terça-feira, 25 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3515: Memórias literárias da Guerra Colonial (10): Cristóvão de Aguiar na Biblioteca-Museu República, 5ª Feira, às 19h

Título: Braço Tatuado - Retalhos da Guerra Colonial, 2ª ed Editora: Dom Quixote, Lisboa Colecção: Autores de Língua Portuguesa Ano de edição: 2008 Preço com IVA: 12,00 € 

 A Conferência de Cristóvão Aguiar, com a apresentação do seu livro Braço tatuado – retalhos da guerra colonial realiza-se às 19h00 da próxima 5ª feira, 27 de Novembro, na Biblioteca-Museu República e Resistência / Espaço Grandella, Lisboa. 

Este evento, que se integra num ciclo de conferências sobre as "Memórias Literárias da Guerra Colonial", esteve inicialmente previsto para 30 de Outubro, não se tendo realizado por doença do escritor. 

 Sobre o escritor e o seu livro, vd. Blogue Podium Scriptae > Braço Tatuado Blogue Podium Scriptae > Guiné O blogue é apresentado nesttes termos: "Charlas de literatura, oficiais e oficiosas, sobre o Escritor Cristóvão de Aguiar. Justiça, Arte e Cultura em geral, sendo certo que o conteúdo deste blogue é da inteira responsabilidade do cidadão José Manuel de Aguiar".


Blogue Podium Scriptae, de José Manuel de Aguiar. Em entrevista ao Correio da Manhã, Revista Domingo, de 9 de Março de 2008, Cristóvão de Aguiar faz declarações perturbadoras e eventualmente polémicas:

  (...) O episódio do espancamento e morte do guia é real? [Pergunta o jornalista, Isabel Ramos] 

  Sim. Em cada operação havia sempre um guia indígena que normalmente não sobrevivia. Na minha companhia o capitão matava o guia no fim da operação. E mandava dizer para o Quartel Geral que o guia tinha tentado fugir. 

  Mas no livro são três soldados que matam o guia, um dos quais lhe chama, a si, terrorista... 

  Eu dei-lhe uma bofetada e ele chamou-me terrorista e olhe que chamar terrorista [a um oficial] num teatro de guerra como a Guiné podia ser muito grave. Ele, realmente, depois de ter morto o guia, disse-me que era a maneira de pagar-me a bofetada que lhe tinha dado. 

  E o episódio das crianças ?

É verdadeiro, mas eu não assisti. Dois guerrilheiros foram capturados com a família. Mataram o homem e a mulher. Os filhos ficaram a aguardar novas ordens. Não mataram as crianças a frio. Trataram-nas bem, como se, realmente, quisessem adoptá-las, trazê-las para a Metrópole, e no fim degolaram-nas. 

  (...) Pensou alguma vez que ia morrer na Guiné ? 

  Os três primeiros meses são cruciais. É quando se enfrenta o espectro da morte, mesmo se ñão tiver acções de fogo. Pensa-se: 'Será hoje ? Será amanhã?' . Depois a pessoa deixa de se importar, tanto lhe faz. Cinco ou seis meses antes de acabar a comissão o medo volta. No fim pensa-se: 'Já que cheguei até aqui, quero voltar à minha terra'. (...) 

 No romance, os militares pertencem a um CCAÇ 666 (que nunca existiu, no TO da Guiné). O nosso camarada José Martins, entretanto, conseguiu com o seu olho clínico identificar, a partir da leitura do livro (e da consulta do 8º Volume, Tomo II da CECA, Fichas História das Unidades, Guiné, pag. 342), a subunidade a que pertenceu o Alf Mil Luís Cristóvão Dias de Aguiar, e que era a CCAÇ 800 (Contuboel, 1965/67):


 Unidade Mobilizadora: RI 15 – Tomar. A subunidade foi formada com data de 1 de Janeiro de 1965, conforme Ordem de Serviço nº 2 de 4 de Janeiro de 1965 do Regimento de Infantaria 15 de Tomar. Destinava-se, inicialmente, ao arquipélago de Cabo Verde, tendo a partida prevista para a data de 13 de Abril de 1965. 

 Comandante: Capitão Inf Carlos Alberto Gonçalves da Costa, sustituído em Setembro de 1965 pelo Capitão Miliciano de Cavalaria António Tavares Martins (que tinha vindo da CCav 489/Bcav 490. 

Nota do editor vb). Constituíam o quadro de Oficiais subalternos os Alferes Milicianos: João Belchurrinho Baptista, Luís Cristóvão Dias Aguiar, João Faria Cortesão Casimiro e João Baptista Alves.

Partida: Embarque em 17 de Abril de 1965; desembarque em 23 de Abril de 1965; Regresso: Embarque em 20 de Janeiro de 1967 (...). A CCAÇ 800 actuou sobretudo no subsector de Contuboel, a nordeste de Bafatá.

 __________ 

  Notas de vb: 

 1. Postes relacionados em:




 2. Cristóvão de Aguiar nasceu na ilha de São Miguel em 1940. Frequentou Filologia Germânica, em Coimbra, curso que interrompeu para tirar o Curso de Oficiais Milicianos (COM). 

 Em 1965 partiu para a Guiné, deixando publicado o livro de poemas, Mãos Vazias. Regressado em 1967, concluiu o curso, leccionou em Leiria e regressou a Coimbra para apresentar a sua tese de licenciatura, O Puritanismo e a Letra Escarlate

 Foi redactor da revista Vértice e colaborador, depois do 25 de Abril, da Emissora Nacional com a rubrica "Revista da Imprensa Regional" e leitor de Língua Inglesa na Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra (FCT/UC). 

 A experiência da guerra forneceu-lhe material para um livro, incluído inicialmente em Ciclone de Setembro (1985), de que era uma das partes, e autonomizado mais tarde com o título O Braço Tatuado (1990) e que reeditou em nova versão.

 Da sua obra, por diversas vezes premiada destacamos: Raiz Comovida I - A Semente e a Seiva (1978), Prémio Ricardo Malheiros da Academia das Ciências de Lisboa, Relação de Bordo I - Diário ou nem Tanto ou talvez Muito Mais (1964-1988), Grande Prémio de Literatura Biográfica da APE/CMP, Raiz Comovida: Trilogia Romanesca (2003), Trasfega - Casos e Contos (2003), Prémio Literário Miguel Torga/Cidade de Coimbra e Nova Relação de Bordo - Diário ou nem Tanto ou talvez Muito Mais (2004) e Marilha (2005), os quatro últimos publicados na Dom Quixote. 

 Em Setembro de 2001 foi agraciado pelo presidente da República com o grau de Comendador da Ordem Infante Dom Henrique. Texto extraído das Publicações D. Quixote . Com a devida vénia.

2 comentários:

Anónimo disse...

Bom Post!

Anónimo disse...

O seu a seu dono. Quem abriu fogo fui eu... quem fez a limpeza e deixou tudo arrumadinho foi o Luís.
Um agradecimento, de qualquer das formas ao ilustre anónimo.
vb