quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3712: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (9): Para breve a 2ª edição do livro (Luís Graça)

Academia Militar > Aquartelamento da Amadora > Auditório > 13 de Dezembro de 2008 > Sessão de apresentação do livro do Cor Art Ref, Coutinho e Lima, A Retirada de Guileje: A Verdade dos Factos (Linda-A-Velha: DG Editora, 2008, 469 pp, € 20)(*) Excerto da apresentação do livro pelo autor, que refere as diligências feitas por si o período entre 15 e 21 de Maio de 1973, na qualidade de comandante do COP5. O cerco a Guileje por parte das forças do PAIGC (Op Amílcar Cabral) começou a 18 e prolongou-se até 25 de Maio de 1973 (entrada no quartel abandonado). A 22, foi tomada a decisão de retirar para Gadamael (**). Vídeo: © Luís Graça (2008). Direitos reservados.Vídeo (6' 13'') alojado em: You Tube >Nhabijoes. [Clicar em assistir em alta qualidade, no caso de dificuldades em ver ou ouvir o vídeo] 1. Mensagem do nosso camarada Coutinho e Lima: Caro Luís: Regressado de umas merecidas férias e espero que com as tuas "baterias carregadas", para mais um ano de árduo trabalho, aqui estou eu a dar notícias. Tenho recebido muitos Votos de BOAS FESTAS e BOM ANO de 2009, de muitos tertulianos, bem como considerações positivas de alguns que já tiveram a oportunidade de ler o livro; por manifesta falta de tempo, pois tenho dado prioridade aos pedidos de envio do livro, bem como outras diligências, solicito mais uma atenção, a acrescentar às muitas já recebidas, no sentido de, através do blogue, agradecer em meu nome as variadas formas de solidariedade e simpatia que tenho vindo a receber. A aceitação do livro tem sido excepcional e para a próxima semana vou providenciar para ser executada uma 2ª. Edição, porque a 1ª. está praticamente esgotada (***). Junto envio a MENSAGEM dos HOMENS GRANDES de GUILEDGE por ocasião do lançamento do livro Retirada de Guileje. Se não o conseguires ler (o que já aconteceu com o meu filho), agradecia que me informasses, para que no fim de semana nos encontremos, para resolver este assunto, pois que na próxima 3ª feira vou para o Norte, donde só volto na 1ª semana de Fevereiro. Obrigado por tudo. Um grande abraço Coutinho e Lima PS - Definitivamente a mensagem não segue, por esta via, talvez por ser grande. Como é que nos encontraremos no fim de semana ? 2. Comentário de L.G.: Parabéns, Alexandre. A 2ª edição é uma justa recompensa por todos estes meses de trabalho árduo (não falando já dos longos anos em que estiveste votado ao esquecimento e ao silêncio...). Passo aí por casa, no fim de semana, para ir buscar o ficheiro com as mensagens dos homens grandes de Guileje/Mejo, que o Prof Eduardo Costa Dias, do ISCTE, trouxe da Guiné-Bissau. _________ Notas de L.G. (*) Como adqurir o livro do nosso camarada Coutinho e Lima ? Escrever ou telefonar para o autor: Rua TOMÁS FIGUEIREDO, nº. 2 - 2º. Esq 1500 – 599 LISBOA Telefone: 217608243 Telemóvel: 917931226 Email: icoutinholima@gmail.com (**) Vd. portal Guerra Colonial, da A25A > Guiné, Maio e 1973, o Inferno > Guileje - a outra ponta da tenaz. (Excerto) [Com a devida vénia e o nosso apreço; negritos do editor do blogue] (...) O ataque a Guileje, no Sul da Guiné, de que iria resultar a retirada das forças portuguesas, iniciou-se em 18 de Maio de 1973, coordenado com o de Guidaje. Comandado pelo próprio Nino Vieira, comandante militar do sul, foi-lhe dado o nome de código de Operação Amílcar Cabral e executada com intenção de o PAIGC apresentar os seus resultados à OUA, cujo 10.º aniversário se comemorava em 25 de Maio. Para o início da operação, o PAIGC concentrou em redor de Guileje, a bateria de artilharia de Kandiafara, com morteiros de 82 e 120 mm, canhões sem recuo, canhões de 85 mm e de 130 mm, um grupo de reconhecimento e observação e cinco bigrupos de infantaria do sector de fronteira. Deslocou ainda o 3.º Corpo de Exército do Unal para a mata do Mejo e transferiu três bigrupos da região do Boé e dois bigrupos do 2.º Corpo de Exército, no Tombali, para reforço do sector de fronteira. No total, o PAIGC concentrou na zona de Guileje, um corpo de exército (3.