domingo, 8 de junho de 2008

Guiné 63/74 - P2924: Em busca de... (30): José António Almeida Rodrigues (2): O primeiro contacto (José Manuel Lopes)

1. Na altura do III Encontro Nacional da Tertúlia em que o António Batista falava do seu cativeiro, lembrou o outro nosso camarada António Manuel Rodrigues, que afinal se chama José António Almeida Rodrigues (1).

Na hora, o nosso tertuliano José Manuel Lopes (Quinta da Graça) prometeu procurá-lo para se inteirar das verdadeiras circunstâncias em que vive o Almeida Rodrigues.

Aqui está o resultado das suas primeiras pesquisas.

2. Assim em 3 de Junho de 2008, José Manuel Lopes escrevia a Luís Graça

Bom dia Luis Graça

Está na época de apanhar a cereja. Devido ao tempo chuvoso ela racha e deve ser rápidamente apanhada quando atinge a maturação.
Já há uns dias que não ia ao blogue. Hoje antes de sair bem cedo fui até lá espreitar e vi um dos meus poemas além da minha apresentação. E devo fazer uma correcção.

Não cheguei acabar o curso de O.E., para muita pena minha, logo ao 4º. dia desloquei a rótula direita num exercício e fui hospitalizado. Para não perder tempo, ajudado e aconselhado por um 1º. Sargento que morava na mesma rua que eu na Régua, fui colocado em Tavira em A.P. um a especialidade mais acessível devido à minha situação, se bem que muito mais longe na minha Pátria Pequena, do Douro.

Quarta vou entregar Vinho na Enoteca Clube de Vinhos e
aproveito vou ao almoço de Matosinhos, estive lá a semana passada e conheci um camarada mais velho, piloto de Hélis que esteve na Guiné com um conterrâneo meu que andou no mesmo Colégio que eu, O Gil, famoso piloto de T6 que também esteve na Guiné. Provavelmente vamos nos encontrar dia 7 de Junho no encontro anual de antigos alunos do Colégio da Régua, e vou falar-lhe do nosso Blogue.

Quanto ao nosso camarada António Manuel Rodrigues que esteve em Cancolim e foi prisioneiro, há muito que não aparece pela Régua, mas consegui o contacto do irmão e vou procurá-lo para saber novas do António.

Um abraço
José Manuel

3. Hoje mesmo, José Manuel voltou a contactar o Luís que se encontra ausente do país

Andei a enganar-me a mim mesmo, adiando dia após dia uma missão de que me incumbiram e que a mim mesmo prometi fazer.

Hoje Domingo fui à procura do nosso camarada (António Manuel Rodrigues) que na verdade é José António Almeida Rodrigues, com a morada em Curva da Morte - Ribeira Rodo, à Costa do Vale Régua.

Comecei a procurar pelo Café a Diva, local onde costumava parar. Os empregados e alguns clientes lembram-se perfeitamente dele, das suas crises, dos problemas que criava e também do homem perturbado, mas honesto que cumpria escrupulosamente com as suas dividas assim que recebia a magra pensão.

Há muito que não aparece por lá e alguém sugeriu que devia estar novamente internado. Soube da morada e meti-me a caminho.

Encontrei uma casa a beira da estrada sem janelas nem portas e nem do soalho havia rasto.

Chamei, ninguém atendeu, mais à frente me informaram de uma irmã a Srª. Noémia que vivia a cerca de 600 metros num local a que chamavam de Quartel.

Fui até lá e conversei com a Srª. mais velha 10 anos que o José António.

Considera o irmão um caso perdido sem solução: - "Senhor, só com a GNR consegue lá entrar e não leve só um, não sei se três chegarão."

Voltei à Curva da Morte, chamei e alguém me atende na casa mais próxima. Falei com os vizinhos do nosso camarada, um deles me acompanhou até à casa em ruínas e pergunto
qual a razão de tal caos. Me disseram que queimou portas, soalho e janelas para utilizar como combustível para cozinhar e se aquecer.

Das traseiras junto de um galinheiro, lá aparece o José António depois do chamamento do vizinho. Um homem desconfiado de aspecto andrajoso e muito sujo.

Apresento-me e ele começa a andar de um lado para o outro falando em surdina e de maneira muito pouco perceptivel. Volto a dizer-lhe que sou seu camarada da Guiné e ele sorri pela primeira vez o que me encorajou a continuar o dialogo.

Quando lhe digo que o quero ajudar olha-me desconfiado e diz que só precisa de cigarros. Fui até à mercearia mais próxima comprei dois maços e dei-lhos.

Sofregamente abriu um deles e começou a fumar com uma vontade e prazer, como se já não o fizesse à muito. Prometi voltar e se quisesse iríamos almoçar juntos mais uns amigos que queriam saber dele.

Sorriu e disse no Columbano, pode ser?(dono do Hotel do mesmo nome)

Não lhe prometi muito mais pois não sei o que posso fazer por ele, além de o ir visitar de vez em quando.

Foi tudo por hoje, não quero criar muitas espectativas, mas todos juntos poderemos fazer algo por ele.

Um abraço
José Manuel
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Notas de CV:

(1) - Vd poste de 26 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2885: O Nosso III Encontro Nacional, Monte Real, 17 de Maio de 2008 (9): António Batista, ex-prisioneiro de guerra

(2) Vd. primeiro poste sobre António Manuel Rodrigues/José António Almeida Rodrigues de 6 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2921: Em busca de... (29): António Manuel Rodrigues (1) (Juvenal Amado)

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