quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3946: Tabanca Grande (123): Ricardo Almeida Teixeira, bazuqueiro do 1.º Pelotão/CART 3494/BART 3873 (Xime e Mansambo, 1971/74)

1. Mensagem de Sousa de Castro, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74, com data de 18 de Fevereiro de 2009:

Assunto: O Ricardo Teixeira pertenceu à CART 3494

Para publicar se acharem que tem algum interesse.
Castro


2. Mensagem/resposta de LG para Sousa de Castro, com conhecimento a CV, com a mesma data:

Obrigado, camarada nº 2, o mais antigo, comigo, dos membros da nossa Tabanca Grande.

O Carlos Vinhal vai apresentar o teu amigo.
Diz ao teu amigo que já pode ver o filme da Diana Andringa e do Flora Gomes, em duas partes, através do sítio Guerra Colonial (1961-1974), alojado em endereço próprio: http://www.guerracolonial.org/.


3. O Ricardo Teixeira pertenceu ao 1.º Pelotão da CART 3494, comandado pelo Alf Mil Carneiro, Fur Mil Godinho, Fur Mil Ferreira entre outros, era o homem da Bazuca.

Curiosamente foi este Pelotão apanhado pelo macaréu, em 10 de Agosto 1972, onde desapareceram três homens.

Devido a ter espetado um prego no pé, não participou nessa Operação. Conta até uma pequena estória sobre o que lhe aconteceu (*).

É imigrante em França, enviou-me uma mensagem a pedir o filme "AS DUAS FACES DA GUERRA" já comprou os bilhetes de avião para estar presente com sua esposa, pela primeira vez, no XXIV Convívio da CART 3494, a realizar no dia 13 de Junho de 2009, em VAGOS. Encontrou-nos no blogue do Luís Graça & camaradas da Guiné.

António M. S. Castro


(*) Conta Ricardo Teixeira:

No site falavas nos que morreram no rio Geba em 10 de Agosto 1972, JOSÉ MARIA DA SILVA E SOUSA, MANUEL SALGADO ANTUNES e ABRAÃO MOREIRA ROSA.

Pois esses três homens eram do meu pelotão. (1.º Pelotão)
A esse respeito, tenho uma pequena estória a contar.

Na véspera desse acidente eu estava de serviço de limpeza ao Quartel, a certa altura a viatura já tinha muito lixo e eu subi acima para o calcar.
Azar meu, por um lado e sorte por outro, espetei um prego num pé que inchou muito, a pontos de não o poder pousar no chão.

Dia 10 vou ao médico a Bambadinca na coluna que vai a Bafatá, ao chegar ao quartel soube do acontecimento. A mando dos superiores do meu Pelotão, o José Maria da Silva e Sousa, levou a minha bazuca, o meu cinto com faca e 4 granadas de mão.
Tudo isto para dizer, que o ter espetado o prego no pé, foi a minha salvação! Se não lá tinha eu ido pró maneta. Há males que dão para bem! (eu encontro-me dentro desta situação).

Dias depois fui chamado à Secretaria para dar baixa do meu material (o que o José M. S. Sousa tinha levado). Ao mesmo tempo um dos sargentos, deu-me um pequeno pincel e uma latita de tinta, e mandou-me escrever numa mala de madeira a direcção do José Maria da Silva Sousa, SÃO TIAGO DO BOUGADO – TROFA, se a minha memória está boa, era esta a direcção do nosso camarada.

Sem mais, aqui fica o meu muito obrigado por tudo aquilo que tens feito por todos nós.

Um forte abraço do Teixeira e até breve.


3. Comentário de CV:

Caro Ricardo Teixeira, bem-vindo à nossa Tabanca Grande.
Tens a responsabilidade de ter sido apadrinhado pelo Tertuliano n.º 2 do nosso Blogue. Será que nos vais contar a tua experiência como ex-combatente da Guiné?

Sempre admirei os bazuqueiros, porque tinham de transportar uma arma demasiado grande para progredir, muitas vezes, pelo meio de densa vegetação e, quando chegava a hora de dar tiro era um problema arranjar um local minimamente aberto para fazer o disparo e que ao mesmo tempo não pusesse em causa a integridade física do apontador. Ser municiador também não era pera doce.

Cá ficamos à espera das tuas histórias. Deixo-te um abraço.
CV

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 22 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3923: Tabanca Grande (122): João Carlos Silva, ex-Cabo Especialista da Força Aérea Portuguesa (1979/82)

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