º CE), no Mejo, dez bigrupos em reforço ao sector de fronteira e uma bateria de artilharia, com um grupo de reconhecimento. Ao todo, considerando a base numérica de cada unidade do PAIGC utilizada pelos serviços militares portugueses, seriam cerca de 650 homens, efectivo idêntico ao que foi concentrado em Cumbamori para o ataque a Guidaje. As forças portuguesas da guarnição de Guileje (COP 5), comandadas pelo major Coutinho de Lima, eram constituídas por: Companhia de Cavalaria 8350 Pelotão de Artilharia Secção de auto-metralhadoras Fox Pelotão de milícias. Em 18 de Maio de 1973, o PAIGC realizou uma emboscada, às sete da manhã, a cerca de dois quilómetros de Guileje, às forças que iam abastecer-se de água ao poço situado no exterior, da qual resultaram um morto e sete feridos do pelotão de milícias e ainda o ferimento grave de um soldado metropolitano, que veio a morrer quatro horas depois, por falta de evacuação aérea, facto que afectou o moral das tropas e contribuiu para o agravamento da situação no interior de Guileje. Nessa noite, de 18 para 19, o quartel foi atacado e o comandante do COP5 pediu para se deslocar a Bissau, a fim de expor a situação, o que não lhe foi autorizado. Em 20, a partir de Cacine, o mesmo oficial pediu de novo autorização para ir a Bissau, onde se deslocou e expôs a situação ao comandante-chefe, regressando a Cacine. Em 21, o PAIGC realizou outra emboscada, com utilização de RPG-7 junto à bolanha onde militares recolhiam água. Ainda neste dia, Guileje sofreu três flagelações com um total de 45 granadas, uma às sete, outra às nove e outra às 13 horas. Às 14 e 15h, o posto de rádio emitiu a sua última mensagem: «Estamos cercados... », que foi captada em Gadamael. O comandante do COP5 regressou a Guileje ao fim da tarde, vindo a pé de Gadamel com dois grupos de combate, um da CCaç 4743, da guarnição de Gadamael, e outro da CCaç 3520, da guarnição de Cacine. Às 18 e 30h, o comandante do COP5 decidiu evacuar as tropas e os civis de Guileje. Em 22, pelas 5 e 30h da manhã, iniciou-se a saída do quartel, com a destruição do material abandonado. Por falta de comunicações, esta acção apenas foi conhecida quando a coluna chegou a Gadamael, pelas 10 e 30h do mesmo dia. Entre 18 e 22 de Maio, Guileje sofreu 36 flagelações, que causaram grandes danos, embora não tenham provocado baixas, dado o sistema de abrigos que ao longo dos anos ali havia sido construído. (...) [Observação do editor, L.G.: Atenção, houve um morto, um Fur Mil da CCaç 4743, de um grupo de combate da subunidade de Gadamael, destacado em Guileje]. ____________ Notas de L.G.: (*) Vd. postes anteriores desta série: 6 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3704: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (8): Notas e correcções de Abreu dos Santos, comentários meus (V. Briote) 2 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3689: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (7): Antecedentes relacionados e breve comentário (V. Briote) 31 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3686: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (6): Comentário do Ten Cor José Francisco Robalo Borrego 15 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3628: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (5): O sentido de uma sondagem (Joaquim Mexia Alves / Luís Graça) 15 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3627: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (4): Apresentação do livro, 5ª F, 18, na Casa da Guiné-Bissau em Coimbra 15 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3626: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (3): Tardia a nossa percepção do nosso próprio Vietname (Eduardo Dâmaso) 14 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3618: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (2): A festa ... e a solidão de há 35 anos (Luís Graça) 27 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3527: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (1): Lançamento do livro, 13/12/08, 17h, na Academia Militar, Amadora

7 comentários:

Carvalho disse...

