quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3769: Fauna & flora (15): Macaco cão à mesa de Ponte Maqué e o "Buba" na Orion...(Raul Albino/M. Lema Santos)

O Macaco cão


1. do Raul Albino, ex-Alf Mil da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851, , Mansabá, Olossato, 1968/70


Ementa: Macaco-cão

Com este título pareço estar a fazer apologia da confecção deste animal para fins alimentares. Puro engano. Não pretendo mais do que relatar um acontecimento não militar que se passou com o meu 3º Grupo de Combate da CCaç. 2402, quando destacado na protecção da Ponte Maqué, situada perto do Olossato.
Por este relato, um pouco fora do contexto, podemos pelo menos afirmar que esta espécie de mamífero existiu em 1969 nesta região. Também possuímos no quartel, como mascote, um exemplar fêmea desta espécie, muito jovem de poucos meses, adquirida por um militar a um nativo que a encontrou no mato.


Equipa reforçada de cozinheiros em pleno esforço de confecção.

Que dizer deste trabalho de equipa na confecção da Ceia de Natal de 1969 na Ponte Maqué? Este esforço culinário pertence ao 3º Grupo de Combate e a ementa a ser confeccionada era um macaco-cão caído numa das várias armadilhas que serviam de protecção à guarnição militar aí instalada.
Pela compenetração destes exímios cozinheiros, bem podem imaginar a iguaria que daqui saiu. Depois de cozinhado, foi-me dado a provar pensando eles que eu não sabia o que era o petisco. Eu, apesar de saber de antemão, tive de fingir que não sabia e arriscar a sua prova. E não é que aquilo estava realmente saboroso?... Não foram poucos os que se deliciaram com este género de gastronomia exótica, feita a partir de jibóia, macaco ou abutre, entre outros, se bem que tenhamos de confessar que a maioria dos apreciadores, nunca ou só bastante mais tarde, chegaram a saber aquilo que tinham comido.

2. do Manuel Lema Santos, ex-1º Ten da Reserva Naval da Marinha de Guerra, LFG Orion, Guiné, 1966-1972.

Só agora respondo porque nem sabia onde tinha guardado as fotos correspondentes ao tema!

Ao serviço da Marinha de Guerra, estive na Guiné de 1966 a 1968 e, durante esse tempo, tivemos sempre a bordo, como mascote, um pequeno macaco babuíno (seria?) que penso corresponder à descrição dos pequenos "macacos kom" (corresponderá?) que já vi referidos em alguns sites que, por curiosidade, procurei.
Se assim não for agradeço-lhe a correcção porque fico a saber mais qualquer coisa que nada...e corrijo.
A minha ignorância na matéria pode estabelecer facilmente confusão e nada ter a ver com a especificidade e conhecimento do assunto tratado, pelo que lhe peço a simples observação e crítica da imagem que coloquei no meu próprio blogue em
http://www.reservanaval.blogspot.com/.

Tenho mais duas fotografias que se tiverem algum interesse - são de fraca qualidade fotográfica - enviarei com prazer.

Recordo-me de alguns pormenores de personalidade que já fizeram rir os meus filhos. O "Buba", convivia com toda a guarnição, era agressivo e respondia sempre a qualquer provocação brincada, preferencialmente tentando devolver o mesmo tipo de provocação em sentido contrário.


O macaco kom, baptizado de "Buba", mascote da LFG “Orion”. Foto extraída do blogue (1) http://reservanaval.blogspot.com/. Com a devida vénia e os agradecimentos ao Manuel Lema Santos.
Foi amestrado por vários elementos da guarnição com algumas brincadeiras jocosas, típicas de "marinheiro" que executava com determinada palavra ou mesmo uma frase curta.
__________
Notas de vb:
1. Reserva Naval , espaço aberto a antigos Oficiais da Reserva Naval na publicação de documentos, relatos, imagens e comentários. Um meio de comunicação e participação na divulgação do legado histórico da Reserva Naval.
E espaço também para quase todos os militares do Exército que andaram pelas terras e rios da Guiné.
2. Último artigo da série em

3 comentários:

Hilario disse...

Caro amigo (julgo poder tratá-lo por amigo)Raul Albino,ex-Alferes da CCaç2402
Comecei, infelizmente ha pouco tempo, a frequentar o Blogue "Luis Graça & Camaradas da Guine" com muito agrado apesar de muitas incorrecçoes que encontro nos acontecimentos que vivi como por exemplo o Desastre do Cheche. Comandei a CCaç 2403 de que nao tenho conhecimento que haja historia escrita e interessei-me por ler o que encontrei sobre a CCaç2402. Como o senhor refere um possivel ataque no Olossato à CCaç 2403 resolvi contribuir com o esclarecimento de que só chegamos ao Olossato em finais de Março depois da Operaçao Lança Afiada e, ao fim de pouco tempo, ou seja a seguir ao grande ataque a Mansabá que voces sofreram, nós fomos para Mansabá e voces foram para o Olossato. É apenas um contributo e uma maneira de comunicar com os companheiros de tempos dificeis.
Um abraço com a garantia de que vou acompanhar as vossas trocas de recordações
Hilario Peixeiro
Então Capitao

Anónimo disse...

Caro amigo Hilário,
Todos os que passámos pela Guiné, em especial pelas mesmas localidades, podem ser considerados amigos, partilhando uma espécie de amizade muito própria, só possível a quem viveu uma mesma guerra.
Se tiveres (no blogue tratamo-nos por tu, se não vês inconveniente)um endereço electronico para comunicação, diz-me qual é para continuarmos a dialogar.
O meu é ralbino@sapo.pt
Um abraço,
Raul Albino
C. Caç. 2402

Hilario disse...

Caro Raul
Obrigado pelas tuas palavras. Para continuação dos nossos contactos o meu e-mail: hpex41@hotmail.com
Um abraço
H Peixeiro