sábado, 13 de dezembro de 2008

Guiné 63/74 - P3613: O Pel Caç 953 na tomada de Canjambari. (V. Briote)

Como uma saudação à entrada na nossa Tabanca do António Paulo, do Pel Caç 953, reavivo-lhe a Memória do que por lá passou, resumindo (muito...) o que os relatórios de então deixaram.

A ocupação de Canjambari
Março de 1965





Informação sobre a operação Ebro, iniciada em 22 de Março de 1965. 

Adaptada do relatório da acção.

Os relatórios anteriores referem terem sido feitas várias acções no itinerário Jumbembem-Canjambari e na própria região de Canjambari. Acções levadas a cabo por GrsCmds do CTIG, em 28Jan, 20Fev e 25Fev65, apoiadas por forças do BCav 490, apesar do sucesso pontual das mesmas, levam a concluir que a região, localizada numa área de acesso difícil em determinadas épocas do ano, se mantém até à data nas mãos do IN. Apesar de levantadas numerosas abatizes, o referido itinerário ainda se encontra com algumas árvores de pequeno porte nas imediações da bolanha que dá acesso ao pontão danificado sobre o rio Tufili (dados obtidos através do reconhecimento aéreo de 17Mar65). Parece, este pontão, de fácil transposição desde que se utilizem pranchas adequadas.
Dos contactos com o IN a reacção deste tem-se limitado a flagelações de longe, não sendo de desprezar a possibilidade de o mesmo dispor, na região, de forças importantes e, eventualmente, colocar minas nos itinerários de acesso.


Estabelece-se como objectivo às NT a ocupação permanente de Canjambari.

Elaborado o plano para a acção, foram constituídas as forças executantes, comandadas pelo próprio Cmdt do BCav 490, Ten Cor Cavaleiro.

Às 03H00 de 22Mar65 iniciou-se o movimento, a partir de Farim. Atingido Jumbembem às 04H20, a força executante prosseguiu, rumo a Canjambari. À passagem por Sare Tenen, um Gr Comb da CCav 488 apeou-se, emboscando-se de seguida junto ao caminho que cruza o itinerário. A partir daqui a equipa de sapadores encarregada da detecção de minas passou a picar a estrada nos locais mais suspeitos.
Apesar das precauções, às 06H15 e a cerca de 9 kms de Jumbembem, a GMC da frente da coluna calcou um engenho explosivo, ficando a parte posterior da viatura enfiada na cratera aberta pelo engenho. Os dois homens que nela se deslocavam foram projectados, não tendo sofrido ferimentos de maior.
Passados cerca de 500 metros encontrou-se a 1.ª de uma série de cerca de 30 abatizes, algumas de grande porte, que se espalhavam numa extensão de quase 4 kms, até 1 km e meio de Canjambari Morocunda, que só foi atingida já passava das 12H00.

O relatório da acção refere:
"O esgotante trabalho de levantamento de abatizes durou cerca de 5 horas e meia, sob constantes flagelações do IN, que utilizou MPs e morteiros. As medidas de segurança adoptadas, apesar da extensão da coluna de 30 viaturas pesadas, revelaram-se eficazes, porquanto o IN nunca conseguiu aproximar-se de modo a causar baixas às NT". (…).

Ultrapassada a zona das abatizes, a coluna prosseguiu deixando um Gr Comb emboscado a 2 kms do cruzamento de Canjambari Morocunda. Atingiu-se a povoação de Canjambari, com o IN a assinalar a entrada das NT com tiros à distância, disparados da margem Sul do rio Canjambari. Tabanca revistada, os indícios apontavam para uma retirada apressada. As casas comerciais deixaram indícios de movimento recente, praticamente até momentos antes da entrada das NT.
Pelas 15H00, a coluna regressou ao cruzamento de Canjambari Morocunda. Iniciaram-se então os trabalhos de instalação e organização do terreno em volta do edifício do Posto de Socorros aí existente.
Informações posteriores revelaram que o IN tivera conhecimento antecipado da acção e que recebera reforços de Morés e de Mansodé, que se mantiveram na zona dois dias à espera das NT, regressando mais tarde às suas bases, por coincidência no mesmo dia do início da operação das NT.
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Notas de vb:
1. Composição da força que participou na op "Ebro":
CCav 488 (-)
1GrComb/CCav 487
1 GrComb/1.ª CCaç
PelCaç 953
Pel AM Fox/ER 693
Pel AM Daimler 810
Pel Sap/CCS
1 Pel C.ª Mil

2. Artigo relacionado em:

3. Para uma informação mais detalhada, com testemunhos dos que por lá andaram, o blogue do Carlos Silva , BCaç 2879, 1969/1971, é obrigatório.

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