De facto, como noutra ocasião já disse, durante o 1ºSemestre de 1973,não havia bombeiros bastantes para tantos e tão fortes incêndios.Além disso, a força aérea-verdadeiro ás de trunfo das NT, desde o início das hostilidades- passou a ser uma mera manilha de trunfo, ou até menos que isso.Entretanto, Spínola chega aflito a Lisboa e desencadeia um périplo de Rui Patrício, qual pedinte,pelas capitais da Europa e Estados Unidos com o fito de conseguir antídoto para os misseis Strella. Jornada inglória, como se sabe.Ora,com menos aviões,menos audácia por parte da F.A. tornou-se mais diícil o correio,o reabastecimento de víveres e a evacuação de feridos.Depois há aqui uma outra questão que se assume nuclearmente:a guerra, sobretudo a guerra de guerrilha, não se desenvolve em função dos determinismos das leis da física, do género de pôr ali um grupo, acolá um batalhão, cá atrás uma peça de artilharia e força no pedal.Meus amigos... a capacidade de sofrimento inútil dos jovens de Portugal estava exaurida.Não reparavam nisso?

Anónimo disse...

Neste excerto retirado do portal Guerra Colonial da A25A, exisrem algumas incorrecções, quando confrontado com o conteúdo do próprio livro do Sr Cor Coutinho e Lima, que aquela Associação deveria corrigir. Isto é a minha opinião. Não repararam?
Jorge Picado

Luís Graça disse...

Jorge:

Obrigado pelo teu olho clínico. Já me tinha dado conta de pelo menos um pormenor. Sugiro que indiques essas incorrecções ou erros factuais.

Fiz uma primeira leitura do livro ainda muito por alto... Por exemplo, há um furriel miliciano morto,e que será levado em padiola até Gadamael, no dia 22 de Maio de 1973.

Louvo os seus camaradas que não o abandonaram: podia ter ficado na terra maldita de Guileje, entregue aos jagudis e às formigas baga-baga...

Isto só revela que a retirada de Guileje foi feita com dignidade, sem pânico... A população civil também não deixou para trás os seus doentes e inválidos...

Sei bem quanto era penoso transportar um ferido ou um cadáver nas difíceis condições de clima, de terreno e de guerra.

A minha homenagem a esses bravos de Guileje, civis e militres... Por ironia, os tugas chamavam-se "Piratas de Guileje" (CCAV 8350)...

Temos, pelo menos, um, entre nós, na nossa Tabanca Grande, o J. Casimiro Carvalho. Ele poderá dizer-nos que era o Furriel que foi morto por um estilhaço de morteiro em Guileje, muito embora nessa altura o Carvalho estivesse destacado em Gadamael ou em Cacine, não posso agora precisar, sendo responsável pelos abastecimentos destinados a Guileje... Vd. Cartas do corredor da morte...

LG

Luís Graça disse...

Reproduzo aqui uma mensagem que acabo de receber do nosso camarada Pedro Lauret, comandante de mar-e-guerra na reforma, imediato da Orion, em 1972/73, navio da nossa Marinha que, contrariando ordens expressas do Spínola, recolheu - no Rio Cacine - muitos militares fugidos de Gadamael (incluindo o nosso J. Casimiro Carvalho, que estava ligeiramente ferio) no princípio de Junho de 1973, e que é neste momento o responsável pelo portal Guerra Colonial, da A25A:

Caro Luís,

Agradeço o envio do comentário.
O texto a que se referem, e que alguns saberão foi extraído da obra “Guerra Colonial” de Aniceto Afonso e Matos Gomes editado no ano 2000.

Sobre esta matéria ao longo do tempo têm sido feitas precisões relativamente às datas e à sequência dos acontecimentos.
Como vos disse o site ainda está em fase final de aprontamento e ainda estamos a aprontar uma animação sobre esta matéria e vamos colocar em anexo alguma documentação complementar ao texto base.

Este nosso site ainda levará bastante tempo a ficar concluído, estou de momento a receber textos enriquecedores relativos a várias matérias.

A sugestão de colocar novas versões tem todo o cabimento e fá-lo-emos brevemente.

Um abraço
Pedro Lauret

JC Abreu dos Santos disse...

