistências amansar...
Sentindo ser credora da razão,
unida fez-se forte a oposição
e o faz perder, à força, o seu lugar...


260-Em carta a Afonso Costa, Chagas diz,
que o "mal se corta sempre p´la raíz",
exige a ordem, actos decididos.
Na urgência de acabar com a anarquia,
panfleto Última Crise evidencia,
horror quanto ao povinho e os partidos...


261-Catorze, mês de Maio, quinze o ano,
maçónica a revolta, grande o dano,
destruição campeia na cidade.
Lisboa ouviu troar os cruzadores,
sentiu pairar no ar gritos e dores,
razão de fundo o nome, liberdade...


262-Mas sendo o ideólogo da acção,
irá formar governo de união,
mau grado ausência, grave, das chefias...
e Freitas, senador, gera atentado,
cegando Chagas vai morrer linchado,
saída de Arriaga está por dias...


263-Se Chagas está dois meses no poder,
Augusto Vasconcelos vai merecer
ter sete meses p´ro cargo ocupar.
Duarte Leite tem um tempo igual
Afonso Costa, bivencendo, é o tal
com mais de um ano p´ra ocupar lugar...


264-Teófilo vai ser o candidato
a dar por findo o resto do mandato,
da mais alta figura, Arriaga...
Novo acto eleitoral efectuado,
indicará Bernardino Machado
como ocupante p´ra cadeira vaga...

265-Cumprido o seu papel republicano,
o homem superior, afável, lhano,
largou, de vez, política maldita.
Depois da deserção do conterrâneo,
de quem foi sete meses sucedâneo,
Teófilo mergulha, enfim, na escrita...



Angola > Luanda > Antigo Largo Maria da Fonte, hoje Largo do Kinaxixe > 1967 > Monumento aos Mortos da Grande Guerra (e, do lado esquerdo o mercado de Kinaxixe). Foi posteriormente dinamitado e substituído por um tanque soviético... Hoje está lá a estátua da Rainha Nzinga Mbandi.

Fonte: Blogue
Nonas > Poste de 3 de Julho de 2008 > As estátuas de Luanda e o General (Com a devida cortesia...)

Foto (editada): Sítio
Galeria SanzalAngola > Álbum Luanda de Outros Tempois, Preto e Branco (Com a devida vénia...)



266-Governo novo com Afonso Costa
fará da paz de Angola forte aposta,
visando ira alemã suster de vez.
Gravosa p´ro país foi inflação,
imposta p´la africana expedição
que a honra lusa e brio satisfez...


267-Germânicos ataques infligidos,
p´los lusos povos d´África sofridos,
são acicate à honra do país.
Apresam-se teutónicos navios
fazendo deles barcos luzidios
de empresa nova feita de raiz...


268-Marítimo Transporte de Estado
p´ro anglo-luso interesse então criado,
os boches vai levar à irritação...
Declaração de guerra surge após,
forçando ao juntar forças, entre nós,
Sagrada União fez a Nação...

269- Quionga, em Moçambiquem é retomada,
da força invasora resgatada,
por cá, de novo tudo está a aquecer...
Machado Santos volta p´ras alhadas
perdido o Movimento das Espadas
de novo, sublevado, vai perder...


270-Catorze trouxe a outorga p´lo Congresso,
para a intervenção lusa no processo
da grande e horrenda Guerra entre as Nações.
Apoio à Inglaterra, aliada
contra a Alemanha, em França (ocupada...)
faz lusos se baterem, quais leões...

Manuel Maia

[ Revisão / fixação de texto / imagens: L.G.]
__________

Notas de L.G.:

(*) Vd. postes anteriores:


2 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4274: Blogpoesia (43): A história de Portugal em sextilhas (Manuel Maia)

3 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4278: Blogpoesia (44): A história de Portugal em sextilhas (II Parte) (Manuel Maia)

6 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4290: Blogpoesia (45): História de Portugal em Sextilhas (Manuel Maia) (III Parte): II Dinastia, até ao reinado de D. João II

15 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4351: Blogpoesia (47): História de Portugal em sextilhas (Manuel Maia) (IV Parte): II Dinastia (De D.Manuel, O Venturoso, até ao fim)

3 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4456: Blogpoesia (48): História de Portugal em sextilhas (Manuel Maia) (V Parte): III Dinastia (Filipina)

22 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4561: Blogpoesia (49): História de Portugal em sextilhas (Manuel Maia) (VI Parte): IV Dinastia (Brigantina) (até 1755)

30 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4610: Blogpoesia (51): História de Portugal em sextilhas (Manuel Maia) (VII Parte): De Pombal (1755) até ao regente D. Miguel (1828)

10 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4663: Blogpoesia (53): História de Portugal em sextilhas (Manuel Maia) (VIII Parte): Da Monarquia Constitucional à República

3 comentários:

Anónimo disse...

Sendo de salientar que a estátua da Rainha Nzinga Mbandi foi fundida na China, por encomenda do Estado Angolano e! exibe indisfarçáveis traços orientais, talvez um pouco à maneira dos castelos apagodados das bandeiras portuguesas que animaram o futebol, há uns anos, cá na nossa terra.


S.Nogueira

Luís Graça disse...

Quem foi esta senhora ?

Há um artigo de Carlos Serrano (*) disponível em:

http://www.mnoticias.8m.com/zinga_cserrano.htm

Título:

Ginga, a Rainha Quilombola de Matamba e Angola

(...) "Nzinga Mbandi Ngola, rainha de Matamba e Angola nos séculos XVI-XVII (1587-1663), foi uma das mulheres e heroínas africanas cuja memória mais tem desafiado o processo diluidor da amnésia, dando origem a um imaginário cultural na diáspora tal como no folclore brasileiro com o nome de Ginga; despertou o interesse dos iluministas como a criação de um romance inspirado nos seus feitos (Castilhon, 1769) e citação na Histoire Universelle (1765); é cultuada como a heroína angolana das primeiras resistências pelos modernos movimentos nacionalistas de Angola; e tem despertado um crescente interesse dos historiadores e antropólogos para a compreensão daquele momento histórico que caracterizou a destreza política e de armas desta rainha africana na resisência à ocupação dos portugueses do território angolano e conseqüente tráfico de escravos" (...)


(*) CARLOS M. H. SERRANO,

(i) Nascido em Cabinda - Angola;

(ii) Professor de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (PS);

(iii) É vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da USP;

(iv) Autor dos livros "Os Senhores da Terra e os Homens do Mar"; "A Revolta dos Colonizados" (paradidático, com o prof Kabengele Munanga); "Brava Gente do Timor" (com o prof Maurício Waldman); e "Angola: Nasce Uma Nação"...

JD disse...

Caro Manel
Não posso ficar indiferente à fotografia que te revela aparentemente descontraído, sentado do lado de fora do arame.
Essa saída temerosa, teria sido mais fantástica ainda, se partilhada por um daqueles homens que iam vencendo a guerra nos corredores inteligentes, AB pois então, e daria outra decência histórica, na medida em que não é facilmente crível que um peitudo furmil, apenas acompanhado pelo fotógrafo, tenha sido capaz de desafiar o perigo que a mata escondia. Não te proponho para homenagem, porque não te falta a lata.
Um abraço.
JD