segunda-feira, 7 de julho de 2008

Guiné 63/74 - P3029: O regresso, finalmente! (Maria da Conceição Vitoriano Maia)

1. No dia 6 de Julho de 2008, recebemos uma mensagem da nossa amiga Maria da Conceição Vitoriano Maia, irmã de António Vitoriano, um dos malogrados Pára-quedistas da CCP 121 que faleceram em combate, em Guidage, no mês de Maio de 1973 (1).



O regresso, finalmente!

Está prestes a chegar ao fim uma angústia que dura há 35 anos.
Ontem dia 4 de Julho aterrou na AT1 o corpo do Lourenço, do Peixoto e do meu irmão António Vitoriano, Soldados Pára-quedistas da CCP121, 35 anos após a sua morte.

Foi com grande honra que participei na missão de resgate em Março deste ano, e foi também com grande orgulho que participei nessa missão com Homens como o Coronel Calheiros, o Major General Borges e o Major General Bernades e mesmo não estando no mato mas sempre presente o General Avelar de Sousa que noutra frente actuava, assim como o Coronel Danif, e todos os membros da CTM de Bissau o meu agradecimento.

Foi com muita dor e pena que não tenham chegado também ontem os corpos dos soldados do Exército que resgatámos em Guidaje, mas a sua identificação está ainda atrasada e teve de se optar por virem alguns à frente, estando ainda em curso o processos de exames laboratoriais do ADN, com vista à sua identificação definitiva.

As urnas com os restos mortais dos três pára-quedistas ficarão depositadas na capela da igreja da Força Aérea até às cerimónias fúnebres aprazadas para o próximo dia 26 deste mês.

Depois da missa, que será celebrada pelo capelão-chefe da Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira, no Mosteiro dos Jerónimos, os três soldados serão transportados num avião militar para o quartel das tropas Pára-quedistas em Tancos onde serão então alvo de uma derradeira homenagem militar sendo depois entregues às famílias para serem finalmente e definitivamente sepultados nos cemitérios das localidades onde residiam, respectivamente em Castro Verde, Caxinas (Vila do Conde) e Cantanhede.

Desde Março deste ano que esperei o momento de ontem, e mesmo quando velhos do restelo surgiram, mantive-me confiante e esperançada que tudo se resolveria.

Não pretendo ter qualquer protagonismo, mas sim quero ajudar familias que como a minha tiveram de esperar 35 anos pelo momento que vivi ontem... compreendo agora melhor as vossas memórias....

Ao vosso blogue tenho de vos agradecer por através dele ter percebido aquilo porque que passaram e sofreram e mais fácilmente ter podido preparar-me para a missão de que me orgulho ter participado, a vocês o meu muito obrigado e sim a blogoterapia funciona.

A todos o meu muito obrigado
Maria da Conceição Vitoriano Maia


A Antropóloga Forense, Eugénia Cunha, Professora da Universidade de Coimbra, que chefiou o grupo que exumou os restos mortais dos militares

No dia 26 de Março de 2008 podia ler-se no Jornal Campeão das Províncias Online o seguinte artigo, assinado por CP:

Figura da Semana: Eugénia Cunha

A antropóloga forense Eugénia Cunha, investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, liderou com êxito a missão técnica que no passado dia 18 exumou os restos mortais de dez militares portugueses enterrados há 35 anos em Guidaje, Guiné-Bissau. Financiada pela Liga dos Combatentes de Portugal no âmbito do programa “Conservação de Memórias”, a operação de duas semanas de trabalho culminou com a exumação dos restos dos combatentes tombados na sequência de violentos confrontos.
Segundo dados oficiais, estão sepultados mais de 700 militares portugueses na Guiné-Bissau, sendo que a operação de Guidaje é a primeira de uma série de acções de recolha e identificação de restos mortais de antigos combatentes. O objectivo da operação, que conta com o apoio do Ministério da Defesa, da UC e do Instituto Nacional de Medicina Legal, é sepultar com dignidade os soldados falecidos durante a Guerra Colonial.
Dentro de um mês deverão ser conhecidos os primeiros resultados laboratoriais, referentes à análise antropológica. Já a identificação das ossadas, que obriga a análises genéticas, é um procedimento mais demorado. Os cadáveres exumados deverão, depois, ser sepultados no cemitério de Bissau.

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Notas de CV:

(1) Vd. alguns dos postes relacionados com este apaixonante tema de:

30 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCCXIX: Do Porto a Bissau (23): Os restos mais dolorosos do resto do Império (A. Marques Lopes)

28 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P919: Vamos trasladar os restos mortais dos nossos camaradas, enterrados em Guidage, em Maio de 1973 (Manuel Rebocho)

25 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1212: Guidaje, de má memória para os paraquedistas (Victor Tavares, CCP 121) (1): A morte do Lourenço, do Victoriano e do Peixoto

9 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1260: Guidaje, de má memória para os paraquedistas (Victor Tavares, CCP 121) (2): o dia mais triste da minha vida

28 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1468: Mortos que o Império teceu e não contabilizou (A. Marques Lopes)

2 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1488: Vídeos (1): Reportagem da RTP sobre os talhões e cemitérios militares no Ultramar (Jorge Santos)

1 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2600: Os Mortos de Guidaje nas Notícias Lusófonas. Rui Fernandes.

21 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2670: Fez-se História em Guileje (Nelson Herbert)

22 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2672: De Guidaje para Bissau, trinta e cinco anos depois (Diário de Coimbra / Carlos Marques dos Santos)

26 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2687: Cemitério militar de Bissau: homenageando os nossos 350 soldados, uma parte dos quais desconhecidos (Nuno Rubim)

20 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2781: Televisão: Hoje, na SIC, às 21h: Grande Reportagem: Ninguém Fica para Trás: O regresso a Guidaje, Maio de 1973

1 comentário:

Anónimo disse...

Bom dia caro Amigo fui op; de transmissoes ccs Bart 2857 Piche zona leste Guine ,eu acho que praticamente foi Horrivel por todo o lado, o nosso Bart teve 15 mortos e tambem muito feridos graves; mas actualmente so falam dos tres paras porque? os outros mortos nao fazem parte da Naçao. um Abraço José