... ao Virgínio Briote, ao Luís Graça e demais estimados veteranos que andaram por matos e bolanhas da Guiné, aqui vos responde quem nunca esteve na Guiné.

No pretérito dia 5, em documento [Guilej63.doc] remetido simultaneamente ao co-editor Virgínio Briote e ao fundador/editor Luís Graça (com conhecimento a alguns camaradas que haviam postado comentários no P3689), de entre questões outras nele se encontra explicitamente já respondida a recém-pergunta supra colocada: «há um furriel miliciano morto, e que será levado em padiola até Gadamael, no dia 22 de Maio de 1973. [...] o J. Casimiro Carvalho [...] poderá dizer-nos que[m] era o Furriel que foi morto por um estilhaço de morteiro em Guileje, muito embora nessa altura o Carvalho estivesse destacado em Gadamael ou em Cacine, [...]».

Se dúvidas ainda subsistem, na anterior reedição ao P3689, também postada por VB – mas que já não pode ser consultada em vista da reedição daquele mesmo post -, constava a identidade do citado miltar, a qual em tempo útil especificamente informei ser o «Fur ml At 17153771 Domingos Artur da Silva Vieira, pertencente a um grupo de combate da CCac4743/72 anteriormente vindo em reforço de Gadamael, atingido à entrada do abrigo por estilhaços de mort.10,7 durante a última flagelação IN antes da retirada».

Aceitem os meus melhores cumprimentos e a todos desejo um bom fim-de-semana.
Abreu dos Santos

Anónimo disse...

Espero que desenvolvam mais o capítulo "O inferno" - Guiné: Maio de 1973 do livro "Guerra Colonial, que ficou amputado, isto é, terminou em 12/06/73, quando todos sabemos, que o inferno continuou nos meses seguintes em Gadamael e graças aos paraquedistas,na pessoa do Tenente-Coronel Araujo e Sá, já falecido, defenderam estoicamente aquele destacamento.
Mais tarde,Companhias de Comandos Africanos, também sofreram as agruras daquele inferno...
Uma interrogação..., quando foram solicitados reforços para Guilege, porque não enviaram as Companhias de Comandos? Onde estavam?
Um abraço,
Bernardo Godinho

Luís Graça disse...

Caro Bernardo:

Aqui a continuação. Os autores do texto (Aniceto Afonso e Carlos Matos Gomes) chamaram-lhe justamente "o verdadeiro inferno"... Disponível no excelente portal, coordenado pelo nosso camarada Pedro Lauret (Cap Mar e Guerra, Ref), " Guerra Colonial, 1961-1974.

http://www.guerracolonial.org/index.php?content=413

(...)

Gadamael - o verdadeiro inferno!


Em Maio de 1973, a guarnição de Gadamael, constituída pela Companhia de Caçadores 4743, que dependia operacionalmente do COP 5, com sede em Guileje, constituía a retaguarda deste posto e era o seu único ponto de apoio para o reabastecimento depois de a acção do PAIGC ter tornado intransitáveis as ligações por terra para Bedanda e Aldeia Formosa.

O interesse militar de Gadamael resumia-se a servir de ponto de reabastecimento a Guileje, pois situava-se no último braço de mar do rio Cacine que permitia a navegação a embarcações de transporte.

O interesse militar de Guileje tornara-se, por sua vez, muito discutível, pois a guarnição fora ali instalada ainda no tempo do dispositivo territorial montado pelo general Schulz, para anular as infiltrações de guerrilheiros vindos da grande base de Kandiafara, na Guiné-Conacri, pelo célebre «corredor de Guileje». Mas os guerrilheiros tinham conseguido ultrapassar esse obstáculo, fixando-se em toda a zona da península do Cantanhez, o que reduziu Guileje a um ponto forte onde as forças portuguesas resistiam e marcavam presença territorial.

Em 1973, não servia já como base de apoio a operações lançadas na margem sul do rio Cacine, limitando-se a assegurar a presença das tropas Portuguesas entre este rio e a fronteira com a Guiné-Conacri, em conjunto com as guarnições de Cacine e Gadamael. Mantinha-se naquele local aguardando situação mais favorável que permitisse a sua transferência, sem ser como resultado directo da pressão do adversário, dispondo, como ponto forte, de instalações defensivas, que lhe permitiram resistir sem baixas significativas a fortes ataques de artilharia. Tinha contudo, a grave limitação do abastecimento de água, que era transportada em depósitos a partir de uma fonte situada no exterior do quartel, e este movimento diário constituía a grande vulnerabilidade das tropas ali entrincheiradas.

