quarta-feira, 30 de abril de 2008

Guiné 63/74 - P2804: Em busca de ... (25): Furriel Moniz, madeirense, CCAV 1484, Catió, 1967/68, que pode ter morrido no Vietname (Benito Neves)

À procura do Furriel Moniz

Há alguns dias, o Leopoldo Amado, agora a viver no Porto por motivos profissionais, enviou-nos a mensagem já divulgada e que trasncrevemos abaixo, solicitando à Tabanca Grande informações sobre o paradeiro do Furriel Moniz, um amigo da sua infância:



Guiné > Região de Tombali > Catió > 1967/68 > O Leoopoldo Amado (1), em criança (6/7anos), mais o irmão José Pedro (o mais novo) e o sargento Moniz (não Dinis)... Alguém, da nossa Tabanca Grande, se lembra do sargento Diniz? Talvez o Vitor Condeço, que foi furriel miliciano de armamento na CCS do BART 1913, e que esteve justamente em Catió nessa época (1967/68).
Foto: © Leopoldo Amado (2008). Direitos reservados.

1. Moniz ainda é vivo?

Como é do vosso conhecimento (se não é, passa a ser), o meu pai foi durante muitos anos Chefe dos Correios em várias localidades da Guiné. Foi assim que percorremos Bambadinca (1960-1963), Bafatá (1963-1964), Fulacunda (1964-1966), Catió (1966-1969) e Bolama (1969-1973). Na realidade, de dois em dois anos (máximo três) éramos transferidos de um local para o outro até que, em 1969, regressámos novamente à Bolama, nossa terra e nosso ponto de partida inicial, antes de rumarmos definitivamente para Bissau, em 1973, já nas vésperas da independência.

Em todas as localidades, o meu pai fazia e possuía imensos amigos, designadamente, entre a soldadesca portuguesa. Dentre esses, lembro-me com saudades do sargento Moniz que, sendo um grande amigo do meu pai, se encarregava de passear connosco (eu e meu irmão) pelas ruelas de Catió, aí pelos anos idos de 1967-1968.

A foto que vos envio (em anexo) foi feita nessa altura em Catió, no quintal da minha casa, ou seja, defronte aos Correios e o então quartel, que ficavam lado a lado. Da esquerda para a direita, o Moniz (de camuflado) e, no seu colo, o José Pedro (meu irmão mais novo, que vive há muitos anos em Paris) e eu próprio (de pé), com a idade provável de 6/7 anos.

A foto é da autoria de um soldado-fotógrafo profissional (o meu pai não se lembra do nome) a quem cedeu uma divisão na parte traseira da nossa casa, onde ele estabeleceu um improvisado e funcional estúdio-laboratório que servia a tropa toda e ainda os civis.

Eu e o meu pai gostaríamos de rever o Moniz e talvez o TABANCA GRANDE nos possa ser útil nisso.

Diniz, ainda é vivo?

Oxalá!

Leopoldo Amado

2. As notícias do Benito Neves em 29 de Abril:
Os meus cumprimentos ao editor, co-editores, a todos os tertulianos e em especial ao Dr. Leopoldo Amado.

Há dias em que o coração se nos aperta no peito e a saudade nos estrangula.
Hoje foi um desses dias quando, ao visionar o blogue, vi a foto do meu companheiro e amigo Moniz (Não Diniz), junto de dois meninos. Já faz muitos, muitos anos.
O Luís Severino Moniz era furriel, madeirense, natural do Machico. Juntámo-nos no Regimento de Cavalaria 7, onde formámos a CCav 1484. Embarcámos para a Guiné no dia 20/Out/65 e permanecemos em Nhacra desde 26/10/65 até 06/06/66. Rumámos, depois, para Catió onde permanecemos até 20/07/67.

Por onde passámos fomos sempre companheiros de quarto e entre nós havia uma profunda Amizade.

Permita-me que o recorde na sua sempre boa disposição, franco, leal com um coração do tamanho do Mundo e que mais adjectivos em poderei encontrar para definir aquele menino grande?

Desculpem-me mas a recordação e a saudade, agora, molharam-me a face mas tenho que ganhar ânimo para prosseguir.

Pena tenho, meu caro Dr. Leopoldo Amado, de não lhe poder dizer que o Moniz está vivo e de boa saúde, mas as notícias que tenho desde há muito tempo apontam para o contrário.

Desde o dia 02/08/67, dia em que regressámos a Lisboa, que perdi o contacto com o Moniz.

Tentei saber dele mais tarde mas não sei se será credível a história que me foi contada. Ainda em Catió soubemos que os pais do Moniz viviam separados, situação que afectava profundamente o meu companheiro e amigo que muita vezes disfarçava a amargura naquela natural jovialidade.

Soubemos que ele tentou que os pais se reconciliassem, o que se iria concretizar no final da comissão. Constou, no entanto, que, quando o pai o ia esperar ao aeroporto do Funchal, o pai terá morrido num acidente de viação.

Mais nos constou que, perante a tragédia, o Moniz se terá voluntariado para o Vietname onde terá falecido.
Ainda hoje me parece que esta história foi tirada de um livro de ficção. Mas foi o que constou e nada mais se soube do Moniz.

Mas, hoje que o assunto "voltou a lume", vou questionar um outro furriel da nossa Companhia 1484, que vive no Funchal, para que, apesar dos 41 anos já volvidos, procure saber da veracidade da história e tão bom seria que tudo fosse uma mentira e nos fosse possível voltar a dar aquele abraço que tantas vezes trocámos.

Resta-nos a recordação e, como tal, junto algumas fotos de momentos que partilhámos e jamais esquecerei.

Dr. Leopoldo Amado, grato lhe fico por me ter proporcionado o sentir de novo a grandeza da nossa Amizade.

Os meus cumprimentos.
Benito Neves



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O nosso blogue é uma verdadeira Caixa de Pandora. Pois é, Benito, estamos sempre expostos às mais inesperadas surpresas.

Ao Benito, o nosso muito obrigado pela sua rápida, solidária e emocionada resposta.
Querido camarada abrantino: Oxalá tenhas mais e melhores notícias do teu amigo e nosso camarada Moniz (e não Diniz, como escreveu o Leopoldo).
(…)

Um abraço para todos.Luís
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adaptação do texto de vb. Artigo relacionado em:
28 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2798: Em busca de ... (24): Sargento Diniz, amigo de meu pai, chefe dos correios, Catió, 1967/68 (Leopoldo Amado)

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