sábado, 3 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3695: Quando o Malfeito deitou a mão ao galo...(Valentim Oliveira)


O GAMANÇO DO GALO



Mês de Fevereiro de 1964, já lá vão 44 anos, mas ainda está bem viva na minha “caixa dos pirolitos” a aventura travessa, que se protagonizou para fazer o gamanço do galo.

Estava eu em Farim adido à C.C.S do Batalhão de Cav. 490, digo isto, porque pertencia à Companhia de Cav. 489 do mesmo Batalhão. Mas por mérito ou sorte, passei para a dita C.C.S., para condutor do Comandante de Transmissões, Alferes Francisco Gil Pires, colega que nunca mais voltei a ver a seguir á disponibilidade.

Agora deixando as apresentações e voltando à dita aventura é de realçar como isso foi formalizado. É certo que a tropa manda desenrascar, mas por vezes o desenrascanço pode trazer consequências um pouco nada amistosas, que por acaso nessa aventura não aconteceram.

Vai que o 784, que sou eu, juntamente com o Horácio 777, o Pacheco 783, o Malfeito 781 e o “Canícula” de Lisboa, que era bate-chapas e pintor das nossas queridas viaturas, que agora não me lembra o número dele, mas isso também não importa; resolvemos dar uma voltinha pela Tabanca de Farim; (propósito claro!) arranjar alguma coisa para desenferrujar o prego. Era o prato constante, que se procurava nas ditas saídas, pelo menos quando se entrava numa Manga de Ronco (Batucada).
E foi numa batucada, que o nosso Camarada Malfeito avistou numa sanzala um belo e recheado galinheiro. Não se conteve e numa fracção de segundos, passa a larápia no pescoço do galo manda-chuva (lá da capoeira) e nem lhe deu tempo de ele dar o alarme ao seu dono, arrancando-lhe a cabeça de um só esticão. Escondido no casaco camuflado seguiu-se para a caserna, onde precisamente talvez uns 50 metros ao lado havia uma tasca, que por sinal fazia bons churrascos e também tinha uma pinguita mais ou menos. E não é que o raio do homem da tasca se prontifica a arranjar o galinhaço com bastante piripiri e assá-lo na brasa para nós lhe consumirmos a respectiva pinga?!
Em contrapartida, como nós éramos todos condutores, fizemos o convite ao primeiro Sargento Albino, que era o responsável da Oficina Auto, e ele não gostava nada do briol por cima do nariz e tinha uma raiva contida aos copos cheios, que os vazava constantemente. Este Homem além de ser chico lateiro era um Ser de um humanismo tal, que ajudava o seu próximo, e todos nós o respeitávamos. Andava sempre com cara de pimento vermelho.

Albino se ainda estiveres no reino dos vivos, aceita um abraço do Valentim Oliveira e recorda o galo que comemos gamado em Fevereiro de 64, na Vila de Farim!

Valentim Oliveira

ex-Soldado Condutor da CCav 489/BCav 490

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1 comentário:

Valentim Oliveira disse...

VOU CORRIGIR A DATA DO GAMANÇO.
FOI EM FEVEREIRO DO ANO DE 1965 E NÃO DE 64. ENGANO MEU, EM 64 ESTAVA NA ILHA DO COMO.