Após a retirada de Guileje, a guarnição de Gadamael ficou constituída por duas companhias (a CCav 8350, vinda de Guileje, e a CCaç 4743, que ali se encontrava do antecedente), um pelotão de canhões S/R, com cinco armas, e um pelotão de artilharia de 14 cm, com três bocas de fogo. Este conjunto de forças passou a constituir o COP5, tendo sido nomeado para o seu comando o capitão Ferreira da Silva, em substituição do major Coutinho de Lima.

Ao contrário de Guileje, Gadamael dispunha de más condições de defesa, por se situar em zona pantanosa onde era difícil construir abrigos.

Se as condições já eram más para os militares da guarnição, a situação piorou significativamente com a chegada da coluna vinda de Guileje, que não dispunha de abrigos, nem de condições de alojamento para ali permanecer. Pior ainda, a duplicação de efectivos aumentou a concentração de pessoal dentro do espaço exíguo do quartel e tornou-o alvo altamente remunerador para ataques de artilharia do PAIGC.

De facto, as forças do PAIGC, moralizadas pela vitória obtida em Guileje, transferiram para Gadamael os seus esforços e entre as 14 horas, de 31 de Maio, e as 18 horas, de 2 de Junho bombardearam o quartel com 700 granadas, uma média de 13 por hora, provocando cinco mortos e 14 feridos, além de avultados prejuízos materiais.

A violência destes bombardeamentos fez com que a guarnição de Cacine, a cerca de dez quilómetros para jusante do rio, difundisse uma mensagem a comunicar que Gadamael fora destruída, no entanto, a posição manteve-se, embora com o aquartelamento parcialmente destruído e a defesa imediata com brechas.

Em 1 de Junho foram lá colocados os capitães Monge e Caetano, para enquadrar os militares ali reunidos.

Em 2 de Junho foram recolhidos pela lancha Orion [de que era imediato o Pedro Lauret] cerca de 300 militares que se haviam refugiado nas bolanhas em redor de Gadamael, para escapar aos ataques.

Ainda neste dia desembarcou uma companhia de pára-quedistas e um pelotão de artilharia, passando o comando do COP5 para o comandante dos pára-quedistas.

Entre 3 e 4 de Junho caíram em Gadamael 200 granadas, que provocaram mais dois mortos e quatro feridos.

Em 4 de Junho, o PAIGC realizou uma emboscada a menos de um quilómetro do aquartelamento, causando quatro mortos e quatro feridos e capturando três espingardas G-3 e um emissor de rádio. O comandante do COP5 pediu autorização para retirar de Gadamael, o que não lhe foi concedido, recebendo ordem para defender a posição a todo o custo.

Em 5 de Junho, uma lancha da Marinha, botes dos fuzileiros e embarcações sintex do Exército evacuaram de Gadamael os mortos e os feridos, além de militares que não se encontravam em condições de combater, passando o COP5 a ser comandado pelo tenente-coronel Araújo e Sá. No mesmo dia ocorreu novo ataque com 70 granadas, que provocaram cinco feridos graves e cinco ligeiros.

A partir de 12 de Junho, foi colocada uma terceira companhia de pára-quedistas na região, ficando todo o Batalhão de Pára-Quedistas 12, empenhado no Sul, para «segurar» Gadamael.

As forças portuguesas sofreram nesta acção 24 mortos e 147 feridos.

O PAIGC conseguira ocupar uma posição militar portuguesa e apresentar esse feito na conferência da OUA, lograra esgotar as reservas de forças de intervenção portuguesas (o batalhão de comandos mantinha-se inoperacional depois das baixas sofridas no ataque a Cumbamori de 19 de Maio) e limitara seriamente a acção aérea.

Estavam, pois, reunidas as condições para se realizar uma grande acção política no interior do território, o que aconteceu em Madina do Boé, em Setembro, com a declaração unilateral da independência, na presença de numerosos convidados estrangeiros.