quarta-feira, 8 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4157: Não sei o tamanho do meu coração, mas todos cabeis nele, não tenho dúvida (J. Mexia Alves)

1. Mensagem de J. Mexia Alves, com data de 7 de Abril de 2009

Meu caro Carlos Vinhal

Para ti um abraço maior que o mundo pela tua amizade. Obrigado, bem hajas.

Meus caros editores

Deixo à vossa consideraçãoa publicação do texto que vos anexo e que foi a melhor forma que encontrei para agradecer a todos a amizade com que envolveram os meus 60 anos.

Calculo que poderá não ter a ver com a normal linha de textos da Tabanca, mas deixo isso à vossa consideração.

Agradeço apenas que me informem da vossa decisão para que se o dito cujo não for publicado, eu possa agradecer a todos em particular.

Junto também as fotografias de que falo e penso já fazem parte do arquivo da Tabanca.

Mais uma vez, obrigado, porque não tenho mais palavras.

Abraço camarigo da Guiné a Portugal do
Joaquim Mexia Alves


2. Caros Camarigos

Quando na noite de 5 para 6 de Abril, antes de me deitar, decidi ir despedir-me do pessoal da Tabanca, sentados à volta da fogueira, porque na Guiné faz frio como o caraças, sou surpreendido com a minha tromba esparramada pelas paredes da Tabanca.

Pensei logo o que é que teria feito para me ver ali tão retratado!

Percebi então que era por causa dos meus 60 anos, (já cá cantam), e comecei a ler o texto que lá estava publicado.

Qual não é o meu espanto quando me apercebo que tinha um sósia na Tabanca, pois os elogios e os encómios eram tantos, que só poderiam ser para um gajo muita parecido comigo, e que ainda por cima tinha uma fronha igual à minha!

Continuei a ler e tive de me render à evidência, o tal gajo afinal era eu, ou seja, afinal não havia outra!!!

Claro pensei logo em marcar consulta para o oftalmologista do Carlos Vinhal, porque o rapaz está nitidamente a precisar de umas novas lentes, porque as que tem dá-lhe para ver coisas que não existem!!!

Visões de qualidades e virtudes e coisas assim, que só existem na sua amizade!!!

À medida que ia lendo os comentários que iam surgindo a minha mulher ia-me chegando lenços de papel para conter a baba que me escorria queixo abaixo, não só por ter a boca aberta de espanto, mas porque salivava de tanta vaidade que me ia no pensamento.

Foi aí que tudo se esfumou, quando ela me perguntou com um ar incrédulo:

- Mas este és tu?

E largou a rir, com um riso contagiante, de quem tinha ouvido a melhor anedota do ano!

Confesso que fiquei um pouco chateado, porque, raios parta, não sou assim como me pintaram, mas que raio, hei-de ter alguma coisa de bom!

De qualquer maneira isto não se faz a um homem de 60 anos!!!

Não se põe assim um homem a chorar sem mais nem menos, sabendo que o desgraçado tem a lágrima fácil!

Até fez lembrar aquele filme do antigamente, (não me lembro qual), em que o Vasco Santana dizia qualquer coisa como: - Então bebeste vinho e estás a deitar água pelos olhos?

Não sei o que vos dizer a todos e muito particularmente ao Carlos Vinhal.

Obrigado parece-me pouco, mas é uma palavra que vinda do coração significa muito.

Talvez um muito português Bem Hajam, fique melhor e seja mais sentido.

Gostava de responder a cada um particularmente, mas a minha vivência da Semana Santa toma-me, graças a Deus, muito tempo, do qual não me quero desviar.

Mas uma coisa vos garanto:

Não sei o tamanho do meu coração, mas que todos cabeis nele não tenho dúvida nenhuma.

E, meus camarigos, se estais no meu coração, estais nas minhas orações que é o melhor que tenho para vos dar.

A todos e a cada um em particular o meu maior ABRAÇO CAMARIGO
Joaquim Mexia Alves

Para que este texto tenha a ver mais com a Guiné, mando duas fotografias: uma dos festejos dos meus 24 anos no Mato Cão, outra do meu estado após os festejos dos meus 23 anos no Xitole.

Xitole, 1972 > Fazer 23 anos é mesmo uma tragédia. Há até quem beba para esquecer

Mato Cão, 1973 > O ambiente ainda é sereno

Fotos: © J. Mexia Alves (2009). Direitos reservados
Legendas: CV



3. Comentário de CV:

Esta foi a forma que o nosso camarigo Joaquim encontrou para agradecer os elogios recebidos, que não merecia, enviados por uns quantos marmelos, que cegos pela amizade, lhe dirigiram injustamente.

4. Já agora aproveito a boleia para deixar aqui o comentário que o J. Mexia Alves fez no Poste 4155 do Jorge Cabral. Sem comentários.

Ó Jorge Cabral, só tu para nos dares esta história magnifica.
Deixo aqui a minha modesta contribuição, numa parceria com um tal Luís de Camões.

As armas e os Bandos assinalados,
Que do arame farpado de origem Lusitana,
Por matos nunca de antes espezinhados,
Não se atreveram a sair da sua cabana.
Em brincadeiras e jogos esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
Bebendo umas cervejas edificaram
Vários Quartéis que nunca abandonaram;

Cessem do pobre Almeida e do Troiano
As operações grandes que fizeram;
Cale-se do Bruno e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o Bando ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que o Bruno antigo canta,
Que outro Bando mais alto se alevanta.

Abraço camarigo
JMA

__________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 6 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4146: Parabéns a você (3): No dia 6 de Abril de 2009, ao camarigo Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil Op Esp, Guiné 1971/73 (Editores)

(**) Vd. poste de 8 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4155: Estórias cabralianas (48): A Bandolândia ou uma aula de história em... 2092 (Jorge Cabral)

6 comentários:

Julio Vilar pereira Pinto disse...

Ah! Grande Camões. E esta Hem?
Ai se o Bruno lê isto ainda cai para o lado.
Lindos versos, parabens pelos 60 eu já conto 66 a caminhar rapidamente para os 67.
Um abraço amigo com votos de uma Santa Pascoa.

Anónimo disse...

Mexia Alves

Desculpa o que te vou dizer e se quiseres fecha os ouvidos mas a um comentário destes diz-se ,na minha terra com todas as letras: Fod...que pariu,car...,é de mestre!!!

Um abraço
Luis Faria

António Matos disse...

Caro Mexia,
Parafraseando o Luis Faria limito-me a dizer : vá lá foda-se !
António

Anónimo disse...

Caro Mexia Alves

Se fosse hoje (+/- quarenta anos atraz), Camões, que usaria óculos escuros e luvas à maneira, não cantaria melhor este povo à beira mar plantado.

Forte abraço

José Martins

Unknown disse...

Para figurar numa antologia.

Anónimo disse...

Isto é poetas a mais para um só blogue, xiça!!

E cada um melhor que o outro, porra!

Magalhães Ribeiro