sábado, 14 de junho de 2008

Guiné 63/74 - P2943: Convívios (65): Pessoal da CCAÇ 4740, dia 21 de Junho em Fátima (António Graça de Abreu)




António Graça de Abreu
Alf Mil
CAOP 1
Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar
1972/74.


1. Hoje, 14 de Junho de 2008, recebemos uma mensagem, com pedido de publicação urgente, do nosso camarada António Graça Abreu

Meus caros Luis Graça, Briote e Vinhal
Peço-vos que publiquem este texto com alguma urgência, o Encontro da CCAÇ 4740 é já no próximo sábado, dia 21.

Quanto às quadras em anexo, poderão ser incluidas em qualquer outra altura no blog.

Um abraço,
António Graça de Abreu


2. Caríssimos tertulianos

No próximo sábado, 21 de Junho, o pessoal da CCAÇ 4740, mais uns tantos cufarianos (homens de Cufar, Guiné- Bissau, 1972-74), estaremos em Fátima para o encontro anual da Companhia. Bem podemos agradecer à Senhora de Fátima, à sorte, ao engenho das NT, ao real poder das forças militares em confronto, o facto de, numa situação extrema de uma dura guerra de guerrilha, no Tombali/Cantanhez, Guiné 1974-74, cento e oitenta homens que tinham à sua guarda um importante aeroporto militar, populações guineenses nas aldeias de Cufar e Mato Farroba, a acção psicológica, o apoio logístico a quase todo o Sul da Guiné, a participação com outras unidades em operações militares, enfim as emboscadas, a defesa do aquartelamento face às muitas flagelações a que fomos sujeitos, dizia eu que bem podemos agradecer o facto real de uma Companhia de Caçadores nestas condições não ter tido um único morto em combate.

O meu amigo, Cap Mil João Dias da Silva, levou todos os seus homens vivos para a Guiné e trouxe-os todos vivos, para Portugal.

Não sou capaz de entender o colapso militar da tropas portuguesas na Guiné, em 1973/74, não sou capaz de entender a guerra militarmente perdida.

E o capitão Dias da Silva sabia, como já então muitos de nós, que aquela guerra estava politicamente perdida (por amor de Deus, não façam mais confusões!) há muitos anos, que a solução da guerra na Guiné era política e não militar.

Defendemo-nos honestamente, entendemos as forças em disputa, lutámos a contragosto, mas tinha de ser. Ideologicamente estávamos certamente mais do lado dos guerrilheiros do PAIGC do que de Marcello Caetano, de Spínola, de Costa Gomes e quejandos. E temos muito que contar.

Não nos apelidem de cobardes, não fomos derrotados, não perdemos militarmente a guerra.

Também por isso vamos estar todos em Fátima, para um abraço do fundo do melhor dos nossos corações.

Saudações a todos os tertulianos.
António Graça de Abreu

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